A safra de grãos brasileira de 2018/19 promete ser histórica, com uma previsão de alcançar 240,7 milhões de toneladas, segundo dados da Conab. Um dos principais responsáveis por esse número impressionante é o milho safrinha, com uma produção estimada em 72,4 milhões de toneladas.
Com tanto milho chegando ao mercado, surgem as perguntas: os preços para o produtor vão cair? E qual será o impacto da quebra de safra nos Estados Unidos aqui no Brasil? Se você busca respostas para essas questões e quer entender o cenário para tomar as melhores decisões, continue a leitura. Vamos analisar os números, o mercado internacional e as estratégias para sua lavoura.
Safra Recorde de Milho no Brasil em 2019
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmou em julho de 2019 que os produtores rurais do Brasil estão, mais uma vez, superando as expectativas. A safra de grãos 2018/19 é um novo recorde na série histórica, com um volume total próximo de 240,7 milhões de toneladas
. Isso representa um aumento de 5,7%
, ou 13 milhões de toneladas
a mais, em comparação com a safra passada.
O grande destaque deste ciclo é, sem dúvida, o milho segunda safra.
Números do Milho em Detalhes
- Milho Safrinha (2ª Safra): A colheita deve atingir
72,4 milhões de toneladas
. Esse volume representa um crescimento espetacular de 34,2% em relação à safra 2017/18. - Milho Primeira Safra: A produção está estimada em
26,2 milhões de toneladas
, um volume2,5%
menor que no ciclo anterior. - Produção Total de Milho: Somando as duas safras, o Brasil deve produzir 98,5 milhões de toneladas. Isso significa um crescimento total de 22% em relação à safra passada.
- Área Plantada: A área total semeada com milho na safra 2018/19 ultrapassou os
17 milhões de hectares
. - Produtividade Média: A produtividade nacional também viu um grande avanço, alcançando 5,7 toneladas por hectare. Este é um aumento de
17,5%
sobre as4,8 toneladas por hectare
da safra anterior.
Produção de milho 2019 é maior na safrinha: 72,4 milhões de toneladas devem ser colhidas, segundo levantamento de safra da Conab
(Fonte: Revista Globo Rural)
O Cenário Internacional: Como Problemas em Outros Países Criam Oportunidades
Entender o que acontece no mercado global de milho é fundamental para decidir o melhor momento de vender sua safra e garantir um bom lucro. Este ano, o cenário internacional apresenta oportunidades claras para os produtores brasileiros.
- Nos Estados Unidos: O plantio de milho sofreu grandes atrasos devido ao excesso de chuvas nas principais regiões produtoras. Uma parte significativa da área planejada nem chegou a ser semeada. Como os EUA são os maiores produtores mundiais, essa redução na oferta impacta todo o mercado.
- Na Argentina: Outro grande produtor global, a Argentina também enfrentou problemas com chuvas constantes em junho, que afetaram a produção.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de milho norte-americana na safra 2019/20 deve ficar em torno de 350 milhões de toneladas. Embora pareça um número alto, representa uma queda de 5,1% em relação ao ano anterior e será o menor volume produzido no país desde a safra 2015/16.
Essa quebra de safra nos EUA abre uma janela para o Brasil, que é o 2º maior exportador mundial da commodity. Com menos milho americano no mercado, os compradores internacionais buscam outros fornecedores, e o Brasil está pronto para atender a essa demanda.
Produção mundial de milho 2019/20 de acordo com o 3º Levantamento do USDA/Fiesp
(Fonte: Fiesp)
O Que Isso Significa para os Contratos Futuros?
Os contratos de mercados futuros, que são negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) e servem de referência para o mundo todo, registraram altas de preços. A razão é simples: a previsão de menos milho disponível no mercado global devido à quebra de safra nos EUA.
Recentemente, com a melhora do clima nos EUA, os preços tiveram pequenas quedas. Atualmente, o contrato para setembro/19 opera a US$ 4,25 por bushel
, enquanto o para dezembro/19 está em US$ 4,29 por bushel
.
Mesmo com essas variações, os contratos futuros podem ser uma alternativa mais rentável que o mercado interno. Com a safra recorde no Brasil, a tendência é de pressão sobre os preços internos, tornando o mercado internacional ainda mais atrativo.
Exportações e Tendências de Preços: O Momento é Favorável para o Brasil?
Além da menor oferta global, outro fator favorece o produtor brasileiro: o câmbio. A desvalorização do Real frente ao dólar torna nosso milho mais barato e competitivo no mercado internacional.
Com esse cenário positivo, a expectativa é que o Brasil exporte um volume recorde de 35 milhões de toneladas de milho da safra atual.
A colheita já está avançada (cerca de 70% no Sul e 90% no Centro-Oeste), e os portos brasileiros começam a operar a todo vapor. Atualmente, os compradores que precisam do grão tentam negociar por preços mais baixos, mas muitos produtores estão segurando a venda, aguardando melhores oportunidades.
Para acompanhar as flutuações de preços, o Cepea é uma excelente ferramenta. No site, você pode consultar as cotações por região produtora, estimativas de custo de produção e relatórios de mercado para diversas culturas.
Estratégias para o Produtor: Planejar e Armazenar
Para aproveitar ao máximo o cenário atual, duas estratégias são fundamentais: planejamento e análise da armazenagem.
1. Planejamento Agrícola
Um bom planejamento agrícola é a chave para o sucesso. Analisando o seu volume produzido, os seus custos de produção e as tendências de mercado que mostramos aqui, você pode decidir com mais segurança qual o melhor destino para o seu milho.
2. Armazenamento de Grãos
O Brasil possui uma capacidade de armazenagem de 169,5 milhões de toneladas, segundo o IBGE, distribuída em 7.789 estabelecimentos. O estado do Mato Grosso lidera, com capacidade para 39,8 milhões de toneladas.
Número de estabelecimentos e capacidade útil instalada, por tipo, segundo as Unidades da Federação
(Fonte: IBGE)
A armazenagem pode ser uma excelente alternativa para quem tem silo próprio ou acesso a um armazém com custo viável. A estratégia é guardar parte da produção para negociar por preços mais atrativos nos próximos meses, aproveitando a possível alta do mercado internacional.
Importante: Ao considerar a armazenagem, lembre-se de calcular os custos de manutenção dos equipamentos e as possíveis perdas de qualidade dos grãos para garantir que a operação seja lucrativa.
Conclusão
O cenário de 2019 é extremamente favorável para os produtores de milho no Brasil. A combinação de uma safra interna recorde com a quebra de produção nos Estados Unidos cria uma janela de oportunidade única.
Para resumir os pontos principais:
- Menos Concorrência: A menor produção nos EUA abre espaço para o Brasil aumentar sua participação no mercado internacional.
- Exportação em Alta: O câmbio favorável torna o milho brasileiro mais competitivo, e a expectativa é de exportação recorde.
- Boas Opções de Venda: Contratos baseados no mercado internacional podem ser mais vantajosos que a venda no mercado interno.
- Armazenagem Estratégica: Guardar parte da safra pode ser uma alternativa interessante para aproveitar a esperada alta dos preços globais nos próximos meses.
Com estas informações em mãos, esperamos que você possa planejar suas ações e garantir a melhor venda da sua safra
Glossário
Bolsa de Chicago (CBOT): Principal bolsa de negociação de commodities agrícolas do mundo, onde são definidos os preços de referência para produtos como o milho. Os contratos futuros negociados na CBOT servem como um termômetro para o mercado global.
Bushel: Unidade de medida de volume para grãos, utilizada principalmente no mercado internacional, em especial nos EUA. Para o milho, um bushel equivale a aproximadamente 25,4 kg, e seu preço na Bolsa de Chicago influencia as cotações no Brasil.
Conab: Sigla para Companhia Nacional de Abastecimento. É o órgão do governo brasileiro responsável por realizar os levantamentos oficiais de safra, monitorar estoques e analisar o mercado agrícola nacional.
Contratos de Mercados Futuros: Acordos para comprar ou vender um produto, como o milho, a um preço pré-definido em uma data futura. São uma ferramenta para produtores se protegerem das variações de preço e especuladores apostarem em altas ou baixas.
Hectare (ha): Unidade de medida de área equivalente a 10.000 metros quadrados (o tamanho de um campo de futebol oficial). É a medida padrão usada na agricultura para dimensionar lavouras e calcular a produtividade (ex: toneladas por hectare).
Milho Safrinha (ou 2ª Safra): Refere-se à safra de milho plantada logo após a colheita da cultura principal de verão, geralmente a soja. Aproveita a umidade residual do solo e as chuvas do final da estação, tendo se tornado a principal safra de milho do Brasil em volume.
Quebra de Safra: Redução significativa na produção agrícola esperada, geralmente causada por eventos climáticos adversos como secas ou excesso de chuvas. Uma quebra em um grande país produtor, como os EUA, reduz a oferta global e tende a elevar os preços internacionais.
USDA: Sigla para “United States Department of Agriculture” (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). É o órgão norte-americano equivalente à Conab, cujos relatórios de produção e estoque são referência e influenciam fortemente o mercado mundial de commodities.
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O cenário é promissor, mas como garantir que a safra recorde se transforme em lucro no caixa?
A resposta está em conhecer seus números. Saber exatamente quanto custou para produzir cada saca de milho é o que permite negociar com segurança, decidir entre o mercado interno e a exportação, ou avaliar se o custo da armazenagem compensa.
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Perguntas Frequentes
Com uma safra recorde de milho no Brasil em 2019, por que os preços para o produtor não despencaram?
Apesar da oferta interna recorde, os preços se mantiveram atrativos devido a fatores externos. A quebra de safra nos Estados Unidos, o maior produtor mundial, reduziu a oferta global e aumentou a demanda pelo milho brasileiro. Além disso, o câmbio favorável (dólar alto) tornou nossas exportações mais competitivas, direcionando grande parte da produção para o mercado internacional e equilibrando os preços internamente.
Qual o impacto direto da quebra de safra nos EUA para o agricultor brasileiro?
O impacto é majoritariamente positivo. Com menos milho norte-americano disponível no mercado, grandes compradores internacionais buscam fornecedores alternativos, e o Brasil se torna a principal opção. Isso aumenta a demanda por nosso grão, impulsiona as exportações e eleva os preços pagos ao produtor, criando uma excelente janela de oportunidade para a comercialização da safra.
Vale a pena armazenar o milho da safrinha para vender depois?
Sim, pode ser uma estratégia muito lucrativa, especialmente em um cenário de alta nos mercados futuros. Armazenar permite que o produtor aguarde um momento de preços ainda melhores, fugindo da pressão de venda durante o pico da colheita. No entanto, é crucial calcular os custos de armazenagem, como taxas do armazém, possíveis perdas de qualidade do grão e custos de oportunidade, para garantir que o lucro final compense a espera.
Qual a diferença entre o milho primeira safra e o milho safrinha?
O milho primeira safra é plantado no período chuvoso principal, geralmente entre setembro e dezembro. Já o milho safrinha, ou segunda safra, é semeado logo após a colheita da safra de verão (principalmente a soja), entre janeiro e abril. Graças à tecnologia e ao clima favorável, a safrinha tornou-se a principal safra de milho do Brasil em volume de produção.
Como a cotação do dólar influencia o preço do milho para o produtor?
O preço das commodities agrícolas, como o milho, é cotado em dólar no mercado internacional. Quando o dólar se valoriza frente ao Real, o produtor brasileiro recebe mais reais pela mesma quantidade de milho vendido para exportação. Isso torna o mercado externo mais atraente e puxa os preços internos para cima, beneficiando o agricultor.
O que são os contratos de mercados futuros e como podem ajudar o produtor de milho?
Contratos futuros são acordos para vender sua produção em uma data futura por um preço travado hoje. Eles servem como uma ferramenta de proteção (hedge), garantindo um preço de venda rentável e protegendo o produtor contra possíveis quedas de mercado. Em um cenário como o de 2019, com preços futuros elevados na Bolsa de Chicago (CBOT), essa pode ser uma alternativa mais vantajosa do que vender no mercado físico interno.
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