As inovações tecnológicas na agricultura já fazem parte do dia a dia no campo, cobrindo todas as etapas da produção. Vemos isso desde o preparo do solo, com sensores para análise de solo, até a comercialização, com aplicativos para rastreabilidade e certificação dos produtos.
Nesse cenário, uma nova tecnologia está ganhando força no mercado: os robôs agrícolas. Eles prometem aumentar os lucros e a eficiência das operações, além de garantir muito mais segurança no trabalho diário.
Neste artigo, vamos detalhar como a robótica na agricultura pode influenciar o manejo da sua lavoura e ajudar sua fazenda a produzir mais e melhor. Boa leitura!
O que é a Robótica na Agricultura?
A tecnologia no campo evoluiu em fases bem definidas. Começou na agricultura 1.0, marcada pelo uso da força de animais, e avançou até o momento atual, a agricultura 4.0.
Agricultura 4.0: significa a fase atual do agronegócio, caracterizada pela integração de tecnologias digitais como máquinas autônomas, drones, sensores, satélites e robôs para otimizar toda a produção.
A robótica é a tecnologia que utiliza máquinas autônomas, controladas remotamente, para realizar tarefas que antes dependiam do esforço humano. É importante destacar que o objetivo não é eliminar a mão de obra, mas sim capacitar os trabalhadores para operar essas novas ferramentas, tornando o trabalho mais estratégico e menos desgastante.
Um Mercado em Plena Expansão
Os números mostram que a robótica veio para ficar. Atualmente, o mercado global movimenta US$ 7,6 bilhões. Segundo o International Market Analysis Research and Consulting Group, a expectativa é que esse setor cresça cerca de 18,42% ao ano, alcançando um valor de US$ 21,2 bilhões até 2028.
Os Primeiros Passos: Do GPS aos Drones
Um dos primeiros grandes avanços da agricultura de precisão foi o Posicionamento Global por Satélite (GPS). Com ele, tratores começaram a ser guiados com exatidão para o plantio de sementes, aplicação de defensivos agrícolas e colheita.
Utilização do Solix Ag Robotics, um exemplo de robô autônomo para monitoramento da lavoura.
(Fonte: Solinftec)
Mais recentemente, os drones agrícolas surgiram como uma ferramenta poderosa. Eles permitem o monitoramento aéreo detalhado, a pulverização e a análise da colheita em tempo real. Para muitas dessas tarefas, os drones se tornaram mais acessíveis e práticos que as imagens de satélite.
A grande vantagem do drone é a disponibilidade. Imagens de satélite podem não estar disponíveis no momento exato que o produtor precisa, e a qualidade pode ser prejudicada por nuvens. Os drones, por outro lado, voam sob as nuvens e carregam suas próprias câmeras de alta resolução.
Tecnologia Integrada na Prática
Essas tecnologias são conectadas por meio de softwares e sistemas que melhoram a produção agrícola. No Brasil, a Solinftec é um destaque. Com sua tecnologia Solix Ag Robotics e a plataforma de inteligência artificial ALICE AI, ela oferece soluções que monitoram insetos e ervas daninhas, analisam o solo e a nutrição das plantas, otimizando tempo e mão de obra.
Aplicações da Robótica na Agricultura
As utilizações da robótica no campo são cada vez mais variadas. Aqui estão algumas das principais aplicações:
- Colheita de cereais e grãos
- Análise de solo em tempo real
- Plantio de sementes com precisão
- Combate a pragas de forma localizada
- Capinagem e controle de plantas daninhas
- Colheita e embalagem de frutas delicadas
- Monitoramento, manutenção e vigilância de plantações
- Coleta de dados aéreos para mapeamento
- Pulverização de defensivos e fertilizantes
- Empilhamento de paletes na logística
- Higienização de animais leiteiros
Destaque: A Precisão na Colheita de Frutas
Uma das áreas mais promissoras é a colheita de frutas. Um robô especializado consegue usar sensores e câmeras para identificar se uma fruta está madura o suficiente para ser colhida, evitando perdas.
Diversas empresas estão investindo nisso. A Tevel Aerobotics Technologies, de Israel, desenvolveu um sistema de robôs voadores autônomos que detectam o tamanho e o ponto de maturação, distinguindo as frutas das folhas.
Robô da Tevel Aerobotics Technologies em ação na colheita de maçãs.
(Fonte: Olhar Digital)
Outro exemplo é a Fieldwork Robotics, que está criando robôs para a colheita de framboesas, uma solução para a escassez de mão de obra. A versão final do robô terá quatro braços mecânicos, colhendo várias frutas ao mesmo tempo.
Colhedora de framboesa desenvolvida pela Fieldwork Robotics.
(Fonte: The Guardian)
Robótica na Pecuária
Na pecuária, a robótica também avança. A tecnologia é usada para monitorar a saúde do rebanho, automatizar a alimentação de gado de corte, aves e suínos, e para a ordenha de vacas leiteiras.
Vantagens da Automação no Campo
1. Menos Riscos à Saúde e Uso Otimizado de Defensivos
A robótica na agricultura aumenta a segurança do trabalhador ao assumir tarefas de risco, como a aplicação de defensivos agrícolas.
A empresa suíça Ecorobotix desenvolveu o ARA, um sistema de pulverização de alta precisão que usa inteligência artificial. Equipado com GPS, sensores e câmeras, ele identifica as plantas daninhas e aplica o herbicida diretamente sobre elas, na dose exata. Com isso, não é mais preciso pulverizar a área total, o que reduz drasticamente os gastos com água, fertilizantes e defensivos.
O sistema de pulverização de precisão ARA permite uma aplicação direcionada e econômica.
(Fonte: NeoFeed)
2. Redução da Contaminação Ambiental
Como consequência direta da aplicação precisa, a agricultura de precisão e a robótica diminuem o escoamento de produtos químicos para rios e áreas de mata ao redor da propriedade.
3. Menor Tempo entre Colheita e Distribuição
Os robôs operam com grande agilidade, o que pode acelerar o processo de colheita e, consequentemente, o tempo de armazenamento e envio dos produtos para o mercado.
4. Maior Precisão Operacional
Durante a colheita, os robôs reduzem o desperdício. Eles são programados para identificar e colher apenas os produtos no ponto ideal para a comercialização, diferenciando frutas de folhas e galhos com alta precisão.
5. Jornada de Trabalho Mais Longa
Diferente do trabalho humano, os robôs podem operar por longas horas sem parar. Modelos como o Robotti LR, da Agrointelli, trabalham por horas antes de precisarem de reabastecimento, aumentando a janela de operação diária.
O Robotti LR, da Agrointelli, é projetado para longas jornadas de trabalho no campo.
(Fonte: Agrointelli)
Principais Desafios da Robótica no Campo
1. Necessidade de Mão de Obra Qualificada
Para operar essas máquinas avançadas, é fundamental investir em treinamento. A qualificação dos trabalhadores responsáveis pelos robôs é um passo essencial para garantir o bom funcionamento da tecnologia.
2. Dependência de Conectividade
A maioria dos robôs e sistemas autônomos depende de uma boa conexão com a internet. No Brasil, isso ainda é um grande desafio, pois cerca de 53% da população rural não tem acesso à internet, o que dificulta a implementação dessas tecnologias em muitas fazendas.
Conclusão
As vantagens do uso de novas tecnologias são claras e modificam a vida do produtor rural para melhor. A robótica traz facilidade, permitindo controlar drones e robôs de qualquer lugar, apenas com acesso à internet.
O mais importante é o resultado final: a robótica na agricultura aumenta a rentabilidade da fazenda, graças à agilidade no manejo e à economia de insumos.
Por isso, é fundamental que o produtor seja um aliado da tecnologia para se diferenciar no mercado. Dados mostram que o caminho já está sendo trilhado: mais de 84% dos agricultores brasileiros já utilizam ao menos uma tecnologia digital para auxiliar na produção.
Ainda assim, é preciso reconhecer que a adaptação não é igual para todos. A automação avança rapidamente, mas uma parcela de produtores, especialmente na agricultura familiar, ainda encontra dificuldades com o uso de aplicativos e a falta de conexão, um desafio que precisa ser superado.
Glossário
Agricultura 4.0: Refere-se à fase atual do agronegócio, marcada pela integração de tecnologias digitais como robôs, sensores e inteligência artificial. O objetivo é usar dados em tempo real para otimizar todas as etapas da produção, tornando as operações mais eficientes e precisas.
Agricultura de Precisão: Uma estratégia de gestão agrícola que utiliza tecnologias como GPS e sensores para observar, medir e responder às variações dentro de uma lavoura. Permite a aplicação de insumos (como fertilizantes e defensivos) somente onde e na quantidade necessária, reduzindo custos e impacto ambiental.
Drones Agrícolas: Aeronaves não tripuladas usadas para monitorar lavouras, mapear o terreno e realizar a pulverização localizada de produtos. São ferramentas flexíveis para a coleta de dados aéreos detalhados, operando abaixo das nuvens e em tempo real.
GPS (Posicionamento Global por Satélite): Sistema que utiliza sinais de satélite para determinar a localização exata de um ponto na Terra. Na agricultura, é fundamental para guiar máquinas autônomas, criar mapas de produtividade e garantir que operações como plantio e pulverização ocorram nos locais exatos.
Inteligência Artificial (IA): Capacidade de um sistema computacional de analisar dados e tomar decisões inteligentes, simulando o raciocínio humano. Na robótica agrícola, a IA permite que uma máquina identifique uma erva daninha, determine se uma fruta está madura ou calcule a dose exata de um herbicida.
Máquinas Autônomas: Equipamentos e veículos, como tratores e robôs, que podem realizar tarefas no campo sem a necessidade de um operador humano controlando-os diretamente. Elas utilizam GPS, sensores e IA para navegar e executar funções como plantio, capina ou colheita.
Pulverização de Alta Precisão: Técnica que consiste em aplicar defensivos ou outros produtos diretamente sobre alvos específicos, como uma planta daninha individual, em vez de cobrir toda a área. Sistemas como o ARA, mencionado no artigo, usam câmeras para identificar o alvo e aplicar uma microdose, economizando até 95% do produto.
Sensores: Dispositivos que captam informações do ambiente, como umidade do solo, níveis de nutrientes ou a cor de uma planta para avaliar sua saúde. Eles funcionam como os “olhos e ouvidos” dos robôs agrícolas, fornecendo os dados necessários para a tomada de decisão.
Veja como o Aegro ajuda a tirar o máximo proveito da tecnologia
A robótica otimiza operações e gera economia de insumos, mas como medir o retorno real desse investimento?
Para transformar os benefícios da tecnologia em lucro visível, é essencial conectar os dados do campo à gestão financeira da fazenda. Um software de gestão agrícola como o Aegro centraliza essas informações.
Ele ajuda a registrar os custos de aquisição e manutenção dos robôs, acompanhar a economia no estoque de defensivos e analisar o custo de produção por talhão. Dessa forma, você mede com precisão o retorno sobre cada investimento e toma decisões baseadas em dados concretos para garantir a rentabilidade da sua operação.
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Perguntas Frequentes
O que exatamente define um robô agrícola e como ele se diferencia de outras máquinas automatizadas?
Um robô agrícola é uma máquina autônoma que utiliza sensores e inteligência artificial para tomar decisões e executar tarefas complexas, como identificar uma erva daninha ou o ponto de maturação de uma fruta. Ele se diferencia de máquinas automatizadas tradicionais, como tratores com piloto automático via GPS, por sua capacidade de perceber o ambiente e adaptar suas ações em tempo real, sem intervenção humana constante.
A robótica na agricultura vai eliminar empregos no campo?
O objetivo da robótica não é eliminar a mão de obra, mas sim transformá-la. Tarefas repetitivas, perigosas e desgastantes são automatizadas, enquanto surgem novas oportunidades para operadores qualificados, técnicos de manutenção e analistas de dados. A tendência é a valorização do trabalho humano, que se torna mais estratégico e menos braçal.
Qual é o principal benefício do uso de robôs na pulverização de defensivos agrícolas?
O principal benefício é a precisão cirúrgica. Robôs de pulverização utilizam IA e câmeras para identificar e aplicar herbicidas apenas sobre as plantas daninhas, e não em toda a lavoura. Isso resulta em uma redução drástica no uso de defensivos, o que gera grande economia de insumos e diminui significativamente o impacto ambiental.
A robótica agrícola é uma tecnologia acessível apenas para grandes produtores rurais?
Embora o investimento inicial em robôs complexos possa ser alto, a tecnologia está se tornando cada vez mais escalável. Pequenos e médios produtores podem começar com soluções mais acessíveis, como drones para pulverização localizada ou monitoramento, que já trazem grande eficiência. O segredo é iniciar com tecnologias que resolvam problemas específicos da propriedade para garantir um retorno mais rápido.
Além do custo, qual o maior desafio para a adoção da robótica no agronegócio brasileiro?
O maior desafio, conforme destacado no artigo, é a falta de conectividade no campo. A maioria dos robôs agrícolas depende de uma conexão estável com a internet para operar, transmitir dados e receber comandos. Como grande parte da zona rural brasileira ainda não tem acesso à internet de qualidade, a infraestrutura de conexão se torna um obstáculo fundamental para a implementação em larga escala.
Como a robótica agrícola contribui para a sustentabilidade ambiental?
A robótica contribui ao otimizar o uso de recursos. A aplicação precisa de defensivos e fertilizantes diminui a quantidade de químicos no solo e evita o escoamento para rios e matas. Além disso, ao aumentar a eficiência da colheita e reduzir perdas, ela promove um sistema produtivo com menor desperdício e mais sustentável.
Artigos Relevantes
- Inteligência artificial no agronegócio: como isso vai beneficiar sua fazenda: Este artigo é o complemento fundamental para o texto principal, pois desmistifica o conceito de Inteligência Artificial, que é a tecnologia central por trás dos robôs autônomos. Ele preenche a lacuna de conhecimento ao explicar como a IA coleta e analisa dados para tomar decisões, oferecendo a base teórica necessária para compreender o funcionamento de sistemas como o Solix e o ARA, citados no artigo sobre robótica.
- Como melhorar sua gestão rural com o uso de drones: Enquanto o artigo principal apresenta os drones como um passo na evolução da robótica, este artigo aprofunda seu uso prático e estratégico para a gestão da lavoura. Ele demonstra com exemplos visuais como interpretar os dados gerados pelos drones para identificar reboleiras de plantas daninhas e otimizar o monitoramento, transformando o conceito tecnológico em uma ferramenta de decisão acionável para o produtor.
- Aplicação noturna de defensivos agrícolas: quando vale a pena?: O artigo principal cita a capacidade dos robôs de operarem por longas jornadas como uma vantagem chave. Este artigo expande brilhantemente esse ponto ao detalhar as implicações agronômicas e os cuidados necessários para a aplicação noturna de defensivos, uma operação viabilizada pela automação. Ele conecta a capacidade tecnológica do robô com a prática agrícola, explicando fenômenos como a inversão térmica e a nictinastia, agregando um valor prático imenso.
- Como administrar uma propriedade rural com tecnologia: Este artigo responde à questão gerencial que surge após a adoção de tecnologias como a robótica: ‘Como administrar este novo cenário?’. Ele conecta a tecnologia no campo (operacional) com a tecnologia no escritório (administrativa), alinhando-se perfeitamente com a conclusão do artigo principal sobre aumento da rentabilidade. Aborda o desafio da conectividade e posiciona o software de gestão como a ferramenta para medir o retorno sobre o investimento em robôs e drones.
- Como o uso de drones na pulverização do cafeeiro pode trazer economia e eficiência nas aplicações: Este artigo serve como um estudo de caso prático e focado, aplicando os conceitos de drones e pulverização de precisão (discutidos de forma geral no artigo principal) a uma cultura específica e de alto valor. Ele traz dados concretos de custos por hectare, volumes de calda e desafios reais em topografia acidentada, o que ancora a discussão teórica da robótica em um exemplo tangível e econômico para o produtor rural.