Perdas na Colheita: 5 Erros Comuns e Como Evitá-los para Aumentar seu Lucro

Engenheiro agrônomo, mestre na linha de pesquisa de agricultura de precisão, atuando como coordenador na Agroadvance.
Perdas na Colheita: 5 Erros Comuns e Como Evitá-los para Aumentar seu Lucro

A eficiência da sua fazenda está diretamente ligada à forma como você executa cada atividade agrícola. Nesse processo, reduzir as perdas durante e após a colheita é uma das ações mais importantes para garantir a rentabilidade da safra.

Pense nisso: é uma forma inteligente de ganhar mais dinheiro sem precisar produzir ou gastar mais.

No entanto, nem sempre é fácil identificar onde ou por que essas perdas estão acontecendo. E os números podem ser assustadores. Apenas com o transporte rodoviário, as perdas de grãos podem chegar a R$ 2,7 bilhões a cada safra.

Por que isso ocorre? Quais são os outros tipos de perda? E, o mais importante, como podemos evitá-los?

Neste artigo, vamos detalhar os principais pontos de perda, incluindo alguns que muitos produtores ainda não contabilizam. Acompanhe.

1. Controle de Pragas no Final do Ciclo: O Detalhe que Salva sua Colheita

As pragas agrícolas são uma preocupação constante, desde o plantio até os últimos dias antes da colheita. É muito comum que insetos presentes na lavoura sejam levados para a etapa de armazenagem, aumentando significativamente as perdas pós-colheita. O gorgulho é um exemplo clássico desse problema.

material informativo e educacional sobre o gorgulho do milho, cientificamente conhecido como Sitophilus zeamaisGorgulho do milho – Sitophilus zeamais. Os gorgulhos colocam seus ovos tanto em grãos armazenados como nas espigas no campo por adultos voadores

(Fonte: UFMG em CFR)

Além disso, pragas de final de ciclo como a Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho) e a Helicoverpa armigera (lagarta-da-soja) podem causar danos diretos e perdas expressivas de produtividade.

Por isso, o manejo de pragas deve continuar até o final do ciclo. É comum chegar perto da colheita e pensar: “acho que agora dá pra segurar o controle de pragas”.

Meu conselho é que você abandone o “achismo” e confie nos dados.

Continue fazendo o monitoramento de pragas até o final. Se a infestação atingir o nível de controle recomendado, realize o manejo para proteger o que você lutou tanto para produzir.

2. Perdas no Transporte: Quando a Logística Custa Caro

A jornada da fazenda até os silos de terceiros ou os portos é outro ponto crítico que gera perdas. As principais causas são as condições precárias das estradas e o excesso de carga nos caminhões, que muitas vezes transportam mais grãos do que realmente comportam.

Segundo a Confederação Nacional de Agricultura, o prejuízo com o derrame de grãos durante o transporte rodoviário atinge a marca de R$ 2,7 bilhões por safra.

as consequências de um acidente rodoviário em uma área rural. Um caminhão graneleiro está tombado na lateral(Fonte: Diário Online)

Para evitar esse prejuízo, invista tempo na sua gestão agrícola. Pesquise e planeje a melhor logística e contrate fretes de confiança, garantindo que sua produção chegue intacta ao destino.

3. Alta Infestação de Plantas Daninhas: Um Obstáculo para a Colhedora

Uma alta infestação de plantas invasoras na hora da colheita atrapalha diretamente a operação da colhedora. Não há nada pior do que precisar parar a máquina a todo momento por causa da imensa quantidade de massa vegetal que ela precisa processar junto com os grãos.

Isso resulta em perdas diretas:

  • Perda de tempo: A operação fica mais lenta e ineficiente.
  • Perda de combustível: O motor trabalha forçado, consumindo mais.
  • Desgaste de peças: Componentes da máquina sofrem um desgaste acelerado.

Além desses problemas, uma alta infestação de plantas daninhas cria um ambiente favorável para o ataque de insetos, que podem danificar os grãos antes mesmo de serem colhidos.

4. Colheita Mecanizada Sem Planejamento: A Receita para o Prejuízo

As perdas durante a operação de colheita acontecem em todas as propriedades. A diferença é que algumas perdem muito mais que outras.

Por que algumas fazendas perdem menos? Porque nesses locais, a colheita começa muito antes da colhedora entrar no campo: ela começa no planejamento.

Um exemplo simples: se você não estimar corretamente a produtividade da sua lavoura, não saberá o número exato de máquinas que precisará. Isso pode gerar uma série de problemas, como dificuldade para encontrar colhedoras de terceiros ou pagar mais caro por elas.

O pior cenário é tentar aumentar a velocidade da colheita para dar tempo, o que inevitavelmente danifica os grãos e aumenta as perdas. Portanto, um bom planejamento agrícola feito com antecedência é essencial.

banner publicitário digital com um fundo verde-escuro, projetado para atrair produtores rurais e profissionais

Checklist para seu planejamento inicial:

  • Estime sua produtividade e saiba o tamanho exato da área a ser colhida.
  • Com base nisso, faça a previsão de quantas colhedoras serão necessárias.
  • Calcule o número de carretas ou caminhões necessários para o escoamento da produção.
  • Decida com qual umidade você pretende colher, definindo se vai esperar a secagem natural no campo.
  • Caso precise secar os grãos, verifique se possui secador próprio ou se precisará de um serviço terceirizado.
  • Verifique a necessidade de silos de terceiros e pesquise os preços de mercado com antecedência.

Além disso, o planejamento de manutenções preventivas é fundamental. Uma operação agrícola tranquila não pode ser interrompida pela quebra de uma peça que poderia ter sido trocada antes.

Com o Aegro, você pode planejar suas manutenções e receber avisos automáticos para não perder nenhum prazo.

uma notificação de ‘Alerta de Manutenção’ do software de gestão agrícola Aegro. A notificação, com um design lNesse sentido, veja aqui como uma produtora do MS conseguiu economizar mais de 10% com manutenção de máquinas a partir de uma ação estratégica!

5. Regulagem da Colhedora: O Fator que Define 80% das Perdas

A imagem animada (GIF) exibe uma vista aérea de uma operação de colheita de milho em larga escala. Uma colheitadeira verde, p(Fonte: Puma Plow)

Estudos mostram que entre 80% e 85% das perdas de grãos na colheita ocorrem na plataforma de corte.

Muitos produtores acreditam que máquinas antigas são as principais culpadas, mas isso é um engano. A regulagem correta das máquinas é o procedimento que reflete diretamente no volume de perdas.

Máquinas antigas não causam mais perdas na colheita. Máquinas desreguladas sim!

A regulagem das colhedoras é um passo vital para uma colheita bem-sucedida e com o mínimo de desperdício. Para isso, você deve seguir as recomendações do fabricante e verificar os seguintes pontos:

  • Velocidade de deslocamento: Mantenha a colhedora entre 4 km/h e 6 km/h.
  • Barra de corte: Verifique se está bem afiada e substitua navalhas danificadas.
  • Dedos da plataforma: Inspecione e troque os que estiverem danificados.
  • Molinete:
    • Ajuste a velocidade de rotação para ser compatível com a velocidade de avanço.
    • Ajuste a altura do molinete, que geralmente deve estar 30 cm à frente da barra de corte.
  • Caracol: Verifique a altura em relação à parte posterior do sistema de alimentação.
  • Sistema de trilha: Faça a calibração e verifique as folgas para garantir uma debulha eficiente.

Como Evitar as Perdas na Colheita? Guia Rápido

A regulagem correta da colhedora é, sem dúvida, o ponto mais importante. Estima-se que 80% do total de perdas se deve à má regulagem da máquina, enquanto 20% vem do manejo inadequado da cultura.

Máquinas desreguladas podem causar perdas na soja que variam de 2 a 3 sacas por hectare. O nível de perda considerado aceitável pela Embrapa é de até 1 saca por hectare.

O momento certo da colheita também afeta diretamente a qualidade dos grãos. O ideal é colher quando os grãos de soja e milho atingem um índice de umidade entre 12% e 14%.

Se você precisar antecipar a colheita com umidade acima desses valores, lembre-se de planejar a secagem dos grãos. Considere também que colher com umidade mais alta aumenta o risco de danos mecânicos e perdas na qualidade do produto final.

Lembre-se que a colhedora é uma máquina complexa que realiza várias operações ao mesmo tempo. Dedicar tempo ao planejamento e à regulagem correta é um investimento que se paga com mais sacas no seu silo.


Glossário

  • Armazenagem: Processo de guardar os grãos colhidos em silos ou armazéns, protegendo-os de pragas, umidade e deterioração. Uma armazenagem inadequada pode causar perdas tão grandes quanto as que ocorrem no campo.

  • Debulha: Ação mecânica de separar os grãos das espigas (no caso do milho) ou das vagens (no caso da soja). É uma das principais funções do sistema de trilha da colhedora.

  • Massa vegetal: Refere-se ao volume total de material vegetal (plantas cultivadas e plantas daninhas) que a colhedora precisa processar. Um excesso de massa, causado por plantas daninhas, força o motor e aumenta o desperdício de grãos.

  • Molinete: Componente giratório na frente da plataforma de corte da colhedora, cuja função é direcionar as plantas para a barra de corte. A velocidade e altura incorretas do molinete podem derrubar os grãos no chão antes de serem colhidos.

  • Monitoramento de pragas: Prática de inspecionar a lavoura regularmente para identificar a presença e a quantidade de insetos-praga. Ajuda a decidir o momento certo de aplicar um controle para evitar perdas, mesmo próximo da colheita.

  • Plataforma de corte: Parte frontal da colhedora responsável por cortar as plantas e recolhê-las. A regulagem incorreta da altura e de seus componentes é apontada como a principal causa de perdas mecânicas na colheita.

  • Sistema de trilha: Mecanismo interno da colhedora que, por meio de impacto e atrito, realiza a debulha. A calibração correta deste sistema é vital para evitar grãos quebrados e perdas junto com a palha.

  • Umidade do grão: Percentual de água contido nos grãos, um indicador crucial para definir o momento ideal da colheita. Colher com a umidade correta (geralmente entre 12% e 14% para soja e milho) minimiza danos mecânicos e custos com secagem.

Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios

Gerenciar o controle de pragas no final do ciclo e garantir que o maquinário não pare por falta de manutenção são dois dos maiores desafios para uma colheita sem perdas. Um software de gestão como o Aegro ajuda a resolver ambos: ele permite registrar monitoramentos de pragas direto do campo, baseando as decisões em dados e não em “achismo”. Além disso, com o planejamento de manutenções preventivas, você recebe alertas automáticos e mantém o histórico das máquinas em dia, evitando quebras inesperadas que custam tempo e dinheiro.

Que tal simplificar a gestão da sua fazenda?

Experimente o Aegro gratuitamente e veja na prática como tomar decisões mais seguras e lucrativas.

Perguntas Frequentes

Qual é o nível de perda na colheita de soja considerado aceitável?

De acordo com a Embrapa, uma perda de até 1 saca por hectare é considerada aceitável para a cultura da soja. No entanto, máquinas desreguladas ou operadas de forma inadequada podem facilmente elevar esse número para 2 a 3 sacas por hectare, representando um prejuízo significativo que poderia ser evitado com os ajustes corretos.

Por que é tão importante controlar pragas no final do ciclo da lavoura?

O controle de pragas no final do ciclo é crucial por duas razões principais. Primeiro, para evitar danos diretos aos grãos que estão terminando de se formar, como os causados por lagartas. Segundo, para impedir que insetos como o gorgulho sejam transportados da lavoura para o silo, onde podem se multiplicar e causar perdas massivas durante a armazenagem.

Quais são os principais riscos de colher grãos com umidade acima do ideal?

Colher grãos com umidade acima de 14% aumenta significativamente o risco de danos mecânicos, como quebras e trincas, durante a trilha e o transporte. Além disso, gera custos adicionais com a secagem artificial e, se não for armazenado corretamente, o grão úmido está mais suscetível à deterioração por fungos e aquecimento na massa de grãos.

Quais são os 3 ajustes mais importantes na colhedora para reduzir perdas?

Os três ajustes mais críticos são: 1) a velocidade de deslocamento, que deve ser mantida entre 4 e 6 km/h; 2) a regulagem do molinete, ajustando sua rotação e altura para alimentar a plataforma de forma suave; e 3) a manutenção da barra de corte, garantindo que as navalhas estejam sempre afiadas e sem danos. Esses pontos são responsáveis por até 85% das perdas mecânicas.

Como uma alta infestação de plantas daninhas aumenta as perdas na colheita?

As plantas daninhas geram um excesso de massa vegetal que sobrecarrega o sistema da colhedora. Isso força o motor, aumentando o consumo de combustível, e dificulta a separação dos grãos no sistema de trilha, fazendo com que muitos grãos sejam descartados junto com a palha e os restos de plantas invasoras.

De que forma prática posso reduzir as perdas de grãos durante o transporte rodoviário?

Para reduzir perdas no transporte, adote medidas simples como garantir o uso de lonas de cobertura em bom estado, evitar sobrecarregar os caminhões acima da sua capacidade, e inspecionar a carroceria em busca de frestas ou buracos. Além disso, planejar a logística para utilizar rotas com melhores condições de estrada, sempre que possível, ajuda a evitar o derramamento da carga.

Artigos Relevantes

  • Colheita do milho: descubra possíveis perdas e como calculá-las: Este artigo é o complemento prático perfeito para o artigo principal, que aponta a má regulagem da colhedora como a maior causa de perdas. Ele ensina o leitor a como medir essas perdas no campo com um método passo a passo, transformando um conceito teórico em uma ação mensurável e permitindo validar os ajustes da máquina.
  • 7 Pragas de armazenamento de grãos para você combater: Enquanto o artigo principal apenas menciona o risco de levar pragas do campo para o silo, este conteúdo aprofunda drasticamente no tema. Ele detalha as principais pragas de armazenamento, o ciclo de dano e as estratégias de controle pós-colheita, como a fumigação, oferecendo uma solução completa para uma das perdas citadas.
  • Colheita de soja: 7 dicas para torná-la ainda melhor: O artigo principal aborda a colheita de grãos de forma geral, e este serve como um guia de aplicação prática e específica para a soja, uma das principais culturas. Ele oferece dicas e parâmetros numéricos concretos para a regulagem da colhedora (velocidade, molinete), tornando as recomendações do artigo principal diretamente acionáveis para o sojicultor.
  • Estratégias para o manejo de grãos ardidos de milho e soja: Este artigo expande a discussão de perdas quantitativas para perdas qualitativas, um ponto crucial para a rentabilidade. Ele explica o que são os ‘grãos ardidos’, um resultado direto de manejos inadequados na colheita e armazenagem, e detalha seu impacto financeiro e o risco de micotoxinas, agregando uma camada de profundidade sobre as consequências dos erros.
  • Armazenamento de grãos: cuidados e estratégia para comercialização: Este artigo eleva a discussão do nível operacional para o estratégico, conectando-se diretamente ao objetivo de ‘aumentar o lucro’ do artigo principal. Ele posiciona o armazenamento não apenas como uma forma de evitar perdas, mas como uma ferramenta de comercialização para vender na entressafra, oferecendo uma visão de negócio que complementa perfeitamente as dicas técnicas.