O cenário para a safra de milho 2022/23 no Brasil é bastante positivo. Com a oferta mundial limitada para 2023, a produção brasileira tem potencial para alcançar preços mais altos do que os registrados em 2022, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A combinação de uma nova safra recorde no Brasil com uma menor oferta global do grão deve trazer bons resultados para os produtores rurais. A Conab estima que o país colherá 126,9 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 12,5% em comparação com a safra anterior. Essa projeção considera um crescimento de 3,8% na área plantada e um ganho de 8,4% na produtividade.
A redução na produção dos Estados Unidos e da Ucrânia, impactada pela guerra com a Rússia, abre espaço para o Brasil exportar milho a preços mais compensadores em 2023.
Neste artigo, vamos detalhar o calendário da safra de milho, as previsões de preço e os fatores que influenciam a produtividade agrícola. Continue a leitura para se preparar para as oportunidades que virão.
Entendendo as Épocas de Colheita do Milho no Brasil
Conhecer o calendário da safra é fundamental para o planejamento. No Brasil, a cultura do milho é dividida em três períodos distintos, o que permite produzir grãos durante o ano todo.
A plantação de milho da 1ª safra, também conhecida como safra de verão, começa em setembro e se estende até dezembro. Segundo um boletim recente da Conab, cerca de 27% da área de milho da safra 2022/23 já foi plantada. A previsão total é de 22,4 milhões de hectares cultivados.
Este ano, as condições climáticas estão mais favoráveis, diferentemente de 2021, quando a seca prejudicou a produção nas regiões Sul e Centro-Oeste. Por isso, a expectativa é de uma recuperação na produtividade da 1ª safra e uma ampliação da área na 2ª safra.
As três safras de milho no Brasil são:
- 1ª Safra (Safra de Verão): Plantio de setembro a dezembro.
- 2ª Safra (Safrinha): Plantio de janeiro a abril.
- 3ª Safra (Safra de Inverno): Plantio de abril a junho.
Essa capacidade de colher três vezes ao ano é um diferencial do Brasil entre os grandes produtores mundiais. A 3ª safra tornou-se viável graças aos avanços tecnológicos e aos investimentos em sistemas de irrigação.
Curiosamente, a 2ª safra, que antes era chamada de safrinha de milho, hoje é a mais importante em volume de produção. Na temporada 2021/22, por exemplo, a estimativa de produção da 2ª safra foi de 87,4 milhões de toneladas. A 3ª safra é cultivada principalmente nos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Roraima.
Qual a Duração do Ciclo da Safra de Milho?
O ciclo completo da cultura do milho, desde a semeadura até a colheita, dura em média de 85 a 120 dias.
Este tempo pode variar dependendo de dois fatores principais:
- O tipo de grão de milho utilizado.
- A finalidade da produção, que pode ser para silagem, grãos para ração, pipoca, farinha ou subprodutos industrializados.
Além de seu valor comercial, o milho desempenha um papel importante no sistema de plantio direto, uma prática que ajuda a conservar o solo. Após a colheita, a palhada que fica no campo protege o solo, melhora a retenção de umidade e contribui para a sustentabilidade ambiental.
Muitos plantios de soja da safra de verão são feitos sobre a palha do milho. Em seguida, após a colheita da soja, essas mesmas áreas são utilizadas para o plantio do milho 2ª safra, otimizando o uso da terra.
Previsão de Preços do Milho para a Safra 2022/23
A expectativa para o preço do milho na safra 2022/23 é de bons níveis de rentabilidade para o produtor brasileiro. Mesmo com uma oferta recorde no país, o cenário de demanda interna e externa permanece favorável.
Segundo analistas de mercado, um dos principais fatores que sustentam os preços é a expectativa de aumento na produção de carnes no Brasil em 2023. Isso eleva a demanda interna por milho, que é um componente essencial para ração animal.
No cenário internacional, a cotação do milho na Bolsa de Chicago (referência global) para contratos de setembro de 2022 fechou em USD 6,83 por bushel, uma valorização de 2% em relação ao mês anterior. Esse movimento foi influenciado pela intensificação das tensões entre Rússia e Ucrânia, que geram incertezas sobre as rotas de exportação ucranianas.
No mercado interno, os preços também reagiram:
- Indicador Cepea/Esalq (Sorriso-MT): A saca de 60 kg foi negociada a R$ 67, um aumento de 2% no início de outubro.
- Bolsa B3: As negociações atingiram R$ 87 por saca, também com alta de 2%.
Analistas do Itaú BBA Agro sugerem que, no curto prazo, os preços no Brasil podem “descolar” das cotações internacionais. Isso ocorre porque ainda há 37% do milho safrinha para ser comercializado, e os produtores precisam liberar espaço nos armazéns para a safra de soja que está chegando.
Evolução dos preços do milho de setembro de 2019 a setembro de 2022
(Fonte: Itaú BBA Agro)
Cenário Mundial: Como a Produção Global Afeta o Milho Brasileiro
A produção mundial de milho para a safra 2022/23 foi impactada por problemas climáticos e geopolíticos, o que beneficia diretamente o Brasil.
Nos Estados Unidos, condições climáticas adversas reduziram as estimativas de produção para 353 milhões de toneladas. De acordo com o relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), esse volume é 7,5% menor que o da safra passada. Com isso, os estoques finais americanos devem ficar mais apertados, mesmo com uma queda no consumo interno e nas exportações.
Na Europa, a situação é semelhante. A guerra na Ucrânia e a forte seca impactaram severamente a produção. A safra europeia de milho está estimada em apenas 56 milhões de toneladas pelo USDA, uma redução de 21%.
No entanto, é preciso ter um ponto de atenção: a possibilidade de uma crise econômica global, especialmente em relação à China, um dos maiores compradores do mundo. Uma desaceleração chinesa poderia reduzir o consumo e, consequentemente, as importações de grãos.
Produção mundial de milho
(Fonte: Itaú BBA Agro)
Conclusão
A safra de milho 2022/23 se desenha como uma excelente oportunidade para os produtores brasileiros. A combinação de uma produção interna recorde com a quebra de safra em concorrentes importantes, como EUA e Europa, cria um ambiente favorável para preços valorizados.
Para resumir os pontos principais:
- Produção Recorde no Brasil: A colheita deve atingir 126,9 milhões de toneladas.
- Cenário Global Favorável: Menor oferta nos EUA e na Europa sustenta as cotações internacionais.
- Demanda Aquecida: Tanto o mercado interno (produção de carnes) quanto as exportações devem manter a demanda em alta.
- Ponto de Atenção: O principal risco é uma possível recessão econômica global, que poderia afetar o consumo, especialmente da China.
Com um bom planejamento, o produtor pode aproveitar este momento para garantir bons rendimentos com a cultura do milho.
Glossário
Bushel: Unidade de medida de volume para grãos usada no mercado internacional, como na Bolsa de Chicago. Para o milho, um bushel equivale a aproximadamente 25,4 kg.
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento): Órgão do governo brasileiro responsável por gerar e divulgar dados oficiais sobre a produção, safra, estoques e preços de produtos agropecuários no Brasil.
Indicador Cepea/Esalq: Referência de preços de commodities agrícolas no mercado físico brasileiro, calculada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
Palhada: Camada de restos vegetais (como caules e folhas) que permanece sobre o solo após a colheita. É fundamental no sistema de plantio direto para proteger o solo, reter umidade e aumentar a matéria orgânica.
Produtividade agrícola: Medida da eficiência da produção, calculada pela quantidade de produto colhido por unidade de área. Geralmente é expressa em sacas por hectare (sc/ha) ou toneladas por hectare (t/ha).
Safrinha: Termo usado para a segunda safra de milho, plantada logo após a colheita da safra de verão (geralmente soja). Apesar do nome, hoje representa o maior volume da produção de milho no Brasil.
Sistema de plantio direto: Técnica de cultivo que não envolve o preparo do solo (aração e gradagem) antes do plantio. A semeadura é feita diretamente sobre a palhada da cultura anterior, conservando o solo.
USDA (United States Department of Agriculture): Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Suas publicações e relatórios são uma referência mundial para projeções de safra, consumo e estoques de commodities agrícolas.
Da previsão ao lucro: como garantir a rentabilidade da sua safra
O cenário positivo para a safra de milho é uma grande oportunidade, mas transformar previsões otimistas em lucro real exige um controle preciso dos custos e das operações. Saber exatamente quanto foi gasto em cada talhão e qual a produtividade real de cada área é o que diferencia uma boa safra de uma safra verdadeiramente lucrativa. Ferramentas de gestão agrícola como o Aegro simplificam esse desafio, centralizando o controle financeiro e agronômico em um único lugar.
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Perguntas Frequentes
Por que os preços do milho devem subir no Brasil se a safra 2022/23 é recorde?
A alta nos preços é esperada porque a oferta mundial de milho está limitada. A quebra de safra em grandes produtores como Estados Unidos e Ucrânia reduz a disponibilidade global do grão, fazendo com que a produção recorde do Brasil seja mais valorizada no mercado internacional e interno para atender à forte demanda.
Qual é a principal diferença entre a 1ª, 2ª e 3ª safra de milho?
A principal diferença está na época de plantio. A 1ª safra (safra de verão) ocorre de setembro a dezembro. A 2ª safra (safrinha), a maior em volume, é plantada de janeiro a abril, geralmente após a colheita da soja. Já a 3ª safra (safra de inverno) é cultivada de abril a junho, principalmente em regiões irrigadas do Nordeste e Norte.
Por que a ‘safrinha’ de milho se tornou a mais importante para o Brasil?
Apesar do nome, a ‘safrinha’ (2ª safra) superou a 1ª safra em volume e área plantada. Isso se deve à otimização do uso da terra, sendo plantada logo após a colheita da soja, e aos avanços tecnológicos que permitiram alta produtividade nesse período, consolidando-a como a principal janela de produção de milho do país.
Como a guerra na Ucrânia afeta o preço do milho para o produtor brasileiro?
A Ucrânia é um dos maiores exportadores de milho do mundo. A guerra reduz sua capacidade de produção e exportação, diminuindo a oferta global do grão. Essa escassez eleva as cotações internacionais na Bolsa de Chicago, o que influencia positivamente os preços pagos aos produtores no Brasil.
Qual o principal risco que pode ameaçar a rentabilidade da safra de milho 2022/23?
O principal risco apontado é uma possível crise econômica global. Uma desaceleração econômica, especialmente na China, que é uma grande compradora de commodities, poderia reduzir a demanda por grãos e, consequentemente, pressionar os preços para baixo, mesmo com o cenário de oferta restrita.
O milho é usado apenas para grãos? Como isso afeta o tempo de colheita?
Não, o milho tem diversas finalidades, como produção de grãos, silagem para ração animal, pipoca e subprodutos industriais. O tempo de colheita varia conforme o objetivo: para silagem, a colheita é antecipada para aproveitar a planta inteira, encurtando o ciclo, enquanto a produção de grãos secos exige um ciclo mais longo, de até 120 dias.
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