A larva arame é uma praga inicial que ataca as sementes logo após a semeadura, causando danos significativos. Além das sementes, o sistema radicular do milho e de outras gramíneas também é bastante afetado por seu ataque.
Essa praga pode levar à morte das plantas, resultando em grandes perdas econômicas para o produtor. Por isso, as medidas do MIP (Manejo Integrado de Pragas): um sistema que combina diferentes métodos para controlar pragas de forma sustentável, devem ser planejadas com atenção antes mesmo do plantio.
Para um controle eficaz, é fundamental conhecer bem as características da larva, os danos que ela causa e como monitorar sua presença.
Neste artigo, você aprenderá a identificar e monitorar a larva arame, permitindo que você tome a melhor decisão sobre quando e como controlá-la em sua lavoura.
O que é a larva arame e quais suas características?
A larva arame é uma praga de solo perigosa para culturas de grande importância econômica. Ela pertence à família Elateridae, sendo os gêneros mais comuns o Conoderus spp. e o Melanotus spp. Na sua fase adulta, esses insetos são conhecidos como besouros estalinhos.
Inseto adulto da larva arame, um besouro da família Elateridae.
(Fonte: Flickr)
Dependendo da espécie, o besouro adulto mede entre 6 mm e 19 mm. Ele possui um corpo alongado e sua coloração varia do marrom avermelhado ao marrom escuro.
Durante o verão, as fêmeas depositam centenas de ovos brancos e esféricos no solo, geralmente em grupos de 20 a 40 ovos. É desses ovos que nascem as larvas que se tornam a praga.
Antes de virarem besouros, as larvas vivem no solo e se alimentam exclusivamente de sementes e raízes de plantas.
- No início: a larva possui uma coloração esbranquiçada.
- Totalmente desenvolvida: sua cor muda para um tom marrom-amarelado.
O corpo da larva pode atingir até 2 cm de comprimento. Ele é cilíndrico, fino e bastante rígido, o que lhe rendeu o nome popular de “larva arame”.
Larva arame em diferentes estágios de desenvolvimento.
(Fonte: Insect Images)
Como a larva arame ataca a lavoura?
As culturas onde essa praga causa os maiores prejuízos econômicos são, principalmente:
- Milho;
- Trigo;
- Arroz;
- Batata.
As raízes dessas culturas são diretamente afetadas pela alimentação do inseto.
Sintomas e danos visíveis
Em lavouras de milho e arroz, os danos costumam ser mais severos em áreas que utilizam o sistema de integração com pastagem. Os ataques mais intensos acontecem geralmente no início da primavera.
As larvas se alimentam de sementes em germinação, raízes e plantas jovens.
O dano pode ser direto, causando redução no crescimento e até a morte da planta. Também pode ser indireto, pois os ferimentos causados pelo ataque se tornam uma porta de entrada para doenças, como fungos e bactérias.
Plantas jovens são as mais vulneráveis. Na lavoura, você poderá perceber plantas atrofiadas (pequenas e fracas), que muitas vezes apresentam uma coloração roxa ou escura. Outro sinal claro é a presença de falhas nas linhas de plantio, com plantas subdesenvolvidas ou mortas.
No milho, os danos mais críticos ocorrem desde a semeadura até a fase V2/V3.
Para entender melhor: A fase V2/V3 do milho significa o estágio em que a planta tem de duas a três folhas totalmente desenvolvidas, um período inicial e muito sensível.
Uma inspeção mais de perto nas plantas afetadas revela furos nas sementes, raízes e na base dos caules, confirmando o ataque da praga.
Dano característico da larva arame na base de uma plântula de milho.
(Fonte: Universidade de Minnesota)
Como resultado, as plantas ficam fracas, o estande é reduzido (falhas na lavoura) e, consequentemente, há perda de produtividade e prejuízo financeiro.
Como fazer o monitoramento da larva arame
Utilize o MIP (Manejo Integrado de Pragas) como uma rotina em sua fazenda. O monitoramento constante é a chave para controlar as pragas antes que elas causem danos sérios.
Para monitorar a larva arame e outras pragas de solo, siga estes passos:
- Colete amostras de solo em diversos pontos da lavoura durante a pré-safra.
- Cada amostra deve ter o tamanho de 30 cm x 30 cm e uma profundidade de aproximadamente 10 cm.
- Analise o solo coletado para contar o número de larvas.
A presença de, em média, uma larva por amostra já é suficiente para indicar um risco de redução no estande de plantas e de danos econômicos.
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Com o sistema de monitoramento de pragas do Aegro você pode:
- Registrar o monitoramento e armadilhamento da lavoura pelo celular, direto do campo;
- Gerar relatórios sobre a incidência das pragas-alvo;
- Descobrir o momento certo para pulverizar, reduzindo seus custos com defensivos.
Além disso, você mantém um histórico detalhado de pragas e de aplicações feitas em cada talhão.
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Formas de controle da larva arame
Se o monitoramento identificar pelo menos uma larva arame por amostra, é hora de agir. Existem diferentes medidas de controle que podem ser adotadas:
- Manejo preventivo;
- Controle cultural;
- Controle biológico;
- Controle químico.
É crucial iniciar o controle assim que a praga for detectada e, de preferência, antes da semeadura. Entenda cada medida em detalhes a seguir.
Manejo preventivo e controle cultural
- Em áreas irrigadas ou com histórico de excesso de umidade, faça um bom manejo da água na camada superficial do solo. Isso força o inseto a se aprofundar, protegendo as raízes no início do desenvolvimento da cultura.
- Elimine hospedeiros alternativos: significa remover plantas voluntárias (tiguera) e plantas daninhas que podem servir de alimento para a praga antes da safra principal.
- Faça a destruição dos restos culturais logo após a colheita para reduzir o abrigo da praga.
- Prepare o solo com arado e/ou grade, se estiver no seu planejamento de safra. Essa ação expõe as larvas a predadores naturais (pássaros) e ao sol, ajudando a reduzir a população.
Atenção: Se você utiliza o plantio direto, a integração lavoura-pecuária (ILP) ou mantém plantas de cobertura, o monitoramento deve ser ainda mais rigoroso, pois essas práticas podem favorecer a sobrevivência da praga.
Planeje bem os manejos pré-plantio para evitar danos desde o início.
Controle biológico
O controle biológico é uma ferramenta cada vez mais importante dentro do MIP. Ele utiliza inimigos naturais para controlar as pragas.
- Besouros predadores: Coleópteros da família Staphylinidae, conhecidos como “potós” ou “besouros-do-casaco”, são carnívoros e se alimentam de diversas pragas, incluindo a larva arame.
- Outros predadores: Larvas da mosca-estilete (Therevidae) e algumas espécies de nematoides também são predadoras eficazes da praga.
Besouro predador da família Staphylinidae, um inimigo natural da larva arame.
(Fonte: UFV)
Existe também uma grande expectativa no uso do fungo entomopatogênico: um tipo de fungo que ataca e mata insetos, chamado Metharizium anisopliae.
Os bioprodutos disponíveis hoje contêm estruturas de reprodução desse fungo. Para que funcionem bem, é fundamental utilizar essa tecnologia de acordo com as recomendações do fabricante.
Exemplo de bioproduto à base do fungo Metarhizium anisopliae.
(Fonte: Koppert)
Controle químico
Antes de optar pelo controle químico, considere uma abordagem integrada, combinando-o com os outros métodos já citados. A aplicação química para larva arame deve ser sempre preventiva. Aplicações curativas (após o dano aparecer) não são eficientes.
Opção 1: Tratamento de Sementes (TS)
Fazer o tratamento de sementes com um inseticida sistêmico é uma excelente estratégia. Isso protege a semente e as raízes da planta recém-emergida do ataque da praga, garantindo um bom controle inicial.
Semente de milho tratada com inseticida para proteção contra pragas iniciais.
(Fonte: Pioneer)
- Ingredientes ativos recomendados: Uma boa opção é a combinação de imidacloprido (neonicotinoide) + tiodicarbe (metilcarbamato de oxima), presente em produtos como o Cropstar da Bayer.
- O uso isolado de tiodicarbe (encontrado em produtos como Futur 300, Luger 350, Pontiac 350) também é muito eficiente para o controle de pragas iniciais no milho.
Opção 2: Aplicação no Sulco de Semeadura
Esta prática consiste em aplicar o produto químico durante o plantio, diretamente no sulco. Ela tem a vantagem de concentrar mais ingredientes ativos perto da semente e das raízes, oferecendo uma proteção mais duradoura do que o tratamento de sementes.
- Tipo de produto: Use inseticidas granulados indicados para a sua cultura.
- Ingredientes ativos recomendados: O Fipronil é uma ótima opção com bom controle de pragas iniciais no milho. Produtos organofosforados, como o clorpirifós, também são eficientes.
Conclusão
A larva arame é uma praga séria que ataca sementes e raízes de culturas importantes como milho, batata e outras gramíneas. O seu ataque reduz o vigor das plantas e causa falhas no estande, resultando em perdas econômicas consideráveis.
Para um controle eficaz, lembre-se destes pontos-chave:
- Planejamento: Ações de controle devem começar antes mesmo da semeadura.
- Monitoramento: A vistoria regular da área é fundamental para identificar a praga a tempo.
- Manejo Integrado: Combine diferentes práticas de controle (cultural, biológico e químico) para obter os melhores resultados.
- Controle Químico Preventivo: Quando necessário, o controle químico deve ser feito de forma preventiva, seja no tratamento de sementes ou com aplicação no sulco de semeadura.
Sempre siga as recomendações da bula dos produtos e consulte um engenheiro-agrônomo para garantir uma aplicação segura e eficiente.
Glossário
Estande: Refere-se à população final de plantas em uma determinada área após a germinação. Um “estande reduzido” significa que há falhas na lavoura, com menos plantas do que o ideal, impactando diretamente a produtividade.
Fase V2/V3 (milho): Estágio de desenvolvimento inicial do milho, quando a planta possui de duas a três folhas completamente expandidas. É um período crítico de alta vulnerabilidade a pragas de solo, como a larva arame.
Fungo entomopatogênico: Um tipo de fungo que age como um parasita natural de insetos, causando doenças e levando-os à morte. É uma ferramenta chave no controle biológico, como o Metharizium anisopliae usado contra a larva arame.
MIP (Manejo Integrado de Pragas): Uma estratégia que combina diferentes métodos de controle (cultural, biológico e químico) de forma equilibrada. O objetivo é manter as pragas abaixo do nível de dano econômico, de maneira sustentável e com menor uso de defensivos.
Plantas voluntárias (tiguera): Plantas da cultura anterior (ex: milho da safra passada) que nascem espontaneamente no meio da nova lavoura. Elas competem por recursos e podem servir de abrigo e alimento para pragas, como a larva arame, antes da cultura principal se estabelecer.
Sulco de semeadura: A pequena vala ou fenda aberta no solo pela plantadeira para depositar as sementes e o fertilizante. A aplicação de inseticidas diretamente no sulco é uma estratégia para proteger a zona da raiz da planta.
Tratamento de Sementes (TS): Aplicação de produtos químicos (inseticidas, fungicidas) diretamente sobre as sementes antes do plantio. Essa técnica cria uma zona de proteção ao redor da semente e da plântula em seus estágios iniciais.
Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios
O monitoramento constante, como recomendado pelo MIP, e o controle de custos com defensivos são os maiores desafios no combate à larva arame. Um software de gestão agrícola como o Aegro facilita esse processo ao permitir que você registre as coletas de amostras e a contagem de pragas diretamente no campo, pelo celular. Esses dados centralizados geram um histórico preciso por talhão, ajudando a identificar o momento exato para a pulverização e a evitar gastos desnecessários.
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Perguntas Frequentes
Qual a diferença entre a larva arame e o besouro estalinho?
Eles são fases diferentes do mesmo inseto. A larva arame é o estágio jovem, que vive no solo e ataca sementes e raízes, sendo a verdadeira praga para a lavoura. O besouro estalinho é a forma adulta do inseto, responsável pela postura dos ovos, mas que não causa danos significativos às culturas.
Qual é o momento mais crítico para o ataque da larva arame na cultura do milho?
O período mais vulnerável do milho ao ataque da larva arame vai desde a semeadura até o estágio V2/V3 (quando a planta tem de duas a três folhas). Nessa fase inicial, o ataque às sementes e raízes jovens pode causar a morte da planta e gerar falhas graves no estande da lavoura.
Sistemas como plantio direto ou integração lavoura-pecuária (ILP) aumentam o risco de ataque da larva arame?
Sim, esses sistemas de manejo podem favorecer a sobrevivência da praga. A cobertura do solo com palhada e matéria orgânica cria um ambiente mais úmido e protegido, ideal para o desenvolvimento das larvas. Por isso, em áreas com plantio direto ou ILP, o monitoramento pré-safra deve ser ainda mais rigoroso.
É eficaz aplicar inseticidas depois que já observei as plantas morrendo na lavoura?
Não, o controle químico para a larva arame não é eficiente quando aplicado de forma curativa, ou seja, após o dano já ser visível. Como a praga vive no solo, é muito difícil atingi-la com pulverizações. O controle químico deve ser sempre preventivo, utilizando tratamento de sementes ou aplicação de inseticidas no sulco de plantio.
Qual a principal vantagem da aplicação de inseticida no sulco em comparação ao tratamento de sementes (TS)?
A principal vantagem da aplicação no sulco de semeadura é a maior concentração e o período de proteção mais longo (residual) do ingrediente ativo na região das raízes. Enquanto o tratamento de sementes oferece uma excelente proteção inicial, a aplicação no sulco é uma estratégia mais robusta para áreas com histórico de alta infestação da praga.
Onde a larva arame costuma se concentrar no solo?
A larva arame geralmente se concentra nos primeiros 10 a 15 centímetros de profundidade do solo, onde encontra mais matéria orgânica, umidade e, principalmente, as sementes e raízes jovens que servem de alimento. É por isso que o monitoramento por amostragem de solo foca nessa camada superficial.
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