4 Novas Tecnologias para Aplicação de Defensivos Agrícolas

Redação Aegro
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4 Novas Tecnologias para Aplicação de Defensivos Agrícolas

A cada dia, novas tecnologias surgem para transformar o campo, assim como já transformaram nosso dia a dia com celulares e computadores. Na agricultura, essas inovações não são modismo, mas ferramentas poderosas para melhorar a produção.

Elas estão sendo desenvolvidas para entrar na nossa rotina e facilitar as atividades, tornando o manejo mais eficiente e rentável.

Pensando nisso, separamos 4 novas tecnologias para o uso de defensivos e fertilizantes. Algumas delas já estão sendo implementadas com sucesso no campo e mostram o futuro do manejo agrícola. Confira os detalhes de cada uma.

1. Uma Nova Solução para Pulverização: Otimizando o Tamanho das Gotas

No momento de aplicar defensivos agrícolas e fertilizantes, o tamanho das gotas é um fator decisivo para o sucesso da operação. Existe um dilema constante:

  • Gotas maiores: Atingem o alvo com mais precisão e sofrem menos com a deriva (quando o vento carrega o produto para fora da área desejada). No entanto, a cobertura da planta é menor.
  • Gotas pequenas: Proporcionam uma cobertura muito melhor da superfície foliar, mas são facilmente levadas pelo vento, resultando em perdas de produto e contaminação de áreas vizinhas.

Para resolver esse problema, uma equipe de pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) desenvolveu uma maneira de equilibrar essas duas propriedades, garantindo boa cobertura sem sofrer com a deriva.

Como Funciona a Tecnologia da Malha

A solução envolve o uso de uma malha com furos minúsculos, posicionada entre o jato do pulverizador e o alvo (a planta). Quando as gotas grandes do pulverizador passam por essa barreira, elas se fragmentam em gotículas muito mais finas, em um tamanho ideal para aderir às folhas.

O material da malha pode variar, mas os fatores importantes são o tamanho das aberturas e a espessura. No estudo, os pesquisadores utilizaram uma malha de aço inoxidável, um material comum e acessível.

O processo funciona assim:

  1. O produtor utiliza um pulverizador convencional, ajustado para produzir gotas grandes, que não são afetadas pela deriva.
  2. Ao atingir a malha posicionada sobre a cultura, essas gotas grandes são quebradas em uma névoa fina de gotículas.
  3. Essas gotículas finas “grudam” na planta, garantindo uma cobertura completa e eficiente.

Esta imagem em preto e branco, dividida em dois painéis, ilustra um fenômeno biofísico em nível microscópico. No painel esqueAs gotas maiores na imagem à direita têm pouco efeito sobre a planta, enquanto as pequenas gotas à esquerda, produzidas ao encontrar a malha, atingem melhor as folhas

(Fonte: The Varanasi Research Group e MIT em Science Daily)

Um benefício adicional é que a malha também pode proteger as plantas de gotas de chuva maiores, que poderiam “lavar” e remover os defensivos químicos das folhas.

A implementação exige que a malha seja apoiada sobre as plantas ou em uma estrutura. Embora seja um desafio para a agricultura extensiva, essa abordagem já é viável para agricultores que cobrem culturas de alto valor para proteção contra pássaros e insetos.

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2. Defensivo Agrícola que Atua como Repelente para Insetos

Pesquisadores da Universidade Técnica de Munique (TUM) desenvolveram um agente biodegradável que protege a lavoura contra o ataque de pragas de uma forma diferente: ele age como um repelente, afastando os insetos sem envenená-los.

O princípio é o mesmo do repelente de mosquitos que usamos em nossa pele. A ideia é simplesmente manter as pragas longe das plantas.

A Inspiração da Natureza

A equipe de Munique se inspirou na planta de tabaco, que produz uma substância chamada cembratrienol (CBTol) em suas folhas para se proteger naturalmente de pragas. A partir disso, eles desenvolveram um método para produzir essa substância em larga escala.

O processo de produção biotecnológica funciona da seguinte forma:

  1. Os cientistas isolaram os genes do genoma da planta do tabaco que são responsáveis pela produção do CBTol.
  2. Em seguida, eles inseriram esses genes no genoma de bactérias comuns.
  3. Essas bactérias modificadas passaram a produzir o CBTol de forma eficiente, funcionando como pequenas “fábricas” biológicas.

Os primeiros testes mostram que o produto não é tóxico para os insetos, mas é altamente eficaz em proteger as plantas contra pulgões. Por ser biodegradável, ele não se acumula no solo ou na água, representando uma solução mais sustentável.

teste de germinação de sementes, provavelmente de alguma gramínea como trigo ou cevada, realizado em laboraOs pulgões evitam as plantas de trigo tratadas com CBTol (direita) em relação com as plantas sem nenhum tipo de aplicação (esquerda)

(Fonte: Technical University of Munich (TUM) em Science Daily)

Além da proteção contra pragas, a substância também demonstrou um efeito antibacteriano contra bactérias gram-positivas. Isso significa que ela pode combater patógenos humanos como Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Listeria monocytogenes. Os pesquisadores acreditam que essa abordagem pode representar uma mudança fundamental na proteção de cultivos.

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3. Abelhas como Vetores: Transporte de Defensivos Naturais

A empresa canadense Bee Vectoring Technology (BVT) desenvolveu um sistema inovador onde as próprias abelhas transportam defensivos agrícolas diretamente para as flores das lavouras.

Como Funciona o Sistema

Abelhas criadas comercialmente são utilizadas no processo. O sistema consiste em uma caixa especial, chamada de dispensador, que é colocada na saída da colmeia.

  1. Ao sair da colmeia, as abelhas passam pelo dispensador.
  2. Dentro da caixa, elas caminham sobre um pó que contém um agente de controle biológico natural. Esse pó adere ao corpo das abelhas.
  3. Quando as abelhas visitam as flores para coletar néctar e pólen, elas depositam o pó diretamente na flor, protegendo a planta e o futuro fruto contra doenças.

A grande inovação da BVT foi desenvolver um pó que adere eficientemente ao corpo das abelhas e que permite a mistura com diversos ingredientes ativos, sem prejudicar os insetos.

close-up de um pé de framboesa, destacando a interação entre a flora e a fauna em um ambiente agrícola. No(Fonte: Bee Vectoring em New Scientist)

Segundo a empresa, o sistema é eficaz para culturas como girassol, canola, tomate, pera, maçã, entre outras. O pó pode conter uma variedade de defensivos naturais, como os seguintes:

  • Beauveria bassiana: Um fungo entomopatogênico usado para controlar uma ampla variedade de insetos-praga, como cupins, tripes, mosca-branca, pulgões e diferentes espécies de besouros.
  • Estreptomicina: Um antibiótico utilizado para combater o crescimento de doenças bacterianas e fúngicas em frutas, vegetais e sementes, sendo especialmente útil no controle de doenças em algumas culturas específicas.
  • Bacillus thuringiensis: Uma bactéria que produz proteínas cristalinas inseticidas, amplamente usada no controle biológico de lagartas e outras pragas em diversas culturas.

4. Gestão Baseada em Dados: A Tecnologia por Trás do Manejo e dos Custos

Você já teve dificuldade para lembrar quais foram as doses e as misturas de produtos aplicadas na última safra? Ou ficou na dúvida se aquele defensivo mais caro realmente compensou o investimento, e qual foi o seu custo final por hectare?

Manter um caderno ou planilha com todas as informações da safra de maneira organizada e atualizada é o ideal. No entanto, a rotina intensa da fazenda e o grande volume de dados do campo tornam essa tarefa quase impossível de ser executada com perfeição.

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É aqui que a tecnologia de gestão entra em cena. Com um software agrícola como o Aegro, você centraliza todas essas informações de forma rápida e automatizada.

Os relatórios e gráficos gerados pelo sistema ajudam a visualizar o desempenho da lavoura, tornando a tomada de decisão muito mais segura e assertiva. Você passa a conhecer o seu custo real de produção, com o detalhamento total e por hectare, baseado em todos os dados que você registra.

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Além disso, ferramentas como o Aegro permitem a importação automática de notas fiscais, o monitoramento de pragas georreferenciado e muitas outras funcionalidades que colaboram com a gestão do seu dia a dia no campo.

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Conclusão

Neste artigo, vimos quatro soluções tecnológicas para a aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes. Embora algumas dessas inovações possam parecer distantes da nossa realidade atual, elas apontam para um futuro onde as atividades agrícolas serão cada vez mais automatizadas e eficientes.

A adoção de novas tecnologias nos permite gastar menos tempo com trabalhos mecânicos e repetitivos, liberando nosso foco para o que realmente importa: a estratégia de manejo e a busca por uma produção mais eficiente e rentável.

O desafio é se manter atento a essas novidades e avaliar quais tecnologias podem trazer os maiores benefícios para a sua fazenda hoje, direcionando seu tempo e seus investimentos para o que gera mais resultado.


Glossário

  • Agente de controle biológico: Organismo vivo, como fungos, bactérias ou outros insetos, utilizado para controlar pragas e doenças na lavoura. É uma alternativa natural aos defensivos químicos sintéticos.

  • Bacillus thuringiensis: Bactéria que vive no solo e produz proteínas tóxicas para certas espécies de insetos, especialmente lagartas. É amplamente utilizada como um inseticida biológico em diversas culturas.

  • Beauveria bassiana: Tipo de fungo entomopatogênico que causa doenças em insetos, levando-os à morte. É utilizado como um inseticida natural para controlar pragas como mosca-branca, pulgões e besouros.

  • Cembratrienol (CBTol): Substância natural produzida pela planta do tabaco para se defender de pragas. No artigo, é utilizada como base para um novo defensivo que atua como repelente, afastando os insetos sem matá-los.

  • Deriva: Processo em que as gotas de um defensivo agrícola pulverizado são carregadas pelo vento para fora da área de aplicação desejada. Causa perda de produto, contaminação ambiental e pode danificar culturas vizinhas.

  • Fungo entomopatogênico: Um fungo que infecta e causa doenças em insetos (do grego: entomon = inseto, pathos = doença). A Beauveria bassiana é um exemplo prático mencionado no texto.

  • Georreferenciado: Refere-se à associação de uma informação (como a localização de uma praga ou uma análise de solo) a coordenadas geográficas precisas. Permite a criação de mapas detalhados da fazenda para uma gestão mais assertiva.

  • Vetores (no contexto agrícola): Organismos, como as abelhas no artigo, que são utilizados para transportar e aplicar um produto (neste caso, um defensivo biológico) diretamente no alvo, que são as flores das plantas.

Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios

Adotar novas tecnologias para defensivos e fertilizantes é um grande passo, mas o verdadeiro desafio é medir seu impacto real na produtividade e nos custos. Sem um registro organizado, fica difícil saber se um novo manejo realmente valeu a pena ou qual foi o custo final por hectare, um problema comum para quem ainda depende de cadernos e planilhas.

Um software de gestão agrícola como o Aegro resolve essa questão ao conectar as operações do campo com o financeiro em um só lugar. Ele permite registrar todas as aplicações e atividades pelo celular, gerando automaticamente relatórios de custos de produção. Assim, você toma decisões mais seguras, comparando o desempenho de cada talhão e otimizando o uso de insumos com base em dados concretos.

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Perguntas Frequentes

Qual a principal vantagem do defensivo repelente (CBTol) em relação aos inseticidas convencionais?

A principal vantagem é o seu modo de ação. Em vez de matar os insetos, o CBTol atua como um repelente, afastando as pragas da lavoura de forma natural. Além disso, por ser biodegradável, ele não se acumula no solo ou na água, representando uma solução mais sustentável e com menor impacto ambiental em comparação com muitos inseticidas químicos.

O uso de abelhas para aplicar defensivos biológicos é seguro para elas?

Sim, o sistema é projetado para ser totalmente seguro. Ele utiliza agentes de controle biológico naturais, como fungos e bactérias, em formato de pó, que não são tóxicos para as abelhas. A tecnologia foca em usar as abelhas como transportadoras eficientes, garantindo a saúde dos polinizadores e a segurança da colmeia.

A tecnologia da malha para otimizar a pulverização já pode ser usada em grandes lavouras de soja ou milho?

Atualmente, a aplicação dessa tecnologia é mais viável para culturas de alto valor ou em ambientes protegidos, onde a instalação de uma estrutura para suportar a malha é mais prática. Para grandes culturas extensivas, a implementação ainda apresenta desafios logísticos, embora a pesquisa aponte para um futuro promissor na redução da deriva.

Quais os benefícios de usar abelhas como vetores além da aplicação do defensivo?

O grande benefício adicional é a otimização da polinização. Enquanto as abelhas depositam o agente de controle biológico nas flores, elas também realizam a polinização da cultura. Esse processo duplo pode resultar em um aumento da produtividade e na melhor qualidade dos frutos, tornando a operação duplamente eficiente.

Como um software de gestão agrícola ajuda a decidir se uma nova tecnologia de defensivos valeu a pena?

Um software como o Aegro permite registrar detalhadamente todos os custos associados à nova tecnologia, como o preço do produto e os custos de aplicação por hectare. Ao final da safra, você pode comparar a produtividade e o custo final da área tratada com outras áreas. Isso fornece dados concretos para calcular o retorno sobre o investimento (ROI) e tomar decisões mais seguras para o futuro.

O que são ‘agentes de controle biológico’ mencionados na tecnologia das abelhas?

Agentes de controle biológico são organismos vivos, como fungos (ex: Beauveria bassiana) ou bactérias (ex: Bacillus thuringiensis), que são inimigos naturais de pragas e doenças. Eles são usados na agricultura como uma alternativa sustentável aos defensivos químicos, controlando as ameaças sem deixar resíduos tóxicos na lavoura ou no ambiente.

Artigos Relevantes

  • 5 coisas para saber que evitam a deriva de defensivos: Este artigo é o complemento fundamental para a primeira tecnologia apresentada no texto principal. Enquanto o artigo principal introduz uma solução inovadora para a deriva (a malha do MIT), este candidato detalha o problema da deriva de forma prática e aprofundada, explicando suas causas e as cinco principais maneiras de controlá-la com as tecnologias atuais (bicos, adjuvantes, clima). Ele fornece o conhecimento de base essencial para que o leitor compreenda a real importância e o impacto da inovação mencionada.
  • Como utilizar defensivos naturais e diminuir custos: O artigo principal desperta o interesse em soluções sustentáveis ao apresentar o repelente CBTol e os defensivos biológicos aplicados por abelhas. Este artigo expande enormemente esse universo, funcionando como um guia completo sobre defensivos naturais, classificando-os e detalhando o uso de agentes como Trichoderma e Bacillus. Ele transforma a curiosidade gerada por exemplos específicos em um conhecimento amplo e prático sobre todo o leque de opções biológicas disponíveis no mercado.
  • Como controlar pragas com ajuda da Beauveria bassiana?: Este artigo funciona como um ‘zoom in’ perfeito em um dos bioagentes citados no artigo principal. O texto base menciona a Beauveria bassiana como um produto que pode ser aplicado por abelhas, e este artigo oferece um guia prático completo sobre o fungo: o que é, como funciona, quais pragas controla e, crucialmente, como aplicá-lo de forma convencional. Ele transforma uma menção passageira em uma ferramenta acionável para o produtor, agregando um valor prático imenso.
  • Acerte nas aplicações de defensivos com planejamento agrícola: O artigo principal conclui enfatizando a importância da gestão baseada em dados para avaliar a eficácia de novas tecnologias. Este artigo fornece o framework estratégico que precede a análise de dados: o planejamento agrícola. Ele detalha os passos essenciais — da regulagem do pulverizador ao monitoramento do alvo e do clima — que garantem a correta execução de qualquer aplicação, seja ela inovadora ou tradicional. É o elo que conecta a tecnologia com a sua implementação bem-sucedida no campo.
  • Defensivos agrícolas genéricos ou de marca: qual vale mais a pena usar em sua propriedade: Após apresentar tecnologias de ponta, que geralmente são de marca e de alto custo, este artigo introduz uma camada crítica de análise: a econômica. Ele aborda o dilema entre produtos de marca e genéricos, forçando o leitor a pensar em custo por hectare e retorno sobre o investimento (ROI). Essa perspectiva é vital para que o produtor possa contextualizar as inovações do artigo principal dentro da realidade financeira de sua operação, tomando uma decisão de negócio mais informada.