A cada nova safra, o mercado agrícola nos apresenta máquinas mais potentes e implementos com funções inovadoras, prometendo maior eficiência no campo. Com o avanço da tecnologia, o início da próxima década promete acelerar ainda mais essas mudanças.
No entanto, com tantas promessas e lançamentos, saber o que realmente traz resultado para a sua fazenda não é uma tarefa simples. Como separar uma inovação útil de algo que apenas parece moderno?
Para te ajudar nessa escolha, preparamos este guia prático.
Vamos analisar as principais novidades em máquinas e implementos agrícolas para 2020. Também vamos discutir as limitações tecnológicas que ainda precisam ser superadas. Aproveite a leitura!
As Grandes Novidades do Mercado
Em 2019, as principais empresas do setor focaram em lançar máquinas maiores e mais potentes, especialmente na linha de tratores.
Potência e Menor Compactação com a Case IH
A Case IH, por exemplo, apresentou a linha de tratores articulados com esteiras, a Quadtrac. Com modelos que variam de 507 a 629 cavalos-vapor (cv)
, a grande promessa é a redução da compactação do solo.
Em outras palavras: A compactação do solo acontece quando o peso das máquinas aperta a terra, dificultando o crescimento das raízes e a absorção de água pela planta. Tratores com esteiras distribuem melhor o peso, danificando menos o solo e, consequentemente, melhorando o potencial produtivo da lavoura.
Quadtrac 500, do portfólio de produto da Case IH
(Fonte: Case IH)
Vale lembrar que, alguns anos antes, a empresa já havia apresentado um trator totalmente automatizado, que pode chegar ao mercado nos próximos anos. Outras gigantes como Massey Ferguson, New Holland e Mahindra seguiram um caminho parecido, lançando tratores com mais potência e pequenas melhorias em suas categorias.
Pulverização Inteligente da Jacto
Já a Jacto trouxe uma tecnologia muito interessante para o mercado de implementos agrícolas de 2020. Seus novos pulverizadores, como o Uniport 3030 EletroVortex, combinam duas tecnologias:
- Carregamento eletrostático: As gotas de defensivo recebem uma carga elétrica, fazendo com que sejam atraídas pelas plantas e “grudem” melhor nas folhas.
- Corrente de ar vertical: Um fluxo de ar direciona a pulverização para baixo, empurrando o produto para dentro da cultura e evitando que ele se perca com o vento.
Essa combinação permite que a pulverização seja feita em uma janela climática maior, pois reduz a deriva (perda de produto pelo vento) e aumenta a eficiência da aplicação. Para o produtor, a vantagem é clara: aumento do rendimento operacional, cobrindo mais hectares por dia, e uma melhor deposição da calda na planta, garantindo que o produto chegue onde precisa.
Uniport 3030 EletroVortex
(Fonte: Jacto)
Estudos mostram como essa tecnologia melhora a cobertura, especialmente nas partes mais baixas da planta.
Média da deposição da calda de aplicação (μL cm-2) na planta
(Fonte: Ciência Rural, v.43, n.9, set, 2013)
Inovações no Plantio e na Colheita
As gigantes Valtra e John Deere também trouxeram novidades importantes para a produção de grãos.
A nova semeadora da Valtra, a Plantadora Dobrável Momentum, impressiona pelo tamanho e pela tecnologia. Ela possui 40 linhas no espaçamento de 45 cm e conta com ajuste automático de nivelamento, que garante a deposição da semente na profundidade correta, mesmo em terrenos irregulares. Para facilitar o transporte, dobrada, a gigante tem apenas 3,6 metros de largura.
Plantadora Dobrável Momentum
(Fonte: Valtra)
Já a John Deere apresentou a primeira colheitadeira do mercado totalmente automatizada, a série S700. Equipada com duas câmeras digitais, o maquinário agrícola faz a leitura da passagem de grãos em tempo real. Com base nesses dados, a própria máquina se ajusta para aumentar a qualidade da colheita e reduzir as perdas.
Colheitadeira de grãos S780
(Fonte: John Deere)
Automação e Agricultura de Precisão Chegam ao Campo
Nos últimos anos, a automação e a agricultura de precisão caminham juntas, revolucionando a forma de produzir. A grande novidade é que essa tecnologia deixou de ser algo restrito a estufas e ambientes controlados e está chegando de vez ao campo!
Robôs para Controle de Plantas Daninhas
Já existem robôs no mercado de máquinas e implementos agrícolas 2020 para controlar plantas daninhas em áreas de todos os tamanhos. Exemplos incluem o pequeno Tertill, ideal para hortas e pequenas áreas, e o robusto AgBot II, projetado para grandes lavouras.
Robô Tertill, para controle de plantas daninhas em pequena escala
(Fonte: Tertill)
Robô AgBot II, projetado para grandes áreas
(Fonte: QUT)
Automação no Plantio e Monitoramento
Para semear, já temos desde semeadoras autônomas que se integram a mapas de solo e de produtividade, até drones para semeadura a lanço. Os drones também se destacam na pulverização e, principalmente, na capacidade de analisar e monitorar as lavouras em tempo real, gerando dados precisos para a tomada de decisão.
(Fonte: DroneSeed)
Colheita Automatizada para Fruticultura
Culturas que dependem muito de mão de obra, como a fruticultura, estão no foco de empresas como a Abundant Robotics. A empresa desenvolveu uma colhedora que usa um sistema de aspiração para colher frutas, como maçãs, determinando o ponto ideal de maturação para a colheita. Isso reduz perdas e melhora a qualidade do produto final.
(Fonte: Abundant Robotics)
Máquinas e Implementos Agrícolas 2020: As Limitações Atuais
As máquinas e implementos agrícolas são compostas por uma combinação de sistemas: mecânicos, hidráulicos, pneumáticos, elétricos e de informática.
Onde a Tecnologia Avançou Mais
A indústria teve avanços enormes nas áreas de elétrica e informática. Baterias mais duradouras, geradores, sensores mais eficientes e softwares de gestão deram origem à agricultura de precisão. O acesso a essas tecnologias também melhorou, com mais linhas de financiamento e melhores condições de negociação.
Nos sistemas hidráulicos e pneumáticos, vimos formas mais simples e eficientes de transmissão de força. Além disso, houve grandes inovações na segurança e no conforto dos operadores, como controles de amortecimento e estabilizadores de barras de pulverização, que trouxeram maiores rendimentos operacionais.
O Grande Desafio: Motores e Eficiência Energética
Contudo, não vemos grandes revoluções nos sistemas mecânicos. Em 1940, os motores a combustão eram compostos por cilindro, pistão, biela, bloco e virabrequim. E hoje? Basicamente, a mesma coisa.
O rendimento desses motores também não mudou muito. Eles continuam sendo a parte menos eficiente do conjunto, representando um dos maiores gastos na produção agrícola. Isso mostra o quanto precisamos avançar nesta área para diminuir custos e aumentar a eficiência das máquinas.
Tratores e máquinas movidos à eletricidade não devem demorar para se popularizar no campo, pois seus motores elétricos são muito mais eficientes. Com o aumento da geração de energia na própria fazenda (com biogás, solar e eólica), esses equipamentos têm tudo para se tornar mais rentáveis para o campo e para o agronegócio brasileiro.
Conclusão
Como vimos, a informática e a eletrônica estão na vanguarda das inovações agrícolas. Nos próximos anos, veremos uma nova revolução no campo, com o uso crescente de robôs, sensores e equipamentos autônomos.
No entanto, ainda existem desafios importantes a serem superados. O principal deles está relacionado às nossas fontes de energia e ao rendimento dos motores das máquinas no campo.
Diante de tantos lançamentos, a recomendação é clara: analise sempre o custo-benefício de cada tecnologia para a sua realidade e não se esqueça de considerar a manutenção.
Fique de olho nas novidades, pois o progresso não para, e o produtor rural precisa estar sempre se reinventando.
Glossário
Agricultura de Precisão: Sistema de gerenciamento agrícola que utiliza tecnologias como GPS, sensores e drones para otimizar o uso de insumos. Na prática, permite aplicar a quantidade certa de fertilizante ou defensivo em cada parte do talhão, economizando recursos e aumentando a produtividade.
Carregamento Eletrostático: Tecnologia aplicada a pulverizadores que confere uma carga elétrica às gotas de defensivo. Como resultado, as gotas são atraídas pelas plantas, melhorando a cobertura das folhas e reduzindo perdas do produto para o solo ou para o ar.
Cavalos-vapor (cv): Unidade de medida usada para indicar a potência de um motor. Quanto maior o número de cavalos-vapor, maior a capacidade de força da máquina, permitindo que ela execute tarefas mais pesadas, como puxar grandes implementos em terrenos difíceis.
Compactação do Solo: Processo em que as partículas do solo são pressionadas umas contra as outras, geralmente pelo peso de máquinas pesadas, reduzindo o espaço para ar e água. Isso dificulta o desenvolvimento das raízes e a absorção de nutrientes, limitando o potencial produtivo da cultura.
Deposição da Calda: Refere-se à quantidade da mistura de defensivos (calda) que efetivamente atinge e adere à superfície da planta durante a pulverização. Uma boa deposição é crucial para garantir a eficácia do tratamento e evitar o desperdício de produto.
Deriva: Fenômeno em que as gotas de defensivo pulverizadas são carregadas pelo vento para fora da área-alvo. A deriva causa perda de produto, contaminação de áreas vizinhas e reduz a eficácia da aplicação, sendo um grande desafio no manejo agrícola.
Implementos Agrícolas: Equipamentos que são acoplados a uma fonte de potência, como um trator, para realizar uma tarefa específica na lavoura. Diferente de uma máquina autopropelida (que tem motor próprio), um implemento depende do trator para se mover e funcionar, como uma plantadora ou um arado.
Rendimento Operacional: Medida de eficiência de uma máquina, geralmente expressa em hectares por hora (ha/h). Refere-se à capacidade de um equipamento realizar sua tarefa em uma determinada área em um certo período de tempo, sendo um indicador chave para a produtividade e o custo da operação.
Como gerenciar tanta tecnologia e otimizar os custos?
As inovações em máquinas e implementos agrícolas são impressionantes, mas trazem consigo dois grandes desafios: o alto custo de aquisição e a complexidade da gestão operacional. Para que tratores autônomos, pulverizadores inteligentes e robôs realmente tragam retorno, é fundamental ter um controle preciso sobre sua manutenção e seus custos.
É aqui que a tecnologia de gestão se torna uma aliada indispensável.
Um software agrícola como o Aegro, por exemplo, permite registrar o histórico de manutenções de cada máquina e criar alertas automáticos para as próximas revisões, evitando paradas inesperadas durante a safra. Além disso, a plataforma ajuda a calcular o custo operacional por hora de cada equipamento, fornecendo dados claros para entender quais operações são mais caras e onde é possível otimizar os gastos, transformando o investimento em tecnologia em lucro real.
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Perguntas Frequentes
Qual a principal vantagem de um trator de esteiras, como o Quadtrac, em comparação com um trator de rodas tradicional?
A principal vantagem é a redução da compactação do solo. As esteiras distribuem o peso da máquina por uma área maior, diminuindo a pressão sobre o solo. Isso facilita o crescimento das raízes, melhora a absorção de água e nutrientes pela planta e, consequentemente, aumenta o potencial produtivo da lavoura.
Como a tecnologia de pulverização inteligente, como a EletroVortex da Jacto, realmente funciona na prática?
Essa tecnologia combina duas ações: primeiro, dá uma carga elétrica às gotas do defensivo, fazendo com que sejam atraídas pelas plantas; segundo, usa uma corrente de ar para empurrar a pulverização para baixo. O resultado é uma cobertura mais uniforme, especialmente nas partes mais baixas da cultura, com muito menos perda de produto pelo vento (deriva), otimizando o uso de insumos.
As colheitadeiras e tratores autônomos já podem operar 100% sozinhos no campo?
Ainda não na maioria dos casos. Embora a automação tenha avançado muito, como na colheitadeira S700 que se autoajusta, a maioria dos sistemas atuais ainda requer a supervisão de um operador. Eles automatizam tarefas complexas, mas a presença humana ainda é crucial para a segurança, reabastecimento e para lidar com situações inesperadas.
A automação agrícola com robôs e drones é financeiramente viável apenas para grandes propriedades?
Não necessariamente. Embora os sistemas mais robustos exijam um alto investimento, já existem soluções escaláveis para pequenos e médios produtores. Drones para monitoramento aéreo, por exemplo, podem ser contratados como serviço, e robôs menores para horticultura estão se tornando mais acessíveis. O segredo é começar com tecnologias que resolvam problemas específicos e ofereçam um retorno claro sobre o investimento.
Qual o maior desafio para a popularização de tratores e máquinas agrícolas elétricas?
O principal desafio está na fonte de energia. As baterias atuais ainda enfrentam limitações de autonomia para suportar longas jornadas de trabalho no campo, além do tempo de recarga ser um fator crítico. A infraestrutura de recarga em áreas rurais também é um obstáculo a ser superado para que a tecnologia se torne amplamente viável.
Com tantas inovações em máquinas agrícolas, como decidir qual tecnologia priorizar?
A melhor abordagem é analisar os principais gargalos da sua operação. Identifique onde ocorrem as maiores perdas de produtividade ou os custos mais elevados, seja na pulverização, no plantio ou na colheita. A tecnologia que resolve o seu problema mais significativo e oferece o melhor custo-benefício deve ser a prioridade, garantindo um retorno mais rápido sobre o investimento.
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