A irrigação por pivô central é a técnica mais utilizada no Brasil hoje. Para se ter uma ideia, em 2020, cerca de 1,6 milhão de hectares foram irrigados com esse sistema, mostrando sua força no campo.
Contudo, antes de fazer um investimento que costuma ser alto, é fundamental analisar com calma as vantagens e desvantagens do pivô central.
Quer entender melhor como esse sistema funciona na prática e ter uma noção de quanto pode custar para instalá-lo na sua fazenda?
Neste artigo, reunimos todas essas informações. Além disso, oferecemos uma planilha gratuita para você estimar os custos e decidir se vale a pena adotar essa tecnologia na sua propriedade. Confira!
Como Funciona um Sistema de Pivô Central na Prática
O sistema de pivô central opera em três etapas principais: a captação da água, o transporte até a torre central e, por fim, a distribuição sobre a lavoura por meio de aspersores.
Vamos detalhar cada uma delas.
Captação da Água A primeira etapa é bombear a água de uma fonte, que pode ser superficial (rios, lagos, represas) ou subterrânea (poços, lençol freático). Este passo é decisivo para definir o tamanho da área que você poderá irrigar. É aqui que entra a outorga de água, que é a licença oficial que define a vazão (quantidade de água por segundo) e o volume total que você pode usar para irrigação.
Transporte da Água Depois de captada, a água é transportada até a torre central do pivô através de uma tubulação chamada adutora. Geralmente, uma motobomba é usada para empurrar a água. O comprimento dessa adutora e a potência da motobomba dependem de dois fatores: a distância e o desnível do terreno entre o ponto de captação e a torre do pivô.
Distribuição na Lavoura A última fase é a distribuição da água. Uma tubulação aérea, suspensa por torres, leva a água até os aspersores que a espalham sobre as plantas. Em um sistema de pivô tradicional, as torres se movem com a ajuda de um motor, girando ao redor da torre central. Esse movimento cria a clássica área de irrigação em formato de círculo.
Diagrama esquemático das partes de um sistema de pivô central. (Fonte: Adaptado de Testezlaf, 2015)
Existem também outras variações desse sistema, que vamos conhecer a seguir.
Os 3 Principais Tipos de Sistemas de Pivô
Em termos de estrutura e funcionamento, podemos dividir os sistemas de pivô em três tipos principais:
Pivô Central Fixo
É o modelo mais comum, onde a torre central é fixada em uma base de concreto. O sistema permanece sempre no mesmo local, irrigando uma área circular ao redor dessa torre.
Pivô Central Rebocável
Este sistema é muito parecido com o fixo, mas com uma diferença importante: a torre central é montada sobre um chassi com rodas. Isso permite que o pivô seja transportado e utilizado em diferentes áreas da fazenda, conforme a necessidade.
Pivô Lateral (ou Linear)
Diferente dos outros, este sistema não gira em torno de um ponto central. Suas torres se movem em linha reta, percorrendo grandes áreas de formato retangular ou quadrado.
Exemplos de sistemas de irrigação pivô fixo (circular) e lateral (retangular). (Fonte: adaptado de Free3D)
Pivô Central: Vale a Pena? Vantagens e Desvantagens
Quando comparado a outros métodos de irrigação, o pivô central tem seus pontos fortes e fracos. Analisá-los é essencial para uma boa decisão.
Vantagens do Pivô Central
- Grande Área Coberta: Um único pivô central consegue irrigar áreas extensas, o que o torna mais eficiente para grandes lavouras do que muitos outros sistemas.
- Alta Automação e Baixa Mão de Obra: A operação do sistema exige pouca mão de obra para controle e manejo quando comparado a sistemas como a irrigação por sulcos ou aspersão convencional.
- Vida Útil Longa: Com a manutenção correta, um sistema de pivô pode durar de 15 a 20 anos. Recomenda-se sempre fazer uma manutenção preventiva completa antes do início de cada safra.
- Possibilidade de Fertirrigação: É possível adicionar fertilizantes diretamente na água de irrigação, uma prática chamada de [fertirrigação]. Isso otimiza a aplicação de nutrientes, distribuindo-os de forma uniforme junto com a água.
Desvantagens e Pontos de Atenção
- Perda de Área nos Cantos: Em pivôs fixos ou rebocáveis, a irrigação circular em uma área quadrada resulta em “cantos” que não recebem água. Essa perda de área útil precisa ser considerada no planejamento.
- Limitação por Relevo: Terrenos muito acidentados ou com grande declive podem limitar ou até impedir a instalação e o funcionamento correto do pivô.
- Menor Precisão em Condições de Vento: A precisão da aplicação de água pode ser afetada pelo vento. A [deriva], que é quando o vento espalha as gotas de água para fora da área desejada, diminui a eficiência e uniformidade da irrigação.
- Risco de Doenças: Como a água é aspersada sobre toda a planta, o molhamento constante das folhas pode criar um ambiente úmido favorável ao surgimento de doenças fúngicas.
Uma Solução: o Método LEPA
Para melhorar a eficiência, existe uma adaptação chamada método LEPA (Low Energy Precision Application, ou Aplicação de Precisão com Baixa Energia). Ele traz vantagens importantes em relação ao pivô convencional:
- Reduz o consumo de energia.
- Aumenta a precisão da [lâmina aplicada], que é a quantidade exata de água que chega ao solo.
- Diminui a perda de água por deriva causada pelo vento.
- Reduz o molhamento das folhas, diminuindo os riscos de doenças.
Quanto Custa Instalar um Pivô Central?
O sistema de pivô tem um custo de implantação mais alto em comparação com outros métodos de irrigação. Além do investimento inicial, os custos de manutenção e, principalmente, de energia para movimentar o sistema e bombear a água também costumam ser mais elevados.
Para te ajudar a planejar esse investimento com mais segurança, preparamos uma planilha gratuita onde você pode listar tudo o que precisa considerar para cada área que pretende irrigar.
Checklist: O Que Analisar Antes de Investir em Irrigação
Lembre-se que, além dos custos, o sucesso do seu sistema de irrigação depende de vários fatores. Os mais importantes são:
- Projeto de Qualidade: Um projeto inicial bem elaborado por um especialista é o primeiro passo para evitar problemas futuros.
- Disponibilidade de Água: Verifique se sua fonte hídrica (rio, poço, etc.) tem vazão suficiente e se você possui a outorga necessária.
- Tipo de Solo e Topografia: Analise se o solo e o relevo da sua área são adequados para o sistema de pivô.
- Energia: Confirme a disponibilidade e o custo da energia elétrica na sua propriedade, pois o pivô consome bastante.
- Cultura: O tipo de cultura que você planta também influencia na escolha do melhor sistema de irrigação.
A decisão entre um pivô central ou outro método deve considerar as características da sua fazenda (clima, relevo, mão de obra) e o seu perfil de investimento. Por isso, é altamente recomendado contratar um profissional capacitado para te ajudar a fazer a escolha certa.
Conclusão
O sistema de pivô central tem vantagens e desvantagens claras, mas sua grande utilização no Brasil comprova sua eficiência em muitas situações.
Neste artigo, vimos como ele funciona, seus principais tipos e os pontos que você precisa analisar antes de investir.
Lembre-se que, por ser um sistema de alto custo, ter um projeto inicial bem planejado é o que vai garantir o sucesso do seu investimento.
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Glossário
Deriva: Efeito do vento que desvia as gotas de água dos aspersores, fazendo com que caiam fora da área-alvo. Esse fenômeno reduz a uniformidade da irrigação e causa desperdício de água e energia.
Fertirrigação: Técnica que consiste em aplicar fertilizantes diluídos diretamente na água de irrigação. Permite uma distribuição mais uniforme e eficiente dos nutrientes para as plantas, otimizando o manejo da lavoura.
Lâmina aplicada: Refere-se à quantidade de água, medida em milímetros, que efetivamente chega à superfície do solo e fica disponível para as plantas após uma irrigação. Uma lâmina bem calculada evita tanto o desperdício de água quanto o estresse hídrico da cultura.
LEPA (Low Energy Precision Application): Sigla para “Aplicação de Precisão com Baixa Energia”. É um método que utiliza aspersores mais baixos e de menor pressão para aplicar a água diretamente perto do solo, reduzindo a deriva pelo vento e o consumo de energia.
Outorga de água: Autorização legal, emitida por um órgão público, que concede o direito de usar recursos hídricos (rios, poços, etc.) para uma finalidade específica. A outorga define o volume e a vazão máximos que podem ser captados para a irrigação.
Vazão: Medida que indica o volume de água que passa por um ponto em um determinado período de tempo, geralmente expressa em litros por segundo (L/s) ou metros cúbicos por hora (m³/h). É um dado fundamental para dimensionar bombas e sistemas de irrigação.
Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios
Investir em um pivô central é uma decisão de grande impacto, e como vimos, os custos de implantação e manutenção são pontos de atenção. Para garantir que esse alto investimento traga o retorno esperado, um controle financeiro e operacional preciso é indispensável.
É aqui que um software de gestão agrícola como o Aegro faz a diferença. Ele permite registrar e acompanhar todos os custos associados ao pivô — da energia elétrica à fertirrigação —, ajudando a calcular a rentabilidade real da sua área irrigada. Além disso, a plataforma facilita o planejamento da manutenção preventiva do equipamento, com alertas e histórico de atividades para assegurar sua máxima vida útil e evitar paradas inesperadas.
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Perguntas Frequentes
Qual é a principal diferença de uso entre um pivô central fixo e um rebocável?
A principal diferença é a mobilidade. O pivô fixo é instalado permanentemente para irrigar uma única área circular, ideal para grandes culturas uniformes. Já o pivô rebocável pode ser transportado para diferentes pontos da fazenda, permitindo irrigar várias áreas menores com um único equipamento, o que otimiza o investimento em propriedades com talhões separados.
Por que a ‘outorga de água’ é um passo tão importante antes de instalar um pivô?
A outorga de água é uma licença legal obrigatória que autoriza o uso da água de um rio ou poço para irrigação. Instalar um pivô sem essa permissão pode resultar em multas pesadas e na interdição do sistema. Além disso, a outorga garante que o volume de água captado é sustentável e não prejudicará o meio ambiente ou outros usuários.
Além do custo do equipamento, quais são os principais custos operacionais de um pivô central?
O maior custo operacional de um pivô central é, sem dúvida, a energia elétrica para o bombeamento da água e movimentação das torres. Outros custos relevantes incluem a manutenção preventiva (peças, lubrificantes), eventuais taxas pelo uso da água e a mão de obra para monitoramento e operação do sistema durante a safra.
O pivô central é a melhor opção para qualquer tipo de cultura ou relevo?
Não necessariamente. O pivô central é mais eficiente em terrenos planos ou com declive suave e para culturas que cobrem grandes áreas, como grãos e pastagens. Em terrenos muito acidentados ou para culturas que são sensíveis ao molhamento foliar (como hortaliças), outros métodos como a irrigação por gotejamento podem ser mais adequados e eficientes.
Que tipo de manutenção um pivô central exige para durar mais de 15 anos?
Para garantir sua longa vida útil, a manutenção preventiva é fundamental. Isso inclui a verificação e lubrificação de motorredutores, a inspeção do alinhamento das torres, o controle da pressão dos pneus e a limpeza dos aspersores para evitar entupimentos. Recomenda-se realizar uma checagem completa antes do início de cada safra.
Como o método LEPA ajuda a reduzir o risco de doenças fúngicas mencionado no artigo?
O método LEPA utiliza aspersores que aplicam a água diretamente próximo ao solo, em vez de borrifá-la por cima da cultura. Ao evitar o molhamento constante das folhas, ele mantém a folhagem mais seca, criando um ambiente menos favorável para a proliferação de fungos e outras doenças que se desenvolvem em alta umidade.
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