Silos para Grãos: Tipos, Custos e Quando Vale a Pena Armazenar

Engenheira agrônoma, mestre e doutora na linha de pesquisa de sementes.
Silos para Grãos: Tipos, Custos e Quando Vale a Pena Armazenar

A cada nova safra, o produtor enfrenta uma decisão crucial que impacta diretamente a rentabilidade: vender a produção imediatamente após a colheita ou investir no armazenamento em silos?

Ambas as escolhas podem levar a bons resultados ou a perdas financeiras significativas, dependendo da estratégia adotada.

Neste artigo, vamos analisar de forma clara as vantagens e desvantagens do armazenamento em silos para grãos. Apresentaremos os diferentes tipos de silos disponíveis, seus custos e os fatores que você deve considerar para tomar a melhor decisão para o seu negócio.

Armazenar ou vender os grãos? A importância do planejamento

O momento mais crítico após a colheita é a comercialização. O objetivo de todo produtor é vender seus grãos pelo melhor preço possível, mas o segredo para maximizar a rentabilidade está em uma palavra: planejamento!

Desenvolver uma estratégia de comercialização bem definida é o que diferencia um bom resultado de um resultado excepcional. Essa estratégia deve começar muito antes da colheita, idealmente no momento da semeadura.

Para decidir com segurança, considere estes pontos-chave:

  • Calcule os custos: Coloque na ponta do lápis todos os custos envolvidos no armazenamento, como manutenção do silo, energia, mão de obra e possíveis quebras técnicas.
  • Acompanhe o mercado: Fique atento ao cenário econômico do Brasil e dos principais países produtores de grãos. Fatores como câmbio, oferta e demanda globais influenciam diretamente no preço de venda.
  • Busque orientação: Contar com o apoio de um consultor pode ser um grande diferencial. Um profissional que analisa o mercado pode indicar os momentos mais oportunos para a venda.

Como já discutimos aqui no Blog do Aegro, diversificar as modalidades de comercialização de forma planejada é uma excelente maneira de diminuir riscos e aumentar as chances de uma venda mais lucrativa. Avalie com calma quais opções se encaixam melhor no seu perfil e na realidade da sua fazenda.

uma grande operação de armazenagem de grãos, provavelmente soja ou milho, em uma unidade de armazenamento agrí (Fonte: Bio Rural)

O papel estratégico do armazenamento em silos para grãos

O armazenamento correto dos seus grãos pode ser um investimento que se traduz em maior lucratividade. No entanto, essa decisão precisa estar alinhada à situação atual da sua empresa rural.

Antes de investir, pergunte-se: você possui estrutura própria para armazenar ou já é parceiro de uma cooperativa que oferece esse serviço?

O armazenamento deve ser uma etapa planejada e integrada à gestão da sua propriedade. Afinal, o objetivo é proteger o valor da sua safra, não perdê-lo por falhas no processo.

Para um bom planejamento, é fundamental conhecer as opções de mercado e os custos de cada tipo de silo. A seguir, detalhamos as principais alternativas para o armazenamento de grãos.

Tipos de silos para grãos e seus custos

Existem diversas formas de armazenar sua produção. Utilizar uma estrutura de qualidade oferece a tranquilidade necessária para esperar o melhor momento de vender seus grãos.

Investir em silos próprios pode, ainda, gerar economia com transporte e permitir a venda na entressafra, período em que os preços costumam ser mais altos. Estudos indicam que essa estratégia pode gerar ganhos de até 55%!

Vamos conhecer as principais opções:

Silos Metálicos

  • Descrição: Fabricados em aço por empresas especializadas. São a opção mais comum em fazendas de médio e grande porte.
  • Construção: O tempo médio de entrega e montagem é de 6 meses para uma estrutura com capacidade de 100 mil sacas.
  • Tempo de Armazenagem: Conservam os grãos por aproximadamente um ano sem afetar sua qualidade.
  • Custo Estimado: Cerca de R$ 2 milhões, sem incluir os gastos com a base de concreto, que variam conforme o projeto.
  • Durabilidade: A vida útil pode chegar a 30 anos, dependendo das condições ambientais e da manutenção.

Silos-Bolsa (Bag)

  • Descrição: Uma solução flexível, rápida e com custo inicial mais baixo, ideal para necessidades emergenciais ou complementares.
  • Construção: A entrega é rápida, geralmente em algumas semanas.
  • Capacidade: Cada bolsa armazena de 180 a 250 toneladas.
  • Tempo de Armazenagem: Os grãos podem ficar armazenados por até 18 meses, desde que todos os cuidados de manejo sejam seguidos para evitar umidade e pragas.
  • Custo Estimado: O custo médio por bolsa é de R$ 1.500.
  • Durabilidade: O material é descartável, com durabilidade limitada ao período de armazenagem (18 meses).
  • Observação: Para usar o silo-bolsa, é necessário ter acesso a uma máquina extratora de grãos e uma ensiladora (ou embutidora). Uma alternativa para reduzir custos é contratar serviços terceirizados para essas operações.

vasto campo agrícola ao amanhecer ou entardecer, preenchido por inúmeros silos-bolsa (ou ‘bag silos’) alinh (Fonte: Brasilagro)

Silo de Concreto

  • Descrição: Este tipo de silo tem se popularizado, especialmente em regiões produtoras de milho e arroz, pela sua robustez.
  • Construção: A obra deve ser supervisionada por um especialista e leva, em média, 20 dias para ser concluída.
  • Capacidade: Uma estrutura típica pode armazenar cerca de 1.800 toneladas.
  • Tempo de Armazenagem: Em condições ideais de umidade e temperatura, podem manter a qualidade dos grãos por até quatro safras.
  • Custo Estimado: O investimento médio é de R$ 360 mil.
  • Durabilidade: Possuem alta resistência e longa vida útil.
  • Observação: Antes de construir, planeje bem quais culturas pretende cultivar nas próximas safras para garantir que a estrutura seja adequada.

Silos de Alvenaria

  • Descrição: Uma opção resistente, construída com tijolos ou blocos, mas que exige manutenção periódica para evitar infiltrações e rachaduras.
  • Construção: O tempo de obra varia com o tamanho. Um silo pequeno, com capacidade para 600 sacas, pode ficar pronto em uma semana.
  • Observação Importante: Quanto menor o silo, mais fácil é o controle e a manutenção da qualidade do grão.
  • Tempo de Armazenagem: O tempo indicado para armazenagem neste tipo de silo é de, no máximo, um ano.
  • Custo Estimado: O valor varia bastante com a região, mas um silo pequeno fica em torno de R$ 27 mil.
  • Regulamentação: Se optar por esta construção, é essencial seguir a Instrução Normativa nº 15 do MAPA, de 09 de junho de 2004. Ela estabelece as condições ideais para que seus grãos atendam aos padrões de comercialização.

uma estrutura robusta de armazenamento agrícola, composta por dois grandes silos cilíndricos de concreto. As p (Fonte: Cooperagri)

Armazenamento em Cooperativas: Uma Alternativa Estratégica

Outra opção muito utilizada pelos produtores é o armazenamento em cooperativas. Atualmente, elas são responsáveis por 25% da capacidade estática de armazenagem do país – ou seja, o volume total de grãos que pode ser guardado de uma só vez.

Antes de escolher esta modalidade, analise os seguintes pontos:

  • Localização: A distância entre sua propriedade e a cooperativa impacta diretamente os custos de frete.
  • Acordos e Benefícios: Entenda claramente quais são os acordos firmados para os cooperados, os benefícios oferecidos e suas obrigações.
  • Custos Envolvidos: Verifique todas as taxas, como as de recebimento, secagem, limpeza e armazenagem, além do custo do transporte.

Vista aérea de um grande complexo agroindustrial destinado à armazenagem e beneficiamento de grãos. A imagem exibe múltiplos (Fonte: Globo Rural)

Silos para grãos: Como escolher a melhor opção?

Depois de analisar as alternativas, é natural ter dúvidas sobre qual caminho seguir. A decisão sobre qual silo utilizar ou implantar em sua propriedade deve ser baseada em uma análise cuidadosa de fatores técnicos e financeiros.

Leve em consideração os seguintes passos:

1. Avalie a sua produção e gestão agrícola

Quais grãos você cultiva e quais pretende armazenar nesta e nas próximas safras? Manter registros detalhados das áreas colhidas, da produtividade de cada talhão e do destino da produção é fundamental para dimensionar corretamente sua necessidade de armazenamento.

GIF que exibe a tela de ‘Colheita’ do software de gestão agrícola Aegro. A interface apresenta um painel de con Exemplo de gestão da colheita dentro do software agrícola Aegro.

2. Calcule o custo-benefício de cada opção

Compare o custo do frete até os compradores com os custos de armazenar em silos de terceiros ou cooperativas. Se estiver considerando construir, inclua no cálculo não apenas o investimento inicial, mas também os custos operacionais durante o período de armazenamento (energia, manutenção, mão de obra).

3. Integre a decisão ao planejamento da safra

Ao planejar a semeadura, você pode escalonar a colheita em épocas diferentes. Isso permite otimizar o uso da sua estrutura de armazenagem. Lembre-se sempre de estimar sua produtividade para não ser pego de surpresa.

4. Considere os custos e a necessidade de manutenção

Verifique se o silo escolhido exige manutenção realizada por profissionais especializados e qual o custo médio desse serviço. Uma estrutura bem mantida é essencial para garantir a segurança e a qualidade dos grãos.

Atenção! Lembre-se que o processo de secagem é essencial para a manutenção da qualidade do seu produto. Antes de armazenar, sempre verifique e ajuste a umidade da massa de grãos para o nível ideal.

Conclusão

Após o trabalho de uma safra inteira, escolher o momento certo para a comercialização é um passo decisivo para garantir a lucratividade do seu negócio.

Neste artigo, você viu que a decisão entre vender a produção imediatamente ou armazená-la depende de uma estratégia bem definida. Apresentamos os principais tipos de silos para grãos, seus custos e as variáveis que devem ser consideradas na escolha, seja construindo uma estrutura própria ou utilizando a de terceiros.

Esperamos que, com essas informações, você possa traçar estratégias mais eficazes para uma comercialização mais segura e rentável.


Glossário

  • Capacidade estática de armazenagem: Refere-se ao volume total de grãos que uma estrutura (silo, armazém, cooperativa) pode guardar de uma só vez. É a capacidade máxima de estoque fixo da unidade.

  • Custos operacionais: São os gastos contínuos necessários para manter a estrutura de armazenamento funcionando. Incluem despesas com energia elétrica para aeração, mão de obra para manuseio, e manutenção preventiva dos equipamentos.

  • Entressafra: Período entre o fim de uma colheita e o início da próxima. A oferta de grãos no mercado tende a ser menor nesta época, o que pode resultar em preços de venda mais elevados para o produtor que armazenou sua produção.

  • Estratégia de comercialização: É o plano definido pelo produtor para vender sua safra, visando a máxima rentabilidade. Envolve analisar o mercado, os custos de armazenamento e decidir os melhores momentos e modalidades para a venda.

  • MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento): Órgão do governo federal brasileiro responsável por formular e implementar políticas para o agronegócio. Ele estabelece normas e regulamentos, como os padrões de qualidade para a comercialização de grãos.

  • Quebras técnicas: Perdas de peso e volume dos grãos que ocorrem durante os processos de manuseio, secagem e armazenamento. São causadas por fatores como a remoção de impurezas, a redução da umidade ou danos físicos aos grãos.

  • Silos-Bolsa (Bag): Estrutura de armazenamento flexível e temporária, feita de polietileno de alta resistência. É uma alternativa de menor custo inicial para guardar grãos na própria fazenda, especialmente em safras de grande volume ou como complemento aos silos convencionais.

  • Umidade (da massa de grãos): Percentual de água contido nos grãos. Controlar a umidade para níveis ideais (geralmente entre 12% e 14%) antes de armazenar é crucial para evitar a proliferação de fungos, insetos e a deterioração do produto.

Tome a melhor decisão: como a tecnologia pode ajudar

Como vimos, a decisão de armazenar grãos exige um planejamento detalhado, que vai do cálculo preciso dos custos de um silo até o conhecimento da produtividade real de cada talhão. Fazer essa análise na ponta do lápis é um desafio que pode levar a erros caros. Um software de gestão agrícola como o Aegro resolve essa questão ao integrar os dados financeiros e operacionais em um só lugar. Ele permite que você registre todos os custos de produção e armazenamento, compare com as cotações de mercado e utilize o histórico de produtividade da sua lavoura para tomar a decisão mais lucrativa com segurança.

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Perguntas Frequentes

Qual a principal diferença entre um silo metálico e um silo-bolsa em termos de investimento e uso?

A principal diferença está no investimento e na durabilidade. O silo metálico exige um alto investimento inicial e é uma estrutura permanente, com vida útil de até 30 anos. Já o silo-bolsa é uma solução de baixo custo, flexível e temporária, ideal para safras maiores que o esperado ou como complemento, com durabilidade limitada a cerca de 18 meses por bolsa.

Para um pequeno produtor, qual tipo de silo é mais recomendado para começar?

Para pequenos produtores ou para quem busca uma solução com menor investimento inicial, o silo-bolsa é uma excelente opção pela sua flexibilidade e baixo custo por tonelada armazenada. Silos de alvenaria de menor capacidade também podem ser uma alternativa viável e mais duradoura, mas exigem um planejamento de construção e manutenção cuidadosa para evitar infiltrações e garantir a qualidade do grão.

Quais são os maiores riscos ao armazenar grãos em silos e como evitá-los?

Os maiores riscos são a perda de qualidade devido à umidade inadequada, o ataque de pragas e fungos, e as quebras técnicas durante o manuseio. Para evitá-los, é fundamental realizar a secagem correta dos grãos para atingir o nível de umidade ideal antes de armazenar, além de fazer o monitoramento constante da temperatura e a aeração periódica do silo.

Armazenar em cooperativa é sempre mais vantajoso do que ter um silo próprio?

Não necessariamente. Armazenar em cooperativas elimina o alto custo de investimento em uma estrutura própria, mas envolve despesas recorrentes com frete, taxas de recebimento e armazenagem. A vantagem de um silo próprio está no maior controle sobre o produto, na redução de custos logísticos e na flexibilidade para vender no melhor momento, o que pode gerar maior rentabilidade a longo prazo.

É possível obter um aumento real na lucratividade ao armazenar os grãos para vender na entressafra?

Sim, essa é uma das principais vantagens estratégicas do armazenamento. Ao guardar a produção e vendê-la na entressafra, quando a oferta no mercado é menor, o produtor pode alcançar preços significativamente mais altos. Essa estratégia, quando bem planejada, pode gerar ganhos de até 55%, mas depende de uma análise constante do mercado para identificar o momento ideal de venda.

Qual a importância do processo de secagem antes do armazenamento dos grãos?

A secagem é um passo crucial para garantir a conservação da qualidade dos grãos. Armazenar grãos com umidade acima do nível recomendado (geralmente entre 12% e 14%) acelera a deterioração, favorecendo a proliferação de fungos e insetos, o que resulta em perdas de peso e valor comercial. Um controle rigoroso da umidade é a base para um armazenamento seguro e prolongado.

Além do potencial de venda por um preço melhor, quais outros benefícios o armazenamento na fazenda oferece?

Além da vantagem comercial, ter um silo próprio proporciona maior flexibilidade logística, reduzindo a dependência de fretes e a pressão para escoar a produção rapidamente durante o pico da colheita. Também permite ao produtor ter controle total sobre a qualidade do seu grão, monitorando de perto as condições de umidade e temperatura para minimizar perdas e garantir um produto de melhor padrão.

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