Mapeamento Agrícola com Drones: Um Guia Prático para Produtores

Redator parceiro Aegro.
Mapeamento Agrícola com Drones: Um Guia Prático para Produtores

O campo e a tecnologia nunca estiveram tão conectados. Quem acredita que usar o digital na fazenda é um exagero ou pouco eficaz está perdendo uma grande oportunidade. Desde a preparação do solo até o plantio e a colheita, todas as etapas da produção agrícola podem ser melhoradas e otimizadas com a tecnologia.

Um ótimo exemplo dessa união são os drones, que se tornaram ferramentas cada vez mais comuns para mapear fazendas e coletar dados precisos sobre a lavoura.

Neste artigo, preparado em parceria com a Horus Aeronaves, vamos mostrar um caminho claro para quem deseja adotar o mapeamento agrícola com drones. Vamos explicar como o processo funciona, quais são os tipos de drones mais usados e o que você precisa para começar a utilizá-los na sua propriedade.

Como os Drones Conseguem Mapear uma Área?

Este é um assunto bastante técnico, mas vamos explicar de uma forma direta e simples.

Primeiro, é importante entender que uma foto comum tirada por um drone não é a mesma coisa que um mapa gerado por ele. O mapa é um produto muito mais complexo e útil.

Para que um drone possa realizar um mapeamento, ele precisa ter uma capacidade essencial: voar de maneira automática, seguindo um plano de voo pré-definido pelo seu sistema de GPS.

Veja como o processo acontece passo a passo:

  1. Planejamento do Voo: O operador usa um aplicativo planejador de missão (como o DJI Pilot ou Map Pilot) para desenhar a área exata que precisa ser mapeada na tela de um tablet ou celular. Nesse momento, ele define parâmetros importantes, como a altitude do voo e a sobreposição das imagens: significa o quanto uma foto vai “cobrir” a área da foto anterior, garantindo que não fiquem buracos no mapa final.

  2. Execução Automática: O drone decola e segue a rota traçada no aplicativo de forma 100% automática. Durante o voo, ele tira centenas ou milhares de fotos. Cada foto registrada contém dados precisos de suas coordenadas geográficas (latitude, longitude e altitude) daquele exato momento.

  3. Processamento das Imagens: Após o voo, todas as fotos são transferidas para um software. Esse programa “costura” as imagens, usando as coordenadas de cada uma para criar um único mapa gigante e detalhado. O resultado final é um ortomosaico: um mapa de altíssima resolução, com as distorções da câmera corrigidas e totalmente georreferenciado: significa que cada ponto do mapa corresponde a uma coordenada geográfica real no terreno.

Este infográfico detalha o processo de mapeamento agrícola com drones, ilustrando um fluxo de trabalho em cinco etapas. O pro

A partir deste ortomosaico, diversas análises detalhadas se tornam possíveis, e falaremos delas mais adiante.

Entenda sua Demanda Antes de Escolher o Drone

Certo, agora que entendemos como o mapeamento funciona, qual é o drone ideal para a sua fazenda?

Muitos profissionais cometem o erro de comprar o primeiro drone que encontram, sem antes pensar no objetivo principal do investimento.

O universo dos drones é muito variado. Existem modelos para diferentes perfis e necessidades, com preços e resultados que também variam bastante.

Por isso, é fundamental que o produtor, agrônomo ou prestador de serviço saiba exatamente como pretende usar o equipamento. Definir o objetivo antes da compra evita gastos desnecessários e garante que a ferramenta escolhida realmente atenda às necessidades da propriedade.

Que Tipo de Drone Escolher para o Mapeamento?

De forma geral, dois tipos de drones são os mais utilizados para mapeamento agrícola: multirotores e asas fixas.

Ambos conseguem realizar praticamente as mesmas funções, mas possuem diferenças importantes na capacidade de mapear grandes áreas em menos tempo e na possibilidade de carregar diferentes tipos de câmeras e sensores.

  • Drones Multirotores: São os modelos mais conhecidos, com o formato parecido ao de um helicóptero, geralmente com quatro ou mais hélices. São excelentes para áreas menores e inspeções detalhadas.
  • Drones de Asa Fixa: Estes modelos se parecem com um avião em miniatura. Sua aerodinâmica foi projetada para voar mais rápido e por muito mais tempo.

A principal diferença prática entre eles é a autonomia de voo, ou seja, o tempo que conseguem ficar no ar com uma única bateria.

  • Um drone multirotor geralmente voa por 20 a 30 minutos.
  • Um modelo de asa fixa pode voar de 90 a 120 minutos.

Essa diferença impacta diretamente a produtividade em campo. Um drone de asa fixa consegue mapear uma área muito maior em um único voo.

infográfico comparativo que ilustra as diferenças entre dois tipos principais de drones: o ‘Multirrotor / Multi

Como regra geral:

  • Para propriedades de até 100 hectares, um drone multirotor costuma ser suficiente.
  • Para áreas acima de 100 hectares, o uso de modelos de asa fixa é mais recomendado pela sua maior capacidade de trabalho e eficiência.

Além disso, a escolha depende do tipo de análise que você precisa. Drones de asa fixa, por sua maior capacidade de carga, são mais indicados para embarcar câmeras com sensor multiespectral: uma câmera especial que captura informações de luz invisíveis ao olho humano. Esses sensores são essenciais para gerar mapas de saúde da vegetação, como o famoso NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada), que mostra o vigor e o estresse das plantas.

Além do Drone, o que Mais é Preciso para Mapear?

Com o drone em mãos, o trabalho está apenas começando. Você precisará de outros componentes para completar o sistema de mapeamento:

  • Aplicativo de Planejamento de Voo: Como mencionado, você precisará de um aplicativo como o Pix4D Capture, DJI Pilot ou Map Pilot. Para drones de asa fixa, o próprio fabricante geralmente fornece o software de planejamento.
  • Processamento das Imagens: Após o voo, as fotos precisam ser processadas para se transformarem em um mapa. Existem duas formas de fazer isso:
    • Offline: Usando um software específico instalado em um supercomputador. Esta opção exige um alto investimento em hardware e licenças de software.
    • Online: Utilizando uma plataforma de processamento de imagens em nuvem. Essa alternativa é mais prática e tem um custo-benefício melhor, pois você paga pelo serviço sem precisar investir em computadores potentes.
  • Capacitação: É fundamental que o operador do drone seja treinado. Fazer um curso de mapeamento com drones garante que o equipamento seja usado de forma segura e eficiente, extraindo o máximo de seu potencial. Se optar pelo processamento offline, será necessário também um treinamento no software escolhido.

No vídeo abaixo, listamos os investimentos necessários e os valores aproximados para cada etapa:

Que Informações Eu Consigo Extrair do Mapeamento com Drones?

Os resultados de um mapeamento com drones podem ser divididos em duas categorias: os resultados “brutos” do processamento e as análises feitas a partir deles (pós-processamento).

Ao finalizar o processamento das imagens, você terá em mãos os seguintes produtos brutos:

  • Ortomosaico (o mapa detalhado)
  • Modelos Digitais de Terreno e Superfície (MDT e MDS)
  • Índices de vegetação como IFV e VARI
  • Arquivos de curvas de nível
  • Nuvem de pontos do terreno

Esses arquivos são a base para as análises de pós-processamento, que fornecem as informações mais valiosas para a tomada de decisão do produtor. Com elas, é possível:

  • Verificar falhas de plantio e quantificar prejuízos.
  • Gerar mapas (shapefiles) para aplicação de insumos em taxa variável: significa usar a quantidade certa de fertilizante ou defensivo em cada parte do talhão, sem desperdício.
  • Identificar e mapear infestações de plantas daninhas.
  • Criar mapas de saúde da vegetação para monitorar o desenvolvimento da lavoura.
  • Analisar a qualidade das linhas de plantio.
  • Realizar a contagem de plantas de forma automatizada e precisa.

Veja alguns exemplos:

infográfico que apresenta as ‘Principais Features’ de um serviço de processamento de dados para agricultura de

Conclusão

Investir no mapeamento agrícola com drones é uma decisão estratégica importante. Para que o investimento valha a pena, ele deve ser feito com base em estudo e planejamento. Primeiro, entenda a sua real necessidade e seu objetivo; depois, escolha o modelo e as ferramentas adequadas para o seu caso.

Com mais informações e dados precisos em mãos, a tomada de decisão se torna mais segura e eficiente. Isso leva a uma melhora no manejo da propriedade, e o reflexo positivo nos resultados será uma consequência natural.

Não fique para trás. A tecnologia no campo não é mais futuro, já é uma realidade presente e acessível.


Glossário

  • Aplicação em Taxa Variável: Prática da agricultura de precisão que consiste em aplicar insumos (como fertilizantes e defensivos) em quantidades diferentes em cada parte do talhão, de acordo com mapas gerados por drones ou outros sensores. O objetivo é usar apenas a quantidade necessária em cada local, otimizando custos e aumentando a eficiência.

  • Asa Fixa (Drone de): Tipo de drone que se assemelha a um avião em miniatura. Sua principal vantagem é a grande autonomia de voo, o que o torna ideal para mapear grandes extensões de terra (acima de 100 hectares) de forma rápida e eficiente.

  • Georreferenciado: Atributo de um mapa ou imagem cujos pontos estão associados a coordenadas geográficas reais no globo terrestre (latitude, longitude e altitude). Isso permite medir áreas e distâncias com precisão e integrar os dados com outros sistemas da fazenda.

  • Multirotor (Drone): O tipo mais popular de drone, com formato similar ao de um helicóptero, com quatro ou mais hélices. É ideal para mapear áreas menores (até 100 hectares) e realizar inspeções detalhadas, pois consegue voar baixo e pairar sobre pontos de interesse.

  • NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada): Um indicador crucial que mede a saúde e o vigor das plantas. Gerado a partir de câmeras com sensor multiespectral, o NDVI cria um mapa que destaca áreas com vegetação densa e saudável versus áreas com estresse ou falhas.

  • Ortomosaico: Produto final do mapeamento com drones, que consiste em um grande mapa fotográfico de alta resolução, criado pela “costura” de centenas de imagens. Diferente de uma foto comum, ele é corrigido geometricamente, não possui distorções e é totalmente georreferenciado.

  • Sensor Multiespectral: Câmera especial, embarcada em drones, capaz de capturar faixas de luz que são invisíveis ao olho humano, como o infravermelho próximo. É a tecnologia essencial para gerar índices de vegetação, como o NDVI, e analisar a saúde da lavoura.

  • Shapefile (.shp): Formato de arquivo usado para armazenar dados geográficos (pontos, linhas e polígonos). Na prática agrícola, é o arquivo de “prescrição” gerado a partir do mapa do drone, que é inserido no GPS de um trator ou pulverizador para guiar a aplicação de insumos em taxa variável.

E depois do mapa?

Como transformar dados em lucro

Gerar mapas detalhados com drones é o primeiro passo para uma gestão mais inteligente. Mas o verdadeiro valor aparece quando esses dados são usados para tomar decisões que impactam o resultado financeiro da fazenda.

O desafio para muitos produtores é conectar as informações visuais da lavoura, como falhas de plantio ou mapas de aplicação em taxa variável, com os custos reais de produção.

É aqui que uma plataforma de gestão integrada faz toda a diferença. Ferramentas como o Aegro permitem que você importe os mapas e arquivos shapefile gerados pelo drone e os associe às operações e custos daquele talhão específico.

Assim, fica fácil responder perguntas como: “Qual foi o custo exato da aplicação de fertilizantes nesta área?” ou “O investimento na correção de falhas de plantio trouxe o retorno esperado?”. Essa conexão transforma dados de precisão em uma visão clara da rentabilidade por hectare.

Que tal conectar os dados do seu drone à gestão financeira e operacional da sua fazenda? Experimente o Aegro gratuitamente e descubra como transformar mapas em decisões mais lucrativas.

Perguntas Frequentes

Qual a principal diferença entre um drone multirotor e um de asa fixa para o agro?

A principal diferença está na autonomia de voo e na eficiência para cobrir grandes áreas. Drones de asa fixa voam por mais tempo (90-120 min) e são ideais para propriedades acima de 100 hectares. Já os multirotores têm menor autonomia (20-30 min), sendo mais indicados para áreas menores, inspeções detalhadas e voos que exigem maior manobrabilidade ou pairar sobre um ponto específico.

O que o mapa NDVI realmente me diz sobre a saúde da minha lavoura?

O NDVI é um índice que funciona como um ‘raio-x’ da saúde das plantas, medindo a atividade fotossintética através de sensores especiais. Ele gera um mapa que destaca, com cores diferentes, as áreas onde as plantas estão com vigor máximo, sob estresse hídrico, com deficiência de nutrientes ou sofrendo ataques de pragas. Isso permite ações corretivas muito antes do problema se tornar visível a olho nu.

Como o mapeamento com drones ajuda a economizar com fertilizantes e defensivos?

O mapeamento identifica a variabilidade dentro de um mesmo talhão. Com base em mapas de saúde da vegetação ou de infestação de plantas daninhas, é possível gerar arquivos de prescrição (shapefiles) para a aplicação em taxa variável. Isso significa que as máquinas aplicam a quantidade exata de insumo necessária em cada ponto, reduzindo o desperdício e otimizando os custos de produção.

Posso usar um drone comum, de hobby, para fazer mapeamento agrícola profissional?

Não é recomendado. Drones para mapeamento profissional precisam de GPS de precisão para executar planos de voo automáticos e georreferenciar as imagens corretamente. Além disso, eles são projetados para carregar câmeras de alta resolução e sensores especiais, como os multiespectrais, que são essenciais para análises agronômicas. Usar um drone inadequado resulta em mapas imprecisos e sem valor para a tomada de decisão.

O que é um ortomosaico e por que ele é melhor que uma simples foto aérea?

Um ortomosaico é um mapa fotográfico gigante de alta resolução, criado pela ‘costura’ de centenas de imagens capturadas pelo drone. Diferente de uma foto comum, que tem distorções de perspectiva, o ortomosaico é corrigido geometricamente e georreferenciado. Isso significa que cada ponto no mapa corresponde a uma coordenada geográfica real, permitindo medir distâncias, áreas e elevações com altíssima precisão.

Preciso de um computador muito potente para processar as imagens do drone?

Depende do método escolhido. O processamento offline exige, sim, um computador com alta capacidade de processamento e memória, além de licenças de software caras. No entanto, uma alternativa mais acessível e prática é utilizar plataformas de processamento online (em nuvem), onde você envia as fotos e paga pelo serviço, eliminando a necessidade de um grande investimento em hardware.

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