Logística de Transportes no Agro: Guia Completo Sobre o Custo do Frete

Redatora parceira Aegro.
Logística de Transportes no Agro: Guia Completo Sobre o Custo do Frete

Você se planeja o ano todo para alcançar uma alta produtividade e, finalmente, a colheita é farta. No entanto, qualquer falha na hora de escoar essa produção pode gerar prejuízos significativos e colocar toda a sua lucratividade em risco.

A logística de transportes é uma das atividades mais caras da sua operação e exige um planejamento cuidadoso. Para se ter uma ideia, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC) calculou que o custo do frete para uma distância média de 800 km já era de R$ 204,38 por tonelada na safra 2017/2018.

Esse valor impacta duplamente o seu negócio: tanto no escoamento da sua produção quanto no recebimento de insumos na fazenda. Isso significa que o seu custo de produção está diretamente ligado ao valor do frete.

Neste guia completo, vamos detalhar como a logística de transportes funciona e como você pode entender e calcular o valor justo do seu frete. Confira a seguir!

O Que é a Logística de Transportes e Como Funciona o Frete?

De forma simples, a logística de transportes é o processo de levar um produto do ponto de origem (sua fazenda) ao destino final (o consumidor ou armazém) da forma mais eficiente possível. Eficiência aqui significa equilibrar três fatores: rapidez, segurança e, principalmente, o menor custo.

O transporte em si é o que chamamos de frete, o serviço que conecta o produtor ao mercado. Para que essa conexão seja rentável, é fundamental entender como o preço do frete é calculado.

Os 5 Componentes que Definem o Preço do Seu Frete

O planejamento do frete se baseia em cinco pilares principais que compõem o valor final. Entender cada um deles ajuda você a negociar melhor e a prever seus custos.

infográfico intitulado ‘TABELA DE FRETE COMPLETA’, que desmembra os cinco principais componentes utilizados (Fonte: Anuário NTC&Logística)

Vamos detalhar cada um desses componentes:

1 e 2. Tabela de Frete Peso

Este é o custo base do transporte, calculado principalmente pela distância a ser percorrida e pelo peso da carga. Em alguns casos, quando a entrega precisa ser feita em mais de um local (entrega fracionada), uma taxa adicional pode ser somada a este valor para cobrir as paradas extras.

3. Frete Valor

Esta etapa funciona como um seguro sobre o valor da carga transportada. O cálculo leva em conta os riscos envolvidos no trajeto, como acidentes. O valor é influenciado pela distância, pelo tipo de produto (cargas mais frágeis custam mais para segurar), pela qualidade da embalagem e pelas condições gerais da mercadoria.

4. GRIS (Gerenciamento de Risco)

O GRIS é uma taxa específica para cobrir riscos de roubo de carga. Diferente do Frete Valor, o GRIS é calculado como uma porcentagem do valor total da mercadoria declarado na nota fiscal, sem levar em conta a distância percorrida. É uma medida de segurança para proteger a transportadora e o dono da carga.

5. Generalidades

Aqui entram as taxas cobradas por serviços adicionais ou situações que não são comuns em todos os transportes, mas que precisam ser previstas. Elas servem como um respaldo para cobrir custos extras, como dificuldade de acesso para carga/descarga, tempo de espera prolongado na fazenda ou no porto, ou a necessidade de equipamentos especiais.

infográfico detalhado que ilustra o impacto do aumento dos custos do transporte rodoviário da soja no Brasil, c (Fonte: Valor Econômico)

Impacto Direto: Por Que o Frete é um Custo de Produção Essencial

Sim, o frete faz parte do seu custo de produção. Após a colheita, o processo de levar sua produção até o ponto de armazenagem ou venda é uma etapa fundamental da sua cadeia de suprimentos. Portanto, ele é um custo logístico que deve ser planejado e controlado.

Ficar atento a alguns pontos pode ajudar a diminuir esses custos. Veja os principais fatores que encarecem o frete:

  • Distância: É o principal vilão do custo. Quanto mais longe sua fazenda estiver dos centros de comercialização ou portos, mais caro será o transporte.
  • Condições das estradas: Estradas rurais sem pavimentação ou em mau estado aumentam o desgaste do caminhão, o consumo de combustível e o tempo de viagem, onerando a operação.
  • Periculosidade: Trechos de rodovias conhecidos por altos índices de acidentes ou roubos podem aumentar o valor do seguro (Frete Valor) e do GRIS.
  • Pedágios: Rodovias com muitas praças de pedágio e tarifas elevadas impactam diretamente o valor final do frete, pois esse custo é repassado a você.

Por isso, é crucial que você inclua essa despesa em seu planejamento e mantenha um controle rigoroso sobre os custos da sua produção agrícola.

a tela de ‘Colheita’ do software de gestão agrícola Aegro, apresentando um painel de controle detalhado para a

Os Tipos de Transporte (Modais) no Agronegócio Brasileiro

Antes de falarmos sobre os valores, é importante conhecer as opções de transporte, conhecidas como modais. A operação logística no Brasil pode ser realizada por quatro vias principais:

  • Rodoviário: Caminhões.
  • Ferroviário: Trens.
  • Aquaviário: Navios e barcaças.
  • Aéreo (Aviário): Aviões.

No Brasil, o modal rodoviário é o principal meio para escoar a produção agrícola. De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), ele representa 61% de todo o transporte de cargas no país.

gráfico de pizza em 3D que ilustra a distribuição da matriz de transporte de cargas, muito provavelmente no (Fonte: CNT/ANTT/Esalq-Log)

O transporte por caminhões se destaca por sua flexibilidade, alcançando praticamente todas as áreas produtoras do país. Ele está mais bem estruturado que o modal ferroviário, por exemplo, que, apesar do menor custo por tonelada em longas distâncias, sofre com uma malha limitada e condições muitas vezes precárias.

Como Calcular o Preço do Frete: A Tabela da ANTT e Outros Fatores

A preocupação com o valor do frete é constante, principalmente porque os preços costumam oscilar muito em épocas de safra, quando a demanda por caminhões aumenta e a oferta nem sempre dá conta do volume.

Para trazer mais previsibilidade, o preço do frete é regulado por uma tabela de pisos mínimos, estabelecida pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Essa tabela define o valor mínimo que deve ser pago ao caminhoneiro para que ele possa trabalhar em condições adequadas e prestar um bom serviço. A versão mais recente, de 24 de abril de 2019, pode ser consultada aqui.

uma tabela detalhada intitulada ‘Tabela de Preços Mínimos por KM e por Eixo - Carga Geral’. Esta tabela serveuma tabela detalhada intitulada ‘Tabela de Preços Mínimos por KM e por Eixo - Carga Granel’. Ela apresenta os

A base para o cálculo da ANTT divide os custos em duas categorias:

  • Custo Fixo: Despesas que não dependem da quilometragem percorrida. Inclui a depreciação do caminhão, seguros, impostos e o salário do motorista.
  • Custo Variável: Despesas que mudam de acordo com a distância da viagem. O principal item aqui é o combustível, mas também inclui pneus e manutenção.

Além do piso mínimo, outros fatores devem ser considerados no somatório final:

  • Pedágios: O valor total dos pedágios no percurso.
  • Alimentação e Pernoite: Custos do motorista durante a viagem.
  • Distância total: A quilometragem exata do trecho.

A ANTT, por meio da Resolução nº 5.820/2018, é responsável por publicar e atualizar a tabela. A regra é que a tabela seja reajustada sempre que o preço do diesel variar 10% (para mais ou para menos) em relação ao valor da última publicação.

Conclusão: Planejamento é a Chave para Reduzir Custos com Frete

Neste artigo, detalhamos como a logística de transportes funciona e mostramos por que o frete é uma parte tão importante e cara da sua operação.

Você aprendeu sobre:

  • Os 5 componentes que formam o preço do frete.
  • Como o frete impacta diretamente seu custo de produção.
  • Os fatores que mais encarecem o transporte da sua safra.
  • Como a tabela da ANTT funciona para regular os preços mínimos.

Com essas informações, você está mais preparado para negociar, planejar e controlar os custos de transporte da sua empresa rural, garantindo que o lucro conquistado no campo não se perca no caminho até o mercado.


Glossário

  • ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres): Órgão do governo federal responsável por regular e fiscalizar as atividades de transporte terrestre no Brasil. A ANTT define a tabela de preços mínimos para o frete rodoviário de cargas.

  • Frete Valor: Componente do custo do frete que funciona como um seguro sobre a carga. Seu valor é calculado com base no valor da mercadoria transportada e cobre riscos como acidentes e avarias durante o trajeto.

  • GRIS (Gerenciamento de Risco): Taxa específica cobrada no frete para cobrir os custos relacionados à prevenção e ao risco de roubo da carga. É calculada como um percentual sobre o valor declarado da mercadoria na nota fiscal.

  • Logística de transportes: Área da gestão focada em planejar e executar o movimento de produtos do ponto de origem (a fazenda) ao destino final. O objetivo é equilibrar eficiência, rapidez, segurança e o menor custo possível.

  • Modais de transporte: Refere-se aos diferentes tipos ou meios de transporte utilizados para movimentar cargas. No agronegócio, os principais são o rodoviário (caminhões), ferroviário (trens) e aquaviário (navios e barcaças).

  • Tabela de pisos mínimos: Tabela oficial publicada pela ANTT que estabelece os valores mínimos a serem pagos pelo serviço de frete no Brasil. Ela serve como referência para garantir uma remuneração justa aos transportadores.

Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios

Gerenciar o frete como parte do custo de produção é um desafio complexo, mas crucial para a rentabilidade. Sem um registro detalhado, é fácil perder o controle sobre o impacto real da logística no seu resultado final. Um software de gestão agrícola como o Aegro resolve esse problema ao centralizar todas as despesas da fazenda em um único lugar. Com ele, você pode registrar cada gasto com transporte e gerar relatórios que mostram exatamente o peso do frete no seu custo por saca ou por hectare.

Dessa forma, você toma decisões mais informadas na hora de negociar e planejar o escoamento da safra. Quer ver como funciona na prática?

Experimente o Aegro gratuitamente e tenha o controle total dos seus custos.

Perguntas Frequentes

Qual a diferença prática entre a taxa de Frete Valor e o GRIS no cálculo do frete?

A diferença está no tipo de risco que cada um cobre. O Frete Valor funciona como um seguro contra danos à carga, como avarias por acidentes. Já o GRIS (Gerenciamento de Risco) é uma taxa específica para cobrir os custos de prevenção e as perdas em caso de roubo da mercadoria. Ambos são calculados sobre o valor da nota fiscal, mas protegem contra ameaças distintas.

Como um produtor rural pode usar a tabela de fretes mínimos da ANTT para negociar?

A tabela da ANTT estabelece o valor mínimo legal para o frete, servindo como um ponto de partida seguro para a negociação. O produtor pode usá-la para verificar se uma cotação está dentro da legalidade e para ter uma base sólida de argumentação. Saber o piso ajuda a evitar ofertas abusivas e a negociar um preço justo, especialmente em períodos de alta demanda.

Por que o valor do frete costuma aumentar tanto durante o período de safra?

O aumento ocorre devido à lei da oferta e demanda. Durante a colheita, um grande número de produtores precisa escoar sua produção simultaneamente, gerando uma demanda altíssima por caminhões. Como a frota disponível é limitada, a competição pelo serviço eleva os preços, tornando o frete significativamente mais caro nesse período crítico.

Além do planejamento, que outras ações práticas podem ajudar a reduzir os custos com frete?

Ações práticas incluem melhorar as condições das estradas de acesso à sua propriedade para agilizar o carregamento, garantir que toda a documentação da carga esteja em ordem para evitar atrasos e, se possível, buscar por ‘fretes de retorno’ (cargas que aproveitam uma viagem que voltaria vazia). Consolidar cargas com produtores vizinhos também pode ser uma estratégia eficaz para negociar volumes maiores.

O modal ferroviário é mais barato. Por que ele não é mais utilizado para escoar a produção agrícola?

Embora seja mais econômico para longas distâncias, o modal ferroviário no Brasil enfrenta desafios de infraestrutura. A malha ferroviária é limitada e não alcança todas as regiões produtoras, além de ter conexões, por vezes, ineficientes com portos e armazéns. Por isso, o transporte rodoviário, mesmo sendo mais caro, acaba sendo a opção mais flexível e acessível para a maioria dos produtores.

A condição da estrada rural até minha fazenda realmente impacta tanto assim o valor do frete?

Sim, impacta diretamente. Estradas de terra ou mal conservadas aumentam o tempo de viagem, o consumo de combustível e o desgaste de pneus e peças do caminhão. Além disso, elevam o risco de acidentes e danos à carga, fazendo com que as transportadoras repassem todos esses custos e riscos adicionais para o valor final do frete.

Artigos Relevantes

  • Gestão logística: Supere os desafios de transporte no agro: Este artigo é o complemento estratégico perfeito. Enquanto o guia principal foca em detalhar o cálculo e os componentes do custo do frete, este eleva a discussão para a gestão logística como uma ferramenta de lucratividade, usando dados comparativos (Brasil vs. EUA) e introduzindo soluções como a armazenagem estratégica para mitigar a sazonalidade dos preços do frete.
  • 5 dicas para otimizar a logística na sua fazenda: Este artigo oferece uma abordagem tática e prática que o artigo principal não possui. Ele transforma o conhecimento analítico sobre custos de frete em um plano de ação com 5 dicas para otimizar toda a logística da fazenda, abordando desde a organização da cadeia de suprimentos até a diversificação de transportadoras, provendo um guia de implementação direta.
  • MDF-e para produtor rural: como funciona e como emitir: Este artigo preenche uma lacuna crucial de conhecimento prático e legal. Após entender os custos e a estratégia do transporte, a próxima dúvida do produtor é sobre a burocracia necessária para movimentar a carga. Este guia sobre o MDF-e é essencial, explicando de forma clara a documentação fiscal obrigatória para o transporte, algo que o artigo principal não aborda.
  • 5 perdas na colheita que você pode estar sofrendo e o que fazer para resolver: Este artigo adiciona uma dimensão crítica de risco físico e financeiro ao tema. O guia principal discute o custo de contratar o frete, enquanto este aborda o custo de perder o produto durante o transporte. Ao quantificar as perdas por derramamento de grãos, ele reforça a importância de um planejamento logístico eficiente não apenas para economizar, mas para proteger o patrimônio já produzido.
  • Logística da pluma do algodão: o que impacta o escoamento da produção?: Este artigo serve como um excelente estudo de caso, aplicando os conceitos gerais de logística do artigo principal a uma cultura específica e de alto valor. Ele detalha os desafios únicos do algodão, como a manutenção da qualidade da fibra e a rastreabilidade, mostrando como os princípios logísticos se adaptam a diferentes realidades e necessidades do agronegócio, enriquecendo a compreensão do leitor.