Safra de Milho: 7 Dicas de Manejo para Aumentar sua Produtividade

Redação Aegro
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Safra de Milho: 7 Dicas de Manejo para Aumentar sua Produtividade

O milho é uma cultura presente em todas as regiões do Brasil. Como se costuma dizer no campo, onde tem criação de animal, tem plantação de milho!

Apesar de a maior parte do milho brasileiro ser de segunda safra, a chamada safrinha, a primeira safra ainda é fundamental. Cerca de 28% dos 17,6 milhões de hectares de milho da safra 2018/2019 foram dedicados a ela, sendo a principal opção para muitos produtores.

No entanto, nossa produtividade média, em torno de 5 toneladas por hectare, está abaixo da média mundial. Isso não é uma má notícia, mas sim uma grande oportunidade: existe um enorme potencial para aumentar a produção em nossas lavouras.

Para ajudar você a aproveitar essa oportunidade, reunimos neste artigo as principais dicas de manejo. O objetivo é otimizar sua safra de milho e extrair o máximo de produtividade da sua área.

1. A Escolha Certa da Cultivar

Uma regra de ouro no campo é que a cultivar é responsável por, no mínimo, 50% da produtividade da lavoura. A escolha certa é o primeiro grande passo para o sucesso.

Para começar, analise as condições de solo e clima da sua fazenda. Além disso, defina claramente o objetivo da sua produção: será para grãos, silagem ou outra finalidade? A cultivar ideal precisa se encaixar perfeitamente no seu sistema de produção.

As empresas de sementes geralmente indicam suas cultivares para regiões específicas. Por isso, tenha cuidado ao comprar sementes de um local diferente daquele onde você vai plantar, pois a adaptação pode não ser a ideal.

Para produção de silagem, observe estes pontos:

  • Sanidade foliar: Verifique a resistência da cultivar às principais doenças, como ferrugens e enfezamentos. Folhas sadias garantem uma silagem de melhor qualidade.
  • Enchimento de grãos prolongado: Essa característica amplia a janela de colheita da planta no ponto ideal para a silagem, dando mais flexibilidade ao manejo.

Para produção de grãos, foque nestas características:

  • Qualidade e uniformidade dos grãos: Essencial para obter uma boa classificação e melhor preço de venda.
  • Resistência ao acamamento: Crucial para evitar perdas e dificuldades durante a colheita mecânica.

2. Entenda as Necessidades da Cultura

O milho é uma cultura versátil, mas para atingir seu potencial máximo, ele tem exigências claras, principalmente em relação à temperatura e à disponibilidade de água em fases críticas. Atender a esses requisitos é o que garante que a genética da sua cultivar se expresse em alta produtividade.

gráfico que ilustra a relação entre diferentes fatores e a produtividade agrícola, especificamente na c Variação da produtividade como produto da relação entre o material genético e o fenótipo da cultivar em dado ambiente de produção (Fonte: Visão Agrícola,2015)

Temperatura Ideal

  • Na semeadura: A temperatura do solo deve estar entre 18°C e 35°C. Isso garante uma germinação uniforme e ativa as enzimas do solo que processam o nitrogênio.
  • Temperaturas noturnas: Noites com temperaturas acima de 24°C são prejudiciais. Elas fazem a planta gastar mais energia para respirar, o que sobra menos para o crescimento e enchimento dos grãos. Isso pode até encurtar o ciclo da cultura, afetando o potencial produtivo.

Necessidade de Água

Quanto à água, o milho precisa de 400 mm a 600 mm de chuva bem distribuídos ao longo do seu ciclo.

O período mais crítico para a falta de água é a janela de 30 dias: 15 dias antes e 15 dias depois do pendoamento. Pendoamento: é o momento em que a inflorescência masculina, ou pendão, aparece no topo da planta.

Portanto, o planejamento da semeadura deve ser feito para garantir que haja água disponível nesse período crucial.

3. Faça o Manejo Baseado na Fenologia da Planta

O ciclo do milho pode variar de 110 dias (para cultivares precoces) a 160 dias (para as mais tardias). Essa diferença acontece porque cada cultivar precisa acumular uma quantidade específica de energia térmica, ou calor, para passar de uma fase para outra.

Para medir isso, usamos os graus-dias (GD): uma unidade que calcula o calor acumulado pela planta. Ela ajuda a prever quando a cultura atingirá cada fase de desenvolvimento com mais precisão do que apenas contar os dias.

Por isso, basear o manejo apenas em “dias após a semeadura” pode levar a erros. Aplicar um produto cedo ou tarde demais reduz a eficiência dos insumos e pode comprometer o resultado.

É fundamental utilizar a escala fenológica da planta para planejar o plantio e todos os manejos da lavoura, garantindo que cada aplicação seja feita no momento certo.

infográfico detalhado que ilustra as fases de desenvolvimento da cultura do milho, divididas em dois grandes gr (Fonte: Adaptado da Universidade de Kansas)

4. Prolongue a Vida Útil da Tecnologia Bt

A primeira tecnologia Bt foi aprovada para o milho no Brasil em 2007. Desde então, ela se tornou uma ferramenta essencial contra as principais pragas da cultura.

O problema é que, com o uso contínuo, as pragas podem desenvolver resistência, o que coloca em risco décadas de pesquisa e uma tecnologia valiosa. Para evitar a resistência e prolongar a vida útil do Bt, algumas práticas de manejo são obrigatórias e essenciais:

  1. Utilize a área de refúgio: Esta é a medida mais importante. A área de refúgio deve ter pelo menos 10% da área total plantada com milho Bt. Nela, você deve plantar uma cultivar não-Bt com ciclo vegetativo parecido.
  2. Limite as pulverizações no refúgio: Na área de refúgio, aplique inseticidas para controlar as pragas-alvo do Bt somente até a fase V6 do milho. Fase V6: significa que a planta tem 6 folhas completamente desenvolvidas.
  3. Rotacione as tecnologias Bt: Sempre que possível, alterne o plantio com milhos que tenham diferentes eventos Bt. Isso varia a pressão de seleção sobre as pragas.
  4. Posicione o refúgio corretamente: A área de refúgio não deve estar a mais de 800 metros de distância da área com milho Bt. Isso garante que os insetos suscetíveis do refúgio cruzem com os possíveis resistentes da área Bt, retardando a evolução da resistência.

infográfico com seis diagramas que ilustram diferentes maneiras de implementar áreas de refúgio em lavouras Disposição esquemática de áreas de refúgio em lavouras tradicionais e em pivô central (Fonte: Visão Agrícola, 2015)

5. Controle as Plantas Daninhas no Momento Certo

A competição com plantas daninhas é um dos maiores ladrões de produtividade, podendo causar perdas de até 87% na produção de milho. Portanto, o controle eficaz é fundamental para uma boa safra.

A boa notícia é que o milho, quando bem manejado, é uma cultura bastante competitiva. As práticas fundamentais para dar vantagem ao milho são:

  • Semear a cultivar certa para a sua região e na época correta.
  • Realizar uma boa dessecação pré-plantio para começar com a área limpa.
  • Atender às necessidades nutricionais da cultura para garantir um arranque forte.

Depois de garantir essa base, o controle químico ou mecânico deve ser feito no momento certo. Esse período, conhecido como PCPI (Período Crítico de Prevenção da Interferência), ocorre entre os estádios V3 e V14 (da 3ª à 14ª folha totalmente expandida). Manter a lavoura limpa durante essa janela é decisivo para o sucesso da safra.

infográfico educativo que ilustra as diferentes fases de desenvolvimento vegetativo da cultura do milho, conhec Período crítico de prevenção da interferência (PCPI) na cultura do milho (Fonte: Acervo do autor)

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6. Adote o Sistema Plantio Direto

O Sistema Plantio Direto (SPD) é especialmente vantajoso em ambientes tropicais, como na maior parte do Brasil. Para a cultura do milho, o plantio direto traz benefícios diretos e comprovados:

  • Maior eficiência no uso de nutrientes: A matéria orgânica na superfície (palhada) melhora a ciclagem e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.
  • Redução da erosão: A cobertura do solo protege contra o impacto da chuva, segurando o solo e os adubos na sua área.
  • Conservação da umidade: A palhada funciona como um isolante, reduzindo a evaporação e mantendo o solo úmido por mais tempo. Isso é vital na germinação e no pendoamento.
  • Controle da temperatura do solo: A cobertura ajuda a manter a temperatura mais estável, o que beneficia a germinação e a atividade dos microrganismos do solo.

O gráfico abaixo mostra claramente como o solo em SPD retém mais água disponível para a planta em comparação com o sistema convencional.

Este gráfico de barras horizontais compara a quantidade de água disponível no solo, medida em milímetros (mm), entre dois sis ***Água disponível entre a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente, para solo em


Glossário

  • Área de refúgio: Porção da lavoura plantada com milho convencional (não-Bt) ao lado do milho Bt. Essa prática é fundamental para retardar o desenvolvimento de resistência das pragas à tecnologia Bt.

  • Cultivar: Uma variedade de planta desenvolvida por meio de melhoramento genético para apresentar características desejáveis, como alta produtividade, resistência a doenças ou adaptação a um clima específico. A escolha da cultivar certa é responsável por mais de 50% do potencial produtivo da lavoura.

  • Graus-dias (GD): Unidade que mede o acúmulo de calor que uma planta precisa para avançar em seu ciclo de desenvolvimento. É um método mais preciso do que contar os dias para prever estágios como o pendoamento ou a maturação.

  • PCPI (Período Crítico de Prevenção da Interferência): Janela de tempo no ciclo da cultura em que a presença de plantas daninhas causa as maiores perdas de produtividade. No milho, manter a área limpa durante este período (entre os estágios V3 e V14) é crucial para o sucesso da safra.

  • Pendoamento: Fase reprodutiva em que o milho emite a inflorescência masculina (o pendão) no topo da planta. Este é o período de maior demanda por água e nutrientes, sendo decisivo para a definição do potencial produtivo da lavoura.

  • Safrinha: Termo usado no Brasil para a segunda safra agrícola do ano, plantada no outono/inverno, geralmente após a colheita da safra de verão (soja). O milho safrinha representa a maior parte da produção nacional do grão.

  • Sistema Plantio Direto (SPD): Método de cultivo em que a semeadura é realizada diretamente sobre a palhada (restos vegetais) da cultura anterior, sem o revolvimento do solo. Esta técnica ajuda a conservar a umidade, reduzir a erosão e melhorar a saúde do solo.

  • Tecnologia Bt: Refere-se a plantas de milho geneticamente modificadas que produzem proteínas da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt). Essas proteínas atuam como um inseticida natural, protegendo a planta contra o ataque de algumas das principais pragas da cultura.

Transforme o manejo do milho em mais lucro com a gestão certa

Como vimos, atingir o máximo potencial produtivo do milho depende de uma série de decisões precisas: da escolha da cultivar ao controle de plantas daninhas no momento exato. O grande desafio é conectar todas essas práticas de manejo, garantindo que cada operação seja executada com eficiência e, principalmente, que o custo de produção não saia do controle.

Para resolver essa complexidade, softwares de gestão agrícola como o Aegro são essenciais. Eles permitem que você planeje toda a safra, registre as atividades no campo e acompanhe os custos de cada talhão em tempo real. Saber exatamente quanto foi gasto com defensivos e fertilizantes e qual o custo final por saca produzida ajuda a tomar decisões mais inteligentes e a garantir que todo o esforço no manejo se traduza em maior lucratividade.

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Perguntas Frequentes

Qual a principal diferença ao escolher uma cultivar de milho para grãos e para silagem?

A principal diferença está nas características desejadas. Para silagem, o foco é em alta sanidade foliar e um período prolongado de enchimento de grãos, garantindo mais qualidade e flexibilidade na colheita. Já para a produção de grãos, as prioridades são a qualidade e uniformidade dos grãos para melhor classificação comercial e a resistência da planta ao acamamento, o que evita perdas na colheita mecânica.

Por que o período de pendoamento do milho é tão crítico para a falta de água?

O pendoamento é a fase reprodutiva em que ocorre a polinização, definindo o número de grãos por espiga. O estresse hídrico nesse momento (15 dias antes e 15 depois) pode causar falhas na fecundação, resultando em espigas com poucos grãos e uma queda drástica na produtividade. A planta precisa de água para garantir que esse processo vital ocorra com máxima eficiência.

O que acontece se eu não implementar a área de refúgio para o milho Bt?

Não implementar a área de refúgio acelera o desenvolvimento de pragas resistentes à tecnologia Bt. Com o tempo, a tecnologia se torna ineficaz, forçando o produtor a aumentar o uso de inseticidas, elevando os custos de produção e perdendo uma ferramenta valiosa de manejo. A área de refúgio é essencial para garantir a longevidade e a sustentabilidade do milho Bt.

É realmente necessário controlar as plantas daninhas apenas no período crítico (PCPI)?

Não exclusivamente, mas é o período de maior importância. O Período Crítico de Prevenção da Interferência (PCPI), entre os estádios V3 e V14, é quando a competição por luz, água e nutrientes causa as maiores e mais irreversíveis perdas de produtividade. Manter a lavoura limpa nesta janela garante que o milho se estabeleça com força, tornando-se mais competitivo contra as daninhas no resto do ciclo.

Quais os benefícios práticos do Sistema Plantio Direto (SPD) para a cultura do milho?

O SPD oferece benefícios diretos e mensuráveis para o milho. A palhada na superfície conserva a umidade do solo, o que é vital em períodos de estiagem, especialmente na germinação e no pendoamento. Além disso, reduz a erosão, melhora a ciclagem de nutrientes e mantém a temperatura do solo mais estável, criando um ambiente mais favorável para o desenvolvimento de raízes e a absorção de nutrientes.

Como os ‘graus-dias’ (GD) ajudam no manejo da lavoura de forma mais precisa?

Os graus-dias medem o acúmulo de calor que a planta realmente precisa para passar de uma fase a outra, sendo mais preciso que a contagem de dias. Basear o manejo nos GD permite aplicar defensivos, fertilizantes e outros insumos no momento fenológico exato, aumentando a eficiência das operações e evitando desperdícios, pois o desenvolvimento da planta pode acelerar ou atrasar conforme a temperatura.

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