O ataque do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) pode, sozinho, causar perdas de até 60% na produtividade da sua lavoura de algodão. No entanto, ele está longe de ser a única ameaça. Uma grande variedade de insetos pode comprometer seu resultado final, exigindo um controle que vai muito além da simples aplicação de inseticidas.
Para proteger sua lavoura de forma eficiente, é fundamental entender como manejar o ambiente de produção como um todo. Embora pareça complexo, a verdade é que medidas simples e bem planejadas podem transformar completamente seu manejo de pragas do algodão.
Neste guia completo, vamos detalhar as principais pragas que afetam a cultura, explicar por que elas são tão frequentes e apresentar um roteiro prático para você implementar o Manejo Integrado de Pragas (MIP), garantindo um controle mais eficaz e sustentável.
Por que a Lavoura de Algodão Atrai Tantas Pragas?
Não é segredo para quem trabalha com algodão que o manejo de pragas é um dos maiores desafios do ciclo. A cultura é atacada por diversos insetos, desde a germinação até a colheita, como mostra o gráfico abaixo.
Incidência de pragas ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura do algodoeiro
(Fonte: Monsanto)
Mas qual é o motivo de tantos ataques?
Existem algumas razões principais que explicam essa alta pressão de pragas:
- Sistema de Produção Intenso: A lavoura de algodão geralmente faz parte de um sistema de rotação com outras culturas, como soja e milho. Isso significa que há alimento disponível para os insetos durante a maior parte do ano, o que favorece sua multiplicação.
- Atrativos Naturais da Planta: O algodoeiro possui estruturas chamadas nectários extraflorais: glândulas que produzem néctar nas folhas e outras partes da planta. Essa fonte de alimento atrai e ajuda no desenvolvimento de muitos insetos.
Essa combinação resulta em um ataque constante, que impacta diretamente os custos de produção. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), na safra 2017/2018, o uso de inseticidas representou 20% do custo total da produção de algodão no Mato Grosso.
Desse total, o bicudo-do-algodoeiro foi responsável por cerca de 10% do custo, exigindo em média 15 pulverizações por ciclo.
Número de pulverizações na região do cerrado para o controle de pragas do algodão
(Fonte: Agro em Dia)
Este alto uso de químicos não é sustentável, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. Por isso, a solução está em adotar o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que combina diferentes táticas de controle, como o cultural (destruição de restos culturais na entressafra) e o biológico (uso de inimigos naturais e defensivos naturais).
O Que é o Manejo Integrado de Pragas (MIP) do Algodão?
O Manejo Integrado de Pragas é uma estratégia que utiliza múltiplas táticas de controle, baseadas em monitoramento constante, para manter as pragas em níveis que não causem danos econômicos.
Para aplicar o MIP com sucesso, você precisa entender três pilares:
- A Praga: Conhecer o ciclo de vida do inseto, quando ele ataca e qual o momento certo para intervir.
- Os Inimigos Naturais: Identificar os predadores e parasitoides presentes na lavoura. Eles são responsáveis por controlar naturalmente de 60% a 70% das pragas do algodão. Preservá-los com o uso de inseticidas seletivos é fundamental.
- A Planta: Compreender como o próprio algodoeiro responde aos ataques.
Entendendo a Planta de Algodão para um MIP Eficiente
Um ponto crucial que muitos produtores não consideram é a capacidade natural da planta de algodão de compensar perdas.
- Perda natural de estruturas: O algodoeiro perde, de forma natural, entre 60% a 70% de suas estruturas reprodutivas (botões florais e maçãs). Isso significa que nem todo botão floral atacado por uma praga resultará em prejuízo real na colheita.
- Tolerância à desfolha: Nem toda perda de folha é prejudicial. Uma área foliar excessiva pode sombrear as folhas do baixeiro, reduzindo a fotossíntese. Portanto, uma pequena desfolha causada por lagartas nem sempre impacta a produtividade.
- Importância das primeiras maçãs: As maçãs que mais contribuem para o peso final e a produtividade são aquelas localizadas na 1ª posição (ou 1º nó) do ramo frutífero. A proteção deve ser focada nessas estruturas.
Por isso, a decisão de aplicar um inseticida deve ser baseada no Nível de Controle (NC): o ponto em que a população da praga atinge um nível que justifica o custo da aplicação para evitar perdas econômicas. Para definir esse momento, o monitoramento constante é essencial.
Como Fazer o Monitoramento das Pragas do Algodão?
Um monitoramento bem-feito é a base do MIP. Siga estes passos:
- Divida a Área: Separe áreas grandes em talhões de no máximo
100 hectares
. - Defina os Pontos de Amostragem: Em cada talhão, avalie 100 plantas, divididas em 20 pontos de 5 plantas cada.
- Distribua os Pontos: Para uma amostragem representativa, escolha 4 pontos na bordadura do talhão e os 16 pontos restantes no interior.
- Determine a Frequência: A vistoria deve ser feita a cada 3 a 7 dias. Se a densidade de pragas estiver próxima do Nível de Controle, aumente a frequência.
- Anote Pragas e Inimigos Naturais: Além de contar as pragas, registre a presença de seus inimigos naturais (joaninhas, tesourinhas, aranhas, etc.). A presença deles indica o Nível de Não-Ação (NNA): um ponto em que a população de inimigos naturais é suficiente para controlar a praga sem a sua intervenção.
É fundamental registrar todos esses dados de forma organizada. Um software de gestão agrícola ou planilhas bem estruturadas permitem analisar a evolução das pragas e tomar decisões mais precisas.
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Principais Pragas da Cultura do Algodão
Agora, vamos detalhar as pragas mais comuns, seus danos e os Níveis de Controle recomendados.
Coleópteros-praga: os besouros que atacam o algodoeiro
Bicudo-do-algodoeiro – Anthonomus grandis
É a praga-chave da cultura. A fêmea deposita seus ovos dentro dos botões florais, onde as larvas se desenvolvem. Os adultos se alimentam de flores e maçãs.
- Danos na Lavoura: Queda de botões florais, flores que não abrem (“flores balão”) e pétalas perfuradas. Os botões atacados apresentam perfurações escuras (alimentação) ou com pólen na borda (oviposição).
- Nível de Controle (NC): O NC é progressivo. Se a planta tem, em média, 2 maçãs, o limite de tolerância é de 2% de botões florais atacados. Se tem 5 maçãs, o NC sobe para 5% de botões atacados. A Embrapa também sugere o NC de 5% de plantas com botões atacados ou com a presença do adulto.
Danos em botões florais: À esquerda, orifício de oviposição. À direita, de alimentação. (Fonte: Forestry images)
Broca-da-raiz – Eutinobothrus brasiliensis
As larvas se desenvolvem na região do colo da planta de algodão, abrindo galerias no caule.
- Danos na Lavoura: Murcha de plantas novas. Em plantas mais desenvolvidas, as folhas ficam avermelhadas e murcham, podendo levar à morte da planta.
Hemípteros: os sugadores do algodão
Mosca-branca – Bemisia tabaci biótipo B
Este inseto suga a seiva das folhas, causando danos diretos e indiretos.
- Danos Diretos: A mosca-branca causa enrolamento de folhas jovens e excreta uma substância açucarada (“mela”) que favorece o crescimento do fungo fumagina, prejudicando a qualidade da fibra.
- Danos Indiretos: Transmissão da virose “mosaico comum” do algodoeiro.
Pulgão-do-algodoeiro – Aphis gossypii
Localiza-se principalmente na parte inferior das folhas e nos brotos novos.
- Danos Diretos: Causa enrugamento de folhas e ponteiros, além de deformar os brotos. Assim como a mosca-branca, produz “mela” que leva à fumagina.
- Danos Indiretos: Transmite as viroses “vermelhão” e “mosaico das nervuras”.
- Nível de Controle (NC): Para cultivares resistentes a viroses, o controle é indicado com 60% a 70% de plantas com colônias. Para cultivares suscetíveis, o NC cai para 5% a 15% de plantas com colônias.
Fumagina em plumas de algodão após ataque de pulgão.
(Fonte: Agrolink)
Percevejo-castanho-da-raiz – Scaptocoris castanea
Ataca o sistema radicular, dificultando a absorção de água e nutrientes.
- Danos na Lavoura: Folhas amareladas e murcha, sintomas semelhantes aos de deficiência nutricional ou estresse hídrico.
Complexo de percevejos
Inclui espécies como o percevejo-verde (Nezara viridula), percevejo-marrom (Euschistus heros) e o percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii).
- Danos na Lavoura: Queda de botões florais e maçãs novas. Nas maçãs maiores, causam pontuações e deformações, deixando-as com formato de “bico de papagaio”.
- Nível de Controle (NC): 20% de plantas com botões florais atacados.
Lagartas que atacam a cultura do algodão
Curuquerê-do-algodoeiro – Alabama argilacea
É uma praga que costuma aparecer no início do ciclo, geralmente associada à má destruição de soqueiras (restos da cultura anterior).
- Danos na Lavoura: Alimenta-se das folhas, deixando-as cortadas. Em altas infestações, pode causar desfolha intensa.
- Nível de Controle (NC): Média de 25% de desfolhamento, em qualquer fase de desenvolvimento da cultura.
Lagarta-falsa-medideira – Chrysodeixis includens
Praga comum na soja, mas que tem se adaptado cada vez mais ao algodoeiro.
- Danos na Lavoura: Causa desfolha, raspando a folha e deixando a epiderme intacta (aspecto “rendilhado”). Com o tempo, a área danificada seca e cai, formando perfurações.
Folha “rendilhada” após ataque de falsa-medideira.
(Fonte: Claudinei Kappes em Campo e Negócios)
Lagartas Heliothinae
Formam um complexo com duas espécies principais: Heliothis virescens (lagarta-da-maçã) e Helicoverpa armigera.
- Danos na Lavoura: Atacam diretamente as estruturas reprodutivas, danificando botões florais e maçãs, o que pode causar a queda dessas estruturas.
- Nível de Controle (NC): 10% ou mais de ponteiros atacados.
Lagarta-rosada – Pectinophora gossypiella
A lagarta tem coloração rosada e ataca as estruturas reprodutivas.
- Danos na Lavoura: Causa murcha e queda de botões florais. Penetra nas maçãs, destruindo fibras e sementes.
- Nível de Controle (NC): 5% de maçãs com lagartas. Recomenda-se amostrar 100 maçãs em formação por talhão.
Complexo Spodoptera spp
Agrupa espécies como S. eridania, S. cosmioides e a conhecida S. frugiperda (lagarta-do-cartucho).
- Danos na Lavoura: São muito agressivas. Perfurem e raspam folhas, além de danificar o interior de flores e maçãs.
- Nível de Controle (NC): 5% de plantas com massas de ovos e início da eclosão das lagartas.
Ácaros que atacam a cultura do algodão
A ocorrência de ácaros tem aumentado, principalmente em anos mais secos.
1. Ácaro-rajado – Tetranychus urticae
- Danos na Lavoura: Provoca manchas avermelhadas nas folhas, que começam a partir das nervuras, podendo levar à necrose e desfolha.
2. Ácaro-vermelho – Tetranychus ludeni
- Danos na Lavoura: Sintomas muito semelhantes aos do ácaro-rajado.
3. Ácaro-branco – Polyphagotarsonemus latus
- Danos na Lavoura: Deixa as folhas mais escuras e duras, com as bordas viradas para baixo. A parte de cima da folha ganha um aspecto vítreo (brilhante).
Sintomas do ácaro-branco na cultura do algodão.
(Fonte: FMC)
Nível de Controle (NC) para todos os ácaros: A aplicação é recomendada ao detectar as primeiras reboleiras (manchas de infestação na lavoura) ou quando 30% das plantas apresentarem colônias.
8 Dicas Essenciais para o Manejo de Pragas do Algodão
Para ter sucesso no controle das pragas do algodão a curto e longo prazo, siga estas recomendações:
- Controle plantas daninhas e soqueiras na entressafra: Elimine a “ponte verde” que alimenta as pragas entre uma safra e outra.
- Escolha cultivares de ciclo curto: Plante sempre dentro da janela recomendada para sua região para reduzir a exposição às pragas.
- Faça o tratamento de sementes: Proteja as plântulas contra o ataque de pragas iniciais, garantindo um bom estabelecimento da lavoura.
- Invista no monitoramento e use os Níveis de Controle: Não aplique inseticidas por calendário. Baseie suas decisões em dados coletados no campo.
- Priorize inseticidas seletivos no início do cultivo: Preserve os inimigos naturais, que são seus maiores aliados no controle biológico.
- Faça a rotação de mecanismos de ação: Evite usar sempre o mesmo tipo de inseticida para prevenir o surgimento de pragas resistentes.
- Plante áreas de refúgio estruturado: Ao usar algodão com tecnologia Bt, destine uma parte da área ao plantio de algodão não-Bt para retardar a seleção de lagartas resistentes.
- Aplique inseticidas apenas quando o Nível de Controle for atingido: Isso vale tanto para a área Bt quanto para a área de refúgio.
A tabela da Embrapa abaixo é uma excelente referência para os Níveis de Controle (NC):
(Fonte: Embrapa)
Conclusão
A cultura do algodão possui características que a tornam um alvo constante para diversas pragas. No entanto, o controle não precisa depender exclusivamente de pulverizações intensivas.
Ao implementar o Manejo Integrado de Pragas (MIP), você adota uma gestão mais inteligente, que se baseia em dados e observação. Conhecer as principais pragas, seus danos e, principalmente, os Níveis de Controle, permite tomar decisões mais eficazes, econômicas e sustentáveis.
Com as informações e dicas deste guia, você está mais preparado para identificar os insetos na sua lavoura e iniciar um manejo mais consciente, protegendo seu investimento e garantindo uma colheita mais produtiva.
Glossário
Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis): Principal inseto-praga da cultura do algodão. É um besouro cujas larvas se desenvolvem dentro dos botões florais e maçãs, causando sua queda e perdas diretas na produtividade.
Entressafra: Período entre o final de uma colheita e o início do próximo plantio. É uma janela de tempo crucial para o manejo, onde a destruição de restos culturais (soqueiras) ajuda a quebrar o ciclo de vida das pragas.
Fumagina: Fungo de coloração escura que se desenvolve sobre a substância açucarada (“mela”) excretada por insetos sugadores, como pulgões e a mosca-branca. Cobre as folhas e fibras, prejudicando a fotossíntese e a qualidade do algodão.
Inimigos Naturais: Organismos predadores (como joaninhas e aranhas) e parasitoides que se alimentam das pragas da lavoura. São aliados essenciais no controle biológico, ajudando a manter as populações de pragas em níveis baixos.
Manejo Integrado de Pragas (MIP): Estratégia que combina diferentes táticas de controle (cultural, biológico, químico) com base no monitoramento constante da lavoura. O objetivo é manter as pragas abaixo do nível de dano econômico de forma sustentável.
Nectários extraflorais: Glândulas presentes em folhas e outras partes da planta de algodão (fora das flores) que produzem néctar. Essa fonte de alimento atrai e favorece a sobrevivência e multiplicação de diversos insetos.
Nível de Controle (NC): Densidade populacional de uma praga em que é necessário aplicar uma medida de controle para evitar perdas econômicas. É o ponto em que o custo da aplicação do inseticida é menor que o prejuízo que a praga causaria.
Soqueiras: Restos das plantas de algodão que permanecem no campo após a colheita. A sua destruição é uma prática fundamental para eliminar abrigos e fontes de alimento para pragas como o bicudo durante a entressafra.
Tecnologia Bt: Refere-se a plantas de algodão geneticamente modificadas para expressar proteínas da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt). Essas proteínas são tóxicas para certas espécies de lagartas, conferindo resistência à planta.
Transforme seu Manejo de Pragas com a Gestão Certa
Realizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP) com anotações em papel ou planilhas separadas é um grande desafio. Controlar a frequência das vistorias, registrar a contagem de pragas e inimigos naturais em cada talhão e, principalmente, comparar esses dados com os Níveis de Controle (NC) pode se tornar um processo lento e sujeito a erros, impactando diretamente os custos com defensivos.
Um software de gestão agrícola como o Aegro simplifica essa rotina. Com o aplicativo, é possível registrar os monitoramentos diretamente no campo, gerando mapas de calor que indicam as áreas de maior infestação e facilitam a tomada de decisão para aplicações localizadas. Além disso, o sistema ajuda a planejar as atividades e a acompanhar o uso de defensivos, garantindo que cada pulverização seja feita no momento certo e com o produto correto, otimizando os custos de produção.
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Perguntas Frequentes
Qual a principal vantagem do Manejo Integrado de Pragas (MIP) em relação ao controle químico tradicional?
A principal vantagem do MIP é a sustentabilidade econômica e ambiental. Em vez de aplicar inseticidas por calendário, o MIP utiliza o monitoramento constante para decidir o momento exato da aplicação, baseando-se no Nível de Controle (NC). Isso reduz o número de pulverizações, diminui os custos de produção, preserva os inimigos naturais e previne o desenvolvimento de pragas resistentes.
Por que a destruição das soqueiras na entressafra é tão crucial para o controle do bicudo-do-algodoeiro?
A destruição das soqueiras (restos da cultura) elimina a chamada “ponte verde”, que serve de abrigo e fonte de alimento para o bicudo-do-algodoeiro sobreviver entre uma safra e outra. Ao eliminar esses restos culturais, quebramos o ciclo de vida da praga, reduzindo drasticamente a população inicial que atacará a nova lavoura, o que facilita muito o manejo durante o ciclo.
O que significa ‘Nível de Controle (NC)’ e por que ele é tão importante?
O Nível de Controle (NC) é a densidade populacional de uma praga em que a intervenção com inseticidas se torna necessária para evitar perdas econômicas. É um pilar do MIP, pois garante que as aplicações sejam feitas apenas quando o prejuízo potencial da praga supera o custo do controle. Seguir o NC evita pulverizações desnecessárias, economizando recursos e protegendo o ecossistema da lavoura.
O uso de algodão com tecnologia Bt elimina a necessidade de monitorar e controlar todas as lagartas?
Não. A tecnologia Bt é altamente eficaz contra as principais lagartas do complexo Heliothinae e Spodoptera, mas não controla todas as pragas. Pragas como o bicudo, percevejos, mosca-branca e ácaros não são afetadas. Além disso, o monitoramento contínuo é essencial para manejar lagartas que possam desenvolver resistência e para controlar as pragas não-alvo da tecnologia.
Como posso proteger os inimigos naturais na minha lavoura de algodão?
Para proteger os inimigos naturais, que controlam de 60% a 70% das pragas, é fundamental adotar duas práticas. Primeiro, priorize o uso de inseticidas seletivos, que afetam as pragas-alvo com mínimo impacto sobre os predadores e parasitoides. Segundo, aplique defensivos apenas quando o Nível de Controle (NC) for atingido, evitando intervenções químicas desnecessárias que poderiam eliminar esses importantes aliados.
Além do bicudo, quais outras pragas podem causar a queda de botões florais e maçãs no algodoeiro?
Sim, a queda de estruturas reprodutivas não é causada apenas pelo bicudo. O complexo de percevejos (verde, marrom) e lagartas como as do complexo Heliothinae (Helicoverpa armigera e Heliothis virescens) também atacam diretamente botões florais e maçãs, causando danos e provocando sua queda. Por isso, um monitoramento detalhado é crucial para identificar o agente causador do dano.
Qual o primeiro passo prático para começar a implementar o MIP na minha propriedade?
O primeiro e mais fundamental passo é estabelecer uma rotina de monitoramento sistemático. Divida sua área em talhões, defina pontos de amostragem representativos e realize vistorias semanais, anotando a quantidade de pragas e também de inimigos naturais. A coleta organizada desses dados é a base para tomar todas as outras decisões do MIP, como definir o momento certo de aplicar um inseticida.
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