Terbutilazina no Milho: Guia Completo do Novo Herbicida para Daninhas Difíceis

Redator parceiro Aegro.
Terbutilazina no Milho: Guia Completo do Novo Herbicida para Daninhas Difíceis

O controle de plantas daninhas representa um dos maiores desafios na lavoura de milho. Para ajudar nesse manejo, uma nova molécula chegou ao mercado: a terbutilazina. Ela se destaca como uma excelente opção para controlar espécies invasoras que já desenvolveram tolerância ou resistência a outros herbicidas.

A grande vantagem da terbutilazina é sua alta seletividade ao milho: significa que ela combate as daninhas sem prejudicar a sua lavoura. Além disso, ela oferece um bom controle sobre uma ampla variedade de plantas invasoras.

Neste artigo completo, vamos detalhar tudo o que você precisa saber sobre essa nova molécula: como ela age nas plantas, as recomendações de uso corretas, e os benefícios que ela pode trazer para a sua produção. Boa leitura!

O Histórico da Terbutilazina: De Onde Veio o Herbicida?

O princípio ativo terbutilazina foi desenvolvido na Europa no final dos anos 1990. Ele pertence ao grupo químico das triazinas, uma família de moléculas conhecida pela sua eficácia como herbicidas.

No entanto, a terbutilazina só ganhou destaque em 2004, quando a União Europeia baniu o uso da atrazina devido ao seu potencial de contaminação ambiental. Com a saída de um produto importante do mercado, a terbutilazina surgiu como uma alternativa mais segura e eficiente.

No Brasil, os estudos para o registro da terbutilazina para a cultura do milho começaram entre 2013 e 2016. Após oito anos de pesquisas com a participação de diversos especialistas, o registro oficial foi finalmente concedido em outubro de 2020.

Segundo a indústria fabricante e as pesquisas realizadas, este herbicida é um substituto da atrazina com alta eficiência e segurança para a cultura do milho. Atualmente, já existem estudos em andamento para registrar o uso da terbutilazina em outras culturas. Ela tem se mostrado eficaz tanto no controle pré-emergente (antes do nascimento das plantas daninhas) quanto no pós-emergente inicial (logo após o nascimento), com excelente seletividade.

Características Técnicas da Terbutilazina

A terbutilazina é classificada como um herbicida seletivo de ação sistêmica: quer dizer que o produto circula por toda a planta daninha após ser absorvido, garantindo um controle mais completo. É recomendada para o controle de plantas daninhas no milho antes ou logo no início de seu desenvolvimento.

Imagem mostra a fórmula química molecular da terbutilazina Fórmula molecular da terbutilazina (Fonte: Fitogest)

Classificação do produto:

  • Classe Toxicológica: 4 (Produto Pouco Tóxico)
  • Classe Ambiental: 2 (Produto Muito Perigoso ao Meio Ambiente)

Mecanismo de Ação: Como a Terbutilazina Funciona?

A terbutilazina age inibindo a fotossíntese no fotossistema 2, uma parte essencial do processo que as plantas usam para converter luz solar em energia.

Quando aplicado, o herbicida se concentra nos primeiros 5 cm do solo. Essa característica permite que ele atue diretamente no banco de sementes das invasoras, oferecendo um efeito residual prolongado: o produto permanece ativo no solo por mais tempo, controlando novas daninhas que tentam germinar.

O produto é absorvido principalmente pelas raízes, mas também pelas folhas. Dentro da planta, ele bloqueia a transferência de elétrons, paralisando a produção de energia.

Os resultados visíveis na planta-alvo são:

  1. Clorose: as folhas começam a ficar amareladas pela falta de clorofila.
  2. Necrose: os tecidos da planta morrem.
  3. Morte da planta daninha: a planta não consegue mais se desenvolver e morre.

Foto de uma folha de soja, com sintoma de clorose por inibição do FS II Sintoma de clorose por inibição do FS II em soja (Fonte: BoosterAgro)

Eficiência Comprovada na Cultura do Milho

O manejo eficaz de plantas daninhas, especialmente nas fases iniciais do milho, é fundamental para garantir uma boa produtividade no final da safra. No entanto, o uso incorreto ou repetitivo de alguns herbicidas pode aumentar o número de daninhas resistentes.

A terbutilazina entra como uma ferramenta valiosa para o manejo integrado, permitindo a rotação de mecanismos de ação e evitando o surgimento de resistência. A aplicação deste produto reduz drasticamente a população de plantas invasoras no início do desenvolvimento do milho, mesmo em áreas com alta pressão de infestação.

Lavoura de milho com alta infestação de plantas daninhas no solo Lavoura de milho sob alta pressão de infestação de daninhas (Fonte: Quimiweb)

Estudos científicos confirmam a eficácia da terbutilazina no controle de várias espécies de difícil manejo. Ela funciona até mesmo contra plantas daninhas que já se mostraram resistentes a outros herbicidas comumente utilizados na cultura.

Quais Espécies de Plantas Daninhas a Terbutilazina Controla?

A terbutilazina é eficaz no controle de uma ampla gama de plantas daninhas de folhas largas e estreitas. Confira a lista das principais espécies controladas:

Ao aplicar a terbutilazina em pré ou pós-emergência inicial, você garante um controle eficiente e proporciona um campo limpo durante a fase crítica de desenvolvimento do milho, que é o seu estágio inicial.

Como Utilizar a Terbutilazina Corretamente?

Para um manejo de sucesso, o primeiro passo é conhecer quais plantas daninhas estão presentes em sua lavoura e qual a pressão de infestação delas. Isso exige um bom planejamento de safra e um gerenciamento rigoroso das aplicações.

Procedimento de Aplicação Passo a Passo

Antes de iniciar a aplicação, verifique sempre as condições ideais de clima e solo. A umidade do solo é um fator crucial para garantir a máxima eficácia do produto.

  1. Verifique a umidade do solo: Não aplique a terbutilazina em solo seco. O produto precisa de umidade para ser absorvido pelas raízes das plantas daninhas e funcionar corretamente.
  2. Aplicação em pré-emergência: Aplique o herbicida logo após a semeadura do milho, na modalidade de pré-emergência. A aplicação deve ser feita em área total, utilizando pulverizador terrestre.
  3. Aplicação em pós-emergência: Se algumas plantas daninhas de folhas largas ou estreitas germinarem junto com o milho, faça a aplicação em pós-emergência. O momento ideal é quando as daninhas estiverem com, no máximo, 6 folhas.

Dose e Preparo da Calda

  • Dose recomendada: Utilize de 1 a 3 L/ha do produto comercial.
  • Volume de calda: Prepare um volume de calda entre 250 a 400 L/ha. Este volume é indicado tanto para aplicações em pré quanto em pós-emergência.

Ao preparar a calda, siga todos os procedimentos de segurança e garanta que o seu equipamento de pulverização esteja em perfeitas condições, limpo e bem calibrado. Se precisar de ajuda, confira nosso guia sobre como fazer a limpeza do pulverizador agrícola.

Segurança na Aplicação

A segurança do aplicador é prioridade. Durante todo o processo de preparo e aplicação, utilize os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) recomendados para a tarefa.

![Foto de um homem vestindo equipamento de proteção individual indicado para agroquímicos. EAgricultor com EPI completo para aplicação de defensivos agrícolastos de proteção individual indicado para agroquímicos* (Fonte: CropLife)

Após a aplicação do herbicida, respeite o intervalo de reentrada de 24 horas. Não entre nas áreas tratadas durante este período para garantir a secagem completa do produto e minimizar qualquer risco de intoxicação.

Produtos Comerciais Disponíveis no Mercado

Atualmente, existem três produtos comerciais à base de terbutilazina registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA):

  • Click;
  • Sonda;
  • Terbutilazina Oxon 500 SC I.

Todos esses produtos são seletivos para a cultura do milho e vêm na formulação de Suspensão Concentrada (SC). Em caso de dúvidas sobre registros ou recomendações, consulte sempre a plataforma oficial Agrofit do MAPA.

Image

Conclusão

A rotação de mecanismos de ação é uma estratégia fundamental para reduzir o banco de sementes de plantas daninhas resistentes e garantir a sustentabilidade do controle a longo prazo.

A terbutilazina é uma molécula nova e eficiente que promete revolucionar o manejo de plantas invasoras na cultura do milho, especialmente aquelas de difícil controle.

Neste artigo, você aprendeu que o herbicida age causando clorose e morte nas folhas das daninhas, qual a dose e o volume de calda ideais, e todos os cuidados necessários no momento da aplicação.

Com um bom planejamento e o uso correto das ferramentas disponíveis, você pode iniciar a safra com a lavoura limpa e proteger o potencial produtivo do seu milho.


Glossário

  • Ação sistêmica: Refere-se a um produto que, ao ser absorvido pela planta (pelas folhas ou raízes), circula por todo o seu sistema vascular, atingindo todas as suas partes. Isso garante um controle mais completo e eficaz da planta daninha, de dentro para fora.

  • Banco de sementes: É o conjunto de todas as sementes de plantas daninhas viáveis presentes no solo. Herbicidas com efeito residual, como a terbutilazina, atuam sobre este banco, impedindo que novas invasoras germinem por um período.

  • Clorose: Sintoma visual em que as folhas perdem a cor verde e se tornam amareladas. Ocorre pela falta de produção de clorofila e é um dos primeiros sinais de que um herbicida inibidor da fotossíntese está agindo na planta.

  • Efeito residual: Capacidade de um herbicida permanecer ativo no solo por um período após a aplicação. Esse efeito prolongado controla novos fluxos de germinação de plantas daninhas, mantendo a lavoura limpa por mais tempo.

  • Fotossistema 2 (FS II): Componente essencial na fotossíntese das plantas, responsável por converter a luz solar em energia. Herbicidas que inibem o FS II, como a terbutilazina, bloqueiam essa produção de energia, causando a morte da planta-alvo.

  • Pré-emergente: Modalidade de aplicação de herbicida realizada antes da germinação (emergência) das plantas daninhas. O objetivo é formar uma camada química na superfície do solo para impedir o desenvolvimento inicial das invasoras.

  • Resistência a herbicidas: Capacidade herdada de uma planta daninha de sobreviver a uma dose de herbicida que normalmente a controlaria. A rotação de produtos com diferentes mecanismos de ação é a principal estratégia para evitar este problema.

  • Seletividade: Característica de um herbicida que permite controlar as plantas daninhas sem causar danos significativos à cultura principal (neste caso, o milho). Um herbicida seletivo “seleciona” o que vai matar, protegendo a lavoura.

  • Triazinas: Grupo químico ao qual pertencem diversos herbicidas, incluindo a terbutilazina e a atrazina. Moléculas desta família são conhecidas por sua eficácia no controle de plantas daninhas de folhas largas.

Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios

O manejo de plantas daninhas, como detalhado no artigo, exige um planejamento cuidadoso das aplicações e um controle rigoroso dos custos com defensivos. Para simplificar esse processo, um software de gestão agrícola como o Aegro se torna um aliado fundamental. Com ele, é possível registrar todas as aplicações de herbicidas no campo, criando um histórico detalhado que facilita a rotação de produtos e evita o desenvolvimento de resistência. Além disso, a plataforma centraliza o controle do estoque de insumos e monitora os custos operacionais em tempo real, ajudando a garantir que cada aplicação seja não apenas eficaz, mas também economicamente viável.

Quer otimizar o manejo de plantas daninhas e ter total controle sobre os custos da sua lavoura?

Faça um teste grátis do Aegro e descubra como a tecnologia pode aumentar a rentabilidade da sua produção.

Perguntas Frequentes

Qual a principal diferença entre a terbutilazina e a atrazina?

Ambas são do grupo químico das triazinas e agem de forma semelhante. No entanto, a terbutilazina é considerada uma evolução, possuindo menor potencial de lixiviação (movimentação no perfil do solo), o que representa um risco ambiental menor. Além disso, ela se mostra altamente eficaz no controle de plantas daninhas que já desenvolveram resistência à atrazina.

Por que é crucial aplicar a terbutilazina com o solo úmido?

A umidade no solo é fundamental para ativar o herbicida. A água ajuda a incorporar a terbutilazina na camada superficial do solo (primeiros 5 cm), onde se encontra o banco de sementes das daninhas. Em solo seco, o produto fica inativo na superfície, perdendo grande parte de sua eficácia e do seu efeito residual.

Qual o melhor momento para aplicar a terbutilazina no milho: pré ou pós-emergência?

Ambas as modalidades são eficazes. A aplicação em pré-emergência, logo após o plantio, é ideal para impedir a germinação inicial das daninhas e garantir que o milho se desenvolva sem competição. A aplicação em pós-emergência inicial é uma ferramenta corretiva, eficaz para controlar invasoras que já germinaram, desde que estejam pequenas (até 6 folhas).

A terbutilazina pode prejudicar a minha lavoura de milho (causar fitotoxicidade)?

A terbutilazina é conhecida por sua alta seletividade à cultura do milho. Quando utilizada nas doses e condições recomendadas na bula, o risco de fitotoxicidade é mínimo. Problemas podem ocorrer em caso de superdosagem, aplicação fora do estágio recomendado ou se a lavoura estiver sob forte estresse hídrico ou nutricional.

Quanto tempo dura o efeito residual da terbutilazina no solo?

A terbutilazina possui um efeito residual prolongado, que pode durar de 40 a 60 dias, dependendo de fatores como tipo de solo, volume de chuvas e teor de matéria orgânica. Esse período é suficiente para proteger o milho durante sua fase inicial, que é o período mais crítico de competição com as plantas daninhas.

Como a terbutilazina ajuda no manejo da resistência de plantas daninhas?

A terbutilazina é uma ferramenta estratégica para a rotação de mecanismos de ação. Ao introduzir um princípio ativo diferente dos herbicidas mais utilizados, ela ajuda a quebrar o ciclo de seleção de plantas resistentes. Seu uso é especialmente valioso em áreas com histórico de resistência a outros herbicidas, como os inibidores da ALS ou glifosato.

Artigos Relevantes

  • Como fazer o manejo de herbicida para milho: Este artigo serve como uma expansão natural do tema, contextualizando a terbutilazina dentro do universo de herbicidas para milho. Enquanto o artigo principal foca em uma nova molécula, este candidato apresenta um panorama completo das opções tradicionais (como atrazina e nicosulfuron), permitindo ao leitor entender onde a terbutilazina se encaixa e como pode ser usada para rotacionar mecanismos de ação, um conceito-chave introduzido no texto principal.
  • Todas as dicas para sua aplicação de herbicida pré-emergente para milho: O artigo principal destaca a eficácia da terbutilazina em pré-emergência. Este candidato aprofunda-se especificamente nas melhores práticas e cuidados para essa modalidade de aplicação no milho, abordando fatores críticos como tipo de solo, palhada e condições climáticas. Ele transforma o conhecimento sobre o produto (terbutilazina) em conhecimento sobre o processo (aplicação pré-emergente), agregando um valor prático imenso.
  • 5 principais plantas daninhas do milho e tudo o que você precisa saber sobre seus manejos: Enquanto o artigo principal lista as plantas daninhas controladas pela terbutilazina, este artigo detalha os desafios específicos das cinco invasoras mais problemáticas na cultura do milho. Ele fornece o ‘porquê’ da necessidade de uma ferramenta como a terbutilazina, explicando a biologia e a dificuldade de controle de alvos como o capim-amargoso e a buva. Isso conecta a solução diretamente às características do problema, enriquecendo a compreensão do leitor.
  • Como funciona o herbicida tembotrione para controle de plantas daninhas: Este artigo é o exemplo prático perfeito para o conceito de ‘rotação de mecanismos de ação’, fundamental no texto principal. A terbutilazina é um inibidor do Fotossistema II, e este artigo detalha o tembotrione, um inibidor da HPPD. Ao apresentar uma alternativa com um modo de ação completamente diferente, ele ensina ao leitor como aplicar na prática a estratégia de manejo de resistência, tornando um conceito teórico em uma ação concreta.
  • Veja 5 formas de fazer o controle não químico para plantas daninhas: Este artigo oferece um contraponto essencial e promove uma visão de Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD). O texto principal foca exclusivamente no controle químico, e este candidato amplia o horizonte do leitor ao apresentar métodos culturais, mecânicos e preventivos. Ele posiciona a terbutilazina como uma ferramenta dentro de um sistema de manejo mais amplo e sustentável, evitando a dependência excessiva de uma única solução.