Como Escolher Defensivos Agrícolas: 6 Dicas para uma Compra Inteligente e Segura

Redação Aegro
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Como Escolher Defensivos Agrícolas: 6 Dicas para uma Compra Inteligente e Segura

Escolher os defensivos agrícolas certos é um dos maiores desafios de qualquer safra. Essa decisão impacta diretamente seus custos, a saúde da lavoura e, claro, a sua rentabilidade.

Não é para menos: na safra de soja 2017/2018, os defensivos representaram 36% do custo total da lavoura, segundo dados do IMEA. O prejuízo de uma escolha errada, ou da falta de controle de pragas e doenças, pode ser ainda maior.

Perto da safra, a pressão aumenta. Vendedores visitam a fazenda, vizinhos comentam sobre produtos que usaram, e a dúvida surge: como tomar a melhor decisão para a sua realidade?

Neste artigo, apresentamos 6 dicas cruciais e práticas para você considerar na hora de comprar defensivos agrícolas e fazer a melhor e mais segura escolha para sua fazenda.

infográfico com dois gráficos de pizza em 3D, intitulado ‘Comparativo da participação dos custos de pro (Fonte:Projeto Soja Brasil)

1ª Dica: Planeje sua safra com base no histórico

O primeiro passo para uma boa compra é olhar para trás. Analisar o histórico da sua área ajuda a prever as necessidades da próxima safra com muito mais precisão.

Consulte o histórico da área

Pragas, doenças e plantas daninhas costumam se repetir ano após ano. Saber quais foram os principais problemas que você enfrentou nas últimas safras permite uma preparação muito mais eficaz para combatê-los.

Se você estiver pensando em testar uma cultivar nova, pesquise sobre suas principais vulnerabilidades e suscetibilidades. Lembre-se, a prevenção é sempre o melhor remédio!

Ganhe poder de negociação

Saber com antecedência o que você precisa comprar abre uma janela de tempo maior para a aquisição. Isso quase sempre resulta em preços mais vantajosos e melhores condições de pagamento.

Além disso, ter o registro dos produtos e preços praticados nas safras passadas lhe dá um enorme poder de negociação com os vendedores e distribuidores.

a tela de ‘Atividades’ do software de gestão agrícola Aegro. A interface apresenta uma lista detalhada de oper No Aegro você tem de modo seguro e fácil de acessar os dados de todas as suas safras passadas

Revise fontes confiáveis

Para complementar seu planejamento, revise os materiais técnicos indicados para os problemas da sua região. Boas fontes de consulta incluem:

checklist planejamento agrícola Aegro

2ª Dica: Consulte o AGROFIT e garanta a rotação de mecanismos de ação

Para encontrar os produtos registrados para sua cultura e alvo específico, a consulta ao AGROFIT é obrigatória.

AGROFIT: é o Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários do Ministério da Agricultura (MAPA). É a fonte oficial para consultar todos os defensivos com registro no Brasil.

A busca no sistema é simples e fornece informações completas sobre cada produto.

GIF animado que demonstra a navegação no site Agrofit, o Sistema de Agrotóxicos e Afins do Ministério da Agricu

Dentro do sistema, verifique a bula com atenção. Assegure-se de que o produto é indicado para sua cultura e para o problema específico que você precisa controlar. A bula também informa a dose correta, o que permite calcular a quantidade exata de produto a ser comprado, evitando desperdício e sobras desnecessárias no estoque.

A importância da rotação de produtos

Aproveite o planejamento para incluir produtos com diferentes mecanismos de ação.

Mecanismo de ação: é a forma como o defensivo atua para controlar a praga ou doença. Usar sempre o mesmo mecanismo pode selecionar indivíduos resistentes, que sobrevivem à aplicação e se multiplicam.

Para evitar a resistência, planeje a rotação de diferentes mecanismos de ação. Essa prática é parte fundamental do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e garante a eficácia dos tratamentos a longo prazo. Você pode, inclusive, incluir biodefensivos nesse planejamento.

3. Como decidir entre produtos: genéricos, originais e o perigo dos falsificados

Depois de consultar o Agrofit, você verá uma grande diversidade de produtos disponíveis. Nesse momento, a questão do custo se torna um fator decisivo.

Uma opção que tem se tornado mais comum são os defensivos genéricos. Eles são produtos de marcas menos conhecidas, fabricados após a quebra da patente dos produtos originais de referência.

Ao considerar um genérico, é fundamental comparar as bulas. Verifique as porcentagens dos ingredientes ativos, se há misturas na formulação e avalie se a substituição é realmente equivalente.

Cuidado: o barato que sai caro

É preciso ter muito cuidado para não confundir produtos genéricos com defensivos falsificados e ilegais. A Associação Nacional de Defensivos Agrícolas (ANDAV) tem realizado campanhas para alertar sobre os riscos.

cartaz de uma campanha de conscientização contra a venda ilegal de agrotóxicos e defensivos agrícolas pela inte (Fonte: ANDAV)

Em 2018, a entidade lançou uma campanha para combater a venda irregular de agrotóxicos pela internet. Grandes empresas, através da associação CropLife, também realizam campanhas contra produtos falsificados e contrabandeados.

Este infográfico informativo, em português, aborda a questão dos pesticidas falsificados e ilegais na agricultura. Com o títu

Portanto, fique atento. Compre sempre de fornecedores confiáveis e exija nota fiscal. Uma economia na compra de um produto ilegal pode resultar em danos ambientais, riscos à saúde e a perda de toda a sua lavoura.

4. Busque sempre orientação técnica profissional

Para utilizar qualquer tipo de defensivo agrícola, você precisa de um receituário agronômico.

Receituário agronômico: é o documento oficial, uma “receita”, assinado por um Engenheiro Agrônomo, que recomenda o uso de defensivos para uma situação específica, com doses e instruções de segurança.

Esse profissional, seja um consultor independente ou o técnico da revenda, possui o conhecimento necessário para indicar os melhores produtos e manejos. Aproveite a experiência dele para tirar todas as suas dúvidas e garantir o melhor resultado para sua lavoura.

Veja aqui “8 perguntas para fazer ao seu consultor sobre defensivos agrícolas.”

Outros pontos importantes para discutir com seu consultor são:

  • Compatibilidade: Entender o modo de ação de cada produto e se eles podem ser misturados em tanque.
  • Misturas: Discutir as melhores práticas para a mistura dos defensivos no tanque de pulverização.
  • Prevenção: Avaliar a necessidade de aplicações preventivas, antes do surgimento dos problemas.
  • Residual: Saber por quanto tempo cada produto permanece ativo na planta, especialmente em misturas.
  • Monitoramento: Pedir dicas para monitorar pragas e doenças de forma eficiente.
  • Inovações: Perguntar sobre novidades em produtos e técnicas de manejo que estão surgindo no mercado.

5. Negocie e escolha o melhor momento para comprar

O mercado financeiro, especialmente a cotação do dólar, influencia diretamente o preço dos defensivos, já que muitos componentes são importados. Fique de olho no mercado para identificar as melhores oportunidades de compra.

Como já mencionado, a compra antecipada e planejada é a chave para conseguir valores menores.

Outra modalidade de negócio que tem se mostrado vantajosa é o barter. Segundo Antônio Galvan, presidente da Aprosoja MT, os produtores devem avaliar essa opção.

Barter: é uma operação de troca na qual você paga pelos insumos (como sementes e defensivos) com parte da sua produção futura (grãos), com acerto no final da safra.

As vantagens desse tipo de negociação incluem:

  • Menor risco: Mais estabilidade, travando o custo do insumo e o preço de venda de parte dos grãos.
  • Entrega programada: Os insumos são entregues conforme a necessidade do ciclo da cultura.
  • Pacote completo: Facilita a aquisição de todo o pacote tecnológico necessário.
  • Praticidade: Processo de crédito mais simples em comparação a financiamentos bancários.
  • Comercialização garantida: Você já garante a venda de parte da sua safra, podendo aproveitar altas de mercado com a produção excedente.
  • Visão de custos: Facilita a visualização dos custos e receitas, medidos diretamente em sacas por hectare.

Converse com seu vendedor ou consultor e peça transparência nos custos. A troca precisa ser justa e vantajosa para ambos os lados.

Veja mais sobre barter nesse vídeo da AgroSchool:

6. Controle o estoque dos defensivos agrícolas

Manter um registro preciso do que entra, do que é usado e do que sobra no seu estoque de defensivos é uma prática de gestão fundamental.

Um bom controle de estoque permite ações mais preventivas, libera tempo para monitorar a lavoura com mais atenção e facilita a escolha dos manejos corretos, pois você sabe exatamente o que tem disponível na fazenda.

Já falamos sobre controle de estoque de defensivos aqui no blog. Para saber mais e começar a organizar suas atividades, acesse o post: “Tudo o que você precisa saber para fazer sua lista de defensivos agrícolas na pré-safra”.

Conclusão

Cada fazenda tem seus próprios desafios. O problema do seu vizinho pode ser parecido, mas nunca será exatamente igual ao seu.

Por isso, quanto maior o seu conhecimento sobre a sua propriedade e quanto mais organizadas estiverem suas informações, mais fáceis e ágeis serão suas decisões. Com um software de gestão como o Aegro, você pode aproveitar os dados das safras passadas para tomar decisões melhores hoje. Teste grátis por 7 dias!

Embora as dicas sejam simples, se informar, planejar e questionar o técnico que o orienta fará com que você seja mais criterioso nas suas escolhas. No final, tudo isso terá consequências diretas nos seus resultados de produtividade e rentabilidade!


Glossário

  • AGROFIT: Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários do Ministério da Agricultura (MAPA). É a plataforma oficial para consultar todos os defensivos com registro no Brasil, verificando sua indicação para cada cultura e alvo.

  • Barter: Operação de troca na qual o produtor rural paga pelos insumos (como defensivos e sementes) com uma parte da sua futura colheita. Por exemplo, “travar” o custo dos defensivos em um número fixo de sacas de soja.

  • Defensivos genéricos: Produtos fitossanitários cuja patente do ingrediente ativo original já expirou, permitindo que outras empresas os produzam. Costumam ser uma alternativa de menor custo, exigindo análise da bula para garantir a equivalência.

  • Ingrediente Ativo (IA): A substância dentro de um defensivo agrícola que efetivamente controla a praga, doença ou planta daninha. Comparar a concentração do IA é fundamental ao escolher entre produtos originais e genéricos.

  • Manejo Integrado de Pragas (MIP): Estratégia de controle que combina diversas táticas (químicas, biológicas, culturais) para manter as pragas em níveis que não causem danos econômicos. A rotação de defensivos é um dos pilares do MIP para evitar resistência.

  • Mecanismo de ação: A forma específica como o ingrediente ativo de um defensivo atua para controlar o alvo (ex: afetando seu sistema nervoso ou impedindo sua respiração). Rotacionar produtos com diferentes mecanismos de ação é crucial para evitar que pragas e doenças se tornem resistentes.

  • Receituário agronômico: Documento legal emitido por um engenheiro agrônomo que funciona como uma “receita” para a compra e aplicação de defensivos. Ele especifica o produto, dose, alvo e as medidas de segurança necessárias.

Planejamento e controle de defensivos: a tecnologia como aliada

Gerenciar os custos com defensivos e, ao mesmo tempo, manter um controle de estoque preciso são desafios que a tecnologia pode simplificar. Um software de gestão agrícola como o Aegro centraliza o histórico das suas safras, permitindo que você planeje as compras com base em dados reais e ganhe poder de negociação. Ao mesmo tempo, o sistema automatiza o controle de estoque: cada aplicação registrada no campo atualiza o inventário, evitando desperdícios e garantindo que você tenha o produto certo no momento certo.

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Perguntas Frequentes

Qual a principal diferença entre um defensivo genérico e um original?

O defensivo original é aquele cuja molécula (ingrediente ativo) foi desenvolvida e patenteada por uma empresa. O genérico possui o mesmo ingrediente ativo, mas é produzido por outras empresas após a expiração da patente, geralmente com um custo menor. É crucial sempre comparar a bula de ambos para garantir que a concentração do ingrediente ativo e a formulação sejam equivalentes para o seu alvo.

Por que é tão importante rotacionar os mecanismos de ação dos defensivos?

Utilizar repetidamente produtos com o mesmo mecanismo de ação seleciona indivíduos resistentes (pragas, doenças ou plantas daninhas) na lavoura. Com o tempo, o defensivo perde sua eficácia contra essa população, tornando o controle mais difícil e caro. A rotação é uma prática fundamental do Manejo Integrado de Pragas (MIP) para preservar a eficiência das ferramentas químicas disponíveis.

Como posso identificar e evitar defensivos agrícolas falsificados?

Desconfie de preços muito abaixo da média de mercado, embalagens com lacres violados, rótulos de baixa qualidade ou informações divergentes. Compre sempre de distribuidores e canais de venda confiáveis, exija a nota fiscal e o receituário agronômico. O uso de produtos ilegais, além de ineficaz, pode causar danos irreversíveis à lavoura, ao ambiente e à saúde humana.

A operação de barter é uma boa opção para todos os produtores?

O barter, que é a troca de insumos por produção futura, é uma excelente ferramenta de gestão de risco, pois trava o custo de produção e o preço de venda de parte da safra. É vantajoso para quem busca previsibilidade e não quer depender de financiamento bancário. No entanto, o produtor deve avaliar se a relação de troca proposta é justa e se ele se sente confortável em fixar o preço de parte da sua colheita antecipadamente.

Por que o histórico da área é o primeiro passo para comprar defensivos?

Analisar o histórico de ocorrência de pragas, doenças e plantas daninhas da sua propriedade permite antecipar os principais desafios da próxima safra. Com essa informação, você pode planejar a compra dos defensivos necessários com antecedência, o que aumenta seu poder de negociação para obter melhores preços e evita compras emergenciais e mais caras durante o ciclo da cultura.

Qual a função do AGROFIT e por que devo consultá-lo?

O AGROFIT é o sistema oficial do Ministério da Agricultura (MAPA) que lista todos os defensivos agrícolas com registro no Brasil. A consulta é obrigatória para verificar se um determinado produto é legalmente aprovado para a sua cultura e para o alvo específico que você deseja controlar. Além disso, o sistema fornece acesso à bula, com informações cruciais sobre dose, aplicação e segurança.

Preciso de um receituário agronômico mesmo que eu já saiba qual produto usar?

Sim, a apresentação do receituário agronômico é uma exigência legal para a compra da maioria dos defensivos. Mais do que uma formalidade, ele é uma ferramenta de segurança técnica. O engenheiro agrônomo responsável valida a recomendação, ajusta doses, verifica compatibilidade de misturas e orienta sobre a melhor tecnologia de aplicação, garantindo um manejo mais seguro e eficaz.

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