A safra de milho safrinha 2018/19 está vindo com força total. A consultoria Safras & Mercado revisou sua previsão para a segunda safra, elevando a estimativa para 68.16 milhões de toneladas. Seguindo a mesma linha, a Agroconsult aumentou suas projeções para perto de 70.6 milhões de toneladas. Esses números reforçam uma ideia central: teremos um grande aumento na oferta de milho no mercado.
Como você, produtor, sabe bem, a regra básica do mercado é clara. Quando a oferta de um produto aumenta muito, a tendência é que os preços caiam.
Vamos entender em detalhes o que está por trás dessas expectativas e, mais importante, o que você pode fazer com essas informações para proteger seu lucro.
Por Que a Safrinha 2019 Promete Ser Recorde?
A produção total de milho no Brasil para a safra 2018/19 é estimada pela Safras & Mercado em 99.56 milhões de toneladas. Para se ter uma ideia do salto, a Agroconsult projeta um aumento de impressionantes 31% no volume do grão em comparação com a safra 2017/18.
Esse crescimento expressivo tem algumas razões claras:
- Clima Favorável: É importante lembrar que a safra 2017/18 sofreu com condições climáticas desfavoráveis para a safrinha, o que resultou em uma produção menor. Este ano, o cenário foi o oposto.
- Plantio na Janela Ideal: A colheita adiantada da soja permitiu que o milho safrinha fosse semeado mais cedo. Isso garantiu que a maior parte da cultura se desenvolvesse dentro da janela de plantio ideal, aproveitando um clima muito melhor.
- Chuvas Regulares: Mesmo para um período que já é naturalmente favorável, as chuvas ocorreram com maior regularidade nas principais regiões produtoras, beneficiando as lavouras.
- Aumento da Área Plantada: A Conab, em seu 7° levantamento de safra, apontou que a área plantada com milho atingiu números recordes, contribuindo diretamente para o aumento do volume total produzido.
Os 3 Fatores que Pressionam o Preço do Milho para Baixo
Indicador do MIlho ESALQ/BM&FBOVESPA nos últimos 6 meses (Fonte: Cepea)
Segundo o analista de mercado Thomé Guth, para entender a tendência de preços de qualquer produto agrícola, você precisa ficar de olho em três fatores principais. Se eles estiverem caindo, o preço tende a cair junto.
- Demanda
- Dólar
- Preços na bolsa de Chicago
Com a queda desses indicadores, a tendência é que os preços no Brasil também recuem. O contrário, obviamente, também é verdade.
No cenário atual, a demanda interna por milho está aquecida. No entanto, o consumo brasileiro sozinho não é suficiente para absorver toda a produção, especialmente porque também temos bons estoques de milho armazenados.
Por isso, a previsão para os próximos meses (julho a setembro), com a entrada de quase 70 milhões de toneladas da 2ª safra, é de preços nos portos girando entre R$ 34 e R$ 35.
Em relação ao câmbio, um fator decisivo é a aprovação da reforma da Previdência, que pode influenciar diretamente a cotação do dólar.
Outro ponto de atenção fundamental é o mercado americano.
Fique de Olho: O Clima no Cinturão do Milho Americano
Para entender o cenário externo, saiba que os Estados Unidos estão enfrentando um período de chuvas intensas. Se esse padrão climático continuar, o plantio da safra de milho americana pode atrasar. Com a janela se fechando, muitos agricultores de lá podem optar por plantar soja em vez de milho.
No entanto, em regiões como o Texas, o clima já melhorou e o plantio começou. No Meio-Oeste, principal região produtora, as operações devem começar no final de abril.
Ainda é cedo para ter certeza sobre um atraso significativo, por isso é crucial acompanhar as notícias. Por enquanto, o fato é que as negociações comerciais entre China e EUA deixaram os estoques de soja americanos muito altos. Isso cria uma tendência natural de que os produtores de lá prefiram plantar mais milho este ano.
A Válvula de Escape: Por Que as Exportações São Cruciais?
Como mencionado, o mercado brasileiro não consegue consumir toda a nossa produção de milho. Para que os preços se mantenham em níveis rentáveis para o produtor, dependemos fortemente das exportações.
A Agroconsult estima que o Brasil precise embarcar cerca de 31 milhões de toneladas. Esse volume criaria um bom equilíbrio entre a oferta e a demanda no mercado nacional, ajudando a sustentar os preços.
Os 3 maiores exportadores mundiais de milho, apontando acréscimo de 14% nas exportações do Brasil, frente ao decréscimo de 3% dos EUA, e aumento de 30% para Argentina (Fonte: USDA em The Van Trump Report)
Estratégia Prática: Como Garantir a Rentabilidade com Preços Baixos
Atualmente, o ritmo dos negócios está lento. Os compradores estão pouco ativos e muitos produtores estão focados no mercado da soja, que segue com preços mais firmes. A tendência geral para o segundo semestre é, de fato, de preços mais baixos para o milho.
Mesmo com previsões desanimadoras, a palavra-chave não deve ser “preço”, mas sim “rentabilidade”.
Rentabilidade: de forma simples, é o resultado do que você ganha dividido pelo que você gastou para produzir.
O foco, portanto, deve ser em duas frentes: analisar seu custo de produção e aproveitar as oportunidades de venda.
1. Domine Seus Custos de Produção
Reveja todo o manejo da sua lavoura. Busque soluções eficientes, mas que não comprometam sua margem de lucro. Ter os números de custo na ponta do lápis, de forma clara e fácil de interpretar, é essencial para tomar decisões. Estude ferramentas que possam te ajudar nesse controle.
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2. Adote a Venda Escalonada
Em relação às oportunidades, analise os contratos futuros e fique atento a demandas pontuais. Uma das estratégias mais seguras neste cenário é a venda escalonada, que significa vender sua produção aos poucos.
- Como funciona? Se o preço atual já garante o pagamento dos seus custos e uma margem de lucro que você considera aceitável, venda uma parte da sua safra.
- E se o preço subir? Ótimo! Venda outra parte para aproveitar a alta.
- Qual a vantagem? Com essa tática, você trava uma rentabilidade mínima e dilui os riscos, garantindo sua renda e evitando vender 100% da produção no pior momento do mercado.
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Conclusão
O cenário para o preço do milho em 2019 aponta para uma tendência de baixa. Isso se deve aos estoques elevados, à expectativa de uma produção recorde na safrinha e às incertezas do mercado americano.
Diante disso, a sua atenção como produtor deve ser redobrada.
- Foco total na rentabilidade: Conhecer e controlar seus custos de produção é mais importante do que nunca.
- Estratégia de venda inteligente: Adotar a venda escalonada é uma excelente forma de proteger sua margem de lucro e diminuir riscos.
- Gestão com base em dados: Manter um registro detalhado dos custos e do andamento da lavoura é imprescindível para tomar as melhores decisões.
Glossário
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento): Órgão do governo brasileiro responsável pela gestão do abastecimento e pela divulgação de dados oficiais sobre a produção agrícola, como os levantamentos de safra.
Custo de Produção: A soma de todos os gastos necessários para produzir uma safra, incluindo insumos (sementes, fertilizantes), mão de obra, combustível e depreciação de máquinas. É a base para calcular a rentabilidade da lavoura.
Janela de Plantio: O período de tempo considerado ideal para o plantio de uma determinada cultura, no qual as condições climáticas (chuva, temperatura e luminosidade) são mais favoráveis para garantir um bom desenvolvimento e alta produtividade.
Rentabilidade: A medida do retorno financeiro de uma atividade agrícola. De forma simples, é o resultado do lucro (receita total menos o custo de produção) dividido pelo valor investido.
Safrinha: Refere-se à segunda safra plantada no mesmo ano agrícola, aproveitando o final do período chuvoso. O milho safrinha, plantado logo após a colheita da soja, é o exemplo mais comum no Brasil.
Venda Escalonada: Estratégia de comercialização que consiste em vender a produção em lotes, em diferentes momentos ao longo do tempo, em vez de vender tudo de uma só vez. O objetivo é diluir os riscos de preço e buscar um preço médio mais vantajoso.
Como a tecnologia ajuda a proteger sua rentabilidade
Diante de um cenário de preços baixos, dominar os custos de produção e executar uma boa estratégia de venda, como a comercialização escalonada, são ações cruciais. A tecnologia é uma grande aliada para colocar esses planos em prática.
Um software de gestão agrícola como o Aegro centraliza o controle financeiro e operacional, permitindo que você saiba exatamente qual é o seu custo por saca e por hectare. Com esses dados em mãos, fica muito mais fácil tomar decisões seguras.
Além disso, ao registrar seus contratos de venda futura na plataforma, você consegue simular a rentabilidade de cada negociação e garantir que está travando um preço que cobre seus custos e ainda gera lucro. Isso transforma a venda escalonada em uma tática baseada em dados, e não em achismos, protegendo o resultado da sua safra.
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Perguntas Frequentes
Por que uma safra recorde de milho, como a da safrinha 2019, pode levar a preços mais baixos?
A relação é baseada na lei da oferta e da demanda. Quando há um aumento expressivo na oferta de um produto, como o milho, e a demanda não cresce na mesma proporção, o mercado fica com um excedente. Para escoar essa produção, os compradores tendem a oferecer preços mais baixos, pressionando as cotações para baixo.
O que é a ‘venda escalonada’ e como essa estratégia pode proteger meu lucro com o milho?
A venda escalonada é a prática de vender sua produção em partes, em diferentes momentos, em vez de tudo de uma só vez. Essa estratégia protege seu lucro ao permitir que você trave uma margem aceitável em uma parte da safra, garantindo o pagamento dos custos, enquanto aguarda por melhores oportunidades de preço para o restante. Isso dilui o risco de vender 100% da produção no pior momento do mercado.
Como o clima no cinturão do milho americano impacta o preço que recebo no Brasil?
Os Estados Unidos são um dos maiores produtores e exportadores de milho do mundo. Um clima desfavorável por lá, que atrase o plantio ou prejudique a safra, reduz a oferta global do grão. Isso tende a elevar os preços na Bolsa de Chicago, que serve de referência para o mercado brasileiro, impactando positivamente as cotações por aqui.
No cenário de baixa, por que é mais importante focar na ‘rentabilidade’ do que no ‘preço’ do milho?
O preço é apenas um dos componentes do seu resultado. A rentabilidade é a relação entre o que você ganhou (receita) e o que gastou (custo de produção). Focar na rentabilidade significa otimizar seus custos para garantir lucro mesmo com preços mais baixos, em vez de apenas esperar por uma alta no mercado que pode não vir.
Qual é a importância das exportações de milho para o mercado interno brasileiro?
As exportações funcionam como uma ‘válvula de escape’. Como a produção interna brasileira é maior do que o consumo nacional consegue absorver, a exportação do excedente é crucial para equilibrar a oferta e a demanda no país. Sem um bom volume de exportação, o excesso de milho no mercado interno pressionaria os preços para níveis ainda mais baixos.
Como um software de gestão agrícola pode me ajudar a enfrentar um cenário de preços baixos?
Um software de gestão, como o Aegro, é fundamental para calcular com precisão seu custo de produção por saca e por hectare. Com esses dados em mãos, você sabe exatamente qual é o preço mínimo que precisa para ter lucro, facilitando a tomada de decisão na venda escalonada. Ele transforma a gestão em um processo baseado em dados, e não em suposições.
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- Milho safrinha 2019: Estimativas do mercado e condições climáticas: Este artigo oferece o contexto inicial essencial para entender o sucesso da safrinha de 2019. Ele detalha as expectativas no início do ano, a importância da janela de plantio ideal e o risco climático do El Niño, que felizmente não se concretizou, explicando por que o cenário do artigo principal foi tão positivo. Funciona como o ‘prólogo’ da história contada no artigo principal.
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