Imagens de Satélite na Agricultura: Um Guia Completo para Monitorar sua Lavoura

O uso de imagens de satélite na agricultura já é uma realidade, seja com opções gratuitas ou pagas. No entanto, para aproveitar ao máximo essa tecnologia, é fundamental que cada produtor rural saiba qual a melhor imagem e sensor para utilizar em suas áreas.

Com a ferramenta certa, é possível receber um relatório completo sobre o estado da sua lavoura em tempo real ou até mesmo monitorar o rebanho com alta precisão.

Neste artigo, vamos explicar de forma clara como você pode utilizar as imagens de satélite na sua fazenda, desde as opções gratuitas até as soluções mais avançadas.

Como as Imagens de Satélite Ajudam os Agricultores na Prática

Os satélites modernos estão equipados com inúmeros sensores capazes de enxergar muito além do que os nossos olhos veem. Com eles, já é possível:

Identificar ataques de pragas e doenças em estágios iniciais.
Mapear diferentes tipos de solo dentro de um mesmo talhão.
Localizar reboleiras de nematoides: que são focos de infestação desses vermes no solo.
Avaliar o vigor da vegetação e o desenvolvimento da cultura.

Muitos agricultores não sabem, mas existem diversas fontes de imagens históricas que são totalmente gratuitas e podem ser aplicadas diretamente na gestão da propriedade. O uso correto dessas imagens torna os estudos da lavoura muito mais precisos e eficientes.

Opções Gratuitas: Como Usar o Satélite Sentinel na sua Fazenda

Para tarefas como a identificação do potencial de biomassa da lavoura – ou seja, avaliar a quantidade de massa verde –, os agricultores podem utilizar as imagens gratuitas dos satélites Sentinel-2A ou Sentinel-2B.

satélite de observação da Terra orbitando o planeta. O satélite, com seu corpo coberto por uma manta térmic (Fonte: EngeSat)

Esses dois satélites fazem parte de uma missão imageadora multispectral: significa que eles capturam imagens em diversas faixas de luz, incluindo algumas que o olho humano não consegue ver.

O que isso significa na prática? Ao combinar as informações dessas faixas (chamadas de bandas), é possível criar mapas detalhados de:

Vegetação: Para analisar a saúde e o desenvolvimento das plantas.
Solos: Para identificar variações na composição e umidade.
Umidade: Para monitorar a disponibilidade de água no solo e nas plantas.
Rios e Áreas Costeiras: Para planejar o uso da água e manejar áreas próximas a rios.

Os satélites Sentinel, administrados pela Comunidade Europeia e pela ESA (Agência Espacial Europeia), oferecem um pixel de 10 metros para as bandas mais usadas na agricultura (RGB e infravermelho próximo). Isso quer dizer que cada ponto na imagem representa uma área de 10 por 10 metros no chão. Além disso, eles possuem um banco de dados com imagens desde junho de 2015.

uma tabela técnica detalhada que organiza as bandas espectrais de um sensor de satélite, provavelmente o Senti Sensibilidade Espectral: O Instrumento MSI a bordo do Sentinel-2 gera 13 bandas espectrais (Fonte: EngeSat)

Como os dois satélites se alternam em suas órbitas, a frequência de novas imagens para a sua fazenda é de aproximadamente 5 dias, o que os torna uma excelente solução para acompanhar a evolução da biomassa da vegetação ao longo da safra.

Entendendo o NDVI: O “Raio-X” da Saúde da Lavoura

Uma das aplicações mais poderosas das imagens do Sentinel é a criação de mapas de NDVI.

O NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada): é um indicador que mostra a saúde e o vigor da vegetação. Ele funciona como um “raio-x” da lavoura, destacando áreas onde as plantas estão mais ou menos desenvolvidas.

Este infográfico educacional explica o conceito do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), uma métrica crucial (Fonte: Agricolus)

Para gerar um mapa de NDVI com as imagens do Sentinel, a equação utilizada é:

NDVI = (Banda 8 – Banda 4) / (Banda 8 + Banda 4)

Banda 8: Captura a luz infravermelha próxima, que é fortemente refletida por plantas saudáveis.
Banda 4: Captura a luz vermelha, que é absorvida pelas plantas para a fotossíntese.

Para saber mais sobre como usar essa ferramenta, leia nosso artigo: “O que são mapas NDVI e como consegui-los de graça para sua fazenda”

Mapas de Altimetria: Mapeando o Relevo da Propriedade

Além de analisar a vegetação, também é possível criar mapas de altimetria, ou seja, mapas que mostram o relevo do terreno, utilizando dados de satélite.

Satélites como o Alos Palsar, um satélite japonês lançado em 2006, possuem radares capazes de mapear a altitude do terreno com um pixel de 12,5 metros.

mapa-múndi com uma sobreposição de dados geoespaciais, provavelmente coletados por satélite. A visualização (Fonte: ALOS PALSAR)

ALOS: Advanced Land Observing Satellite (Satélite Avançado de Observação Terrestre).
PALSAR: Phased Array type L-band Synthetic Aperture Radar (Radar de Abertura Sintética que observa a Terra de dia e de noite, mesmo com nuvens).

Com os dados deste satélite, disponíveis de 2006 a 2011, é possível processar as informações em softwares SIG (Sistema de Informação Geográfica) e gerar modelos de elevação, mapas 3D e mapas de relevo para cada propriedade.

mapa de relevo topográfico em tons de cinza, representando uma área geográfica com variações significativas (Fonte: IDEChile)

Importante: Esses mapas de altimetria não devem ser usados para gerar curvas de nível para plantio, pois a precisão vertical não é suficiente devido ao tamanho do pixel.

No entanto, este tipo de mapeamento é muito útil para:

Planejamento de áreas para plantio e colheita mecanizada.
Definição de locais para construção de reservatórios de água.
Análise geral do terreno da fazenda.

Para projetos que exigem alta precisão, como curvas de nível em cana-de-açúcar, é necessário contratar serviços com equipamentos mais precisos, como GPS geodésicos, níveis de precisão ou estação total.

Quando Investir? Conhecendo as Imagens de Satélite Pagas

Além das opções gratuitas, existem empresas que oferecem pacotes de imagens pagas. Essas imagens geralmente vêm prontas para uso ou já processadas, economizando tempo e trabalho.

Satélites como Dove, Rapideye, Planet e Plêiades possuem melhores resoluções espaciais e temporais em comparação com os satélites gratuitos como o Sentinel.

Resolução Espacial: Refere-se ao nível de detalhe da imagem. Uma resolução de 0,3 m (30 cm) significa que cada pixel representa uma área de 30x30 cm no chão, permitindo ver detalhes muito pequenos.
Resolução Temporal: É a frequência com que o satélite passa sobre a mesma área. Uma resolução de 1 dia significa que você pode ter uma imagem nova da sua fazenda todos os dias.

uma tabela comparativa detalhada com especificações técnicas de diversos satélites de observação da Terra, rel Classificação elaborada com base no melhor produto que cada satélite oferece (Fonte: Engesat)

Graças a câmeras e sensores mais avançados e um maior número de satélites em órbita (constelações), essas opções pagas oferecem resultados superiores. Os satélites Dove e Rapideye, por exemplo, podem atingir uma resolução espacial de 0,3 m e uma frequência diária.

As bandas mais utilizadas na agricultura (RGB e Infravermelho) permitem criar produtos como:

Mapas de biomassa de altíssima precisão.
Mapas atualizados para identificar falhas de plantio.
Mapeamento detalhado de reboleiras de pragas ou plantas daninhas.

uma tabela técnica detalhada que lista diversos índices de vegetação utilizados em sensoriamento remoto e agri Alguns índices de vegetação usados para identificar a densidade de vegetação e o teor de clorofila (Fonte: Sensix)

Os sensores desses satélites geralmente possuem pixels entre 3 a 5 metros, gerando mapas com resolução suficiente para auxiliar na identificação de alvos de interesse e na tomada de decisões na fazenda.

Qual o Custo das Imagens de Satélite na Agricultura?

O custo das imagens de satélite pagas varia de acordo com os mapas e sensores que você precisa.

Normalmente, a contratação exige uma área mínima de cobertura, que pode variar de 25 km² a 100 km². No entanto, muitas empresas oferecem pacotes que permitem o monitoramento de uma área específica ao longo de todo o ano.

O preço de uma única imagem de satélite pode variar de mil a cinco mil reais, ou até mais, dependendo do tipo de imagem e do nível de detalhe (resolução) desejado.

Existem várias empresas no Brasil que vendem esses pacotes. Você pode enviar o perímetro da sua fazenda para solicitar uma cotação. Algumas delas são:

Integrando Imagens de Satélite à Gestão da Fazenda

Com as imagens em mãos, você pode mapear os talhões da fazenda diretamente do escritório, sem precisar ir a campo. Esse levantamento dos hectares produtivos ajuda no planejamento agrícola de forma muito mais precisa.

Cálculos de pulverizações, semeadura e a quantidade exata de sementes e insumos podem ser feitos com base em um mapeamento atualizado.

Para quem está começando e não tem muita habilidade com processamento de mapas, o Google Earth Pro é um programa gratuito e uma ótima porta de entrada. Você pode baixar e instalar o Google Earth Pro no seu computador e começar a mapear suas áreas hoje mesmo!

composição de seis exemplos distintos de análise de sensoriamento remoto aplicada à agricultura e gestão de te (Fonte: Engesat)

Uma Solução Integrada: Aegro Imagens

Embora comprar pacotes de imagens seja útil, uma alternativa mais eficiente é usar ferramentas totalmente integradas à sua gestão rural, como o Aegro Imagens.

Esta solução oferece acesso contínuo a mapas atualizados da sua propriedade, com novas imagens do satélite Sentinel-2 a cada 3 a 5 dias. Com ela, você pode:

Acompanhar o NDVI: Visualize o Índice Vegetativo da plantação e identifique áreas problemáticas rapidamente.
Criar Observações no Campo: Ao ver um problema no mapa, gere uma observação georreferenciada para que um técnico vá até o local exato fazer a vistoria.
Analisar o Histórico: As imagens ficam organizadas em uma linha do tempo, permitindo comparar a evolução da lavoura com o histórico das operações agrícolas realizadas em cada talhão.

Assim, você consegue verificar se as atividades de manejo estão gerando os resultados esperados no desenvolvimento da cultura. O mapeamento por satélite se torna mais uma ferramenta estratégica no seu planejamento de safra, ajudando a tomar decisões mais assertivas.

Peça uma demonstração gratuita do Aegro Imagens e simplifique o uso de imagens de satélite no dia a dia da sua fazenda.

O Futuro do Sensoriamento Remoto na Agricultura

O uso do sensoriamento remoto não é um assunto novo, mas com computadores mais potentes e maior cobertura de satélites, sua utilização na agricultura está se popularizando rapidamente.

A cobertura das imagens de satélite é maior quando comparada com drones, embora cada tecnologia tenha seus próprios benefícios e aplicações.

Com o lançamento de nanossatélites, balões atmosféricos e a evolução de drones e aviões, o sensoriamento remoto estará cada vez mais presente nas fazendas brasileiras. No futuro, será possível identificar e atuar em larga escala e de forma quase instantânea para combater pragas, doenças e deficiências nutricionais.

Um bom planejamento agrícola, que inclui as tecnologias certas para cada etapa da safra, é essencial para aumentar os lucros. As imagens de satélite, associadas aos conceitos de agricultura de precisão, ajudarão os produtores rurais a tornar suas atividades mais rentáveis e sustentáveis.

Conclusão

Sejam imagens de alta resolução ou gratuitas, as imagens de satélite na agricultura são uma ferramenta poderosa para entender melhor o que acontece na lavoura.

Com o aumento do número de nanossatélites orbitando o planeta, a tendência é o surgimento de ainda mais camadas de informação e mapas para facilitar a tomada de decisão.

Ao utilizar relatórios e informações mais precisas, o aumento da eficiência produtiva não é apenas uma possibilidade, mas uma consequência direta.

Glossário

Altimetria: Mapeamento da altitude e do relevo de uma área. Na agricultura, ajuda a entender a topografia da fazenda para planejar o escoamento da água, a localização de estradas ou a divisão de talhões.
Bandas (Espectrais): Faixas específicas de luz que um sensor de satélite consegue capturar, incluindo as invisíveis ao olho humano, como o infravermelho. A combinação de diferentes bandas permite criar índices como o NDVI para analisar a saúde da vegetação.
Multispectral: Refere-se à tecnologia de sensores que capturam imagens em várias bandas espectrais simultaneamente, indo além das cores visíveis. Isso permite analisar diferentes características do solo e das plantas, como vigor e umidade.
NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada): É um índice gerado a partir de imagens de satélite que mede a saúde e a densidade da vegetação. Valores altos de NDVI (geralmente em verde nos mapas) indicam plantas vigorosas, enquanto valores baixos podem sinalizar estresse ou falhas no plantio.
Pixel: O menor ponto que forma uma imagem digital. No contexto de satélites, o tamanho do pixel define a resolução: um “pixel de 10 metros” significa que cada ponto na imagem representa uma área de 10x10 metros no solo.
Reboleiras: Termo usado para descrever áreas concentradas ou “manchas” no talhão que apresentam um problema específico, como infestação de nematoides, plantas daninhas ou doenças. Imagens de satélite ajudam a identificar essas manchas visualmente.
Resolução Espacial: O nível de detalhe que uma imagem de satélite pode capturar, medido pelo tamanho do pixel. Uma alta resolução (ex: 30 cm) permite ver detalhes pequenos, enquanto uma baixa resolução (ex: 10 m) mostra uma visão mais geral da área.
Resolução Temporal: Indica a frequência com que um satélite captura uma nova imagem de um mesmo local. Uma alta resolução temporal (ex: a cada 5 dias) permite um acompanhamento mais constante da lavoura.
Sensoriamento Remoto: Tecnologia de obter informações sobre uma área sem contato físico, geralmente por meio de sensores em satélites ou drones. Na agricultura, é usado para monitorar a saúde das culturas e as condições do solo em larga escala.
SIG (Sistema de Informação Geográfica): Software projetado para capturar, armazenar, analisar e visualizar dados georreferenciados (com localização no mapa). É a ferramenta usada para processar imagens de satélite e criar mapas de NDVI ou altimetria.

Transformando dados de satélite em ações lucrativas

As imagens de satélite, como vimos, são um verdadeiro raio-x da lavoura, mostrando com precisão onde estão as falhas de plantio, as reboleiras de pragas ou as áreas com menor vigor. No entanto, o grande desafio é transformar essa informação visual em uma ação planejada e com retorno financeiro claro. De que adianta saber onde está o problema se não é possível organizar e medir o custo da solução?

É nesse ponto que a integração com um sistema de gestão agrícola faz toda a diferença. Ferramentas como o Aegro permitem conectar os dados dos mapas de NDVI diretamente ao planejamento operacional e financeiro da fazenda.

Ao identificar uma área problemática, por exemplo, você pode criar uma atividade de manejo específica para aquele talhão, calcular a quantidade exata de insumos necessários e acompanhar o custo da operação. Dessa forma, a tecnologia deixa de ser apenas um mapa colorido e se torna uma base sólida para decisões que realmente aumentam a produtividade e a rentabilidade da safra.

Vamos lá? Que tal conectar a tecnologia de imagens à gestão completa da sua fazenda?

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Perguntas Frequentes

Para um iniciante, as imagens de satélite gratuitas como as do Sentinel são suficientes?

Sim, para muitas aplicações as imagens gratuitas do Sentinel são um excelente ponto de partida. Elas permitem monitorar a evolução da biomassa da lavoura com mapas NDVI, identificar grandes variações no desenvolvimento da cultura e analisar o histórico da área. São ideais para ter uma visão geral da saúde da fazenda sem custo inicial.

Na prática, como um mapa de NDVI me ajuda a identificar problemas na lavoura?

O NDVI funciona como um ‘raio-x’ da saúde da vegetação. Áreas com plantas sadias e vigorosas aparecem em verde (NDVI alto), enquanto áreas com algum tipo de estresse (falta de água, pragas, doenças) aparecem em amarelo ou vermelho (NDVI baixo). Isso permite que você direcione sua equipe para investigar os pontos exatos do talhão que precisam de atenção, otimizando o tempo e os recursos.

Qual a principal diferença entre resolução espacial e resolução temporal em imagens de satélite?

A resolução espacial é o nível de detalhe da imagem. Uma alta resolução espacial (ex: 30 cm) permite ver objetos pequenos, como uma falha individual no plantio. Já a resolução temporal é a frequência com que o satélite fotografa o mesmo local. Uma alta resolução temporal (ex: diária) é crucial para um acompanhamento constante em fases críticas da cultura.

Posso usar os mapas de altimetria de satélite para projetar curvas de nível?

Não é recomendado. Mapas de altimetria de satélites como o ALOS PALSAR são ótimos para planejamento geral do relevo e análise de bacias de drenagem. No entanto, eles não possuem a precisão vertical necessária para o projeto técnico de curvas de nível, que exige equipamentos de maior acurácia como GPS geodésico para evitar problemas de erosão.

Quando vale a pena investir em imagens de satélite pagas?

O investimento em imagens pagas vale a pena quando você precisa de um nível de detalhe muito alto ou de monitoramento mais frequente do que as opções gratuitas oferecem. Elas são ideais para identificar reboleiras de plantas daninhas, avaliar falhas de plantio com exatidão, contar plantas ou realizar qualquer análise que exija precisão centimétrica para uma aplicação localizada de insumos.

O que é melhor para minha propriedade: imagens de satélite ou de drone?

As tecnologias são complementares. Satélites são ideais para monitorar grandes áreas de forma recorrente e com baixo custo, oferecendo uma visão macro da evolução da safra. Drones são mais indicados para análises pontuais de altíssima resolução em áreas menores, como inspecionar um local específico com suspeita de pragas ou avaliar danos de forma detalhada.

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