Herbicidas pré-emergentes são aliados poderosos no controle de plantas daninhas e no manejo da resistência. No entanto, um erro na aplicação pode transformar essa ferramenta em um problema, causando fitotoxidade e prejuízos na lavoura de milho.
Para evitar que isso aconteça, preparamos este guia prático. Aqui, você encontrará 8 dicas essenciais para uma aplicação segura e conhecerá os principais produtos recomendados, garantindo a eficiência máxima no controle de plantas daninhas. Confira!
8 Dicas Essenciais para uma Aplicação Segura de Herbicida Pré-Emergente no Milho
O nome “pré-emergente” já diz tudo: são herbicidas aplicados antes da emergência das plantas daninhas. Sua ação ocorre durante a germinação das sementes ou no crescimento inicial das plântulas, atacando o problema antes que ele se estabeleça na lavoura.
Siga estas oito dicas para garantir uma aplicação segura e eficaz.
1. Invista em Tecnologia de Aplicação e Manutenção do Pulverizador
A qualidade da aplicação é decisiva. Utilize uma boa tecnologia de aplicação e mantenha seu pulverizador sempre revisado e calibrado. Bicos desgastados ou pressão incorreta podem causar falhas na cobertura ou sobredosagem, resultando em controle ineficiente ou danos ao milho.
(Fonte: Revista Exame)
2. Conheça seu Solo e Escolha o Produto Certo
Cada herbicida reage de forma diferente dependendo das características do solo. Verifique a bula para confirmar se o produto é recomendado para o seu tipo de solo, considerando fatores como teor de matéria orgânica, textura (nível de argila) e pH. A dose recomendada depende diretamente desses fatores.
3. Respeite o Intervalo entre Aplicação e Semeadura
Alguns herbicidas pré-emergentes exigem um período de carência entre a aplicação e a semeadura do milho. Ignorar essa restrição, quando existir, pode causar fitotoxicidade nas plântulas de milho, comprometendo o estande inicial da lavoura.
4. Pense na Rotação de Culturas (Efeito Residual)
O efeito residual de um herbicida, conhecido como carryover, pode afetar a cultura seguinte. Verifique na bula quais culturas são sensíveis ao produto que você aplicou no milho para não ter surpresas na safrinha ou na próxima safra (soja, feijão, algodão, etc.).
5. Avalie a Cobertura de Palha no Solo
A palhada do plantio direto é excelente para o solo, mas pode interceptar parte do herbicida, impedindo que ele chegue ao seu alvo. Certifique-se de que o produto escolhido tem boa performance mesmo com a presença de palha ou ajuste a aplicação para garantir o contato com o solo.
6. Monitore as Condições Climáticas Pós-Aplicação
O clima é um fator-chave. A falta de chuva (seca) pode impedir a ativação do herbicida no solo, reduzindo sua eficácia. Por outro lado, chuvas muito intensas logo após a aplicação podem lixiviar o produto para o perfil do solo, diminuindo o controle ou aumentando o risco de toxicidade para as raízes do milho.
7. Evite Aplicar Sobre Cobertura Verde Densa
Herbicidas pré-emergentes precisam atingir o solo para funcionar. Se você aplicar sobre uma grande quantidade de matéria verde (plantas daninhas já emergidas), o produto ficará retido nas folhas e não terá o efeito desejado no banco de sementes do solo.
8. Atenção a Outras Operações de Manejo
Operações como a calagem ou a distribuição de ureia a lanço podem alterar o pH do solo superficialmente e interferir na disponibilidade e no efeito do herbicida. Planeje essas atividades de forma integrada para não comprometer o controle químico.
Épocas de aplicação de herbicidas na cultura do milho, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Fonte: Embrapa)
Herbicida Pré-Emergente: Produtos Recomendados para Milho Convencional
Abaixo, detalhamos os principais ingredientes ativos utilizados no manejo de pré-emergentes para milho convencional.
Atrazina
- Quando aplicar: Aplique em pré-emergência, podendo ser imediatamente antes, durante ou logo após a semeadura do milho. Para aplicações em pós-emergência (com a cultura e as daninhas já nascidas), é necessário acrescentar óleo vegetal à calda para melhorar a absorção.
- Espectro de controle: Controla principalmente plantas daninhas de folha larga, como picão-preto, guanxuma, caruru, corda-de-viola, nabo, leiteira, poaia e carrapicho-rasteiro. Também tem ação sobre o capim-papuã. Seu uso é estratégico para controlar a soja tiguera, o que é fundamental para respeitar o vazio sanitário.
- Dosagem recomendada: A dose varia de 3 a 5 L/ha, ajustada conforme o tipo de solo e a infestação de plantas daninhas.
- Pode ser misturado com: Glifosato (em milho RR), mesotrione, nicosulfuron e S-metolachlor.
- Cuidados: Para máxima eficiência, aplique com o solo úmido. A eficácia pode ser reduzida em solo seco, em períodos de estiagem de até 6 dias após a aplicação, ou quando há muita palha cobrindo o solo.
S-metolachlor
- Quando aplicar: Deve ser aplicado na pré-emergência da cultura do milho e também das plantas infestantes.
- Espectro de controle: É altamente eficaz contra gramíneas de sementes pequenas, como capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã. Também apresenta bom controle sobre algumas folhas largas de sementes pequenas, como caruru, erva-quente e beldroega.
- Dosagem recomendada: A dose recomendada é de 1,5 a 1,75 L/ha, dependendo da planta daninha alvo.
- Pode ser misturado com: Atrazina e glifosato.
- Cuidados: Aplique sempre em solo úmido para garantir a ativação do produto.
Isoxaflutole
Atenção: Siga rigorosamente as recomendações da empresa fabricante para este produto, pois ele possui alto potencial de toxicidade para o milho se mal utilizado.
- Quando aplicar: Deve ser aplicado na pré-emergência do milho e das plantas daninhas.
- Espectro de controle: Exerce bom controle sobre gramíneas anuais e algumas folhas largas, como caruru e guanxuma. Seu grande diferencial é o efeito de recarga: em períodos de seca, ele permanece no solo por um período longo (mais de 80 dias) e é ativado pelas primeiras chuvas, controlando novos fluxos de plantas daninhas.
- Dosagem recomendada: A dose varia de 100 a 200 mL/ha, dependendo das características do solo e da infestação. Indicado apenas para solos com textura média e pesada.
- Pode ser misturado com: Atrazina.
- Cuidados: Não use este produto em solos arenosos ou com baixo teor de matéria orgânica, pois o risco de fitotoxicidade para o milho é muito alto.
Trifluralina
- Quando aplicar: Aplique no sistema plante-aplique (pulverizador acoplado à semeadora) ou em até 2 dias após a semeadura do milho.
- Espectro de controle: Apresenta bom controle de gramíneas de semente pequena, como capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã.
- Dosagem recomendada: A dose varia de 1,2 a 4,0 L/ha, ajustada conforme a planta daninha alvo e o nível de cobertura do solo.
- Pode ser misturado com: Atrazina e glifosato.
- Cuidados: Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Formulações antigas precisam ser incorporadas ao solo logo após a aplicação, pois são sensíveis à luz solar (fotodegradação). A eficiência também é menor em solos com muita palha ou com alta infestação de plantas daninhas já presentes.
(Fonte: Grão em Grão)
Atrazina+Simazina
- Quando aplicar: Aplique em pré-emergência total, ou seja, antes da emergência tanto do milho quanto das plantas daninhas, logo após o plantio.
- Espectro de controle: Eficiente contra folhas largas como picão-preto, carrapicho-de-carneiro, corda-de-viola e leiteiro. Controla também algumas gramíneas como capim-marmelada e capim-colchão.
- Dosagem recomendada: A dose varia de 3,0 a 6,0 L/ha, dependendo da planta daninha a ser controlada.
- Cuidados: Para funcionar bem, deve ser aplicado em solo úmido.
Herbicida Pré-Emergente para Milho Clearfield: Manejo Específico
Imazapir+imazapic
- Quando aplicar: Deve ser aplicado na pré-emergência do milho Clearfield e das plantas daninhas.
- Espectro de controle: Controla plantas daninhas de folha larga (leiteiro, trapoeraba, picão-preto e corda-de-viola), algumas gramíneas (capim-colchão e capim-carrapicho) e também a tiririca.
- Dosagem recomendada: A dose recomendada é de 100 g/ha.
- Cuidados: Atenção Máxima: Este produto é exclusivo para milho com tecnologia Clearfield. Se aplicado em milho convencional, causará a morte das plantas. Além disso, o efeito residual é longo: o intervalo de segurança para plantar milho convencional na mesma área é de 300 dias.
Atenção! As sugestões feitas neste artigo são para híbridos de milho para produção de grãos. Cultivares especiais como milho pipoca, milho doce ou milho em consórcio com forrageiras possuem outras indicações de manejo.
Lembre-se que a recomendação oficial de produtos fitossanitários deve ser feita por um(a) Engenheiro(a) Agrônomo(a). No entanto, estar bem informado sobre as opções e cuidados ajuda você a tomar as melhores decisões em conjunto com seu técnico.
Conclusão
O uso correto de herbicidas pré-emergentes é um pilar para o sucesso da lavoura, garantindo um bom arranque da cultura livre da competição inicial.
Neste artigo, você viu as 8 práticas essenciais para uma aplicação segura e os detalhes dos principais produtos disponíveis no mercado para a cultura do milho.
Com essas informações em mãos, você está mais preparado para implementar um manejo eficaz de plantas daninhas, protegendo seu investimento e maximizando a produtividade da sua lavoura de milho
Glossário
Efeito residual (Carryover): Permanência da atividade de um herbicida no solo por um período após a sua aplicação. Este efeito pode impactar negativamente culturas sensíveis plantadas em sucessão, como a soja após o milho.
Espectro de controle: Refere-se à variedade de espécies de plantas daninhas que um determinado herbicida é capaz de controlar. Um herbicida de amplo espectro, por exemplo, atua tanto sobre folhas largas quanto sobre gramíneas.
Fitotoxidade: Efeito tóxico de um produto químico (como um herbicida) sobre uma planta, causando danos que podem ir de manchas nas folhas à morte da cultura. É o que acontece quando o herbicida prejudica o milho em vez de apenas as plantas daninhas.
Fotodegradação: Processo de decomposição de uma molécula química (como um herbicida) pela ação da luz solar. Produtos sensíveis a esse processo perdem eficácia rapidamente se não forem incorporados ao solo logo após a aplicação.
Herbicida pré-emergente: Produto aplicado no solo antes da germinação (emergência) das plantas daninhas ou da própria cultura. Ele forma uma barreira química que impede o desenvolvimento inicial das sementes das invasoras.
L/ha (Litros por hectare): Unidade de medida que indica a quantidade de produto (em litros) a ser aplicada por cada hectare de terra. Um hectare equivale a 10.000 m², uma área um pouco maior que um campo de futebol oficial.
Pós-emergência: Refere-se à aplicação de herbicida realizada após a germinação (emergência) tanto da cultura principal quanto das plantas daninhas. O produto age sobre plantas que já estão visíveis no campo.
Soja Tiguera: Plantas de soja voluntárias que germinam a partir de grãos perdidos na colheita anterior. São consideradas plantas daninhas na lavoura de milho, pois competem por recursos e podem ser hospedeiras de pragas e doenças.
Tecnologia Clearfield: Sistema de produção que utiliza variedades de milho (híbridos CL) tolerantes a herbicidas de um grupo químico específico (imidazolinonas). Permite o controle de plantas daninhas que seriam difíceis de manejar no milho convencional.
Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios
O manejo de herbicidas pré-emergentes exige um planejamento cuidadoso para ser eficiente e evitar prejuízos. Desde a manutenção do pulverizador até o respeito aos intervalos de aplicação e o planejamento da rotação de culturas, cada detalhe importa. Um software de gestão agrícola como o Aegro ajuda a centralizar essas informações, permitindo registrar o histórico de manutenções das máquinas, agendar aplicações no calendário agrícola e, principalmente, acompanhar os custos com defensivos em tempo real. Essa organização garante que as boas práticas sejam aplicadas com mais segurança, conectando as operações do campo ao controle financeiro da fazenda.
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Perguntas Frequentes
O que acontece se não chover após a aplicação do herbicida pré-emergente no milho?
A umidade do solo é crucial para a ativação da maioria dos herbicidas pré-emergentes. Se não chover por vários dias, o produto pode não ser incorporado ao solo, perdendo sua eficácia. Por outro lado, chuvas muito intensas logo após a aplicação podem levar o produto para camadas mais profundas do solo (lixiviação), o que pode reduzir o controle na superfície e aumentar o risco de fitotoxicidade para as raízes do milho.
Como o tipo de solo, arenoso ou argiloso, afeta a escolha do herbicida pré-emergente?
O tipo de solo é determinante. Solos argilosos e com mais matéria orgânica tendem a reter mais o herbicida, exigindo doses maiores para um controle eficaz. Já em solos arenosos, o produto tem maior mobilidade, o que aumenta o risco de atingir as raízes do milho e causar danos. Por isso, alguns produtos, como o Isoxaflutole, são contraindicados para solos arenosos e as doses devem sempre ser ajustadas conforme a bula.
Posso aplicar um pré-emergente se algumas plantas daninhas já nasceram na lavoura?
Não é o ideal. Herbicidas pré-emergentes são projetados para atuar no solo, sobre o banco de sementes, antes que as daninhas germinem. Se aplicados sobre plantas já emergidas, o produto ficará retido nas folhas e não chegará ao solo, perdendo grande parte de sua função. Para essa situação, o ideal é associar o pré-emergente a um herbicida de ação pós-emergente, como o glifosato (em milho RR), para controlar o que já nasceu.
O que é o efeito ‘carryover’ e como evitar que o herbicida do milho prejudique a soja safrinha?
O ‘carryover’ é o efeito residual de um herbicida que permanece ativo no solo e pode afetar a cultura seguinte. Para evitar danos à soja ou outra cultura sensível plantada na sequência, é fundamental consultar a bula do herbicida utilizado no milho. A bula informa quais culturas são sensíveis e qual o intervalo de segurança necessário entre a aplicação e o plantio da próxima safra.
A palhada do plantio direto interfere na ação dos herbicidas pré-emergentes?
Sim, a palhada pode ser um desafio. Ela pode interceptar parte do produto, impedindo que ele chegue ao solo para formar a barreira química contra a germinação das daninhas. Para garantir a eficácia, é importante escolher produtos que tenham bom desempenho nessa condição e contar com a ocorrência de chuva após a aplicação, que ajuda a ’lavar’ o herbicida da palha para o solo.
Qual a diferença entre herbicidas para milho convencional e para milho com tecnologia Clearfield?
A diferença está na seletividade. Herbicidas como Imazapir+imazapic foram desenvolvidos para o sistema Clearfield, onde o milho possui tolerância genética a esse princípio ativo. Aplicar este produto em um milho convencional, que não tem essa tolerância, causará fitotoxicidade severa, levando à morte das plantas. É crucial usar apenas produtos recomendados para cada tipo de tecnologia.
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