O Brasil tem um papel fundamental como fornecedor de alimentos para o mundo, uma realidade confirmada por projeções de importantes organizações. Um estudo recente da FAO e da OECD aponta um crescimento significativo para a produção agrícola na América Latina até 2027.
Neste artigo, vamos detalhar essas projeções e apresentar sete estratégias práticas para que você, produtor, possa aproveitar essa oportunidade e aumentar a produtividade na sua fazenda.
O Cenário Global e o Papel do Brasil: Projeções até 2027
O último relatório da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) indica um futuro promissor para o agronegócio.
O estudo projeta um crescimento total de 17% na produção agrícola e pesqueira da América Latina e Caribe nos próximos anos. Esse aumento será distribuído da seguinte forma:
- 9% de crescimento na produção agrícola (lavouras).
- 6,63% de crescimento no setor pecuário.
- 1,36% de crescimento na produção pesqueira.
A maior parte desse avanço virá do aumento de produtividade em áreas já cultivadas, impulsionado pelo uso de novas tecnologias e melhores estratégias de manejo.
Apesar disso, o relatório também prevê a abertura de 11 milhões de hectares para a agricultura. Deste total, impressionantes 62% serão destinados ao plantio de soja.
Nesse contexto, o Brasil se destaca como peça-chave, especialmente com o aumento da produção em áreas que utilizam o sistema de soja na primeira safra e milho na segunda safra.
Mesmo com uma possível queda na importação de soja pela China, o mercado interno brasileiro deve se manter aquecido. A produção de soja será impulsionada pela demanda nacional por proteína para ração animal, que deve crescer 25%.
Além disso, o Brasil tem uma perspectiva de aumentar em 27% a produção de bovinos, suínos e frangos. O mercado de cana-de-açúcar também será fortalecido, com a procura por etanol podendo crescer até 84% devido a novas políticas públicas.
](https://www.oecd-ilibrary.org/agriculture-and-food/oecd-fao-agricultural-outlook-2018-2027_agr_outlook-2018-en;jsessionid=91uRyguW5E7ku2X2DGJcunTk.ip-10-240-5-134)***Você pode conferir o relatório completo da FAO neste link***
(Fonte: FAO)
7 Estratégias Práticas para Aumentar Sua Produção Agrícola
Para aproveitar esse cenário positivo, é preciso focar em eficiência e tecnologia. Abaixo, listamos sete práticas fundamentais.
1. Faça uma Adubação de Precisão, Talhão por Talhão
Muitos produtores ainda utilizam recomendações de adubação padronizadas ou baseadas em poucas amostras para a fazenda inteira. Isso gera desperdício de insumos e limita a produtividade.
A prática correta é dividir a propriedade em talhões (áreas com características de solo e relevo semelhantes) e fazer uma recomendação pontual para cada um. Utilize o máximo de informações disponíveis, como análise de solo, análise foliar e mapas de produtividade, para aplicar apenas o que cada área realmente precisa.
Adubação de cobertura do milho para maior produção de grãos
(Fonte: Carlos Pena Vídeos)
2. Utilize Sementes Certificadas de Alta Qualidade
O uso de sementes certificadas é um dos pilares para se obter alta produtividade. Elas garantem sementes de qualidade com alto vigor e germinação, além de prevenirem a entrada de pragas, doenças e plantas daninhas na sua área.
Um exemplo prático do prejuízo de não usar sementes de qualidade é a introdução de plantas daninhas de difícil controle em novas áreas através de sementes de brachiaria de baixa qualidade e procedência duvidosa.
3. Adote o Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Daninhas (MIP)
Manejo Integrado: significa combinar diferentes métodos de controle (biológico, cultural, químico) para manter as pragas em níveis que não causem dano econômico.
É fundamental que o produtor conheça o ciclo de vida das principais ameaças da sua lavoura. Isso permite aplicar o manejo no momento certo, reduzindo custos e aumentando a eficiência do controle.
Para aprofundar no assunto, confira nossos materiais:
- Tudo o que você precisa saber sobre Manejo Integrado de Pragas [Infográfico];
- Tudo o que você precisa saber sobre plantas daninhas na pré-safra;
- Lavoura saudável: Como combater as doenças da soja (+ nematoides).
(Fonte: Amici mecanização agrícola)
4. Invista em Tecnologia de Aplicação de Defensivos
Atualmente, um dos maiores gargalos na produção é garantir que os defensivos cheguem corretamente ao alvo. Não basta usar o produto certo; ele precisa ser aplicado da maneira certa, com a boa tecnologia de aplicação.
Vale a pena investir em pontas de pulverização adequadas, equipamentos bem calibrados e treinamento para se adaptar a situações adversas, como períodos de seca, garantindo que o produto atinja seu objetivo.
5. Acerte o Ponto da Colheita
A colheita no momento exato é crucial. Deixar os grãos ou frutos no campo por mais tempo os expõe a doenças, pragas e intempéries.
Por outro lado, colher cedo demais pode resultar em grãos com menor qualidade, maiores chances de dano mecânico durante o processo e custos elevados de secagem.
6. Cuidado com as Perdas no Transporte
Depois de tanto investimento e trabalho na lavoura, perder o produto no caminho é um prejuízo que pode ser evitado. Estima-se que 2,38 milhões de toneladas de soja e milho são perdidas durante o transporte no Brasil. Desse total, 13,3% das perdas ocorrem apenas nas rodovias.
Por isso, tenha cuidado no transporte de seus grãos. Revise lonas, carrocerias e os processos de carregamento e descarregamento para minimizar perdas.
7. Implemente a Rotação de Culturas para um Solo Saudável
É essencial diversificar os cultivos ou usar plantas de cobertura em sua área. A prática da rotação de culturas quebra o ciclo de pragas e doenças específicas de uma cultura e ajuda a construir um perfil de solo mais resiliente e produtivo.
Em anos de seca, como os que ocorreram em 2019, produtores que já praticavam a rotação de culturas conseguiram resultados melhores do que aqueles com monocultura.
O Segredo para Unir Tudo: Planejamento e Gestão
As boas perspectivas de produção para os próximos anos estão diretamente ligadas ao uso de tecnologia e à gestão eficiente. Para investir de forma inteligente, você precisa conhecer seus gastos a fundo.
Ferramentas como softwares de gestão agrícola são essenciais para isso, pois permitem acompanhar o histórico de safras, planejar novos investimentos e controlar os custos em tempo real.
Com o Aegro, você vê os custos realizados e planejados de todas as safras em alguns cliques
Conclusão
Como vimos, as projeções da FAO e da OECD apontam para um cenário de grande oportunidade para o agronegócio brasileiro. O crescimento virá tanto do mercado externo quanto da demanda interna aquecida por grãos para ração.
Para transformar essas projeções em realidade na sua fazenda, a chave é combinar tecnologia com boas práticas de manejo. Adotar as estratégias que discutimos, desde a adubação de precisão até a gestão de custos, é o caminho para garantir altas produtividades e aproveitar ao máximo os próximos anos.
Glossário
Adubação de Precisão: Técnica que consiste em aplicar fertilizantes em taxas variadas dentro de um mesmo talhão, de acordo com a necessidade específica de cada micro-região. É o oposto da aplicação de uma dose única para toda a área, otimizando o uso de insumos e o potencial produtivo.
FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura): Agência especializada da ONU que lidera esforços internacionais para erradicar a fome e promover a segurança alimentar. Publica relatórios e projeções importantes para o setor agrícola global.
Manejo Integrado de Pragas (MIP): Estratégia que combina diferentes métodos de controle (biológico, cultural, químico) para manter pragas, doenças e plantas daninhas em níveis que não causem dano econômico. Prioriza o monitoramento constante e o uso de defensivos apenas quando estritamente necessário.
OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico): Organização internacional que trabalha para construir políticas públicas melhores, analisando e comparando dados para prever tendências. Seus relatórios, como o citado no artigo, são referências para o cenário econômico do agronegócio.
Rotação de Culturas: Prática de alternar diferentes espécies vegetais na mesma área agrícola ao longo do tempo. Essa técnica ajuda a quebrar o ciclo de pragas e doenças, melhora a saúde do solo e aumenta a resiliência da produção.
Sementes Certificadas: Sementes produzidas sob um rigoroso sistema de controle de qualidade que garante sua origem genética, pureza, alto vigor e taxa de germinação. O uso dessas sementes é fundamental para evitar a introdução de plantas daninhas e doenças na lavoura.
Talhão: Subdivisão de uma área agrícola que possui características homogêneas, como tipo de solo, relevo e histórico de produtividade. O gerenciamento por talhões permite um manejo mais específico e eficiente, sendo a base para a agricultura de precisão.
Como unir todas essas estratégias na prática?
Adotar práticas como adubação de precisão, manejo integrado e rotação de culturas é fundamental, mas o verdadeiro desafio é gerenciar tudo isso de forma integrada e, ao mesmo tempo, controlar os custos de produção. Sem uma visão centralizada, fica difícil saber o que está realmente trazendo resultado e onde o dinheiro está sendo investido.
É aqui que um software de gestão agrícola como o Aegro faz a diferença.
Ele permite planejar cada operação talhão por talhão, registrar o uso de insumos e defensivos, e acompanhar os custos em tempo real. Dessa forma, você conecta as atividades do campo com o financeiro, tomando decisões baseadas em dados concretos para aumentar a produtividade e a lucratividade da fazenda.
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Perguntas Frequentes
Por que o Brasil se destaca tanto nas projeções de crescimento agrícola até 2027?
O Brasil se destaca por seu potencial de aumento de produtividade em áreas já cultivadas, impulsionado pela adoção de novas tecnologias. Além disso, a forte demanda interna por grãos para ração animal, que deve crescer 25%, e o aumento na produção de carnes e etanol fortalecem o cenário positivo para o agronegócio nacional.
Qual é o primeiro passo prático para implementar a adubação de precisão na minha fazenda?
O primeiro passo é realizar uma análise de solo detalhada, dividindo a propriedade em talhões ou zonas de manejo com características semelhantes. Com base nesses dados, é possível criar mapas de fertilidade que guiarão a aplicação de insumos em taxas variáveis, aplicando apenas o necessário em cada área e evitando desperdícios.
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) significa parar de usar defensivos agrícolas?
Não necessariamente. O MIP é uma estratégia que busca usar os defensivos de forma mais racional e assertiva, combinando-os com outras técnicas como controle biológico e práticas culturais. O objetivo é manter as pragas abaixo do nível de dano econômico, aplicando produtos químicos apenas quando o monitoramento constante indica ser indispensável.
Como a rotação de culturas melhora a saúde do solo e a produtividade a longo prazo?
A rotação de culturas quebra o ciclo de pragas e doenças específicas de uma monocultura, diminuindo a pressão sobre a lavoura. Adicionalmente, diferentes sistemas radiculares e a palhada deixada por culturas de cobertura melhoram a estrutura do solo, aumentam a matéria orgânica e a capacidade de retenção de água, tornando o sistema mais resiliente e produtivo.
Qual o erro mais comum na aplicação de defensivos que prejudica a produção?
Um dos erros mais comuns é a falta de calibração correta dos pulverizadores e o uso de pontas de pulverização inadequadas para o produto ou condição climática. Isso resulta em uma cobertura desuniforme do alvo, desperdício de produto e baixa eficiência no controle, impactando diretamente a produtividade e aumentando os custos.
Além de revisar lonas, que outras medidas ajudam a reduzir as perdas no transporte de grãos?
Além de verificar a integridade de lonas e carrocerias, é fundamental treinar a equipe para os processos de carregamento e descarregamento, evitando quedas e derramamentos. Ajustar a velocidade em estradas de terra e utilizar rotas com melhores condições de pavimentação também são medidas eficazes para minimizar as perdas significativas que ocorrem nas rodovias.
É realmente necessário usar sementes certificadas em toda a área de plantio?
Sim, é altamente recomendável. O uso de sementes certificadas é um investimento que garante alto vigor e germinação, resultando em um estande de plantas mais uniforme e produtivo. Além disso, previne a introdução de plantas daninhas de difícil controle e doenças que podem comprometer não apenas a safra atual, mas também infestar a área por vários anos.
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