Para você que é produtor de grãos, entender o mercado não é apenas uma vantagem, é uma necessidade. A dinâmica da oferta e demanda, junto com o cenário de produção, define diretamente os preços que você recebe pela sua safra. Consequentemente, isso também influencia o valor final dos seus produtos.
Neste guia completo, vamos analisar em detalhes o panorama da produção de grãos no Brasil, trazendo dados atualizados e projeções que impactam diretamente o seu planejamento e a sua lucratividade no campo.
Quem são os maiores produtores de grãos do mundo?
A base da alimentação global depende fortemente do consumo de grãos, incluindo tanto cereais quanto oleaginosas. No cenário mundial, cinco países se destacam como os maiores produtores:
- China
- Estados Unidos
- Índia
- Brasil
- Rússia
De acordo com o Conselho Internacional de Grãos (IGC), a produção mundial de grãos na safra 2021/22 foi estimada em 2,287 bilhões de toneladas.
Cada país tem um ponto forte em sua produção. A China, por exemplo, é a maior produtora de arroz. Já o Brasil vem se consolidando como o maior produtor mundial de soja, posição que antes era dos Estados Unidos. Mais adiante, detalharemos a posição do Brasil para cada um dos principais grãos.
O Cenário da Produção de Grãos no Brasil
A participação do agronegócio no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro mantém uma média acima de 20% do total nacional.
Em valores, o PIB do setor gerou, em média, mais de R$ 1,2 trilhão nos últimos anos, sendo que o ramo agrícola representa a maior fatia desses ganhos.
Qual é a área cultivada com grãos no Brasil?
Na safra 2021/22, a área total cultivada com grãos no país alcançou 72,9 milhões de hectares. Houve um aumento significativo na área destinada à soja e ao milho, impulsionado pelos preços favoráveis dessas commodities. Graças a essas duas culturas, a área total da safra 2021/22 foi 3,8% maior que a da safra 2020/21.
Qual foi a produção de grãos no Brasil em 2022?
A projeção de produção de grãos para a safra 2021/22 foi de 269,3 milhões de toneladas, segundo dados da Conab (Companhia Nacional do Abastecimento). Este volume representa um aumento de aproximadamente 13,8 milhões de toneladas em comparação com a safra anterior.
A produção de grãos no Brasil está aumentando?
Sim, a produção de grãos no Brasil tem uma clara tendência de aumento ao longo dos anos. Embora as projeções iniciais da Conab para a safra 2021/22 fossem de 288,6 milhões de toneladas, esse número foi ajustado para baixo devido a condições climáticas adversas em algumas regiões produtoras.
Mesmo com esses desafios, o histórico mostra um crescimento consistente. Esse aumento é resultado de uma combinação de fatores:
- Aumento da área de produção: Expansão das fronteiras agrícolas de forma planejada.
- Aumento da produtividade: Mais sacas colhidas por hectare.
- Melhoramento genético: Uso de cultivares mais produtivas e resistentes.
- Aprimoramento do manejo: Técnicas de plantio, adubação e controle de pragas mais eficientes.
- Investimento em tecnologia no campo: Adoção de agricultura de precisão, maquinário moderno e softwares de gestão.
Quais os grãos mais produzidos no Brasil?
O Brasil ocupa a quarta posição na produção mundial de grãos, ficando atrás de Estados Unidos, China e Índia. Nossos principais produtos são soja, milho, arroz, feijão, trigo e algodão.
Vamos analisar o cenário de cada um desses grãos.
Soja: A Liderança Mundial do Brasil
O Brasil se destaca no cenário mundial como o maior produtor e exportador da cultura da soja.
A produção nacional média já supera a marca de 120 milhões de toneladas. O estado do Mato Grosso é o campeão, com uma produção superior a 34 milhões de toneladas nos últimos anos.
Área (em mil hectares) e produção (em mil toneladas) de soja nas regiões produtoras brasileiras
(Fonte: Adaptado de Conab)
A China é o principal destino da soja brasileira e americana, utilizando o grão principalmente para a fabricação de ração animal. Logo atrás do Brasil na produção e exportação, estão os Estados Unidos.
Milho: As Três Safras que Impulsionam o País
No Brasil, a semeadura do milho é tão versátil que pode ocorrer em três épocas distintas:
- 1ª safra (ou safra de verão);
- 2ª safra (também conhecida como safrinha);
- 3ª safra.
Essa capacidade produtiva coloca o Brasil como o terceiro maior produtor mundial de milho, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Juntos, esses três países são responsáveis por mais de 60% do milho produzido no mundo.
Nos estados, os destaques são Minas Gerais na 1ª safra e Mato Grosso na safrinha. A 3ª safra é cultivada em menor escala, com destaque para o estado de Sergipe.
A maior parte da produção e da área semeada está concentrada no milho safrinha, que gera mais de 65 milhões de toneladas. Somando as três épocas, a produção nacional média dos últimos anos é de 96 milhões de toneladas.
Arroz: Produção Irrigada e de Sequeiro
O arroz é o terceiro cereal mais produzido no mundo, superado apenas pelo milho e pelo trigo.
Embora seja cultivado em todos os continentes, a Ásia domina a produção, com a China na liderança. O Brasil ocupa o nono lugar no ranking global.
No nosso país, o arroz pode ser cultivado de forma irrigada ou em sequeiro (também chamado de arroz de terras altas). As maiores produtividades são alcançadas nas plantações de arroz irrigado.
- Arroz de sequeiro: A produção média é de 1 milhão de toneladas, com Mato Grosso e Maranhão como principais produtores.
- Arroz irrigado: A produção média supera 10 milhões de toneladas. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os grandes destaques, respondendo juntos por mais de 87% do total de arroz nacional.
A época de semeadura varia: o arroz de sequeiro é plantado de outubro a fevereiro, enquanto o irrigado vai de agosto a dezembro. Essas datas são orientadas pelo Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático): uma ferramenta do governo que indica as melhores épocas e locais para o plantio, minimizando perdas por clima.
Área (em mil hectares) e produção (em mil toneladas) de arroz de sequeiro (amarelo) e arroz irrigado (azul), das regiões produtoras brasileiras
(Fonte: Adaptado de Conab)
Feijão: Tradição em Três Safras
O Brasil ocupa a terceira posição na produção mundial de feijão, ficando atrás de dois países asiáticos: Myanmar e Índia. Assim como o milho, o plantio de feijão no Brasil ocorre em três épocas:
- 1ª safra (ou safra das águas);
- 2ª safra (ou safra da seca);
- 3ª safra (ou safra de inverno).
A 2ª safra é a principal em volume de produção, ultrapassando 1 milhão de toneladas.
Na 1ª safra, Paraná e Minas Gerais são os maiores produtores. Na 2ª safra, o Paraná mantém a liderança, seguido por Mato Grosso. Já na 3ª safra, os destaques são Minas Gerais e Goiás. A melhor época para plantar feijão varia muito conforme a região do país.
Área (em mil hectares) e produção (em mil toneladas) de feijão nas 3 épocas
(Fonte: Adaptado de Conab)
Algodão: Destaque na Pluma e no Caroço
Na cultura do algodão, o Brasil é o quinto maior produtor no ranking mundial.
A produção brasileira de pluma supera 2,5 milhões de toneladas por safra. Além do uso da pluma pela indústria têxtil, o caroço de algodão também é muito aproveitado. Ele é matéria-prima para óleo comestível, biodiesel e serve como ingrediente em rações para animais.
O estado do Mato Grosso é o líder disparado na produção, com uma média superior a 1,7 milhão de toneladas nos últimos anos.
Área (em mil hectares) e produção (em mil toneladas) de algodão das regiões produtoras brasileiras.
(Fonte: Adaptado de Conab)
Trigo: Um Desafio para a Autossuficiência
Entre os principais grãos cultivados no mundo, o trigo é o único em que o Brasil não figura entre os 10 maiores produtores.
O país ocupa a 16ª posição mundial, com uma produção média de mais de 6 milhões de toneladas. Esse volume não é suficiente para atender ao consumo interno. Por isso, o Brasil precisa importar quase a mesma quantidade que produz, principalmente dos Estados Unidos e da Argentina.
Os estados do Paraná e do Rio Grande do Sul são responsáveis por cerca de 85% a 90% de todo o trigo produzido no país. A época de semeadura do trigo nessas regiões ocorre entre abril e agosto, seguindo o zoneamento agroclimático.
Qual a projeção de produção de grãos no Brasil até 2031?
O Brasil desempenha um papel fundamental na produção e comercialização, interna e externa, dos principais grãos do mundo. Mesmo em anos com desafios climáticos, como secas e geadas, a agricultura brasileira consegue entregar grandes volumes para abastecer os mercados.
A demanda por alimentos continua a crescer globalmente, impulsionada por fatores como o aumento da população e as consequências da pandemia de coronavírus na agricultura. Isso torna a busca por maior produção e qualidade uma constante.
As projeções do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) indicam que, até a safra de 2030/31, o Brasil deve ultrapassar a marca de 333 milhões de toneladas de grãos produzidos.
Projeções da produção de grãos no Brasil entre 2020/2021 e 2030/2031
(Fonte: Mapa)
Projeção de Aumento e Redução da Área de Produção no Brasil
As estimativas apontam para um aumento geral da área de produção, mas, segundo as projeções do Mapa, nem todas as culturas terão sua área expandida. A tendência é uma otimização do uso da terra:
- Culturas com projeção de redução de área:
- Arroz: perda de 62% da área colhida.
- Feijão: perda de 36,9% da área.
- Culturas com projeção de aumento de área:
- Milho segunda safra: ganho de 35,2% de área.
- Soja: ganho de 26,9% de área.
- Milho primeira safra: ganho de 10,6% de área.
A boa notícia é que a redução de área não significará uma queda na produção de arroz e feijão. As projeções levam em conta avanços importantes, como:
- Aumento tecnológico contínuo;
- Novas cultivares mais adaptadas e resistentes a pragas e doenças;
- Novos produtos para manejo que garantem maior produtividade.
Dessa forma, mesmo com menos área plantada, os ganhos em produtividade por hectare podem manter ou até aumentar a produção total dessas culturas ao longo dos anos.
Conclusão
A produção de grãos no Brasil é altamente competitiva no cenário global. Entre os seis principais grãos do mundo, o país está entre os dez maiores produtores em cinco deles, sendo o líder mundial absoluto na produção de soja.
Esses números reforçam a importância da agricultura brasileira para a economia mundial. Além disso, os dados mostram que a área plantada e o volume de produção do Brasil ainda têm um enorme potencial de crescimento para os próximos anos.
Glossário
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento): Órgão do governo brasileiro responsável por gerar dados e análises sobre a produção agrícola, como estimativas de safra, área plantada e estoques. As informações da Conab são referências para o planejamento do produtor.
Cultivares: Variedades de plantas que foram geneticamente melhoradas para apresentar características específicas, como maior produtividade, resistência a pragas e doenças, ou adaptação a certas condições climáticas. A escolha da cultivar correta é um passo crucial para o sucesso da lavoura.
Hectare (ha): Unidade de medida de área agrária que equivale a 10.000 metros quadrados. Para ter uma ideia visual, um hectare é um pouco maior que um campo de futebol oficial.
PIB (Produto Interno Bruto): Soma de todos os bens e serviços produzidos em um país, estado ou cidade. O PIB do agronegócio representa a participação total do setor na economia do Brasil.
Produtividade: Medida de eficiência da produção agrícola, geralmente calculada como a quantidade de produto colhido por unidade de área (ex: sacas por hectare ou toneladas por hectare). É diferente de “produção”, que se refere ao volume total colhido.
Safrinha: Refere-se à segunda safra plantada no mesmo ano agrícola, aproveitando a umidade residual do solo e a janela climática após a colheita da safra principal (safra de verão). O exemplo mais comum no Brasil é o plantio de milho safrinha após a colheita da soja.
Sequeiro (cultivo de): Sistema de cultivo que depende exclusivamente da água da chuva para o desenvolvimento das plantas, sem o uso de sistemas de irrigação artificial. É o oposto do cultivo irrigado.
Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático): Ferramenta do governo que indica as melhores épocas e regiões para o plantio de cada cultura, com o objetivo de minimizar os riscos de perdas por eventos climáticos adversos, como secas ou geadas.
Da análise de mercado à gestão da sua fazenda
Acompanhar as projeções do mercado de grãos é fundamental, mas o verdadeiro desafio é transformar esse conhecimento em lucro. Com a volatilidade dos preços e a alta dos insumos, entender e controlar os custos de produção se torna a chave para a rentabilidade. Um software de gestão agrícola como o Aegro centraliza todas as despesas, permitindo que você saiba exatamente o custo por saca produzida e identifique os gargalos financeiros da sua operação, garantindo que o aumento da produção se traduza em mais dinheiro no bolso.
Além disso, o artigo destaca que o aumento da produtividade é um dos pilares do crescimento do setor. Alcançar esse objetivo exige um planejamento de safra detalhado e um acompanhamento preciso das atividades no campo. Ferramentas digitais ajudam a registrar cada aplicação, monitorar o desempenho dos talhões e gerar relatórios que transformam dados da lavoura em decisões mais inteligentes para a próxima safra, otimizando o uso de recursos e potencializando os resultados.
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Perguntas Frequentes
Por que o Brasil é líder mundial na produção de soja, mas não de milho?
O Brasil consolidou sua liderança na soja devido a condições climáticas favoráveis, grande investimento em melhoramento genético e forte demanda externa, principalmente da China. No milho, embora seja o terceiro maior produtor, os Estados Unidos e a China possuem uma produção historicamente maior, em parte por um massivo consumo interno para ração e biocombustíveis. A versatilidade do Brasil com três safras, no entanto, continua impulsionando o crescimento da nossa produção de milho.
O que exatamente é a ‘safrinha’ e qual sua importância para a produção de grãos?
A ‘safrinha’, ou segunda safra, é a cultura plantada logo após a colheita da safra principal de verão, aproveitando a janela climática. Sua importância é gigantesca, especialmente para o milho, onde a safrinha já representa a maior parte da produção nacional. Essa prática otimiza o uso da terra, permitindo duas colheitas na mesma área em um único ano agrícola, aumentando a rentabilidade do produtor.
Se o Brasil é um gigante agrícola, por que ainda precisa importar trigo?
O trigo é uma cultura de clima temperado, e grande parte do território brasileiro possui clima tropical, que não é ideal para o seu cultivo em larga escala. Embora a produção nacional, concentrada no Sul do país, esteja crescendo, ela ainda não é suficiente para atender a toda a demanda interna. Por isso, o Brasil complementa seu abastecimento importando de países como a Argentina.
A projeção de redução da área de arroz e feijão significa que vamos produzir menos desses alimentos?
Não necessariamente. A tendência apontada é de otimização, não de queda na produção total. Com o avanço da tecnologia, uso de cultivares mais produtivas e melhores práticas de manejo, espera-se colher mais sacas por hectare. Dessa forma, é possível manter ou até aumentar o volume total produzido, mesmo utilizando uma área menor e mais eficiente.
Quais são os principais fatores que impulsionam o crescimento contínuo da produção de grãos no Brasil?
O crescimento é resultado de uma combinação de fatores. Os principais são o aumento da produtividade por meio de tecnologia no campo (agricultura de precisão), o desenvolvimento de cultivares geneticamente aprimoradas (mais resistentes e produtivas) e a melhoria constante das técnicas de manejo agrícola. Além disso, a expansão planejada de áreas de cultivo também contribui para o aumento do volume total.
Qual a diferença prática entre ‘produção’ e ‘produtividade’ agrícola?
A ‘produção’ refere-se ao volume total colhido, medido em toneladas ou sacas. Já a ‘produtividade’ é uma medida de eficiência que indica quanto foi colhido por unidade de área, como ‘sacas por hectare’. Aumentar a produtividade é fundamental, pois permite ao produtor colher mais na mesma área, otimizando o uso de recursos e aumentando a lucratividade.
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