Antes mesmo de ligar as semeadoras e entrar no campo, todo produtor sabe que a preparação é a chave para uma boa safra. Uma das maiores preocupações, sem dúvida, é o ataque de pragas. Afinal, os insetos não esperam o plantio para aparecer; eles estão presentes antes, durante e depois que a cultura se estabelece.
Pensando nisso, preparamos este guia completo sobre as principais pragas agrícolas que afetam as culturas da soja, algodão e milho. Com as informações certas, você pode se preparar para proteger sua lavoura da melhor maneira possível. Vamos conferir!
Quando Devo Começar a Me Preocupar com as Pragas?
A resposta é simples: o ano todo. Com o sistema de cultivo sucessivo, onde uma cultura é plantada logo após a outra, criamos as chamadas pontes verdes.
Em outras palavras: As “pontes verdes” são a sequência de culturas ou plantas daninhas que permitem que as pragas sobrevivam e se multipliquem entre uma safra principal e outra, sem interrupção.
Isso significa que as pragas encontram alimento e abrigo durante o ano inteiro. Para evitar dores de cabeça após o plantio, o manejo de pragas deve começar bem antes, ainda na entressafra: o período entre a colheita de uma safra e o plantio da próxima.
A fase de estabelecimento da cultura, ou seja, o início do desenvolvimento das plantas, é o momento em que elas estão mais sensíveis ao ataque de pragas e doenças. Se já houver uma alta população de pragas na área nesse momento, todo o planejamento da safra pode ser comprometido.
Portanto, é na entressafra que fazemos o “dever de casa”, como o controle de plantas daninhas e plantas tigueras: significa plantas de milho ou soja da safra anterior que nascem sozinhas, também chamadas de voluntárias. Elas servem de esconderijo e comida para as pragas, permitindo que se reproduzam sem controle.
Aqui estão algumas dicas essenciais para este controle:
(Fonte: Senar)
Se esse controle não for feito, você pode enfrentar sérios problemas e danos na sua produção.
Qual é o Risco de Não Fazer o Manejo da Entressafra Corretamente?
Ao deixar plantas daninhas ou tigueras na área, você está oferecendo um banquete para as pragas. Isso permite que a população de insetos aumente muito antes mesmo de você plantar. O resultado é um ataque intenso e concentrado logo no início do cultivo.
Isso pode causar dois grandes problemas:
- Redução do estande: O ataque inicial pode matar as plântulas, diminuindo o número de plantas por hectare.
- Prejuízo ao desenvolvimento: As plantas que sobrevivem ficam enfraquecidas, o que afeta todo o seu desenvolvimento e, consequentemente, a produção final.
Em resumo, um manejo inadequado na entressafra afeta diretamente a sua produtividade e o retorno financeiro da safra.
O Que Devo Fazer para Minimizar os Riscos de Ataque?
A melhor estratégia é adotar o Manejo Integrado de Pragas (MIP). O MIP não busca eliminar 100% das pragas, mas mantê-las em um nível que não cause dano econômico. Na entressafra, siga estes passos:
- Amostragem e Identificação: Vá a campo, colete amostras e identifique corretamente qual inseto-praga está presente na sua área.
- Verificação da Densidade: Conte o número de pragas para entender se a densidade populacional (a quantidade de insetos por área) é alta o suficiente para justificar uma ação.
- Tomada de Decisão: Com base na identificação e na densidade, escolha a melhor ferramenta de controle. As opções incluem controle biológico, químico e cultural.
Abaixo, disponibilizamos uma planilha gratuita para ajudar você a implementar o MIP. Clique na imagem para baixar:
Outras medidas importantes incluem:
- Usar a dose correta de inseticidas para a praga-alvo.
- Rotacionar os mecanismos de ação dos produtos para evitar a resistência.
- Priorizar o uso de inseticidas seletivos, que não afetam os inimigos naturais das pragas.
- Considerar o uso de culturas de cobertura ou adubos verdes que não sejam hospedeiros das pragas problemáticas da sua região.
Principais Pragas Agrícolas de Soja, Milho e Algodão
Percevejo Barriga-Verde (Dichelops spp.)
As duas espécies principais são a Dichelops melacanthus e a Dichelops furcatus. Embora possa atacar a soja, seu maior impacto é na cultura do milho, onde é considerada uma das pragas mais importantes.
O percevejo barriga-verde ataca o milho no seu período mais crítico, que vai da germinação até a emissão do quinto par de folhas (estágios VE a V5). É fundamental fazer o monitoramento na entressafra para evitar que ele migre de culturas anteriores para o milho recém-plantado.
(Fonte: Pioneer)
Danos e Sintomas: O percevejo perfura a base da planta (colo) com seu estilete (aparelho bucal sugador), injeta toxinas e fura as folhas que ainda estão se formando. Fique atento a estes sinais:
- Halos amarelados nas folhas.
- A planta pode produzir perfilhos improdutivos: brotos laterais que não geram espigas.
- Pequenos furos alinhados transversalmente nas folhas mais velhas.
- Enrolamento anormal das folhas do cartucho.
- Em casos graves, a morte das folhas centrais pode ocorrer, levando à perda da planta.
O principal método de controle tem sido o tratamento de sementes e a pulverização com inseticidas sistêmicos. No Agrofit, existem cerca de 50 produtos registrados para o manejo do percevejo-barriga-verde no milho.
Helicoverpa spp
As espécies Helicoverpa zea e Helicoverpa armigera estão entre as pragas mais destrutivas para as grandes culturas no Brasil. A H. zea é mais adaptada ao milho, enquanto a H. armigera causa mais problemas no algodão e na soja.
Para saber mais sobre o ciclo de vida desta praga, leia nosso artigo: “Você conhece o ciclo de vida da Helicoverpa armigera?”
Bicudo-do-Algodoeiro (Anthonomus grandis)
Desde que foi detectado no Brasil em 1983, o bicudo-do-algodoeiro é uma das principais pragas do algodão. Seu hábito é se alimentar de botões florais, flores e maçãs da planta.
Bicudo-do-algodoeiro atacando maçã do algodoeiro
(Fonte: Boas Práticas Agronômicas)
É crucial diferenciar os danos de alimentação dos danos de oviposição: o ato da fêmea depositar seus ovos.
- Dano de oviposição: A fêmea perfura o botão floral e deposita um ovo. Depois, ela sela o furo com uma substância cerosa, que parece um pequeno calo. Este é o dano mais prejudicial, pois a larva se desenvolve dentro da estrutura reprodutiva, impedindo a formação do capulho.
- Dano de alimentação: O furo não é coberto por cera, e você observa apenas pontos escuros ou necrosados.
O dano de oviposição também aumenta a população da praga na área, pois as larvas ficam protegidas dentro do botão floral, onde o inseticida não consegue alcançá-las.
Medidas de manejo para o bicudo-do-algodoeiro
- Plantio-isca: Plantar uma pequena área antes do cultivo principal para atrair os bicudos e eliminá-los com inseticidas.
- Armadilhas com feromônio: Usar armadilhas que atraem os bicudos com um cheiro sintético (feromônio) e os matam com um inseticida de choque.
- Destruição dos restos culturais: Após a colheita, eliminar as soqueiras para que o bicudo não encontre abrigo para passar a entressafra em diapausa: um estado de dormência para sobreviver a períodos desfavoráveis.
- Pulverização de inseticidas em área total, quando necessário.
No portal Agrofit, existem 112 produtos registrados para o manejo do bicudo.
Mosca-Branca (Bemisia tabaci – biótipo B)
A mosca-branca é uma praga cosmopolita (encontrada no mundo todo) e polífaga (se alimenta de muitas plantas diferentes). Ela já foi encontrada se desenvolvendo até em plantas de milho, cultura que antes ajudava a quebrar seu ciclo.
Presença de Bemisia tabaci biótipo B em plantas de milho
(Quintela et al., 2016)
A mosca-branca pode ter até 15 gerações por ano. Ela fica preferencialmente na parte de baixo das folhas, onde deposita de 150 a 300 ovos. Após se alimentar, ela excreta uma substância açucarada e pegajosa, conhecida como “honeydew”.
Os danos podem ser divididos em diretos e indiretos.
Danos diretos da mosca-branca
Tanto as ninfas quanto os adultos sugam a seiva da planta.
- Na soja: As folhas podem apresentar manchas amareladas (cloróticas). Ataques severos podem reduzir a produtividade e antecipar o ciclo da cultura em até 15 dias.
- No algodão e na soja: O “honeydew” favorece o crescimento de um fungo preto chamado fumagina, que cobre as folhas e prejudica a fotossíntese.
Folhas de soja com sintomas de fumagina
(Fonte: Embrapa)
No algodão, a fumagina pode contaminar a fibra, reduzindo sua qualidade e dificultando a colheita.
Danos indiretos da mosca-branca
O dano indireto é a transmissão de vírus.
- No algodão: Transmite vírus do grupo geminivírus.
- Na soja: Transmite o vírus da “necrose-da-haste”. As plantas infectadas podem apresentar enrolamento e amarelamento das folhas, impactando diretamente a produtividade.
No Agrofit, existem mais de 55 produtos registrados para o manejo da mosca-branca na soja e 49 no algodão.
Lagarta-do-Cartucho do Milho (Spodoptera frugiperda)
A Spodoptera frugiperda, conhecida como lagarta-do-cartucho, é a praga-chave da cultura do milho e também causa sérios problemas na soja e no algodão. Sendo polífaga, ela se alimenta de diversas culturas de importância econômica.
Danos e Sintomas:
- No milho: As lagartas preferem se alimentar das folhas novas no cartucho. É comum encontrar apenas uma lagarta por cartucho devido ao seu comportamento de canibalismo. Os sintomas típicos são folhas raspadas e perfuradas. Em ataques severos, o cartucho é destruído e as espigas são danificadas.
- Em todas as culturas: No início do desenvolvimento, as lagartas podem cortar as plântulas na base, um comportamento similar ao da lagarta-rosca.
- Na soja e no algodão: Atacam estruturas reprodutivas como vagens, capulhos e maçãs, comprometendo diretamente a produtividade.
Spodoptera frugiperda atacando maçãs do algodoeiro
(Fonte: Senar)
Existem 213 produtos registrados para o milho, 34 para a soja e 70 para o algodão no portal Agrofit. Para saber mais sobre como combatê-la, confira nossos artigos:
- “Passo a passo de como combater a lagarta-do-cartucho”
- “As tecnologias que você precisa saber para controlar “Spodoptera frugiperda”
Cigarrinha-do-Milho (Dalbulus maidis)
Atualmente, a cigarrinha-do-milho é uma das pragas mais preocupantes na cultura. Ela é extremamente ágil e seu principal dano é a capacidade de transmitir doenças, conhecidas como enfezamentos.
As plantas infectadas podem apresentar três doenças:
- Enfezamento pálido
- Enfezamento vermelho
- Raiado fino
Cigarrinha-do-milho e as doenças enfezamento pálido e vermelho
(Fonte: Pioneer)
As plantas doentes ficam menores, com entrenós curtos e aparência raquítica. Assim como a mosca-branca, a cigarrinha também produz “honeydew”. A principal estratégia de manejo é o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos e a pulverização foliar com produtos de choque e efeito residual. Existem 27 produtos registrados para seu manejo no Agrofit.
Percevejo-Marrom (Euschistus heros)
O Euschistus heros tem um ciclo de vida de cerca de 29 dias (de ovo a adulto) e pode viver em média 116 dias. As fêmeas depositam de 5 a 8 ovos por vez nas vagens ou folhas.
Danos e Sintomas: O ataque começa quando as ninfas (forma jovem do percevejo) atingem o segundo ínstar. Elas perfuram as vagens para se alimentar dos grãos em formação.
- Os grãos atingidos ficam chocos e enrugados, perdendo peso e qualidade.
- Isso inviabiliza o uso do grão para semente.
- É comum observar retenção foliar (as folhas não caem na época da colheita) e vagens murchas devido à sucção intensa de seiva.
Percevejo-marrom atacando vagens de soja
(Fonte: Arquivo pessoal do autor)
Existem 58 produtos registrados para seu manejo na soja e 3 no algodão.
Ácaro-Rajado (Tetranychus urticae)
O ácaro-rajado é outra praga polífaga muito comum. Apesar de parecer um inseto, ele pertence à classe dos aracnídeos, como as aranhas. A espécie Tetranychus urticae ataca diversas culturas, mas causa mais danos no algodão, soja e feijão.
Danos e Sintomas:
- Ele forma teias finas nas folhas, criando um microambiente que o protege de predadores e dificulta o controle químico.
- Seu ciclo de vida é rápido, variando de 7 a 20 dias, dependendo do clima.
- Ataques são mais comuns em períodos de altas temperaturas e clima seco.
- O dano direto é a perfuração das células da folha, o que reduz a capacidade da planta de fazer fotossíntese.
Adultos de ácaro-rajado e teia que produzem na planta
(Fonte: University of Florida)
O manejo integrado é fundamental, pois o uso contínuo do mesmo produto seleciona populações resistentes. As melhores práticas incluem controle biológico (com ácaros predadores), cultural (destruição de restos culturais) e químico (com rotação de modos de ação). Existem 32 produtos registrados para a soja, 72 para o algodão, 12 para o feijão e 1 para o milho.
Manejo Integrado de Pragas (MIP): A Base de Tudo
Lembre-se: o controle de todas essas pragas deve seguir os princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP). O objetivo do MIP não é eliminar as pragas, mas sim mantê-las abaixo do nível de dano econômico, usando o monitoramento como ferramenta principal de decisão.
Adotar o MIP ajuda a:
- Evitar a resistência das pragas aos inseticidas.
- Reduzir o uso desnecessário de defensivos.
- Prevenir a ressurgência de pragas (quando a população volta ainda mais forte após uma aplicação).
- Proteger o meio ambiente e os inimigos naturais.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Próximo ao plantio, posso usar inseticida na dessecação?
Sim. No momento da dessecação da área, você pode aplicar inseticidas junto com o herbicida. No entanto, é essencial fazer uma amostragem antes para verificar a densidade populacional das pragas. As principais pragas-alvo nesta fase são Spodoptera frugiperda, Helicoverpa armigera e Dichelops melacanthus. Os grupos químicos mais usados são os metilcarbamatos (grupo 1A do IRAC) e organofosforados (grupo 1B).
Quais outras medidas preventivas posso tomar?
O tratamento de sementes com inseticidas de contato e sistêmicos é uma excelente estratégia. Ele protege as plântulas no início do desenvolvimento, garantindo um bom estande. Os principais grupos químicos utilizados são os neonicotinoides (grupo 4A do IRAC), piretroides (grupo 3A), metilcarbamatos (grupo 1A) e pirazol (grupo 2B).
Como manejar a resistência das pragas aos inseticidas?
Fase inicial de plantio (até 25 dias após a semeadura)
Se for necessário aplicar um inseticida foliar neste período, escolha um produto com um mecanismo de ação diferente daquele usado no tratamento de sementes. Não use o mesmo grupo químico por pelo menos 30 dias.
Pós-fase inicial de plantio
Se mais de uma aplicação for necessária em um intervalo de 30 dias, utilize inseticidas com mecanismos de ação diferentes. O ideal é rotacionar os grupos químicos a cada janela de aplicação (cerca de 30 dias), que corresponde a uma geração da praga.
Veja o esquema abaixo para entender melhor a rotação:
Esquema demonstrando como fazer a rotação com diferentes mecanismos de ação por janela ou geração da praga (30 dias)
(Fonte: IRAC)
Conclusão
As pragas listadas aqui são polífagas, bem adaptadas ao nosso sistema de produção, causam grandes prejuízos e, muitas vezes, são difíceis de controlar.
Para ter sucesso, é fundamental planejar o manejo e usar corretamente as ferramentas do MIP. Se as medidas
Glossário
Diapausa: Estado de dormência ou “hibernação” que permite a insetos, como o bicudo-do-algodoeiro, sobreviverem a períodos desfavoráveis, como a falta de alimento na entressafra.
Enfezamentos: Conjunto de doenças (enfezamento pálido e vermelho) transmitidas pela cigarrinha-do-milho. Essas doenças afetam o desenvolvimento da planta, resultando em plantas menores, com entrenós curtos e baixa produtividade.
Entressafra: Período entre a colheita de uma safra e o plantio da safra seguinte. É uma janela crítica para o manejo de pragas, pois é quando se pode quebrar o ciclo de vida dos insetos ao eliminar seu alimento e abrigo.
Manejo Integrado de Pragas (MIP): Estratégia que combina diferentes métodos de controle (biológico, cultural, químico) para manter a população de pragas abaixo do nível que causa prejuízo econômico, em vez de tentar eliminá-las completamente.
Oviposição: Ato da fêmea de um inseto depositar seus ovos. No caso do bicudo-do-algodoeiro, a oviposição dentro dos botões florais causa danos severos, pois as larvas se desenvolvem protegidas, destruindo a estrutura reprodutiva da planta.
Plantas tigueras: Plantas voluntárias da cultura anterior que nascem espontaneamente na lavoura (ex: milho nascendo na soja). Elas servem como abrigo e fonte de alimento para pragas e doenças, funcionando como uma “ponte verde”.
Polífaga: Característica de uma praga que se alimenta de diversas espécies de plantas. Pragas polífagas, como a mosca-branca e a lagarta-do-cartucho, são mais difíceis de controlar, pois podem sobreviver em diferentes culturas ou plantas daninhas.
Pontes verdes: Sequência de culturas ou plantas daninhas que permanecem no campo entre uma safra principal e outra. Essa continuidade de vegetação permite que pragas e doenças sobrevivam e se multipliquem durante todo o ano, sem interrupção.
Otimize seu Manejo de Pragas com a Tecnologia Certa
Gerenciar as diversas pragas mencionadas neste guia, seguindo os princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP), exige um controle rigoroso e anotações precisas. Um software de gestão agrícola como o Aegro simplifica esse processo, permitindo que você registre os monitoramentos de pragas direto do campo pelo celular. Ter um histórico centralizado por talhão ajuda a identificar a evolução das populações e a decidir o momento exato da aplicação, otimizando o uso de defensivos e reduzindo custos operacionais.
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Perguntas Frequentes
O que são ‘pontes verdes’ e por que a eliminação de plantas tigueras na entressafra é tão crucial?
As ‘pontes verdes’ são a sequência de plantas (culturas anteriores, daninhas ou tigueras) que servem de alimento e abrigo para pragas entre uma safra e outra. Eliminar as plantas tigueras (voluntárias) na entressafra é crucial porque quebra o ciclo de vida dos insetos, impedindo que suas populações aumentem antes mesmo do plantio da nova cultura e reduzindo a pressão de ataque inicial.
Quais são os primeiros passos práticos para implementar o Manejo Integrado de Pragas (MIP) na minha fazenda?
Para iniciar o MIP, o primeiro passo é realizar o monitoramento constante da lavoura, fazendo amostragens para identificar corretamente as pragas presentes e sua densidade populacional. A decisão de controle só deve ser tomada quando a população atingir o nível de dano econômico, combinando-se então as melhores ferramentas de controle, que podem ser biológicas, culturais ou químicas.
O tratamento de sementes com inseticidas não é suficiente para proteger a lavoura no início?
Embora o tratamento de sementes seja uma ferramenta de proteção fundamental para o início do cultivo, ele pode não ser suficiente se a pressão de pragas na área for muito alta. Um manejo inadequado na entressafra resulta em uma grande população de insetos que pode sobrecarregar a proteção do tratamento, causando danos significativos e redução do estande inicial da lavoura.
Qual a principal diferença entre o dano de alimentação e o de oviposição do bicudo-do-algodoeiro?
O dano de alimentação ocorre quando o bicudo perfura as estruturas da planta para se alimentar, deixando apenas pontos escuros. O dano de oviposição é muito mais grave, pois a fêmea deposita um ovo dentro do botão floral e sela o furo. A larva se desenvolve protegida no interior, destruindo a estrutura reprodutiva, o que impede a formação do capulho e ainda aumenta a população da praga na área.
A mosca-branca causa danos apenas por sugar a seiva da planta?
Não. Além do dano direto pela sucção de seiva, que enfraquece a planta, a mosca-branca causa dois outros problemas graves. Ela excreta o ‘honeydew’, uma substância que favorece o fungo fumagina, prejudicando a fotossíntese e a qualidade da fibra do algodão. Mais importante ainda, ela é um vetor de viroses, como o geminivírus no algodão e a necrose-da-haste na soja.
Como a rotação de inseticidas ajuda a manejar a resistência de pragas como a lagarta-do-cartucho?
A rotação de inseticidas com diferentes mecanismos de ação é a principal estratégia para evitar a resistência. Ao alternar os grupos químicos, você evita expor gerações sucessivas da praga ao mesmo modo de ação, o que dificulta a seleção de indivíduos resistentes. O ideal é não repetir o mesmo grupo químico dentro de uma janela de 30 dias, que corresponde a aproximadamente uma geração da praga.
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