O ano de 2023 começou com o preço do milho em alta, com a saca sendo negociada por valores acima de R$ 100. No entanto, o cenário mudou e, em junho, os preços se ajustaram para cerca de R$ 85 por saca de 60 kg à vista, de acordo com dados do Cepea.
Com a instabilidade financeira mundial, os preços das commodities agrícolas, como o milho, sofrem grandes variações. Essas mudanças impactam diretamente o bolso de quem está no campo produzindo.
Entender o que causa essas oscilações diárias de preço é fundamental para planejar a comercialização da sua safra e garantir o melhor resultado.
Neste artigo, vamos detalhar os principais pontos que estão influenciando o preço do milho na safra de 2023 e analisar as previsões para o mercado deste importante cereal.
Estimativas Atuais da Produção de Milho no Brasil
Para a safra de 2023, as estimativas de produção são, no geral, favoráveis. Houve um aumento na área plantada, totalizando 20.943,7 mil hectares para as três épocas de produção.
O bom preço do milho no ano anterior foi um fator decisivo para esse aumento de área. Com a falta de produto no mercado, os valores pagos aos produtores se mantiveram acima de R$ 80 por saca, chegando a picos que ultrapassaram a marca de R$ 100.
Esse incentivo reflete diretamente no volume total esperado. A produção nacional está estimada em 112.901,9 mil toneladas de milho.
É importante notar que essa projeção já foi maior, em 117.181,5 mil toneladas. A redução no número foi causada, principalmente, por condições de clima desfavoráveis no Rio Grande do Sul, que afetaram o potencial produtivo da primeira safra.
Análise da Oferta e Demanda do Milho em 2023
A relação entre oferta e demanda é o que mais mexe com os preços. Para o milho de primeira safra, já se observa uma produtividade menor do que o esperado inicialmente. A estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) caiu de 6.450 kg/ha para 5.495 kg/ha.
Essa produtividade é inferior à registrada no ano anterior, o que ajuda a sustentar os preços do milho, especialmente no início de 2023. Essa quebra se deve a dois fatores climáticos principais em diferentes regiões:
- Excesso de chuva: Em algumas áreas do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), as chuvas intensas atrasaram o plantio do milho.
- Falta de chuva: No Rio Grande do Sul, a seca prejudicou a formação da espiga e o enchimento dos grãos. Em muitos casos, a qualidade das plantas ficou tão comprometida que lavouras inteiras foram destinadas para a produção de silagem, que é o processo de cortar a planta inteira para usar como alimento para o gado.
Mesmo com a previsão geral de uma boa safra, a redução na produção da primeira safra deve levar o Brasil a importar mais milho do que o previsto anteriormente.
Balanço de oferta e demanda do milho (em mil toneladas)
(Fonte: Conab)
Pelo lado da demanda, o consumo interno continua forte. Espera-se um aumento de 29,7% na produção de etanol à base de milho e um crescimento contínuo na demanda para alimentação animal. Isso significa que mais milho será consumido dentro do país.
Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar torna o milho brasileiro mais barato para compradores internacionais, o que deve impulsionar as exportações. Todos esses fatores, somados, influenciam diretamente o preço que você, produtor, recebe pela saca.
Previsão e Fatores que Formam o Preço do Milho
Em 1º de junho de 2022, o preço da saca de 60 kg era de R$ 85,80 à vista, segundo dados do Cepea, já com o desconto do prazo de pagamento.
O valor pago pelo milho no Brasil é referenciado na B3, a bolsa de valores brasileira. Essa cotação leva em conta não só a produção local, mas também o cenário mundial, incluindo a demanda de grandes importadores como a China e a oferta dos principais países produtores: Estados Unidos, China e o próprio Brasil.
Na safra americana, por exemplo, o último relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) elevou a estimativa de produção de 382,59 milhões para 383,94 milhões de toneladas.
Apesar desse aumento na produção, o estoque final de milho nos EUA está projetado para ser menor. Isso acontece porque a demanda por milho para a produção de etanol aumentou, e as condições climáticas adversas na América do Sul no final de 2021 e início de 2022 reduziram a oferta global.
Para acompanhar os preços no mercado brasileiro, a principal referência é o site do Cepea — Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Principais Fatores de Atenção para o Preço do Milho
Resumindo, a formação do preço depende de um equilíbrio delicado. Menor produção leva a uma menor oferta e redução dos estoques, o que, com uma demanda alta, resulta em maiores preços. Vamos detalhar dois fatores críticos para ficar de olho:
Clima
O clima é o fator mais imprevisível e impactante. Tanto o excesso quanto a falta de chuvas causam prejuízos sérios à produção, refletindo diretamente no preço. Em 2022, especialistas confirmaram a ocorrência do fenômeno climático La Niña. Por isso, a atenção deve ser redobrada para a produção de milho na região Sul durante o primeiro semestre de 2023.
O La Niña geralmente causa redução das chuvas no Sul do Brasil, o que prejudica as lavouras, diminuindo a quantidade e a qualidade dos grãos.
Isso impacta os preços de forma clara: com a oferta reduzida, a menor disponibilidade de produto no mercado força uma elevação nos valores pagos pela saca.
Demanda dos Países Importadores
O comportamento do mercado internacional também é decisivo. Se a demanda por milho brasileiro, tanto interna quanto externa, diminuir, a tendência é que sobrem grãos no mercado. Essa sobra de produto pressiona os preços para baixo.
Acompanhar o mercado não é uma tarefa fácil, especialmente com a instabilidade atual. Por isso, para fazer boas vendas, é fundamental ter atenção a esses pontos. Lembre-se sempre de uma regra de ouro: preço bom é aquele que paga seus custos de produção e garante a lucratividade que você planejou.
Para isso, conhecer em detalhes o custo de produção da sua lavoura é o que torna a comercialização mais segura e assertiva. Com esse número na mão, você sabe exatamente a partir de qual valor de venda você cobre seus gastos e começa a ter lucro.
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Conclusão
Como vimos neste artigo, a previsão do preço do milho para 2023 é de instabilidade, pois depende de uma combinação complexa de fatores.
Com a economia global incerta, as bolsas de valores reagem rapidamente às notícias sobre oferta e demanda. A oferta brasileira para a primeira metade do ano ainda é uma incógnita, principalmente por conta dos efeitos do La Niña.
Para navegar nesse cenário e fazer uma boa negociação, a sua principal ferramenta é ter na ponta do lápis a previsão de gastos da sua lavoura. Somente com essa informação você saberá o momento certo e o melhor valor para vender sua produção e garantir o sucesso da sua safra
Glossário
Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada): Instituição ligada à USP que é a principal referência para a cotação de preços de produtos agrícolas no Brasil. Os valores da saca de milho citados no artigo são baseados nos indicadores do Cepea.
Commodities agrícolas: Produtos de origem agrícola que funcionam como matéria-prima e são comercializados em bolsas de valores globais, como milho, soja, café e algodão. Seus preços são padronizados e flutuam de acordo com a oferta e a demanda mundial.
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento): Órgão do governo brasileiro responsável por coletar, analisar e divulgar dados sobre a produção agrícola, safras, estoques e abastecimento no país. Suas estimativas são cruciais para entender o cenário de oferta.
La Niña: Fenômeno climático natural que causa o resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico. No Brasil, costuma provocar secas na região Sul e excesso de chuvas no Norte e Nordeste, impactando diretamente a produtividade das lavouras.
Matopiba: Acrônimo que se refere a uma importante fronteira agrícola do Brasil, formada por partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. É uma região estratégica para a produção de grãos no país.
Saca: Unidade de medida padrão utilizada na comercialização de grãos no Brasil. No caso do milho, uma saca equivale a 60 kg do produto.
Silagem: Método de conservação de forragem para alimentação animal, especialmente de gado. Consiste em picar a planta inteira (caule, folhas e espiga) e armazená-la em um silo para fermentação, sendo uma alternativa para lavouras de milho com baixo potencial para grãos.
USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos): Órgão do governo norte-americano que publica relatórios sobre a produção, consumo e estoques agrícolas em escala global. Suas projeções têm forte influência nos preços internacionais das commodities.
Veja como a tecnologia pode ajudar a garantir sua lucratividade
Como o artigo destaca, conhecer o custo de produção é a principal ferramenta do produtor para navegar na volatilidade do mercado do milho. Acompanhar cada gasto manualmente, no entanto, é um desafio que consome tempo e pode levar a erros, dificultando a tomada de decisão rápida que o cenário atual exige.
É aqui que um software de gestão agrícola faz a diferença. Ferramentas como o Aegro, por exemplo, centralizam todas as informações financeiras e operacionais, permitindo que você saiba exatamente qual é o seu custo por saca em tempo real. Com esse dado preciso na mão, fica muito mais fácil definir um preço de venda que cubra seus investimentos e garanta a lucratividade planejada, mesmo com as oscilações do mercado.
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Perguntas Frequentes
Por que o preço do milho caiu em 2023 depois de começar o ano em alta?
O preço do milho iniciou 2023 em alta devido à escassez do produto no mercado. No entanto, com a perspectiva de uma safra maior e o avanço da colheita, a oferta aumentou, pressionando os preços para baixo e ajustando os valores de mercado, apesar de perdas pontuais em algumas regiões produtoras.
Como o fenômeno La Niña afeta especificamente a safra de milho e seu preço?
O La Niña tende a causar seca na região Sul do Brasil, prejudicando o desenvolvimento das lavouras de milho, especialmente na primeira safra. Isso resulta em menor produtividade e quebra de safra, diminuindo a oferta de grãos no mercado. Com a demanda aquecida, essa oferta reduzida leva a uma valorização dos preços da saca.
Quais são os principais fatores que influenciam o preço do milho, além do clima?
Além do clima, o preço do milho é influenciado pela relação entre oferta e demanda global. Fatores importantes incluem a produção dos Estados Unidos e China, a demanda interna para produção de etanol e ração animal, o volume de exportações e a cotação do dólar, que torna o milho brasileiro mais ou menos competitivo no mercado internacional.
Uma boa previsão de safra no Brasil garante que o preço do milho vai cair?
Não necessariamente. Mesmo com uma previsão de safra cheia, fatores como quebras de produção em regiões importantes, um forte crescimento na demanda interna (etanol e pecuária) e um aumento nas exportações podem manter os preços firmes. O equilíbrio entre a oferta total e a demanda total é o que realmente define a direção dos preços.
De que forma a cotação do dólar impacta o preço que recebo pela saca de milho?
A desvalorização do real frente ao dólar torna o milho brasileiro mais barato e atrativo para compradores internacionais. Isso aumenta a demanda por exportação, o que pode elevar os preços no mercado interno, pois mais compradores estão disputando o mesmo produto. Portanto, um dólar alto geralmente ajuda a sustentar os preços do milho no Brasil.
Por que é tão importante calcular o custo de produção para comercializar o milho?
Calcular o custo de produção permite saber exatamente qual o valor mínimo necessário para vender a saca de milho sem ter prejuízo. Em um mercado volátil, ter esse número claro ajuda o produtor a identificar as melhores oportunidades de venda, garantindo que suas despesas sejam cobertas e que a margem de lucro planejada seja alcançada.
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