Iniciar uma nova safra exige um bom planejamento e, claro, recursos financeiros para tirar os projetos do papel. No entanto, nem sempre o capital total está disponível no momento certo, e é nessas horas que o crédito bancário se torna um aliado fundamental.
Para facilitar esse acesso ao dinheiro, o Governo Federal oferece o Plano Safra, um programa que ajuda a custear as operações, financiar inovações e apoiar a comercialização da produção, com foco especial nos pequenos e médios produtores.
Mas você sabe exatamente quais são as linhas de crédito disponíveis para a sua realidade e as taxas de juros aplicadas? Neste guia, detalhamos as principais novidades do Plano Safra 2020/21 para que você possa aproveitar ao máximo esse importante financiamento rural.
Entendendo o Plano Safra 2020/21
O Plano Safra 2020/21 esteve em vigor de 1º de julho de 2020 até 30 de junho de 2021. Seu principal objetivo foi incentivar uma produção mais sustentável e fortalecer os pequenos e médios produtores rurais, ampliando o acesso ao crédito rural em todo o país.
Para este ciclo, foram disponibilizados R$ 236,3 bilhões, um aumento de R$ 13,5 milhões em comparação ao ano anterior. Esse montante foi estrategicamente dividido para atender diferentes necessidades do campo:
- R$ 179,38 bilhões foram destinados para o custeio da safra e para a comercialização dos produtos agrícolas.
- R$ 56,92 bilhões foram alocados para investimentos em infraestrutura, como a compra de máquinas e implementos.
Esses recursos foram essenciais para garantir a continuidade da produção e o abastecimento do país, especialmente em um período de desafios econômicos.
A tabela abaixo, divulgada pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), mostra a comparação dos recursos entre os dois últimos planos.
Volume de recursos e suas finalidades nos Planos Safra 2019/20 e 2020/21
(Fonte: Mapa)
Além do aumento no volume total, os investimentos foram ampliados em 30% para fortalecer o setor. O mesmo percentual foi adicionado ao seguro rural, que para esta safra totalizou R$ 1,3 bilhão. Na prática, esse valor possibilitou a contratação de aproximadamente 298 mil apólices, cobrindo uma área média de 21 milhões de hectares.
Conheça as Principais Linhas de Crédito do Plano Safra 2020/21
O Plano Safra 2020/21 trouxe mudanças importantes nas linhas de crédito, com o objetivo de oferecer mais benefícios ao produtor rural. As taxas de juros foram reduzidas, principalmente para os pequenos e médios produtores.
No total, foram disponibilizados R$ 66,1 bilhões para investimentos diretos nas propriedades rurais, divididos da seguinte forma:
- R$ 33 bilhões para agricultores familiares, através do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
- R$ 33,1 bilhões para médios produtores, por meio do Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural).
Ambas as linhas tiveram uma redução significativa nas taxas de juros em comparação com o plano anterior.
Taxas de Juros por Categoria de Produtor
- Pequenos Produtores (Pronaf): As taxas de juros para custeio e comercialização ficaram entre 2,75% e 4% ao ano.
- Médios Produtores (Pronamp): A taxa de juros para esta categoria foi fixada em 5% ao ano.
- Grandes Produtores: Para os demais produtores, a taxa de juros foi de 6% ao ano.
A tabela a seguir, também do Mapa, ilustra a distribuição dos recursos por tipo de beneficiário.
(Fonte: Mapa)
Programas de Incentivo à Sustentabilidade: Programa ABC e Pronaf-Bio
O Plano Safra 2020/21 também reforçou o compromisso com práticas mais sustentáveis, oferecendo linhas de crédito específicas para essa finalidade.
O Programa ABC (Programa para Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura) foi uma delas. Com R$ 2,5 bilhões em recursos, o programa financiou a adoção de técnicas sustentáveis. Dentro dele, a linha ABC Ambiental ofereceu uma taxa de juros de 4,5% ao ano para produtores que precisavam adequar suas propriedades ao Código Florestal.
Outra novidade foi o Pronaf-Bio, uma linha de crédito totalmente voltada para o financiamento das cadeias produtivas da bioeconomia, incentivando o uso de recursos biológicos de forma sustentável.
Investimento em Inovação e Tecnologia
A modernização do campo foi outro pilar importante do Plano Safra 2020/21, com linhas de crédito voltadas para inovação e tecnologia.
Segundo a então ministra da Agricultura, Tereza Cristina, os investimentos em tecnologia e inovação neste plano cresceram 29% em relação à safra passada. Essa medida buscou acelerar o uso de técnicas modernas para melhorar a sustentabilidade e a rentabilidade da fazenda.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina durante lançamento do Plano Safra 2020/21 em evento no Palácio do Planalto
(Fonte: Agência Brasil)
As principais linhas para tecnologia foram:
- Moderinfra (Programa de Incentivo à Irrigação e à Produção em Ambiente Protegido): Com uma taxa de juros de 6% ao ano, este programa apoiou projetos de irrigação e cultivo protegido.
- Incentivo à Armazenagem: Para combater as perdas pós-colheita, o plano ofereceu uma linha para construção de armazéns e silos com taxa de 5% ao ano. Investir em armazenamento tecnificado é um passo crucial para melhorar a rentabilidade.
- Apoio à Pecuária: Também foram disponibilizadas linhas de crédito específicas para tecnificar e modernizar o setor pecuário.
- Inovagro e Prodecoop: Estes programas incentivaram a adoção de novas tecnologias, principalmente bioinsumos, tanto dentro das empresas rurais (Inovagro) quanto em cooperativas (Prodecoop).
Se você precisa de crédito para levar mais tecnologia para sua fazenda, estas condições foram criadas para otimizar seus processos e trazer mais praticidade ao seu dia a dia.
Conclusão
Neste artigo, você conferiu as principais linhas de crédito e as taxas de juros do Plano Safra 2020/21. As grandes novidades daquele ano foram o maior volume de recursos disponíveis e as condições mais vantajosas para pequenos e médios produtores em comparação ao ciclo anterior.
Além disso, o plano demonstrou um foco claro em dois pilares estratégicos:
- Sustentabilidade: Fomentar políticas sustentáveis no agronegócio, com linhas de crédito específicas para essa área.
- Inovação: Proporcionar condições diferenciadas para que produtores e empresas do agro pudessem investir em tecnologia, especialmente em bioprodutos.
A recomendação é sempre a mesma: pesquise, analise as modalidades em que sua propriedade se enquadra e aproveite essas oportunidades para diminuir riscos e planejar investimentos que tragam mais produtividade e lucro para o seu negócio.
Glossário
Crédito Rural: Financiamento destinado a produtores rurais para cobrir despesas da produção (custeio), realizar investimentos na propriedade ou apoiar a comercialização. Funciona como um empréstimo com condições especiais para o agronegócio.
Custeio: Modalidade de crédito rural usada para financiar as despesas do ciclo produtivo de uma safra. Inclui a compra de insumos como sementes, fertilizantes, defensivos e o pagamento de mão de obra.
Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento): Órgão do Governo Federal responsável por formular e implementar políticas para o desenvolvimento do agronegócio no Brasil. É a principal autoridade na gestão de programas como o Plano Safra.
Plano Safra: Principal programa do governo brasileiro de fomento ao setor agropecuário, anunciado anualmente. Ele define o volume de recursos, as taxas de juros e as regras para o crédito rural que irá financiar a produção agrícola no país.
Programa ABC (Programa para Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura): Linha de crédito do Plano Safra que financia a adoção de práticas agrícolas sustentáveis. Incentiva técnicas como recuperação de pastagens degradadas, plantio direto e integração lavoura-pecuária-floresta.
Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar): Linha de crédito do Plano Safra com condições especiais (juros mais baixos e prazos maiores) para agricultores familiares. Seu objetivo é fortalecer a produção e a renda de pequenos produtores rurais.
Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural): Linha de crédito do Plano Safra voltada para produtores rurais de porte médio. Oferece taxas de juros e condições de financiamento intermediárias entre as do Pronaf e as dos grandes produtores.
Seguro Rural: Mecanismo de proteção que ampara o produtor rural contra perdas na produção causadas principalmente por eventos climáticos adversos, como seca, excesso de chuva ou geada. O governo subsidia parte do valor da apólice para incentivar sua contratação.
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Conseguir o crédito do Plano Safra é um passo fundamental, mas o verdadeiro desafio começa depois: como garantir que cada real investido em custeio, máquinas ou tecnologia se transforme em lucro?
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Perguntas Frequentes
Qual foi o principal objetivo do Plano Safra 2020/21?
O principal objetivo do Plano Safra 2020/21 foi fortalecer os pequenos e médios produtores rurais e incentivar uma produção agrícola mais sustentável em todo o país. Para isso, o programa disponibilizou R$ 236,3 bilhões em crédito rural para custeio, comercialização e investimentos.
Como as taxas de juros do Plano Safra 2020/21 variavam para cada tipo de produtor?
As taxas de juros foram definidas de forma escalonada para beneficiar os produtores menores. Agricultores familiares (Pronaf) tiveram taxas entre 2,75% e 4% ao ano, médios produtores (Pronamp) contaram com uma taxa de 5% ao ano, e os demais produtores rurais tiveram acesso a crédito com juros de 6% ao ano.
Qual a diferença entre as linhas de crédito Pronaf e Pronamp no Plano Safra 2020/21?
A principal diferença está no público-alvo e nas condições de financiamento. O Pronaf era destinado exclusivamente a agricultores familiares, oferecendo as menores taxas de juros. Já o Pronamp era voltado para produtores rurais de porte médio, com taxas e condições intermediárias.
O Plano Safra 2020/21 oferecia crédito para práticas agrícolas sustentáveis?
Sim, a sustentabilidade foi um dos pilares daquele plano. O Programa ABC, com R$ 2,5 bilhões em recursos, financiou a adoção de técnicas para redução de emissão de gases de efeito estufa. Além disso, a linha Pronaf-Bio foi criada para incentivar projetos ligados à bioeconomia.
De que forma o plano incentivou o investimento em tecnologia e inovação no campo?
O plano aumentou em 29% os recursos para investimentos em inovação. Foram oferecidas linhas de crédito específicas como o Moderinfra, para projetos de irrigação, e o Inovagro, para a adoção de novas tecnologias. Também houve forte incentivo para a construção de armazéns, visando reduzir perdas pós-colheita.
Além do custeio, para que mais servia o crédito do Plano Safra 2020/21?
Além de financiar o custeio da safra e a comercialização, uma parcela significativa dos recursos (R$ 56,92 bilhões) foi destinada a investimentos. Isso incluía a compra de máquinas e implementos, construção de armazéns, projetos de irrigação e a adoção de tecnologias para modernizar a produção agrícola e pecuária.
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