IoT na Agricultura: 5 Aplicações Práticas para Otimizar sua Fazenda

Engenheiro agrônomo, mestre na linha de pesquisa de agricultura de precisão, atuando como coordenador na Agroadvance.
IoT na Agricultura: 5 Aplicações Práticas para Otimizar sua Fazenda

A internet revolucionou a forma como vivemos, trazendo mais agilidade e facilidade para o nosso dia a dia. No agronegócio, essa transformação digital também está abrindo novas portas para a eficiência e a produtividade.

Imagine suas máquinas agrícolas conectadas, equipadas com sensores e computadores. Elas já são capazes de prever a quebra de uma peça antes que aconteça, identificar pontos da lavoura que precisam de mais insumos e até alertar sobre focos de pragas e doenças em tempo real.

Essa tecnologia tem um nome: Internet das Coisas (IoT). Ela funciona permitindo que equipamentos conversem entre si por meio de sensores e conexões sem fio.

Na prática, a IoT permite que você tome decisões mais rápidas e bem-informadas, aumentando a eficiência de todas as operações e, consequentemente, a produtividade geral da sua fazenda.

Quer entender melhor como a Internet das Coisas pode ser aplicada no seu negócio e quais benefícios ela traz? Continue a leitura e descubra.

O que é e para que serve a Internet das Coisas (IoT)?

Internet das Coisas, ou simplesmente IoT (do inglês Internet of Things), é a tecnologia que conecta objetos e equipamentos do dia a dia à internet.

Essa conexão representa uma verdadeira transformação do mundo físico em um ambiente digital, uma realidade cada vez mais comum no campo. As máquinas, que antes eram vistas apenas como ferro pesado, estão se tornando computadores sobre rodas, mais tecnológicos e eficientes a cada safra.

A expressão “Internet das Coisas” é frequentemente usada para descrever objetos que, ao se conectarem à internet, se tornam “inteligentes”.

Para um equipamento ser considerado inteligente, ele precisa atender a alguns critérios:

  1. Ter um endereço na internet, como um nome ou número de identificação.
  2. Ser capaz de enviar e receber informações de outros dispositivos conectados.
  3. Poder interagir e responder às informações que recebe.
  4. Possuir alguma capacidade de processar os dados coletados.
  5. Estar equipado com algum tipo de sensor (para medir velocidade, luz, umidade, temperatura, etc.).

Como a Internet das Coisas é aplicada na agricultura

No agronegócio, a Internet das Coisas pode ser utilizada de várias maneiras, incluindo sistemas de telemetria, softwares de gestão, levantamento de dados e controle automatizado de operações.

A IoT é uma das maiores tendências do setor, pois permite que uma enorme quantidade de dados seja gerada e analisada para melhorar cada atividade realizada na fazenda.

As máquinas e sistemas modernos geram dados detalhados continuamente. Quando essas informações são armazenadas e combinadas com outras fontes (como dados de clima e solo), elas se tornam uma ferramenta poderosa para otimizar as aplicações de insumos e as operações de campo.

1 – Irrigação Inteligente

A sustentabilidade e o uso racional da água são temas cada vez mais importantes no Brasil. A boa notícia é que as tecnologias de IoT já permitem a implementação de sistemas de irrigação inteligentes nas fazendas.

Funciona assim: sensores instalados no campo medem a umidade do solo em tempo real. Esses sensores podem estar conectados a sistemas que também conhecem a textura do solo em cada ponto. Com base nesses dados, o sistema controla automaticamente a irrigação, aplicando a quantidade de água exata que cada seção da lavoura precisa, bico a bico no pivô central.

conceito de irrigação de precisão utilizando um sistema de pivô central. Ela é composta por uma sequência (Fonte: Precision Farmer Dealer)

Além de garantir um uso mais eficiente da água, a irrigação inteligente permite escolher a melhor hora do dia para a operação. Dependendo da sua região e contrato, o custo da energia elétrica pode variar ao longo do dia, sendo mais barato em determinados horários.

Saber exatamente a necessidade de água de cada metro quadrado e o momento mais econômico para irrigar resulta em uma redução direta nos custos da fazenda e um grande ganho de eficiência.

2 – Controle de pragas e doenças

Sensores portáteis ou acoplados a drones e satélites são capazes de gerar diversos mapas detalhados da sua lavoura.

Esses mapas podem ser integrados a plataformas e softwares que ajudam a identificar focos de pragas e doenças com alta precisão.

Após a identificação, mapas de biomassa — como NDVI (que mede o vigor da vegetação), NDRE (que avalia o nível de clorofila) ou imagens RGB — podem ser enviados diretamente para as máquinas. Com isso, a aplicação de defensivos é feita apenas nos locais realmente necessários.

O manejo localizado garante a otimização do uso de insumos, pois elimina a necessidade de aplicações em área total quando não é preciso. O resultado é economia de produto e aumento da lucratividade.

Além disso, sensores instalados nas próprias máquinas conectadas podem coletar informações e tomar decisões automáticas em tempo real, ajustando a dosagem e a necessidade de aplicação dos produtos durante a operação na lavoura.

3 – Telemetria

A telemetria (Telemetria: significa coletar e transmitir dados de pontos remotos para um local central de monitoramento) possibilita que os dados das máquinas em campo sejam coletados e compartilhados remotamente.

Essa tecnologia, famosa na Fórmula 1, chegou ao campo para agregar muito valor à tomada de decisão. Com uma central de operações, é possível visualizar em tempo real o que cada equipamento está fazendo, desde que haja sinal de internet, e corrigir qualquer desvio na operação imediatamente.

perspectiva de dentro da cabine de um trator moderno, evidenciando a alta tecnologia empregada na agricult (Fonte: John Deere)

Com a telemetria, você pode verificar se as máquinas estão:

  • Trabalhando na rotação e velocidade ideais;
  • Mantendo temperaturas e pressões corretas;
  • Seguindo o planejamento de rotas;
  • Otimizando o consumo de combustível.

Os relatórios gerados por esses sistemas podem ser analisados para otimizar o desempenho das máquinas e a eficiência das operações, reduzindo significativamente os custos da propriedade.

4 – Robótica

Os avanços em robótica, impressoras 3D e automação estão acelerando a criação de novas tecnologias para o campo, como as estufas inteligentes.

Equipadas com sensores e luzes artificiais, já existem estufas totalmente automatizadas que produzem alimentos com base no conceito de agricultura vertical (cultivo em camadas verticais).

Esses ambientes controlados permitem um manejo mais eficiente de pragas e doenças, além de otimizar o uso de água, energia elétrica e insumos.

No campo aberto, tratores e máquinas autônomas já são uma realidade. A tendência é que, no futuro, a inserção desse tipo de tecnologia possa reduzir a necessidade de mão de obra para certas operações.

robô agrícola autônomo, de cor preta e verde, operando em uma extensa lavoura de folhagens verdes, como bet (Fonte: Dinheiro Rural)

5 – Rastreabilidade e monitoramento de rebanho

Na pecuária, as ferramentas de IoT são especialmente úteis. Tecnologias como chips RFID (Identificação por Radiofrequência) e QR Codes (códigos lidos por celular) ajudam o produtor a coletar dados de localização, peso, consumo de ração e bem-estar de cada animal.

As informações coletadas são enviadas para uma central que permite monitorar animais doentes, identificar fêmeas em período fértil para inseminação e muito mais. Isso auxilia diretamente no manejo do gado e reduz os custos com mão de obra.

Além disso, a rastreabilidade da origem dos alimentos é uma demanda crescente do consumidor final. Oferecer essa garantia desde já pode agregar valor ao preço dos seus produtos, abrindo portas para mercados mais exigentes.

banner de marketing digital com um fundo branco. No lado direito, há uma grande pilha de papéis velhos, amarela

Conclusão

Com o avanço da conectividade no campo, o futuro da agricultura será com máquinas e sensores conectados, enviando dados pela internet a todo momento.

A Internet das Coisas na agricultura permitirá análises de Big Data (análise de grandes volumes de dados para encontrar padrões), tornando a gestão da fazenda ainda mais precisa e eficiente.

Como vimos, a IoT possibilita que otimizações sejam feitas em tempo real, diretamente no dia a dia das operações agrícolas. Essa capacidade de ajuste rápido impacta diretamente a produtividade, permitindo um aumento na produção e, ao mesmo tempo, uma significativa redução dos custos operacionais.


Glossário

  • Agricultura Vertical: Método de cultivo onde as plantas são empilhadas em camadas verticais, geralmente em ambientes fechados e controlados (estufas inteligentes). Essa técnica maximiza o uso do espaço e permite um controle preciso de água, luz e nutrientes.

  • Big Data: Análise de volumes de dados extremamente grandes e complexos para identificar padrões e tendências. Na agricultura, refere-se ao uso de informações de sensores e máquinas para tomar decisões mais precisas sobre plantio, irrigação e colheita.

  • Internet das Coisas (IoT): Rede de equipamentos e objetos físicos (como tratores, sensores e pivôs de irrigação) conectados à internet, capazes de coletar e trocar dados entre si. O objetivo é automatizar processos e permitir o monitoramento e controle remoto das operações agrícolas.

  • NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada): Indicador gerado a partir de imagens de satélite ou drones que mede a saúde e o vigor da vegetação. Ajuda a identificar rapidamente áreas da lavoura com estresse hídrico, deficiência de nutrientes ou ataque de pragas.

  • RFID (Identificação por Radiofrequência): Tecnologia que utiliza chips (etiquetas ou brincos) para identificar e rastrear animais ou objetos por meio de sinais de rádio. Na pecuária, permite o monitoramento individual do rebanho, controlando dados como peso, saúde e localização de forma automatizada.

  • Sensores: Dispositivos que detectam e medem condições do ambiente ou de uma máquina, como umidade do solo, temperatura, velocidade ou pressão. Na IoT agrícola, eles são os “sentidos” dos equipamentos, coletando os dados que serão enviados e analisados.

  • Telemetria: Sistema que coleta e transmite dados de equipamentos em operação (como tratores e colheitadeiras) para uma central de monitoramento em tempo real. Permite acompanhar remotamente o desempenho, consumo de combustível e a rota das máquinas, otimizando as operações de campo.

Conectando os dados da IoT à gestão da sua fazenda

A Internet das Coisas gera um volume imenso de dados sobre as operações, mas o verdadeiro desafio é transformar essa informação em lucro. De que adianta saber a velocidade exata do trator ou a umidade de cada ponto do talhão se esses dados não se conectam à gestão financeira e ao planejamento da safra?

É aqui que a tecnologia de gestão entra em cena. Um software agrícola como o Aegro atua como uma central de controle, unificando os dados operacionais coletados no campo com o controle de custos, estoque e resultados financeiros.

Isso permite que você não apenas otimize as operações em tempo real, mas também analise o impacto de cada decisão na rentabilidade da fazenda, transformando dados brutos em inteligência para o seu negócio. Quer ver como unificar a tecnologia do campo com a gestão do seu negócio?

Experimente o Aegro gratuitamente e descubra como tomar decisões mais seguras e lucrativas.

Perguntas Frequentes

O que diferencia a Internet das Coisas (IoT) da simples automação agrícola?

A automação agrícola foca na execução de tarefas programadas, como um temporizador de irrigação. A IoT vai além, criando uma rede de dispositivos conectados (sensores, máquinas) que coletam dados em tempo real, comunicam-se entre si e com uma central, permitindo tomadas de decisão inteligentes e remotas. Em resumo, a IoT adiciona uma camada de inteligência e conectividade à automação.

A tecnologia IoT na agricultura é acessível apenas para grandes produtores rurais?

Não. Embora grandes operações possam investir em sistemas complexos, existem soluções de IoT escaláveis e acessíveis para pequenos e médios produtores. É possível começar com projetos específicos, como o uso de sensores de umidade do solo ou monitoramento de máquinas via aplicativos de celular, que já trazem um retorno significativo sobre um investimento inicial menor.

Como a telemetria das máquinas agrícolas ajuda a reduzir os custos operacionais?

A telemetria permite monitorar remotamente o desempenho das máquinas, identificando gargalos como velocidade inadequada, rotas ineficientes ou consumo excessivo de combustível. Ao corrigir esses desvios em tempo real e analisar relatórios de desempenho, é possível otimizar as operações, reduzir o gasto com diesel e evitar desgastes prematuros de peças, diminuindo os custos de manutenção.

É preciso ter uma conexão de internet de alta velocidade em toda a fazenda para usar a IoT?

Não necessariamente. A necessidade de conectividade varia conforme a tecnologia. Muitos sensores podem coletar e armazenar dados para transmiti-los periodicamente quando se conectam a uma rede. Além disso, tecnologias como redes de baixa potência (LoRaWAN) e a expansão do 4G/5G no campo estão superando essa barreira, viabilizando a comunicação mesmo em áreas remotas.

Como o uso de drones e sensores no controle de pragas otimiza o uso de defensivos?

Drones e sensores geram mapas de saúde da lavoura (como o NDVI), que identificam com alta precisão os focos de pragas ou doenças. Em vez de aplicar defensivos em toda a área, o produtor pode realizar uma aplicação localizada apenas nos talhões afetados. Isso reduz drasticamente a quantidade de insumos utilizados, gerando economia e diminuindo o impacto ambiental.

Qual o papel de um software de gestão agrícola na estratégia de IoT?

Um software de gestão, como o Aegro, atua como o cérebro da operação, centralizando os inúmeros dados coletados pelos sensores e máquinas. Ele transforma dados brutos (umidade do solo, velocidade do trator) em informações valiosas, conectando-os aos custos de produção e ao planejamento da safra. Isso permite analisar o impacto financeiro de cada operação e tomar decisões mais estratégicas e lucrativas.

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