A nova safra se aproxima. O preparo do solo está em andamento e as conversas entre vizinhos já giram em torno de sementes, adubos e, claro, defensivos. Se você sente que organizar o planejamento de defensivos é um desafio, saiba que essa é uma realidade comum para muitos produtores. A agricultura exige muito trabalho e é normal sentir-se sobrecarregado com tantos detalhes.
Hoje, vamos focar em uma parte crucial do seu planejamento: a lista de defensivos agrícolas. O objetivo é criar uma lista que traga ótimos resultados para sua lavoura e, consequentemente, para o seu negócio.
Lista de Defensivos Agrícolas: Qual o Momento Certo para Comprar?
O primeiro passo estratégico é ficar atento ao mercado, acompanhando a variação dos preços. Geralmente, o valor dos defensivos cai fora do período de safra, pois a procura é menor nesse momento.
O histórico mostra que os custos e a procura por defensivos tendem a aumentar no segundo semestre do ano, coincidindo com o início da safra de verão. Por isso, a compra antecipada de insumos é uma prática que vem crescendo, especialmente quando o câmbio se mostra favorável antes do plantio. Fique de olho não apenas no mercado nacional, mas também na cotação do dólar.
Para te ajudar nesse acompanhamento, reunimos algumas ferramentas úteis no artigo abaixo: 5 Aplicativos Para Planejamento Agrícola Que Você Deveria Conhecer
O aumento da compra antecipada demonstra que os produtores rurais estão se planejando cada vez mais. Ao conhecer sua área e planejar com antecedência, você ganha mais tempo para pesquisar os melhores preços e decidir o momento ideal para suas compras.
Como Definir Exatamente Quais Defensivos Comprar?
A resposta para essa pergunta está em dois pilares: o monitoramento constante e o histórico detalhado da sua área. Quanto mais detalhado for o seu planejamento agrícola, especialmente com a separação por talhões, mais precisa será sua lista de defensivos.
Veja como aplicar esses conceitos para montar uma lista mais assertiva.
1. Monitoramento Constante do Campo
Monitorar é, basicamente, ir a campo para observar o que está acontecendo na lavoura. Você certamente já faz isso, mas a chave para o sucesso é a frequência e o registro de tudo o que você encontra.
Manter um registro sistemático transforma observações diárias em dados valiosos para o planejamento.
Exemplo de monitoramento de pragas registrado no software Aegro.
(Fonte: Aegro)
2. Análise do Histórico da Área
Os registros dos monitoramentos de safras passadas formam o histórico da sua propriedade. É esse histórico que você consultará na pré-safra para saber o que e quanto comprar, já que ainda não há cultura no campo para monitorar.
Com esses dados em mãos, você tem mais segurança sobre quais produtos serão necessários. As observações sobre o nível de infestação de plantas daninhas, insetos ou doenças também permitem estimar a dose correta. Isso acontece porque os problemas de uma safra costumam se repetir na safra seguinte, principalmente se você cultiva a mesma cultura ou se as pragas atacam culturas diferentes que fazem parte da sua rotação.
Com a informação da dose por hectare e a área total que será plantada, fica simples calcular o volume total de cada produto.
Dica Prática: Recomendo adicionar uma margem de 10% a mais nesse cálculo. Essa reserva serve como segurança para casos de infestações mais severas ou outros imprevistos durante a aplicação.
3. Planejamento Detalhado por Talhão
Saber o que foi feito em cada talhão nos últimos anos é fundamental. Esse nível de detalhe orienta quais defensivos podem ou não ser utilizados, além de fornecer informações valiosas sobre a saúde do solo, a pressão de pragas e as particularidades de cada parte da sua propriedade.
Se você já adota práticas de agricultura de precisão, você já está um passo à frente.
Lembre-se também de anotar a eficácia dos produtos aplicados. Se um determinado defensivo vem perdendo o efeito ao longo dos anos, é sinal de que está na hora de buscar alternativas. Além disso, é crucial rotacionar os ingredientes ativos dos defensivos, mesmo que eles ainda estejam funcionando bem. Essa prática previne a seleção de pragas resistentes.
Se você quer entender mais sobre resistência, recomendamos estas leituras:
- 5 pragas agrícolas resistentes a defensivos agrícolas e como combatê-las;
- Tudo o que você precisa saber sobre resistências a defensivos agrícolas.
Onde Consultar os Defensivos Agrícolas Permitidos e Seguros?
No Brasil, para um defensivo ser registrado, ele passa por três avaliações rigorosas:
- Avaliação Toxicológica: Realizada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, para garantir a segurança à saúde humana.
- Avaliação Ambiental: Conduzida pelo Ibama e pelo Ministério do Meio Ambiente, para analisar os impactos no ecossistema.
- Avaliação Agronômica: Feita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para comprovar a eficácia contra as pragas-alvo e a seletividade para as culturas.
Isso significa que os produtos registrados foram amplamente estudados e testados. Atualmente, existem 1868 produtos comerciais com registro de uso no Brasil.
O portal Agrofit, do MAPA, é a fonte oficial para consultar a relação de todos os produtos registrados. Nele, é possível buscar por cultura, praga, classe de defensivo, entre outros filtros.
Atenção: Use o Agrofit como sua base de pesquisa, mas sempre consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a). Somente este profissional pode emitir a recomendação técnica e o receituário agronômico necessários para a compra dos produtos.
Defensivos de Marca ou Genéricos: Como Decidir?
Este é um tema complexo e que gera muitos debates. Abordamos essa questão em profundidade no artigo: ”Defensivos agrícolas genéricos ou de marca: a batalha definitiva do que usar na sua propriedade“
Para ilustrar, imagine que você precisa aplicar glifosato duas vezes em uma área de 100 hectares. A dose já foi definida, mas qual produto comercial escolher? Uma busca rápida no Agrofit mostra o tamanho do desafio.
O resultado dessa busca são 81 produtos comerciais à base de glifosato registrados para soja.
Isso acontece com diversos outros ingredientes ativos. De um lado, temos as grandes empresas de pesquisa, que investem alto para desenvolver novas moléculas. Um estudo da consultoria McDougall estimou que o custo para levar uma molécula da descoberta ao registro era de US$ 256 milhões em 2008 – um valor muito maior hoje. Esse custo se reflete no preço final do produto.
Do outro lado, estão os defensivos genéricos. Em 2015, dados do SINDIVEG mostraram que 75% das importações de defensivos pelo Brasil foram de genéricos, justamente por representarem uma redução nos custos de produção.
A decisão final depende de uma análise cuidadosa. O mais importante é se informar, conhecer as necessidades da sua propriedade e escolher o que for mais indicado para a sua realidade. Independente da marca, siga sempre as recomendações da bula e conte com assistência técnica de qualidade.
A Importância do Controle de Estoque
Um controle de estoque eficiente parece básico, mas muitos produtores ainda não o realizam de forma adequada. Como vimos, o monitoramento e o histórico da área são essenciais para definir o que e quanto comprar. No entanto, essa informação precisa ser cruzada com o que você já tem armazenado.
Um bom controle de estoque evita surpresas desagradáveis. Já imaginou chegar o dia da aplicação e descobrir que falta inseticida? Além do atraso, você pode enfrentar produtos em falta no mercado ou com preços elevados pela alta demanda.
Para ter um controle de estoque mais simples, visual e seguro, você pode conhecer o software de gestão agrícola Aegro. Peça uma demonstração gratuita aqui.
Conclusão
Os defensivos agrícolas são ferramentas fundamentais para garantir a produtividade da sua lavoura. Montar uma boa lista de defensivos agrícolas é um processo que combina conhecimento técnico e planejamento estratégico. Esta não é uma fase que pode ser conduzida de qualquer maneira.
Na hora da decisão, custo e qualidade devem ser analisados em conjunto, nunca como fatores opostos.
Com o conhecimento de quando comprar, como definir os produtos corretos e a importância de um estoque organizado, você está pronto para criar uma lista de defensivos muito mais assertiva e eficiente para a próxima safra.
Glossário
Agricultura de Precisão: Conjunto de técnicas e tecnologias (como GPS, drones e sensores) usado para gerenciar partes específicas da lavoura de forma individualizada. Permite otimizar o uso de insumos, como aplicar defensivos apenas onde é necessário.
Agrofit: Sistema online oficial do MAPA onde é possível consultar todos os defensivos agrícolas registrados para uso no Brasil. É a principal fonte de informação para verificar quais produtos são permitidos para cada cultura e praga.
Defensivos Agrícolas: Produtos químicos, físicos ou biológicos utilizados para proteger as plantações contra o ataque de pragas, doenças e a competição com plantas daninhas. Também são conhecidos como agrotóxicos ou pesticidas.
Ingrediente Ativo: A substância química dentro de um defensivo agrícola que é efetivamente responsável por controlar a praga, doença ou planta daninha. Diferentes produtos comerciais podem conter o mesmo ingrediente ativo.
MAPA: Sigla para Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. É o órgão do governo brasileiro responsável por regulamentar e fiscalizar o setor, incluindo o registro e a aprovação de defensivos agrícolas.
Receituário Agronômico: Documento técnico, semelhante a uma receita médica, emitido por um engenheiro agrônomo. É obrigatório por lei para a compra e aplicação da maioria dos defensivos agrícolas.
Talhão: Uma subdivisão de uma área agrícola, tratada como uma unidade de manejo separada. O planejamento por talhões permite um controle mais preciso e adaptado às necessidades específicas de cada parte da fazenda.
Como a tecnologia simplifica seu planejamento de defensivos
Manter registros detalhados da lavoura e controlar o estoque em planilhas ou cadernos é um trabalho complexo e que consome tempo. É aqui que a tecnologia se torna uma grande aliada. Um software de gestão agrícola como o Aegro, por exemplo, centraliza todas essas informações, permitindo que você consulte o histórico de pragas de cada talhão e verifique seu estoque em tempo real com apenas alguns cliques. Essa integração transforma dados dispersos em uma base sólida para a tomada de decisão, garantindo que sua lista de compras seja precisa, sem desperdícios ou surpresas de última hora.
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Perguntas Frequentes
Qual é a melhor época do ano para comprar defensivos agrícolas e economizar?
A melhor época para comprar defensivos é geralmente fora do período de safra, quando a procura é menor e os preços tendem a cair. Acompanhar a cotação do dólar também é crucial, pois muitos insumos são importados. A compra antecipada, especialmente no primeiro semestre, é uma estratégia cada vez mais adotada para garantir melhores condições e evitar a alta dos preços que ocorre com a proximidade da safra de verão.
Como posso calcular a quantidade exata de defensivos que preciso para minha lavoura?
O cálculo se baseia no histórico de pragas e doenças da sua área e no monitoramento constante. Defina a dose por hectare para cada produto necessário, multiplique pela área total a ser tratada e adicione uma margem de segurança de cerca de 10%. Essa reserva é importante para cobrir imprevistos, como infestações mais severas ou a necessidade de reaplicação.
Por que é tão importante registrar o histórico de pragas por talhão?
Registrar o histórico por talhão permite um planejamento muito mais preciso. Você consegue identificar problemas recorrentes em áreas específicas, entender quais produtos foram mais eficazes no passado e planejar a rotação de ingredientes ativos para evitar resistência. Esse nível de detalhe resulta em compras mais assertivas, evitando desperdícios e otimizando os resultados.
Qual a diferença entre defensivos agrícolas de marca e genéricos?
Defensivos de marca são desenvolvidos por empresas que investiram milhões em pesquisa para criar uma nova molécula, e esse custo se reflete no preço. Os genéricos possuem o mesmo ingrediente ativo, mas são produzidos após a quebra da patente, tendo um custo de produção menor. A escolha entre eles deve considerar o custo-benefício, a confiabilidade do fornecedor e a recomendação de um engenheiro agrônomo.
Se um defensivo está registrado no Agrofit, posso comprá-lo e usar na minha fazenda?
Não diretamente. O Agrofit é a fonte oficial para consultar quais produtos são registrados e permitidos para cada cultura e praga. No entanto, a compra e a utilização da maioria dos defensivos exigem legalmente um receituário agronômico, que só pode ser emitido por um engenheiro agrônomo qualificado após uma avaliação técnica da sua lavoura.
Por que preciso rotacionar os ingredientes ativos dos defensivos se o que eu uso ainda funciona?
A rotação de ingredientes ativos é uma prática fundamental para prevenir o surgimento de pragas, doenças e plantas daninhas resistentes. O uso contínuo do mesmo produto seleciona indivíduos naturalmente resistentes na população da praga, que se multiplicam e tornam o defensivo ineficaz a longo prazo. Rotacionar garante a sustentabilidade e a eficácia do controle por mais tempo.
O que acontece se eu não fizer um bom controle de estoque de defensivos?
A falta de um controle de estoque eficiente pode levar a sérios problemas. Você pode descobrir que não tem um produto essencial no dia da aplicação, resultando em perdas de produtividade. Além disso, a compra de última hora geralmente implica em preços mais altos e risco de o produto estar em falta no mercado devido à alta demanda.
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