As doenças estão entre os principais desafios que limitam a produtividade e causam prejuízos significativos na lavoura de feijão. Entre elas, o mosaico dourado se destaca como uma das ameaças mais sérias no Brasil, com potencial para gerar perdas de até 100% da sua produção.
Para ajudar você a proteger seu investimento e minimizar os riscos dessa virose, preparamos este guia completo. Aqui, vamos detalhar os sintomas, explicar quem é o vetor transmissor e apresentar as melhores estratégias de manejo para o mosaico dourado do feijoeiro.
O Cenário do Feijão no Brasil
O Brasil se destaca como um dos maiores produtores de feijão do mundo, um grão fundamental na alimentação da população. A cultura é tão adaptada que permite até três ciclos de cultivo ao longo do ano: a 1ª safra, a 2ª safra e a 3ª safra (também chamada de safra de inverno).
Calendário agrícola das safras de feijão no Brasil; a cor verde corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita
(Fonte: Conab)
De acordo com a estimativa da Conab, a área plantada de feijão nas três safras deve alcançar 2,9 milhões de hectares
, com uma produção esperada de 3,15 milhões de toneladas. Isso resulta em uma produtividade média de 1,07 tonelada/ha
.
Para garantir que esses números se concretizem e evitar prejuízos, é essencial conhecer a principal virose que afeta a cultura: o mosaico dourado.
O que é o Mosaico Dourado e Por Que Ele é Tão Perigoso?
O mosaico dourado é a principal virose que ataca a cultura do feijoeiro. A doença é causada pelo vírus Bean golden mosaic virus (BGMV), que pertence a um grupo chamado Begomovirus. A estrutura desse vírus é um pouco diferente: ele possui um genoma bipartido: significa que seu material genético é dividido em dois componentes de DNA circular (DNA-A e DNA-B).
Organização do genoma do Bean golden mosaic virus
(Fonte: Vinicius Bello em Unesp, adaptada de Rojas et al., 2005)
Embora tenha sido identificada no Brasil em 1961, a doença se tornou um problema grave a partir da década de 1970. Estudos confirmam o seu potencial destrutivo: a incidência do vírus pode chegar a 100% da lavoura, resultando em perdas de produção de até 100%. Esse impacto torna o mosaico dourado uma das maiores preocupações para o produtor de feijão.
Como Identificar os Sintomas na Planta
Ficar atento aos sinais visuais é o primeiro passo para o controle. O sintoma mais característico, que dá nome à doença, é a aparência de um mosaico amarelo ou dourado intenso nas folhas.
(Fonte: IPM Images)
Além das manchas, observe outros sinais importantes:
- Folhas deformadas: Elas podem ficar enrugadas, encarquilhadas, enroladas e menores que o normal.
- Nanismo e superbrotação: A planta inteira pode ter seu crescimento reduzido (nanismo: significa que a planta fica “anã”) e apresentar um excesso de brotos laterais (superbrotação), com caules e ramos deformados.
- Vagens e grãos: Se a planta infectada conseguir produzir vagens, elas geralmente são deformadas, menores e com poucos grãos. Os grãos que se formam também podem ser defeituosos, o que compromete diretamente a qualidade do produto final.
É importante notar que a intensidade dos sintomas pode variar dependendo da variedade de feijão cultivada e da idade da planta no momento da infecção.
O Vetor: Como a Mosca-Branca Espalha o Mosaico Dourado
Uma informação fundamental sobre o mosaico dourado é que ele não se espalha por sementes ou pelo contato entre plantas. O vírus precisa de um transportador, e esse papel é desempenhado pela [mosca-branca](https://blog.aegro.com.br/mosca
Glossário
BGMV (Bean golden mosaic virus): Sigla em inglês para o Vírus do Mosaico Dourado do Feijoeiro. É o agente patogênico (vírus) responsável por causar a doença do mosaico dourado, uma das mais prejudiciais para a cultura do feijão.
Conab: Sigla para Companhia Nacional de Abastecimento. É um órgão do governo brasileiro responsável por gerar dados e análises sobre a produção agrícola, como estimativas de safra, área plantada e produtividade.
Genoma bipartido: Característica do material genético de certos vírus, como o BGMV. Significa que seu código genético (DNA) está dividido em duas moléculas separadas, que precisam estar presentes para que a infecção ocorra.
Mosaico dourado: Principal doença viral que afeta o feijoeiro no Brasil. É caracterizada por manchas amarelas intensas nas folhas, que se assemelham a um mosaico, causando deformações e perdas severas de produtividade.
Nanismo: Sintoma em que a planta infectada apresenta um crescimento anormalmente reduzido, ficando com porte “anão”. É um dos sinais visuais do ataque severo do mosaico dourado.
Safra de inverno (ou 3ª safra): Refere-se ao terceiro ciclo de cultivo do feijão dentro do mesmo ano agrícola. Geralmente ocorre em regiões com condições climáticas favoráveis durante o inverno, utilizando sistemas de irrigação.
Vetor: Organismo vivo, como um inseto, que transporta e transmite um agente causador de doença (patógeno) de uma planta infectada para uma planta sadia. No caso do mosaico dourado, o vetor é a mosca-branca.
Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios
O controle eficaz da mosca-branca, vetor do mosaico dourado, exige um monitoramento constante e ações de manejo bem planejadas. No entanto, registrar as ocorrências e o resultado das aplicações em cadernos ou planilhas soltas pode levar a falhas e custos desnecessários.
Ferramentas de gestão agrícola, como o Aegro, centralizam essas informações, permitindo o registro georreferenciado de pragas e o planejamento de pulverizações diretamente pelo celular. Isso não só otimiza o uso de defensivos, mas também cria um histórico valioso para tomar decisões mais assertivas nas próximas safras.
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Perguntas Frequentes
O que exatamente causa a doença do mosaico dourado no feijoeiro?
O mosaico dourado é causado pelo vírus Bean golden mosaic virus (BGMV), um Begomovirus com genoma bipartido. Ele não se espalha por sementes ou contato, mas depende exclusivamente do inseto-vetor, a mosca-branca, para ser transmitido de uma planta doente para uma sadia.
Como posso diferenciar os sintomas do mosaico dourado de uma deficiência nutricional?
A principal diferença está no padrão. O mosaico dourado cria um desenho de manchas amarelas intensas alternadas com verde, além de causar deformação e enrugamento nas folhas. Deficiências nutricionais geralmente causam um amarelamento mais uniforme ou em áreas específicas (bordas, nervuras), sem a deformação severa característica da virose.
Em que fase da lavoura o ataque do mosaico dourado é mais prejudicial?
A infecção é mais severa quando ocorre nas fases iniciais de desenvolvimento da planta. Plantas jovens infectadas sofrem com nanismo (crescimento reduzido) e superbrotação, comprometendo severamente seu potencial produtivo e podendo levar a perdas de até 100%.
Existe um tratamento ou cura para uma planta de feijão já infectada pelo mosaico dourado?
Não, infelizmente não existe cura para uma planta que já foi infectada pelo vírus. O manejo da doença é focado totalmente na prevenção, que consiste em controlar a população da mosca-branca (vetor) e utilizar variedades de feijão resistentes ou tolerantes ao vírus.
A doença afeta a qualidade dos grãos de feijão produzidos?
Sim, a qualidade é diretamente afetada. Se a planta infectada conseguir produzir vagens, elas geralmente são menores e deformadas. Consequentemente, os grãos também são defeituosos, menores e em menor quantidade, o que reduz drasticamente o valor comercial e a produtividade da colheita.
Por que o controle da mosca-branca é tão crucial para evitar o mosaico dourado?
O controle da mosca-branca é a principal estratégia de manejo porque ela é a única forma de o vírus se espalhar pela lavoura. Ao se alimentar de uma planta infectada, o inseto adquire o vírus e o transmite para plantas sadias enquanto se alimenta delas, disseminando a doença rapidamente.
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