A produção agrícola é diretamente influenciada por uma série de fatores, que vão desde as condições do clima até o cenário econômico do país. Com o feijão, a situação não é diferente, e seus preços refletem essa complexa dinâmica de mercado.
No segundo semestre de 2023, observamos uma redução nos preços do grão, um resultado direto das boas colheitas de segunda e terceira safra que aumentaram a oferta.
Neste artigo, vamos analisar o comportamento histórico do preço do feijão e apresentar uma previsão detalhada para a safra 2023/24, ajudando você a tomar decisões mais informadas.
Qual a Previsão para o Preço do Feijão?
A queda nos preços registrada na segunda metade de 2023 teve um impacto direto na decisão de plantio. Com a menor rentabilidade, muitos produtores foram desestimulados a aumentar a área de cultivo no verão, o que agora influencia a oferta. Para se ter uma ideia, o preço do feijão carioca recuou 24,2% ao longo de 2023.
Atualmente, os valores de negociação refletem essa dinâmica:
- Em Minas Gerais, as negociações chegam a
R$ 330,00
por saca. - No Paraná, os valores de referência estão entre
R$ 320,00
eR$ 325,00
para o feijão carioca.
Dois fatores principais criam um cenário de incertezas para 2024: a manutenção da área plantada em níveis semelhantes a 2022/23 e os efeitos do fenômeno El Niño. Essa combinação de oferta potencialmente limitada e clima instável indica uma forte tendência de alta nos preços até março.
Para contextualizar, o valor de US$ 70,00
por saca de 60 quilos, que é um patamar excelente para o produtor, foi alcançado pela última vez em janeiro de 2023. Isso mostra que o cenário atual, com preços se aproximando desse nível, é muito favorável para quem está vendendo.
Preço do feijão carioca de 2014 a janeiro de 2024 no Brasil e em Goiás (Fonte: Agrolink)
Como Está a Produção de Feijão em 2024?
O Brasil tem a vantagem de cultivar feijão em três épocas distintas, o que ajuda a garantir uma oferta mais constante ao longo do ano. As safras se dividem da seguinte forma:
- Primeira safra (ou “safra das águas”): Semeada entre agosto e dezembro.
- Segunda safra (ou “safra da seca”): Cultivada entre janeiro e abril.
- Terceira safra (ou “safra de inverno”): Semeada de maio a julho.
Segundo dados da Conab, a área plantada na safra 2023/24 é semelhante à do ciclo anterior, mas é 19% menor do que a área cultivada cinco anos atrás.
Atualmente, a cultura está em período de entressafra – ou seja, no intervalo entre as grandes colheitas. O abastecimento do mercado depende dos estoques que restaram da terceira safra e da produção de algumas lavouras em São Paulo. A expectativa é que volumes maiores do grão, colhidos no Paraná, Minas Gerais e Goiás, comecem a chegar ao mercado a partir de meados de janeiro.
O Impacto do Clima na Produção
O El Niño tem sido um grande desafio para o plantio de feijão.
- Em Minas Gerais e São Paulo, o tempo seco e o calor excessivo reduziram a taxa de germinação das sementes.
- Na Região Sul, o problema foi o oposto: o excesso de chuvas prejudicou as lavouras.
- Por outro lado, a safra da Bahia deve apresentar um desempenho melhor, ajudando a equilibrar a oferta nacional.
A estimativa inicial para 2024 era de uma colheita de aproximadamente 3 milhões de toneladas. No entanto, devido a esses problemas climáticos, a projeção atual é de que a safra sofra uma redução de cerca de 2,5%.
No Paraná, um dos principais estados produtores, a colheita da primeira safra 2023/24 atingiu 40% da área total estimada, representando uma redução de 2% na área plantada em comparação com a safra anterior, de acordo com o Portal do Agronegócio.
Comparação entre as safras de feijão entre 2012 e 2022/23 (Fonte: Conab)
Análise do Mercado: Oferta, Demanda e Estoques para 2024
A maior parte do feijão recém-colhido que abastece o mercado brasileiro continua vindo de Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Goiás.
As projeções para o início de 2024 indicam um cenário inédito: o Brasil pode enfrentar um dos menores volumes de feijão em estoque da história para este período do ano. Essa escassez de produto armazenado sinaliza possíveis dificuldades no abastecimento, uma situação agravada pela calamidade pública decretada em municípios do Norte e Nordeste devido à seca severa.
No início do mês, esperava-se uma demanda maior por parte dos varejistas para reposição de estoques. Contudo, o volume de negócios tem sido limitado justamente pela baixa oferta de feijão disponível no mercado. A expectativa é que o consumo se recupere após o término das férias escolares, o que pode pressionar ainda mais os preços.
Afinal, Vai Faltar Feijão em 2024?
O plantio de feijão da safra das águas (2023/2024) começou em agosto em estados como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A primeira safra foi fortemente impactada por adversidades climáticas, como a falta ou o excesso de chuva e temperaturas baixas em momentos cruciais do ciclo. Esse cenário afetou negativamente a produtividade, e o volume a ser colhido não será suficiente para equilibrar o mercado e impedir que os preços continuem elevados no curto prazo.
A segunda safra, por sua vez, está em início de semeadura. A tendência é que a área cultivada seja próxima à da safra anterior. Se as condições climáticas forem favoráveis desta vez, a produção poderá ser superior à de 2023, o que ajudaria a aumentar a oferta interna e a estabilizar os preços mais para frente.
Conclusão: O Que o Produtor Pode Esperar?
A previsão para o preço do feijão carioca nos próximos meses é de manutenção nos patamares elevados atuais. Uma leve queda só deve ocorrer no final de 2024, caso a segunda e terceira safras se desenvolvam bem e resultem em uma maior oferta de grãos.
Para o produtor, o cenário no início de 2024 é positivo, com preços altos favorecendo a rentabilidade da venda.
A recomendação é clara: monitore de perto as tendências do mercado e as variações de preços da cultura. Manter-se bem informado é a melhor estratégia para garantir preços competitivos e um bom lucro, mesmo diante das mudanças do cenário agrícola.
Glossário
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento): Órgão do governo brasileiro responsável por gerenciar políticas de abastecimento e informações agrícolas. Fornece dados oficiais sobre safra, produção e estoques, como os citados no artigo.
El Niño: Fenômeno climático que causa o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico. Na agricultura, pode provocar secas severas em algumas regiões e chuvas excessivas em outras, impactando diretamente o desenvolvimento e a produtividade das lavouras.
Entressafra: Período entre o final de uma colheita e o início da próxima. Durante a entressafra, a oferta de produtos no mercado diminui e depende dos estoques, o que geralmente causa um aumento nos preços.
Feijão carioca: Tipo de feijão mais consumido no Brasil, caracterizado por sua cor bege com listras marrons. É a variedade central da análise de preços deste artigo.
Saca: Unidade de medida padrão para a comercialização de grãos no Brasil. No caso do feijão, uma saca equivale a 60 quilos.
Safra (primeira, segunda e terceira): Cada um dos períodos de plantio e colheita que ocorrem durante um ano agrícola. O feijão possui três safras – “das águas” (1ª), “da seca” (2ª) e “de inverno” (3ª) – permitindo uma oferta mais constante ao longo do ano.
Taxa de germinação: Percentual de sementes que conseguem brotar e iniciar o desenvolvimento em um determinado período. Fatores climáticos como calor excessivo ou falta de umidade podem reduzir essa taxa, comprometendo o potencial produtivo da lavoura.
Como ter mais segurança na comercialização do feijão?
O cenário de preços altos é animador, mas a volatilidade do mercado e os riscos climáticos exigem um controle financeiro rigoroso. Para garantir uma boa rentabilidade, é essencial saber exatamente qual foi o seu custo de produção por saca.
Sem essa informação, fica difícil avaliar se uma oferta de venda é realmente vantajosa ou se vale a pena esperar.
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Perguntas Frequentes
Por que o preço do feijão, que caiu em 2023, tem previsão de alta para o início de 2024?
A queda em 2023 foi causada por boas colheitas que aumentaram a oferta. Essa baixa rentabilidade desestimulou o plantio para a primeira safra de 2023/24. Com uma área plantada menor e problemas climáticos causados pelo El Niño, a oferta de grãos diminuiu, gerando uma forte tendência de alta nos preços para o começo de 2024.
Com a previsão de alta, existe o risco real de faltar feijão no mercado em 2024?
Sim, o cenário indica um abastecimento mais restrito, especialmente no primeiro semestre. A quebra na primeira safra, somada a um dos menores volumes de feijão em estoque da história, cria uma situação de oferta limitada. Embora não se fale em desabastecimento total, a disponibilidade do produto no mercado será menor, pressionando os preços.
Qual é o melhor momento para o produtor vender o feijão da safra 2023/24?
O início de 2024, principalmente até o mês de março, é apontado como o período mais favorável para a venda. A combinação de baixa oferta no mercado e estoques reduzidos tende a manter os preços em patamares elevados, garantindo uma boa margem de lucro para quem está vendendo o produto.
Como o fenômeno El Niño afetou especificamente a produção de feijão no Brasil?
O El Niño impactou negativamente as principais regiões produtoras de formas distintas. Em Minas Gerais e São Paulo, provocou seca e calor excessivo, o que reduziu a taxa de germinação das sementes. Já na Região Sul, o problema foi o excesso de chuvas, que prejudicou o desenvolvimento das lavouras. Ambos os cenários contribuíram para a redução da produtividade.
Quando é esperado que o preço do feijão carioca se estabilize ou comece a cair?
A tendência é que os preços se mantenham altos durante a maior parte do primeiro semestre de 2024. Uma possível estabilização ou leve queda só deve ocorrer no final do ano, e isso depende crucialmente do desempenho da segunda e da terceira safras. Se as condições climáticas forem favoráveis e a produção for boa, o aumento da oferta poderá equilibrar o mercado.
O que significa o termo “entressafra” e como ele impacta o preço do feijão?
Entressafra é o período entre o fim de uma colheita e o início da seguinte. Durante essa fase, a oferta de produto novo no mercado é muito baixa, e o abastecimento depende dos estoques existentes. Essa escassez temporária geralmente causa um aumento natural nos preços, como observado no início de 2024.
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