5 Dicas para Otimizar o Uso de Fertilizantes e Aumentar a Produtividade

Engenheira agrônoma, mestre e doutora na linha de pesquisa de plantas daninhas. Atualmente professora da UEL (Universidade Estadual de Londrina).
5 Dicas para Otimizar o Uso de Fertilizantes e Aumentar a Produtividade

Que tal produzir mais com um custo menor por saca? Sabemos que um planejamento agrícola bem-feito é a base para reduzir despesas. Agora, vamos aplicar esse mesmo planejamento para otimizar o uso de um dos insumos mais importantes da sua lavoura: os fertilizantes.

A aplicação de fertilizantes na quantidade correta e no momento certo é um investimento direto no seu resultado. Essa prática não só garante um bom rendimento, como pode aumentar a produtividade em até 50%.

Sejam orgânicos ou minerais, os fertilizantes são essenciais para alcançar altas produtividades. Quando um nutriente está em falta, a produção fica limitada por ele, mesmo que todos os outros estejam disponíveis em abundância. Isso reduz seu potencial produtivo e afeta a rentabilidade.

A seguir, apresentamos cinco dicas práticas que vão ajudar você a otimizar o uso de fertilizantes na sua operação agrícola.

Dica 1: Comece com uma análise de solo precisa para investir com certeza

Este é o ponto de partida fundamental. A análise de solo deve ser realizada com regularidade, idealmente todos os anos. Com os resultados em mãos, você saberá exatamente a quantidade de cada nutriente que sua próxima cultura vai precisar, sem desperdícios.

No campo, existem diversas ferramentas manuais para a coleta de amostras, mas o tempo e o trabalho envolvidos podem ser um obstáculo.

uma ilustração comparativa de cinco ferramentas manuais utilizadas para a amostragem e manejo do solo na agric(Fonte: Andre Pereira Lima em Nutrical)

Felizmente, novas tecnologias estão simplificando esse processo. Equipamentos para análise de solo automatizada e georreferenciada ganham cada vez mais espaço, oferecendo mais precisão e agilidade ao produtor.

A imagem animada (GIF) exibe em close-up a operação de um amostrador de solo mecanizado. O equipamento, com estrutura metálic(Fonte: Saci Soluções)

Com a amostragem georreferenciada, seu planejamento agrícola se torna muito mais direcionado. É possível criar mapas de fertilidade que mostram as diferentes necessidades de adubação e correção do solo em cada parte do talhão.

Esses mapas permitem a aplicação de fertilizantes em taxa variável. Isso significa que você aplica o adubo, calcário ou gesso apenas onde é realmente necessário e na quantidade ideal. A taxa variável é uma das principais ferramentas da agricultura de precisão e um excelente recurso para a gestão rural.

a interface de um software de agricultura de precisão, a plataforma InCeres, apresentando um mapa de recomenda(Fonte: Inceres)

Softwares de gestão como o Aegro permitem que você cadastre suas áreas produtivas e as georreferencie no mapa, facilitando o controle de custos e necessidades por talhão.

Este GIF demonstra o processo de criação e mapeamento de uma nova área agrícola, ou talhão, dentro da plataforma Aegro. A tel

Manter um histórico de adubação e correção também é essencial. Esses registros ajudam a entender a evolução da sua propriedade e a definir a melhor estratégia de produção. Mantenha seus dados organizados para estar sempre no comando.

Para saber mais, leia nosso guia: Software para Agricultura de Precisão: O guia definitivo para escolher um

Dica 2: Conheça as opções de produtos e escolha com base em dados

Ao final de cada safra, reserve um tempo para avaliar os resultados. Identifique quais fertilizantes e corretivos trouxeram o melhor desempenho para sua lavoura. Essa análise permitirá selecionar os produtos de forma mais criteriosa e técnica nos próximos cultivos.

O mercado oferece inúmeras opções. Por exemplo, ao comprar calcário, qual a melhor escolha para a sua área?

  • Calcário Calcítico: Possui teor de magnésio (MgO) inferior a 5%. Ideal para solos que já têm níveis adequados de magnésio.
  • Calcário Magnesiano: Contém entre 5% e 12% de magnésio. Usado para corrigir o pH e fornecer magnésio simultaneamente.
  • Calcário Dolomítico: Apresenta teor de magnésio acima de 12%. Indicado para solos com deficiência severa deste nutriente.

O calcário é apenas um exemplo. Pense em todos os outros insumos que você define anualmente. O acompanhamento rigoroso da lavoura é vital para verificar se os produtos escolhidos estão alinhados com seus objetivos de produtividade e rentabilidade.

Com uma lista de produtos definidos, avalie preços, qualidade e os serviços oferecidos pelos fornecedores. No entanto, essa análise detalhada é impossível se a compra for feita de última hora. Por isso, o planejamento estratégico da produção antes do início da safra é tão importante.

Lembre-se sempre: o fertilizante deve ser tratado como um investimento, buscando a melhor relação custo-benefício possível.

Dica 3: Parcele a aplicação de nutrientes (especialmente nitrogênio e potássio)

As culturas extraem nutrientes do solo em diferentes quantidades e em diferentes fases do seu desenvolvimento. O parcelamento da adubação deve ser planejado com base no tipo de solo e na demanda da planta. Solos mais arenosos, por exemplo, exigem maior parcelamento para evitar perdas de nitrogênio.

O foco no nitrogênio (N) e no potássio (K) ocorre porque esses nutrientes são mais móveis e facilmente lixiviados no solo. Lixiviação significa que a água da chuva ou da irrigação “lava” esses nutrientes para camadas mais profundas, fora do alcance das raízes. Se isso acontece, o investimento em fertilizante é perdido.

Na cultura do milho, por exemplo, a maior parte do nitrogênio é absorvida até o florescimento.

Leia também: Cuidados que você deve ter para evitar deficiência de potássio na soja

Dados de pesquisa mostram que a maior parte do nitrogênio que a planta de milho utiliza precisa ser absorvida do solo durante o ciclo, sendo que apenas 38% do N total é remobilizado (movido de folhas e colmo) para os grãos na fase final.

Este infográfico, intitulado ‘Figura 1’, ilustra as diferentes fases de desenvolvimento da cultura do milho e a dinâmica de a(Fonte: Agronegócio em foco)

Fica claro que a época de aplicação do fertilizante impacta diretamente os custos e a produtividade. No caso do milho, a maior parte da adubação nitrogenada deve ser concluída até o florescimento para garantir o máximo aproveitamento.

Para a soja, a Embrapa disponibiliza esta publicação detalhada, que mostra a absorção de nutrientes em cada fase da cultura.

infográfico técnico e detalhado sobre os estádios fenológicos e a marcha de absorção de nutrientes da cultura d(Fonte: Embrapa)

Dica 4: Saiba identificar a deficiência de nutrientes em campo

Aprender a identificar os sintomas de deficiência de nutrientes em suas plantas é uma habilidade valiosa. Isso ajuda a corrigir problemas na safra atual (quando possível) e, principalmente, a prevenir que se repitam nas próximas.

Este é um infográfico educacional em português intitulado ‘Sua planta está doente?’. Ele serve como um guia visual para ajuda(Fonte: Eng. Agrônoma Angela Rossi e Arte UOL em Eu Quero Biologia)

Se você está observando sintomas visuais, é sinal de que algo no planejamento falhou. As causas mais comuns são:

  • Dose errada do produto;
  • Ausência de aplicação de um nutriente necessário;
  • Época de aplicação incorreta, fora da janela de maior demanda da cultura.

Use os links a seguir para aprofundar seu conhecimento sobre deficiências nutricionais no milho e na soja.

Dica 5: Utilize tecnologias e softwares para a gestão agrícola

O uso de softwares na gestão da fertilidade está cada vez mais consolidado no campo. Essas tecnologias são aliadas poderosas para otimizar as aplicações e aumentar a eficiência.

Como vimos, ferramentas digitais são úteis em vários momentos:

  • Na realização da amostragem de solo georreferenciada;
  • Na criação de mapas para aplicação em taxas variáveis;
  • No acompanhamento da safra, centralizando todas as informações.

O Aegro, por exemplo, possui funcionalidades que mostram os insumos planejados para cada talhão. Além disso, a tela de estoque permite controlar todas as entradas e saídas de produtos, oferecendo uma visão clara e prática de todo o seu inventário.

‘Painel de Controle’ do software de gestão agrícola Aegro, focado em uma safra de milho. A tela apresenta um](https://conhecimento.aegro.com.br/contato)

Para ajudar no seu planejamento, disponibilizamos gratuitamente uma planilha para cálculo de fertilizantes. Baixe agora!

Este é um banner promocional digital projetado para atrair produtores rurais e agrônomos. A imagem está dividida em duas seçõ

Conclusão

Fica evidente que o planejamento agrícola integra todas as etapas da produção, incluindo o uso estratégico de fertilizantes e corretivos.

Neste artigo, você viu a importância da adubação baseada em análise de solo, o parcelamento de nutrientes, a identificação de deficiências e como softwares de gestão podem otimizar essas atividades.

Aproveite estas dicas para refinar a aplicação de fertilizantes na sua lavoura. Adotar essas práticas pode ser o diferencial que você busca para aumentar sua margem de lucro e a sustentabilidade do seu negócio.


Glossário

  • Agricultura de Precisão: Estratégia de gestão agrícola que utiliza tecnologia para gerenciar a variabilidade dentro dos talhões. Permite a aplicação de insumos, como fertilizantes, em taxa variável, otimizando o uso e reduzindo custos.

  • Análise de Solo: Procedimento laboratorial que identifica a quantidade de nutrientes e o nível de acidez (pH) do solo. É a ferramenta fundamental para determinar a necessidade exata de adubação e calagem de uma área.

  • Estádios Fenológicos: As diferentes fases do ciclo de vida de uma planta, como germinação, desenvolvimento vegetativo, florescimento e maturação. A demanda por nutrientes varia em cada um desses estágios, sendo crucial para planejar a adubação.

  • Georreferenciamento: Técnica de associar dados, como os resultados da análise de solo, a coordenadas geográficas específicas. Isso permite a criação de mapas de fertilidade que mostram as necessidades nutricionais de cada ponto do talhão.

  • Lixiviação: Processo em que a água da chuva ou da irrigação “lava” os nutrientes móveis do solo (como nitrogênio e potássio) para camadas mais profundas, fora do alcance das raízes. É uma das principais causas de perda de fertilizantes.

  • Remobilização de Nutrientes: Mecanismo interno da planta que move nutrientes de uma parte (ex: folhas mais velhas) para outra com maior demanda (ex: grãos em formação). Entender esse processo ajuda a definir a época correta de adubação.

  • Talhão: Subdivisão de uma área agrícola, tratada como uma unidade de manejo independente. O planejamento de atividades como plantio, aplicação de insumos e colheita é geralmente feito por talhão.

  • Taxa Variável: Técnica de aplicação de insumos em que a quantidade (dose) é ajustada automaticamente conforme a necessidade de cada microrregião dentro de um mesmo talhão. É uma das principais práticas da agricultura de precisão.

Otimize o uso de fertilizantes com uma gestão integrada

Gerenciar o custo dos fertilizantes e planejar cada aplicação com precisão são os maiores desafios para garantir a rentabilidade da lavoura. Um software de gestão agrícola como o Aegro resolve isso ao centralizar o controle de estoque e o acompanhamento financeiro. Com ele, você sabe exatamente quanto gastou por talhão, compara o planejado com o realizado e toma decisões baseadas em dados concretos, evitando desperdícios e otimizando cada real investido.

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Perguntas Frequentes

Com que frequência devo realizar a análise de solo na minha propriedade?

O ideal é realizar a análise de solo anualmente, sempre antes do início de uma nova safra. Essa prática garante que você tenha informações atualizadas sobre a fertilidade, permitindo um planejamento de adubação e calagem preciso para a cultura que será implantada, evitando gastos desnecessários e maximizando o potencial produtivo.

Qual é a principal vantagem de aplicar fertilizantes em taxa variável?

A principal vantagem da aplicação em taxa variável é a eficiência. Em vez de aplicar uma dose única em todo o talhão, você fornece a cada microrregião a quantidade exata de nutrientes que ela precisa. Isso resulta em uma economia significativa de insumos, um aumento da produtividade nas áreas que antes eram sub-fertilizadas e uma redução do impacto ambiental.

Por que o parcelamento da adubação é mais crítico para o nitrogênio (N) e o potássio (K)?

O nitrogênio e o potássio são nutrientes muito móveis no perfil do solo. Se aplicados de uma só vez em grandes quantidades, eles podem ser facilmente perdidos pela lixiviação — ou seja, lavados pela água da chuva ou irrigação para camadas profundas, fora do alcance das raízes. Parcelar a aplicação garante que esses nutrientes estejam disponíveis para a planta nas fases de maior demanda, evitando desperdício do seu investimento.

Se eu identificar uma deficiência nutricional visualmente na lavoura, ainda é possível corrigi-la?

Quando os sintomas visuais de deficiência aparecem, o potencial produtivo da planta já foi comprometido. Em alguns casos, aplicações foliares de emergência podem mitigar parte do dano, mas não revertem a perda. O ideal é usar essa observação como um aprendizado para ajustar o planejamento de adubação da próxima safra e evitar que o problema se repita.

Qual a diferença prática entre os tipos de calcário (calcítico, magnesiano e dolomítico)?

A diferença está nos teores de magnésio. A escolha depende exclusivamente dos resultados da sua análise de solo: se o solo precisa apenas corrigir o pH e já tem magnésio suficiente, usa-se o calcítico. Se há necessidade de fornecer magnésio junto com a correção de acidez, as opções são o magnesiano (teor médio de Mg) ou o dolomítico (teor alto de Mg).

Como um software de gestão agrícola ajuda a otimizar o uso de fertilizantes?

Um software de gestão, como o Aegro, centraliza todas as informações cruciais. Ele ajuda a registrar os resultados das análises de solo, a planejar os custos por talhão, a controlar o estoque de insumos e a acompanhar as aplicações. Com esses dados organizados, você consegue tomar decisões mais assertivas, comparar o planejado com o realizado e identificar onde é possível economizar.

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