Em 2024, a expectativa para a safra de café no Brasil é marcada por um cenário de incertezas, principalmente por causa das mudanças climáticas.
Eventos como seca prolongada e a distribuição irregular das chuvas já estão impactando a produtividade. As regiões mais tradicionais, como Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, sentem esses efeitos de forma mais intensa.
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil continua sendo o líder mundial na produção de café. No entanto, o país enfrenta o desafio de equilibrar a produção para atender tanto ao mercado interno quanto à demanda externa.
Um ponto de atenção é que safras maiores, combinadas com uma possível queda na demanda global, podem gerar um excedente de café no mercado mundial. Esse excesso de oferta impactaria diretamente os preços pagos ao produtor.
Qual a previsão da safra de café para 2025?
As projeções para a safra de café 2025/26 no Brasil indicam que os desafios climáticos vão continuar.
A seca prolongada e as altas temperaturas observadas durante a safra de 2024 afetaram negativamente as lavouras, especialmente nas principais regiões produtoras do país.
Esses fatores podem levar a dois problemas principais na próxima safra:
- Redução da produtividade: menos sacas colhidas por hectare.
- Queda na qualidade dos grãos: grãos menores, mal formados ou com defeitos.
Além disso, a falta de chuva em períodos críticos do desenvolvimento das plantas prejudicou o florescimento adequado, que é a fase essencial para uma boa formação dos frutos.
Especialistas alertam que, mesmo que as chuvas voltem ao normal, os danos já causados às plantas podem não ser totalmente revertidos. Isso deve impactar negativamente a produção de 2025.
Portanto, a expectativa é que a safra de café 2025/26 tenha uma produção menor em comparação aos anos anteriores. Essa redução na oferta provavelmente vai influenciar os preços tanto no mercado interno quanto no externo.
Qual o período da safra de café?
O período da safra de café no Brasil não é o mesmo em todo o país, pois varia de acordo com a região produtora.
- Em estados como Minas Gerais e São Paulo, a colheita geralmente acontece entre maio e agosto.
- Já em regiões do Norte e Nordeste, como Bahia e Rondônia, a colheita pode começar mais cedo, a partir de abril, devido às diferenças climáticas.
Essa variação é determinada pelas condições locais de solo e clima, que influenciam diretamente o ciclo de desenvolvimento das plantas de café.
Por isso, entender o período de safra da sua região é fundamental para planejar o manejo da lavoura e entregar o produto ao mercado no momento certo.
Produção de café no Brasil: regiões de destaque
O Brasil é o maior produtor mundial de café, sendo responsável por cerca de 40% de toda a produção global. As principais regiões produtoras se destacam por características específicas:
- Sul de Minas Gerais: Reconhecida nacionalmente pela altíssima qualidade do grão, com foco principal no café arábica.
- São Paulo (Região da Mogiana): Caracterizada por produzir grãos com um excelente equilíbrio entre acidez e doçura.
- Espírito Santo: É o estado líder na produção de café conilon, uma variedade conhecida pela sua resistência e alta produtividade.
- Bahia: Uma região em forte crescimento, com lavouras em áreas irrigadas que garantem uma produção mais constante e previsível.
Cada uma dessas regiões possui particularidades de solo, relevo e clima que influenciam o sabor, o aroma e a qualidade final do café. Essa diversidade é o que permite ao Brasil oferecer uma grande variedade de produtos para o mercado nacional e internacional.
Tabela 1. Produção Mundial de Café estimada para a safra 2023: 174.340 (1000 sacos de 60 kg).
Relação entre a safra de café e as mudanças climáticas
As mudanças climáticas são hoje uma das maiores preocupações para os produtores de café. O aumento das temperaturas médias, os períodos de seca prolongada e a ocorrência de chuvas em épocas inadequadas estão alterando o ciclo produtivo da cultura.
Com isso, regiões que historicamente eram ideais para o cultivo de café estão enfrentando novos desafios, enquanto outras áreas, antes consideradas menos tradicionais, começam a ganhar destaque na produção.
Para lidar com esses problemas, muitos produtores estão investindo em tecnologias e manejos mais adaptados, como:
- Sistemas de irrigação para combater a falta de chuva.
- Manejo de sombra, utilizando outras árvores para proteger o cafezal do sol excessivo.
- Escolha de variedades de café mais resistentes e adaptadas às novas condições climáticas.
Figura 3. Lavoura de café em formação, bem nutrida, sem competição com plantas daninhas e livre de pragas e doenças. Foto: Laís Teles.
Principais doenças que afetam a safra de café
As doenças e pragas são desafios constantes para os cafeicultores. Ficar atento às principais ameaças é o primeiro passo para um controle eficaz. Entre as doenças mais comuns, destacam-se:
- Ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix): Causa a queda precoce das folhas, o que reduz a fotossíntese e, consequentemente, a capacidade produtiva da planta.
- Cercosporiose (Cercospora coffeicola): Provoca manchas nos frutos e folhas, comprometendo diretamente a qualidade do grão e o seu valor de mercado.
- Podridão radicular: Geralmente associada a solos mal drenados ou encharcados, essa doença ataca o sistema de raízes, podendo levar a planta à morte.
O manejo preventivo, que inclui o uso de variedades resistentes, práticas culturais adequadas (como adubação equilibrada e poda) e o monitoramento constante da lavoura, é indispensável para evitar prejuízos significativos.
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Cuidados com a pós-colheita do café
A etapa de pós-colheita é decisiva para garantir a qualidade final dos grãos. Práticas inadequadas nesta fase podem comprometer todo o trabalho e investimento feitos ao longo da safra. Os cuidados essenciais incluem:
- Secagem: Deve ser feita corretamente em terreiros ou secadores mecânicos para atingir a umidade ideal e evitar a fermentação indesejada, que prejudica o sabor da bebida.
- Armazenamento: O café deve ser guardado em armazéns limpos e bem ventilados, com controle de temperatura e umidade para evitar a proliferação de fungos e outras contaminações.
- Classificação: É importante separar os grãos por tipo e qualidade (peneira, cor, defeitos), pois isso permite atender às diferentes exigências do mercado e agregar mais valor ao produto.
Essas práticas garantem que o café mantenha suas melhores características de sabor e aroma, valorizando o produto no momento da venda.
Quanto está a saca de café?
O preço da saca de café varia bastante, pois é influenciado por fatores como a qualidade do grão, o volume da produção nacional e as condições do mercado internacional. Em 2024, os preços apresentaram oscilações importantes. Confira os valores de referência:
Café Arábica: Em novembro de 2024, a saca de 60 kg do café arábica (tipo 6, bebida dura, bica corrida) foi cotada a R$ 1.670,00 em Guaxupé/MG. No mesmo período, o café arábica cereja descascado, de bom preparo, foi negociado na faixa de R$ 1.550 a R$ 1.600 por saca.
Café Conilon (Robusta): Até setembro de 2024, os preços do café conilon ultrapassaram a marca de R$ 1.500 por saca de 60 kg, batendo recordes nominais em reais.
Essas variações refletem diretamente as condições de oferta e demanda, além dos impactos do clima nas principais regiões produtoras. Mesmo com esses desafios, a alta qualidade do grão brasileiro ajuda a manter o produto competitivo no mercado.
Previsão da saca de café para 2025
As projeções para os preços do café em 2025 indicam uma tendência de alta, influenciada principalmente pelos seguintes fatores:
- Condições Climáticas Adversas: A seca e as altas temperaturas em regiões produtoras chave, como Minas Gerais e São Paulo, devem reduzir a produtividade das lavouras. O café arábica, que é mais sensível ao clima, será o mais afetado.
- Equilíbrio entre Oferta e Demanda: A oferta global de café está mais apertada. A previsão é que a produção mundial supere a demanda em apenas 150.000 sacas na temporada de 2024/2025. Este é um excedente muito pequeno comparado às 700.000 sacas de 2023/24, indicando um mercado mais justo.
- Mercado Futuro: Os contratos futuros de café arábica na bolsa de Nova Iorque subiram para mais de US$ 2,58 por libra-peso, mantendo-se próximos dos níveis mais altos desde outubro de 2024. Isso sinaliza uma expectativa de preços elevados no mercado internacional.
Diante desse cenário de produção reduzida e mercado aquecido, a expectativa é de preços mais altos ao longo de 2025, o que pode beneficiar os produtores, mas também impactar os custos para os consumidores finais.
Glossário
Café arábica: Uma das principais espécies de café cultivadas no mundo, conhecida por produzir grãos de alta qualidade com sabor e aroma complexos. É mais sensível a variações climáticas, como as secas e altas temperaturas mencionadas no artigo.
Café conilon (Robusta): Outra espécie de café, caracterizada por sua maior resistência a pragas e ao calor, e um teor de cafeína mais elevado. É amplamente cultivado no Espírito Santo e usado em blends e cafés instantâneos.
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento): Órgão do governo federal brasileiro responsável por gerar e divulgar dados oficiais sobre a produção agrícola, incluindo as estimativas e previsões para a safra de café.
Ferrugem do cafeeiro: Uma das doenças mais severas que afetam o cafezal, causada por um fungo que ataca as folhas. A doença provoca a queda precoce das folhas, o que enfraquece a planta e reduz drasticamente a produtividade.
Florescimento: Etapa do ciclo do café em que as flores aparecem nos ramos. É uma fase crítica que depende diretamente de condições climáticas adequadas, pois a quantidade de flores definirá o potencial produtivo da safra.
Libra-peso (lb): Unidade de medida de massa utilizada no mercado internacional de commodities, como na bolsa de Nova Iorque. Equivale a aproximadamente 453,6 gramas e é a referência para os contratos futuros de café arábica.
Pós-colheita: Conjunto de processos realizados após a colheita dos grãos de café, como a secagem, armazenamento e classificação. Esta etapa é fundamental para determinar a qualidade final da bebida e o valor de mercado do produto.
Saca de 60 kg: Unidade padrão de comercialização de café em grão cru no Brasil. Todas as cotações de preços e estatísticas de produção no mercado interno são baseadas neste volume.
Como a tecnologia ajuda a enfrentar os desafios da safra de café
Lidar com a instabilidade do clima e, ao mesmo tempo, manter um controle rigoroso sobre pragas e doenças como a ferrugem do cafeeiro, exige um planejamento detalhado. Ferramentas de gestão agrícola, como o Aegro, permitem registrar cada aplicação de defensivos no talhão, criando um histórico que ajuda a planejar as próximas ações com mais precisão e a agir de forma preventiva, protegendo o potencial produtivo da lavoura.
Além do controle agronômico, entender o custo de produção por saca é fundamental em um mercado de preços tão voláteis. Ao centralizar os registros das atividades e das despesas da fazenda, um software calcula automaticamente o custo real da sua safra. Essa informação é decisiva para negociar melhor o seu café e garantir a lucratividade do negócio, mesmo em anos desafiadores.
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Perguntas Frequentes
Qual a principal diferença entre o café arábica e o conilon mencionada no artigo?
A principal diferença está na qualidade e na resistência. O café arábica é conhecido pela alta qualidade de bebida, com sabor e aroma complexos, mas é mais sensível às variações climáticas. Já o café conilon (ou robusta) é mais resistente a pragas e ao calor, tem alta produtividade e é ideal para blends e cafés instantâneos.
De que forma a seca prolongada afeta a qualidade dos grãos de café, além de reduzir a quantidade produzida?
A seca prolongada e as altas temperaturas, especialmente em fases críticas como o florescimento, causam estresse hídrico na planta. Isso resulta em grãos menores, mal formados e com maior incidência de defeitos, comprometendo diretamente a qualidade da bebida e, consequentemente, o valor de mercado da saca de café.
Quais são as práticas de manejo mais eficazes para um produtor de café se adaptar às mudanças climáticas?
Para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, os produtores podem adotar diversas estratégias. As mais eficazes incluem a implementação de sistemas de irrigação para combater a seca, o manejo de sombra com outras árvores para proteger o cafezal do calor excessivo, e a escolha de variedades de café geneticamente mais resistentes à seca e altas temperaturas.
Por que a etapa de pós-colheita é considerada tão crucial para o valor final do café?
A pós-colheita é decisiva porque define a qualidade final do produto. Uma secagem inadequada pode causar fermentação indesejada e mofo, enquanto um armazenamento incorreto pode contaminar os grãos. Uma boa classificação, separando os grãos por tipo e qualidade, permite atender a mercados mais exigentes e agregar maior valor à saca.
Como um produtor pode identificar e combater a ferrugem do cafeeiro de forma eficiente?
A ferrugem do cafeeiro é identificada por manchas amareladas ou alaranjadas na parte inferior das folhas, que causam sua queda precoce. O combate eficiente envolve um manejo integrado, combinando o uso de variedades resistentes, adubação equilibrada para fortalecer as plantas e o monitoramento constante para aplicar fungicidas específicos logo nos primeiros sinais da doença, evitando perdas de produtividade.
A previsão de alta nos preços da saca de café para 2025 é uma boa notícia para todos os produtores?
Embora a alta nos preços pareça positiva, ela é impulsionada por uma previsão de menor produção devido a problemas climáticos. Portanto, a notícia pode não ser boa para todos. Produtores que sofreram grandes perdas de produtividade podem não ter volume suficiente para compensar os custos, enquanto aqueles que conseguiram proteger suas lavouras podem ter maior lucratividade.
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