Planejamento Agrícola: 6 Passos Essenciais para Aumentar o Lucro

Engenheira agrônoma, mestre e especialista em agronegócio. Coordenadora de marketing na Aegro.
Planejamento Agrícola: 6 Passos Essenciais para Aumentar o Lucro

O planejamento agrícola, ou planejamento rural, é o mapa que guia todas as suas estratégias para alcançar maior produtividade, reduzir custos e garantir a sustentabilidade do seu negócio. Sem um bom planejamento, o lucro fica à mercê da sorte. É com ele que você aumenta a rentabilidade e a longevidade da sua fazenda, ou seja, garante que sua atividade continue firme por muitos anos.

Mais do que isso, um planejamento bem feito permite que você se prepare para imprevistos, como variações climáticas, oscilações no preço de venda da sua produção ou o aumento no valor dos insumos e defensivos. Com essa preparação, a tomada de decisão se torna mais consciente e segura.

Para dominar essa ferramenta indispensável, continue a leitura e aprenda os 6 mandamentos de um planejamento agrícola de sucesso.

O ponto de partida para qualquer bom plano são os dados. Este é o nosso primeiro mandamento.

1. Colete e Anote Todos os Dados da Sua Operação

Sua experiência é valiosa, mas são os dados que a transformam em decisões lucrativas. Os registros, as anotações e os números permitem que o produtor ou gerente da fazenda utilize seus conhecimentos de forma muito mais eficaz.

Para entender melhor, vamos a um exemplo prático do livro “Planejamento e Controle Financeiro das Empresas Agropecuárias”, de Nguyen H. Tung:

a capa do livro ‘Planejamento e Controle Financeiro das Empresas Agropecuárias’, de autoria de Nguyen H. Tung.

  • No gado de leite: Ao registrar os dados de consumo de ração, você descobre a conversão alimentar, que é a relação de quanto alimento é necessário para produzir cada litro de leite. Com essa informação, se o pasto está bem manejado e os registros de chuva indicam um volume acima do normal, você pode reduzir a quantidade de ração com segurança, mantendo a produção de leite e diminuindo seus custos.
  • Na produção de soja: Sabendo o nível de infestação do percevejo-marrom nos anos anteriores, você pode comparar com a safra atual. Se a infestação for menor, é possível diminuir o número de aplicações de inseticidas, economizando recursos sem arriscar a produtividade.

Por isso, é fundamental coletar e organizar dados sobre:

  • Infestação de insetos, doenças e plantas daninhas;
  • Preços pagos por insumos e defensivos;
  • Quantidade e custos de mão de obra;
  • Custos de maquinário e horas de trabalho;
  • Produtividade de cada talhão.

Se você trabalha com soja, o Manual de identificação de insetos e outros invertebrados da cultura da soja, da Embrapa, é uma excelente ferramenta para ajudar na coleta correta de dados sobre pragas.

banner promocional da Aegro, uma empresa de software para gestão rural. Com um fundo verde escuro, o lado esque

2. Busque Informação de Qualidade para Embasar Suas Decisões

Produzir commodities, como soja, milho ou café, é produzir pensando no mercado. É ele quem vai comprar seus produtos e definir o preço que você receberá. Por isso, é crucial estar atento às tendências de mercado. Informe-se participando de eventos, lendo notícias em sites especializados, acompanhando portais financeiros, revistas agropecuárias e blogs confiáveis.

A única coisa que não vale é ir apenas na conversa do vizinho. Procure sempre informações em fontes reconhecidas e respeitadas.

Um ótimo exemplo é o site do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da ESALQ/USP.

captura de tela do site do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), vinculado à Esalq/USP, um

Dentro do site, ao clicar em “Custos e Gestão” (destacado no círculo verde), você encontra estimativas de custos de produção. Esses dados podem ser comparados com os preços de venda esperados para sua produção.

Isso permite que você monitore com segurança qual será a sua rentabilidade, de acordo com o seu produto. Basta selecionar “Agrícolas” ou “Pecuários”, dependendo da sua atividade.

captura de tela do site do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), uma importante fonte de d

Para produtos agrícolas, por exemplo, é possível acessar relatórios detalhados de soja, milho, algodão e trigo. Para isso, clique em “Agrícolas” e depois selecione o ano e o mês de publicação para acessar o relatório desejado.

tutorial visual que demonstra, em duas etapas, como acessar relatórios agrícolas em um portal online. Na primei

Abaixo, um exemplo de um relatório do CEPEA mostrando uma análise de custo.

trecho de um relatório técnico-econômico sobre a safra de soja 2017/18 no Brasil, intitulado ‘Custos Trimes

Com uma análise como essa, um produtor de soja consegue identificar um risco de prejuízo para a safra e agir com antecedência para mudar esse cenário em seu negócio. Com informações valiosas em mãos, o próximo passo é direcionar seu planejamento.

3. Direcione o Planejamento com as Perguntas Certas

Existem quatro perguntas fundamentais que orientam um bom planejamento estratégico da produção agrícola: O quê? Como? Quanto? e Quando?

  • O quê produzir? Defina a combinação de produtos e a área que será destinada a cada cultura. Essa decisão deve ser baseada nas informações e tendências do mercado que você coletou, buscando sempre as culturas mais rentáveis para o momento.

  • Como produzir? Decida as técnicas que serão usadas: plantio direto ou convencional? Como será feita a adubação e a correção do solo? Com ou sem irrigação? Você precisará de financiamento ou seguro agrícola? O objetivo é encontrar a combinação de recursos que resulte nos menores custos de gestão agrícola e na maior rentabilidade possível. Para um exemplo prático, veja como planejar a semeadura na cultura do milho.

  • Quanto produzir? Aqui, a decisão envolve conceitos de mercado e economia. Em alguns cenários, estocar o produto para vender depois pode ser vantajoso. Em outros, o mais rentável é produzir apenas o que a demanda do mercado está pedindo. A definição do “quanto” também depende do seu sistema de produção (fertilidade do solo, defensivos, mão de obra, etc.), pois tudo isso influencia diretamente a produtividade final da lavoura.

  • Quando produzir e vender? Esta decisão depende da expectativa de preços de compra de insumos e dos preços de venda do seu produto final. Além disso, é obrigatório respeitar a legislação de vazio sanitário (período em que é proibido ter plantas vivas de uma cultura específica no campo para controlar doenças e pragas) e as recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) (ferramenta do governo que indica as melhores épocas de plantio por município, reduzindo riscos climáticos).

tabela informativa detalhando os períodos de vazio sanitário para a cultura da soja em diversos estado (Fonte: Embrapa)

4. Organize o Planejamento Financeiro da Fazenda

Monitorar as finanças de perto permite que você mude de estratégia rapidamente quando surge uma oportunidade ou um imprevisto. Explicamos em detalhes como organizar as finanças básicas neste artigo.

Registrar todas as despesas e receitas abre caminho para uma análise crítica: os resultados estão de acordo com o planejado ou é preciso ajustar algo para melhorar o controle financeiro da fazenda?

Se você ainda não tem esse controle, saiba que não está sozinho. Uma pesquisa antiga já mostrava que 4 em cada 10 brasileiros não controlavam seus gastos. No agronegócio, ter esse controle pode ser o principal diferencial do seu negócio, garantindo um resultado muito melhor no final da safra.

5. Transforme o Planejamento em Ação no Campo

Com os dados da sua fazenda, as informações do mercado e o plano financeiro em mãos, é hora de colocar a mão na massa. A gestão é o que transforma o planejamento em realidade.

Aqui estão algumas dicas práticas para essa etapa:

  1. Diversifique sua produção: Evite depender de uma única cultura. Diferentes produtos agrícolas têm comportamentos distintos no mercado. Ao diversificar, a chance de dois ou mais produtos darem prejuízo ao mesmo tempo é muito menor.
  2. Envolva sua equipe: Converse e explique o planejamento agrícola para todos que trabalham com você na fazenda. É fundamental que todos conheçam os objetivos. Além disso, nessas conversas podem surgir ótimas ideias para melhorar os processos.
  3. Use a tecnologia a seu favor: A tecnologia torna a gestão mais rápida, simples e precisa. Como afirmou o diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB), o próximo passo para o avanço do agronegócio no Brasil é a aplicação da tecnologia na gestão das propriedades.

6. Monitore, Avalie e Ajuste o Planejamento Constantemente

O planejamento não termina quando a safra começa. Pelo contrário, ele é um ciclo contínuo de melhoria.

Após a colheita, revise seus registros e analise o planejamento de safra que foi executado. Converse novamente com sua equipe e reúna informações e experiências sobre o que funcionou e o que não deu certo.

  • O que deu certo? Continue fazendo e aprimorando.
  • O que não deu resultado? Repense, investigue as causas e melhore os processos.

Dessa forma, você saberá exatamente onde precisa melhorar, e a cada nova safra, seu planejamento se tornará mais preciso e eficiente.

Este é um banner promocional projetado para atrair produtores de soja. A imagem é dividida em duas seções principais. À esque

Conclusão

O planejamento agrícola é mais do que um documento: é uma sequência de ações inteligentes que preparam sua fazenda para o sucesso. Ele acontece em três momentos cruciais:

  • Antes da safra: para se preparar adequadamente.
  • Durante a safra: para seguir o plano e fazer ajustes inteligentes conforme as situações mudam.
  • Após a safra: para analisar os resultados, aprender com os acertos e erros.

Ao seguir esses seis mandamentos, seu planejamento deixa de ser uma obrigação e se torna a ferramenta mais poderosa para garantir a lucratividade e a sustentabilidade do seu negócio agrícola, safra após safra.


Glossário

  • CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada): Centro de pesquisa da ESALQ/USP que é referência em cotações e análises de custos para o agronegócio. Produtores o utilizam para comparar seus custos de produção com as médias de mercado e projetar a rentabilidade.

  • Commodities: Produtos de origem agropecuária ou mineral produzidos em larga escala, com características padronizadas e cujos preços são definidos pelo mercado global. Soja, milho e café são exemplos clássicos de commodities agrícolas.

  • Conversão alimentar: Indicador que mede a eficiência com que um animal converte a ração consumida em produto final (carne, leite, ovos). Por exemplo, quantos quilos de ração são necessários para produzir um litro de leite.

  • Custos de produção: A soma de todos os gastos necessários para produzir uma safra, incluindo insumos, mão de obra, combustível e depreciação de maquinário. É um dado essencial para calcular a lucratividade da atividade.

  • Insumos: Termo genérico para todos os produtos utilizados no processo de produção agrícola. Inclui desde sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas até corretivos de solo.

  • Talhão: Uma subdivisão da área total da fazenda, tratada como uma unidade de manejo independente. Cada talhão pode ter diferentes características de solo, exigindo recomendações específicas de plantio e adubação.

  • Vazio sanitário: Período determinado por lei em que é proibido manter plantas vivas de uma cultura específica (como a soja) no campo. Esta prática visa interromper o ciclo de pragas e doenças, como a ferrugem asiática, reduzindo sua incidência na safra seguinte.

  • ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático): Ferramenta do governo que indica, por município, as melhores épocas de plantio para cada cultura, minimizando os riscos de perdas por eventos climáticos adversos. Seguir o ZARC é, muitas vezes, um pré-requisito para obter seguro e financiamento agrícola.

Veja como o Aegro pode ajudar no seu planejamento

Coletar e organizar todos os dados da operação — dos custos de maquinário ao controle financeiro detalhado — é o alicerce de um bom planejamento agrícola, mas também um dos maiores desafios. Lidar com planilhas separadas e anotações em papel pode levar a erros e dificultar a visão completa do negócio. Um software de gestão agrícola como o Aegro resolve esse problema ao centralizar todas as informações em um único lugar. Com ele, é possível registrar atividades, controlar o estoque de insumos e acompanhar o fluxo de caixa em tempo real, transformando dados brutos em relatórios claros que mostram o custo real de produção por talhão. Essa organização facilita a tomada de decisões e permite que os ajustes no planejamento sejam feitos com muito mais segurança e agilidade.

Que tal simplificar a gestão da sua fazenda e ter o controle total do seu planejamento?

Experimente o Aegro gratuitamente e veja na prática como transformar dados em decisões mais lucrativas.

Perguntas Frequentes

Qual é o primeiro passo prático para começar um planejamento agrícola do zero?

O primeiro e mais crucial passo é a coleta de dados da sua própria operação. Comece registrando todas as informações da safra anterior, como custos com insumos, produtividade por talhão, horas de máquina trabalhadas e histórico de pragas e doenças. Esses dados históricos são a base para tomar decisões mais seguras e rentáveis para o futuro.

Como o planejamento agrícola ajuda a lidar com a imprevisibilidade do clima e do mercado?

O planejamento permite criar cenários e estratégias para diferentes situações. Ao analisar dados históricos e tendências de mercado, você pode definir ações para casos de seca, excesso de chuva ou queda no preço da sua commodity. Isso transforma a tomada de decisão reativa em uma gestão proativa, minimizando perdas e aproveitando oportunidades.

Por que é tão importante registrar os custos de produção em vez de apenas focar no faturamento?

Focar apenas no faturamento pode mascarar prejuízos. Registrar detalhadamente os custos de produção permite calcular a real margem de lucro de cada cultura ou talhão. Com essa informação, você identifica quais atividades são mais rentáveis e onde é possível reduzir despesas, otimizando a saúde financeira da fazenda.

O que são o ZARC e o Vazio Sanitário e por que devo segui-los no meu planejamento?

O ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) indica as épocas de plantio com menor risco climático para sua região, enquanto o Vazio Sanitário é um período legal sem a cultura no campo para quebrar o ciclo de pragas. Seguir ambos é fundamental para planejar o calendário agrícola, reduzir riscos de perdas, cumprir a legislação e, muitas vezes, é pré-requisito para obter seguro e crédito rural.

É possível fazer um bom planejamento agrícola sem usar um software de gestão?

Sim, é possível começar utilizando planilhas e cadernos bem organizados, especialmente em operações menores. No entanto, o controle manual se torna mais complexo e suscetível a erros à medida que a fazenda cresce. Um software de gestão agrícola automatiza a coleta de dados e a geração de relatórios, economizando tempo e oferecendo uma visão mais precisa e integrada do negócio.

Qual a diferença entre o planejamento de safra e o planejamento financeiro da fazenda?

O planejamento de safra foca nas decisões operacionais: o que, como e quando plantar, definindo as técnicas e os insumos necessários para a produção. Já o planejamento financeiro é mais amplo, englobando os custos da safra, mas também todas as outras receitas e despesas do negócio, como custos administrativos, investimentos e financiamentos, oferecendo uma visão completa da saúde financeira da propriedade.

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  • 6 passos para fazer o planejamento financeiro da sua fazenda com sucesso: Este artigo complementa perfeitamente o artigo principal ao aprofundar o ‘Passo 4: Organize o Planejamento Financeiro’. Enquanto o texto principal apenas introduz a necessidade do controle financeiro, este candidato oferece uma metodologia detalhada, explicando como usar o fluxo de caixa e projetar cenários, transformando um conceito geral em um guia prático e acionável.
  • Desafios da cultura da soja: como se preparar e alcançar melhores resultados em sua lavoura: Este artigo funciona como um estudo de caso perfeito, aplicando os conceitos gerais do planejamento agrícola diretamente à cultura da soja, que é usada como exemplo no artigo principal. Ele detalha desde o custeio e a escolha de cultivares até a comercialização, tornando os 6 passos do planejamento muito mais concretos e tangíveis para o produtor de soja.
  • Entenda como interpretar as informações do Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático): O artigo principal menciona brevemente o ZARC no ‘Passo 3’, mas não explica como usá-lo. Este artigo preenche essa lacuna de conhecimento de forma brilhante, detalhando o que é o ZARC, como interpretar suas informações e onde consultá-lo. Ele transforma uma referência técnica em uma ferramenta poderosa para a tomada de decisão sobre ‘Quando produzir?’.
  • O que é vazio sanitário? Por que é importante?: Assim como o ZARC, o vazio sanitário é apenas citado no artigo principal. Este candidato oferece uma explicação completa e atualizada, essencial para qualquer planejamento de safra de soja. Ele aprofunda a importância estratégica e legal da prática, fortalecendo a compreensão do leitor sobre as restrições e oportunidades do calendário agrícola.
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