Área de Refúgio para Milho, Soja e Algodão Bt: O Guia Definitivo

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutorando em Produção Vegetal pela (ESALQ/USP). Especialista em Manejo e Produção de Culturas no Brasil.
Área de Refúgio para Milho, Soja e Algodão Bt: O Guia Definitivo

A tecnologia Bt transformou o controle de insetos-praga nas lavouras de milho, soja e algodão. Ela se tornou uma ferramenta essencial no manejo integrado, ajudando a diminuir a necessidade de aplicar inseticidas.

No entanto, para que essa tecnologia continue funcionando bem por muitos anos, é crucial adotar as boas práticas. A mais importante delas é a implantação correta das áreas de refúgio.

As áreas de refúgio são obrigatórias por lei. Elas funcionam como uma estratégia de segurança para evitar que as pragas desenvolvam resistência às tecnologias Bt.

Embora a ideia seja simples, a implementação precisa seguir critérios técnicos importantes, como a proporção correta da área, a distância máxima e a escolha certa dos híbridos para o plantio.

Entendendo a Tecnologia Bt: O que é e Quais os Benefícios?

Bt é a sigla para Bacillus thuringiensis, uma bactéria encontrada naturalmente no solo. Ela produz proteínas que são tóxicas para certos grupos de pragas, como lagartas (lepidópteros) e besouros (coleópteros).

A tecnologia Bt, portanto, dá às plantas a capacidade de se defenderem de determinados insetos-praga.

Isso é possível através da biotecnologia. Genes da bactéria Bacillus thuringiensis são inseridos no DNA da planta, fazendo com que ela mesma produza a proteína tóxica para os insetos.

O uso de plantas transgênicas em culturas importantes como milho, soja e algodão cresce a cada safra, principalmente pela praticidade que oferece no manejo diário.

Por isso, a tecnologia Bt continua sendo uma das mais utilizadas no Brasil, garantindo um controle eficaz contra insetos-praga como lagartas e brocas.

Essa tecnologia permite que a planta produza suas próprias proteínas inseticidas, que agem de forma específica nas pragas-alvo. O resultado é uma menor necessidade de aplicar inseticidas químicos na lavoura.

Benefícios da tecnologia Bt

  • Reduz o uso de inseticidas químicos, diminuindo custos e otimizando operações.
  • Proporciona controle eficiente das pragas-alvo, protegendo o potencial produtivo.
  • Garante proteção contínua durante todo o ciclo da cultura, desde a emergência até a colheita.
  • Melhora a eficiência e o rendimento operacional, liberando tempo e maquinário.
  • Integra-se perfeitamente ao Manejo Integrado de Pragas (MIP), tornando o controle mais sustentável.
  • Reduz o impacto ambiental associado ao controle químico tradicional.

Como a Tecnologia Bt Funciona na Prática?

A tecnologia Bt funciona pela inserção de genes da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) no DNA de culturas como milho, soja e algodão. Isso faz com que as plantas passem a produzir suas próprias proteínas inseticidas.

Essas proteínas são altamente específicas: elas são tóxicas apenas para certos insetos-praga, principalmente lagartas, e não afetam seres humanos, gado, ou outros organismos que não são o alvo.

Segundo relatórios do ISAAA (2023) e da Céleres, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de culturas transgênicas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Os dados mais recentes mostram o tamanho dessa adoção:

  • Milho Bt: Mais de 90% da área cultivada com milho (verão e safrinha) já utiliza híbridos com tecnologia Bt.
  • Soja Bt (soja Intacta RR2 PRO): Representa entre 85% e 92% da área de soja no Brasil, combinando resistência a lagartas com tolerância ao herbicida glifosato.
  • Algodão Bt: Também ultrapassa 90% da área cultivada com variedades que possuem a tecnologia Bt, muitas vezes combinada com a tolerância a herbicidas (Bt+RR).

No total, estima-se que o Brasil já tenha ultrapassado 55 milhões de hectares cultivados com OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), a grande maioria incorporando alguma proteção da tecnologia Bt.

Essa alta adesão acontece por causa da maior eficiência, facilidade de manejo e otimização das operações agrícolas.

No Brasil, temos sementes Bt disponíveis para milho, soja e algodão, sendo que o milho Bt brasileiro é uma das culturas transgênicas mais plantadas no mundo.

Tecnologias mais recentes, como Xtend® e Enlist®, estão chegando ao campo com novas proteínas de resistência a insetos.

Isso vai ampliar ainda mais a proteção da tecnologia Bt, controlando uma variedade maior de pragas e lagartas tanto no milho quanto na soja.

Principais pragas controladas pela tecnologia Bt

As principais pragas agrícolas controladas pelas plantas Bt de soja, milho e algodão são:

  • Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis);
  • Falsa-medideira (Chrysodeixis includens, Rachiplusia nu, Trichaplusia ni);
  • Vaquinha (Diabrotica speciosa);
  • Broca-das-axilas (Crocidosema aporema);
  • Lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens);
  • Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus);
  • Helicoverpa (Helicoverpa spp., incluindo a lagarta-da-espiga H. zea);
  • Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon);
  • Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda);
  • Lagarta curuquerê (Alabama argilacea);
  • Lagarta-rosada (Pectinophara gossypiello);
  • Spodoptera (Spodoptera eridania e Spodoptera cosmioides);
  • Broca-do-colmo (Diatrea saccharalis).

Como as Plantas Bt São Desenvolvidas?

O primeiro milho Bt foi aprovado no Brasil em 2007. Ele continha a proteína Cry1Ab, vinda da bactéria Bacillus thuringiensis – daí o nome “Bt”.

Desde então, novos “eventos transgênicos” foram desenvolvidos e outros continuam sendo lançados.

Em outras palavras: um “evento” é o resultado da inserção de um gene específico no DNA de uma planta. Essa planta modificada passa a produzir uma proteína inseticida. Quando a praga-alvo come qualquer parte dessa planta, ela ingere a proteína, que age em seu sistema digestivo e a leva à morte.

Após a seleção do melhor evento em laboratório, as plantas são multiplicadas em campo, e as sementes transgênicas são finalmente comercializadas para os produtores.

O Grande Desafio: A Resistência das Pragas à Tecnologia Bt

Devido à adoção massiva dessa tecnologia, muitas vezes sem seguir as regras de segurança, o risco de as pragas se tornarem resistentes aumenta. Esse é, hoje, o principal risco para a durabilidade da tecnologia Bt.

Para combater isso, o melhoramento genético já trabalha com algumas estratégias, como desenvolver plantas que expressam altas doses das proteínas inseticidas.

Outra tática é a “pirâmide de genes”, que significa incorporar mais de um gene na mesma planta. Assim, ela produz diferentes tipos de proteínas inseticidas, atacando a praga de múltiplas formas e dificultando o desenvolvimento de resistência.

Mas essas estratégias da indústria só funcionam se você, produtor, também fizer sua parte, adotando as áreas de refúgio.

O clima tropical do Brasil permite plantar o ano todo. Isso significa que os insetos têm alimento disponível o tempo todo, o que acelera seu ciclo de vida e reprodução. Some a isso as altas temperaturas, que permitem várias gerações de pragas por ano. Esse cenário torna o aparecimento de insetos resistentes muito mais rápido.

A Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho) é o inseto com maior potencial para desenvolver resistência às proteínas expressas no milho e algodão Bt. Abaixo estão as principais proteínas usadas em cada cultura:

  • MILHO: Cry 1Ab, Cry 1A.105, Cry 1F, Cry 2Ab2, Vip 3A, Cry 3Bb1
  • ALGODÃO: Cry 1Ab, Cry 1Ac, Cry 1F, Cry 2Ab2, Cry 2Ae, Vip 3A
  • SOJA: Cry 1Ac, Cry 1F

Diversos estudos buscam entender como a resistência das pragas evolui. Uma pesquisa da Universidade Federal de Lavras mostrou que a transmissão da resistência pode ocorrer já nos ovos dos insetos.

Pesquisadores da Esalq/USP e UFV também comprovaram o potencial de evolução da resistência da lagarta-do-cartucho ao milho Yieldgard VT PRO.

Portanto, a mensagem é clara: se nenhuma estratégia de manejo da resistência for adotada na lavoura, a seleção de insetos resistentes será inevitável, e a tecnologia perderá sua eficácia.

Se você usa tecnologia Bt, é fundamental incluir a implantação de áreas de refúgio no seu planejamento agrícola.

É importante também orientar seus vizinhos a fazerem o mesmo. Se eles não utilizarem o refúgio, pragas resistentes podem se multiplicar na área deles e migrar para a sua propriedade.

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Área de Refúgio: A Solução Prática Contra a Resistência

A área de refúgio é uma porção do talhão onde se planta a mesma cultura, mas sem a tecnologia Bt. Na prática, você divide sua área em duas: uma parte maior com a semente Bt e outra menor, o refúgio, com uma semente convencional (não Bt).

Para que o refúgio funcione corretamente, os dois materiais (híbrido ou variedade, com e sem Bt) devem ter características parecidas, principalmente porte de planta e ciclo vegetativo.

O grande objetivo dessa estratégia é retardar o aparecimento de pragas resistentes à tecnologia Bt. Para ser eficaz, o refúgio precisa seguir regras específicas de proporção, distância e manejo.

Como implementar uma área de refúgio?

A área de refúgio é fundamental e obrigatória por lei, regulamentada pela Instrução Normativa nº 59, de 19 de dezembro de 2018.

Não implementar o refúgio é considerado uma infração e pode gerar penalidades, pois é uma medida fitossanitária para o manejo da resistência de pragas.

Por isso, tenha atenção na escolha do híbrido ou variedade que vai usar no refúgio. Como já mencionado, eles devem ser semelhantes ao material Bt.

Outro ponto crucial é a distância: a área de refúgio não deve estar a mais de 800 metros de distância da área com plantas Bt.

Essa é a distância máxima que garante que os insetos adultos suscetíveis (do refúgio) consigam voar até a área Bt e cruzar com os poucos insetos resistentes que possam ter sobrevivido lá, gerando descendentes que ainda são suscetíveis à tecnologia.

Para o plantio, você pode organizar o refúgio de duas maneiras principais:

infográfico técnico que ilustra diferentes estratégias para o plantio de áreas de refúgio em lavouras de milho.

Figura 3. Como implementar o refúgio: A) Plantio realizado em faixas ou no perímetro da lavoura; B) Em áreas irrigadas com pivô, o plantio pode ser realizado em faixas ou em parte da área. (Fonte: adaptado de Embrapa Milho e Sorgo)

Qual o tamanho da área de refúgio?

Para definir o tamanho correto da área de refúgio, o primeiro passo é verificar qual evento Bt foi utilizado na sua semente.

A empresa que detém a tecnologia indicará a porcentagem exata que deve ser destinada ao refúgio, conforme a legislação.

Geralmente, as recomendações são:

  • 20% da área para soja, cana-de-açúcar e algodão.
  • 5% a 10% da área para milho.

Sempre confirme essa recomendação na hora de comprar suas sementes.

Refúgio e resistência na lavoura de milho

No milho, a utilização correta das áreas de refúgio é fundamental para preservar a eficácia da tecnologia Bt a longo prazo.

Inúmeros estudos comprovam os benefícios de implementar o refúgio em lavouras de milho Bt. Infelizmente, já foi observada a quebra de resistência à proteína Cry1F em lagartas, um problema causado, em grande parte, pelo uso incorreto ou pela ausência das áreas de refúgio.

A falha na proteção contra a lagarta-do-cartucho, que desenvolveu resistência à proteína Cry1F, é um exemplo claro do que acontece por negligência na implantação do refúgio.

Para evitar que novos casos de resistência aconteçam no milho, pesquisadores reforçam a importância de um manejo completo:

  1. Adotar o MIP (Manejo Integrado de Pragas).
  2. Instalar a área de refúgio corretamente, seguindo as recomendações.
  3. Realizar o monitoramento constante da lavoura para identificar qualquer falha de controle rapidamente.

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Manejo Correto da Área de Refúgio: O que Fazer na Prática

As áreas de refúgio devem ser conduzidas como uma lavoura convencional. Isso significa que elas devem receber os mesmos tratos culturais, como adubação, pulverização de herbicidas e fungicidas.

O controle de pragas na área de refúgio pode ser feito com vários métodos, mas com uma exceção muito importante: NÃO utilize bioinseticidas à base de Bt no refúgio.

Veja o que fazer para um manejo eficaz:

  • Elimine as plantas daninhas, pois elas podem servir de hospedeiras para pragas e atrapalhar o desenvolvimento da cultura.
  • Realize o monitoramento de pragas constantemente. Isso ajuda a identificar infestações no início e a tomar decisões de controle mais assertivas.
  • Evite a aplicação desnecessária de inseticidas. Quanto maior a pressão de seleção com um mesmo produto, maior a chance de desenvolver resistência.
  • Realize a rotação de culturas entre as safras para quebrar o ciclo das pragas.
  • Adote o Manejo Integrado de Pragas (MIP), combinando diferentes métodos de controle (químico, biológico, cultural) em vez de depender de uma única solução.

Seguindo essas práticas, você fortalece a eficácia da tecnologia Bt e contribui para a sustentabilidade de todo o seu sistema de produção.

Lembre-se: o sucesso da tecnologia Bt a longo prazo depende da correta implantação e manejo contínuo da área de refúgio. Mais do que uma exigência da lei, é uma estratégia inteligente para preservar o controle de pragas e proteger o investimento na sua lavoura.


Glossário

  • Área de refúgio: Porção da lavoura onde se cultiva a mesma cultura (milho, soja, etc.), mas sem a tecnologia Bt. Seu objetivo é manter uma população de insetos suscetíveis que possam se acasalar com os resistentes, retardando a evolução da resistência à tecnologia.

  • Bt (Bacillus thuringiensis): Uma bactéria encontrada naturalmente no solo que produz proteínas tóxicas para certos grupos de insetos-praga, como lagartas e besouros. É a fonte dos genes utilizados na criação de plantas com tecnologia Bt.

  • Evento transgênico: Refere-se à inserção bem-sucedida de um gene específico (como o gene Bt) no DNA de uma planta. Cada “evento” cria uma variedade de planta com uma nova característica, como a produção de uma proteína inseticida.

  • MIP (Manejo Integrado de Pragas): Uma estratégia de controle que combina diversas táticas (biológicas, culturais, químicas) de forma sustentável. A tecnologia Bt e as áreas de refúgio são componentes fundamentais de um programa de MIP.

  • OGM (Organismo Geneticamente Modificado): Organismo vivo cujo material genético (DNA) foi alterado em laboratório para adicionar uma nova característica. As plantas Bt são um exemplo de OGM desenvolvido para resistir a pragas.

  • Proteínas Cry/Vip: Tipos específicos de proteínas inseticidas produzidas pela bactéria Bacillus thuringiensis e, consequentemente, pelas plantas Bt. Cada proteína (ex: Cry1F, Vip3A) age sobre um grupo específico de pragas-alvo.

  • Resistência de pragas: Fenômeno em que uma população de insetos desenvolve, ao longo de gerações, a capacidade de sobreviver a um método de controle que antes era eficaz, como a ingestão de proteínas Bt. A área de refúgio é a principal ferramenta para manejar e retardar esse processo.

  • Tecnologia Bt: Técnica de biotecnologia que transfere genes da bactéria Bacillus thuringiensis para o DNA de culturas como milho, soja e algodão. Isso permite que a própria planta produza proteínas inseticidas, protegendo-se continuamente contra o ataque de pragas específicas.

Veja como a tecnologia pode ajudar a superar esses desafios

O manejo correto das áreas de refúgio e o monitoramento constante de pragas são cruciais, mas exigem um planejamento detalhado que pode se perder na rotina da fazenda. Softwares de gestão agrícola como o Aegro ajudam a resolver esse problema, permitindo que você planeje todas as operações no calendário agrícola, desde o plantio dos talhões de refúgio até a frequência das vistorias de campo. Isso garante que nada seja esquecido e que a estratégia para proteger a tecnologia Bt seja executada corretamente.

Além disso, um Manejo Integrado de Pragas (MIP) eficaz depende de registros precisos. Utilizar um aplicativo para anotar as informações de monitoramento diretamente do campo centraliza os dados e cria um histórico valioso. Com o Aegro, por exemplo, é possível registrar a incidência de pragas em mapas da fazenda, facilitando a visualização de focos e a tomada de decisões mais rápidas para o controle, otimizando o uso de insumos e preservando a tecnologia.

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Perguntas Frequentes

O que acontece se eu não implementar a área de refúgio na minha lavoura com tecnologia Bt?

Não implementar o refúgio é uma infração legal, sujeita a penalidades, pois descumpre uma medida fitossanitária obrigatória. Na prática, a ausência do refúgio acelera drasticamente o desenvolvimento de pragas resistentes, o que pode levar à perda de eficácia da tecnologia Bt em poucas safras, comprometendo a produtividade e o seu investimento.

Qual a principal diferença no manejo da área de refúgio em comparação com a lavoura Bt?

A principal diferença está no controle de pragas. Enquanto a lavoura Bt se autoprotege, o refúgio deve ser monitorado como uma cultura convencional. O ponto mais crítico é que você NUNCA deve aplicar bioinseticidas à base de Bt no refúgio, pois isso eliminaria os insetos suscetíveis que são essenciais para a estratégia. Outros tratos culturais, como adubação e controle de daninhas, devem ser idênticos.

A tecnologia Bt elimina completamente a necessidade de aplicar outros inseticidas?

Não completamente. A tecnologia Bt oferece um controle excelente e contínuo contra as principais pragas-alvo, reduzindo significativamente a quantidade de pulverizações. No entanto, ela é uma ferramenta dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP). O monitoramento constante é essencial para controlar pragas secundárias ou populações que não são o alvo da proteína Bt expressa na planta.

Por que a semente do refúgio precisa ter porte e ciclo parecidos com a da cultura Bt?

A semelhança no desenvolvimento é crucial para sincronizar o ciclo de vida das pragas. Isso garante que os insetos adultos suscetíveis (do refúgio) e os poucos resistentes (da área Bt) surjam e se acasalem na mesma época. Esse cruzamento gera descendentes que ainda são suscetíveis à tecnologia, retardando a evolução da resistência.

Qual a vantagem das sementes Bt com ‘pirâmide de genes’ ou múltiplas proteínas?

A ‘pirâmide de genes’ significa que a planta produz mais de um tipo de proteína inseticida (ex: Cry1F e Vip3A). Isso ataca as pragas de diferentes maneiras simultaneamente, tornando muito mais difícil que um inseto desenvolva resistência a todas elas. É uma estratégia avançada para aumentar a durabilidade e a eficácia da tecnologia Bt.

Meu vizinho não faz a área de refúgio. Meu esforço ainda vale a pena?

Sim, definitivamente. Embora a adesão regional seja o cenário ideal, implementar o refúgio na sua propriedade já reduz a pressão de seleção de pragas resistentes localmente, protegendo seu próprio investimento. Sua atitude correta ajuda a preservar a tecnologia na sua área e serve como um exemplo positivo para a conscientização na sua comunidade.

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