As doenças causadas por fungos estão se tornando um desafio cada vez maior na cultura do trigo. Em variedades mais sensíveis, a ocorrência de doenças no trigo pode causar perdas significativas na sua produtividade.
Se você lida com esse problema na sua lavoura, é fundamental conhecer os melhores fungicidas disponíveis e como usá-los da forma certa.
Neste artigo, vamos explicar quando começar a aplicação, como escolher o produto ideal e quais cuidados tomar para garantir o melhor resultado. Vamos lá!
Qual é a importância dos fungicidas em trigo?
Fungicidas são defensivos agrícolas essenciais para controlar doenças causadas por fungos, bactérias e algas. No cultivo do trigo, eles são especialmente importantes.
As doenças fúngicas estão entre os principais fatores que limitam a produção do cereal. Elas afetam o desenvolvimento das plantas, comprometem a qualidade dos grãos e, consequentemente, derrubam a produtividade da lavoura.
Por isso, usar fungicidas de forma estratégica é uma ferramenta crucial para proteger sua produção e garantir a qualidade do trigo.
Quando iniciar a aplicação?
A regra de ouro é: quanto mais cedo você controlar a doença, maior a chance de sucesso do seu manejo fitossanitário: significa o conjunto de práticas para manter as plantas sadias.
Na cultura do trigo, a decisão do momento certo para aplicar depende de uma análise cuidadosa da lavoura e das condições do ambiente.
Aplicação Preventiva vs. Curativa
- Preventiva: Muitos fungicidas funcionam melhor quando aplicados antes do surgimento da doença. A aplicação ocorre quando o clima está favorável à infecção (alta umidade, temperaturas específicas), reduzindo as chances de o fungo se instalar.
- Curativa (ou Erradicante): Após a doença já estar presente na lavoura, utilizam-se fungicidas com efeito curativo para tratar as plantas já doentes. Embora eficaz, o controle pode ser mais difícil e caro.
Fatores Decisivos para a Aplicação
Para escolher a hora certa de entrar com o pulverizador, você precisa considerar alguns pontos-chave:
- Conheça o histórico da área: Avalie quais pragas no trigo e doenças ocorreram nas safras passadas. Anote também os produtos químicos utilizados, as adubações e o sistema de cultivo adotado.
- Monitore a lavoura constantemente: Apenas com vistorias regulares é possível identificar os primeiros focos de doenças, entender como elas estão se espalhando, medir o nível de infestação e ver em qual estágio a infecção se encontra.
- Fique atento ao clima: Sob condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de fungos (como alta umidade e temperaturas amenas), a atenção deve ser redobrada.
- Considere a cultivar: Verifique o grau de suscetibilidade da variedade de trigo que você plantou. Cultivares mais resistentes oferecem uma janela maior para o controle.
- Entenda o comportamento do patógeno: Saber quais condições favorecem cada tipo de doença ajuda a antecipar os problemas e a tomar a decisão de aplicar o fungicida no momento certo.
Melhores fungicidas para oídio, mancha-amarela, ferrugem e outras doenças
As principais doenças fúngicas que afetam o trigo e causam dores de cabeça ao produtor incluem:
- Brusone;
- Ferrugem do colmo;
- Ferrugem da folha;
- Giberela ou fusariose;
- Mancha das glumas;
- Mancha marrom da folha;
- Mancha-amarela;
- Oídio.
Pesquisas indicam que, para o controle da ferrugem e da mancha-amarela, a combinação de epoxiconazol + fluxapiroxade + piraclostrobina apresenta uma eficiência de aproximadamente 85%.
Grupos Químicos e Recomendações de Uso
O manejo dessas doenças geralmente se baseia em dois grupos principais de fungicidas: estrobilurinas e triazóis.
- Estrobilurinas: Devem ser sempre utilizadas em associação com os triazóis. Nunca aplique uma estrobilurina de forma isolada, pois isso aumenta o risco de resistência do fungo.
- Triazóis: Devem ser combinados com fungicidas de mecanismos de ação diferentes, como as estrobilurinas e os fungicidas multissítio. As aplicações devem ser feitas preferencialmente de maneira preventiva.
Nas tabelas a seguir, confira algumas recomendações de fungicidas para o controle de doenças foliares e para o tratamento de sementes.
Fungicidas para controle de oídio, manchas foliares, ferrugem da folha e do colmo
(Fonte: Informações Técnicas para Trigo e Triticale)
Os fungicidas também são uma ferramenta poderosa no tratamento das sementes de trigo, protegendo a planta em seus estágios iniciais. Veja abaixo alguns produtos indicados para essa finalidade.
Fungicidas indicados para o tratamento de sementes de trigo e triticale
(Fonte: Informações Técnicas para Trigo e Triticale)
Manejo Integrado é a Chave do Sucesso
Lembre-se: o uso de fungicidas é apenas uma das ferramentas para garantir uma lavoura produtiva de trigo. O controle eficiente envolve a adoção de outras práticas integradas, como:
- Realizar o plantio na época recomendada para sua região.
- Utilizar sementes certificadas e de boa qualidade.
- Escolher cultivares de trigo com maior grau de resistência às principais doenças.
- Praticar a rotação de culturas para quebrar o ciclo dos patógenos.
É importante destacar que os custos com fungicidas representam uma parcela significativa do custo total de produção do trigo. Por isso, é essencial aliar o conhecimento técnico com a análise econômica para definir as melhores estratégias para a sua realidade.
Cuidados na aplicação de fungicidas no trigo
O uso de qualquer defensivo agrícola exige cautela e responsabilidade. Para a aplicação de fungicidas, siga rigorosamente as instruções da bula do produto. Preste atenção especial aos seguintes pontos:
- Instruções da Bula: Respeite a dosagem, o intervalo de segurança (tempo entre a aplicação e a colheita), o número máximo de aplicações e a época correta de uso.
- Evite Superdosagem: Exceder a dose recomendada não melhora o controle. Pelo contrário, pode causar fitotoxicidade: significa que o produto em excesso pode queimar ou intoxicar as plantas, prejudicando o desenvolvimento delas, além de aumentar desnecessariamente seus custos.
- Rotação de Mecanismos de Ação: Alterne o uso de fungicidas com diferentes modos de ação. Isso é fundamental para evitar a seleção de patógenos resistentes: significa que os fungos se tornam “imunes” ao produto, que perde a eficácia.
- Condições Climáticas Ideais: Monitore o clima no momento da aplicação para garantir a qualidade da pulverização e evitar a deriva: quando o vento carrega o produto para fora da área desejada. Os principais fatores a serem observados são:
- Umidade relativa do ar: Idealmente acima de 55%.
- Temperatura: Abaixo de 30°C.
- Vento: Velocidade entre 3 e 10 km/h.
- Tecnologia de Aplicação: Utilize equipamentos e tecnologias de aplicação bem regulados. Isso garante o tamanho ideal de gota, uma boa cobertura das folhas e uma deposição uniforme do produto sobre o alvo.
- Segurança: O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é obrigatório e protege a saúde do aplicador. O descarte correto das embalagens protege o meio ambiente.
Conclusão
Os fungicidas são ferramentas essenciais no manejo de doenças provocadas por fungos na cultura do trigo. As principais doenças podem ser controladas com o uso correto desses produtos.
O manejo eficiente combina o uso de fungicidas químicos, especialmente dos grupos triazóis e estrobilurinas, com outras boas práticas agrícolas, como rotação de culturas e escolha de variedades resistentes.
Considerando a importância econômica do trigo, é fundamental ter um plano de manejo bem estruturado. Em caso de dúvida, consulte sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) de sua confiança.
Glossário
Cultivar: Refere-se a uma variedade específica de planta que foi desenvolvida por meio de melhoramento genético para apresentar características desejadas, como resistência a doenças ou maior produtividade. A escolha da cultivar correta é um passo fundamental no planejamento da safra.
Deriva: Fenômeno que ocorre quando o produto pulverizado (como um fungicida) é carregado pelo vento para fora da área de aplicação desejada. A deriva reduz a eficácia do tratamento e pode contaminar áreas vizinhas, sendo controlada com a aplicação em condições climáticas ideais (vento entre 3 e 10 km/h).
Estrobilurinas: Grupo químico de fungicidas que age inibindo a respiração dos fungos, com forte ação preventiva. Para evitar o desenvolvimento de resistência, devem ser sempre aplicados em mistura com fungicidas de outros grupos, como os triazóis.
Fitotoxicidade: Efeito tóxico que um defensivo agrícola, aplicado em excesso ou em condições erradas, pode causar na planta. Manifesta-se como queimaduras nas folhas, deformações ou redução no crescimento, prejudicando a produtividade.
Fungicida Multissítio: Tipo de fungicida que atua em vários pontos do metabolismo do fungo ao mesmo tempo. Essa característica torna muito mais difícil que o patógeno desenvolva resistência ao produto.
Intervalo de Segurança: Período de tempo, em dias, que deve ser respeitado entre a última aplicação do defensivo e a colheita do produto agrícola. Seguir este intervalo garante que o alimento chegue ao consumidor sem resíduos químicos acima dos limites permitidos por lei.
Manejo Fitossanitário: Conjunto integrado de práticas para manter as plantas saudáveis e livres de pragas e doenças. Envolve ações como monitoramento da lavoura, escolha de cultivares resistentes e uso correto e estratégico de defensivos.
Patógeno: Organismo microscópico, como um fungo ou uma bactéria, capaz de causar doenças em plantas. No contexto do trigo, os fungos que causam a ferrugem da folha e a giberela são exemplos de patógenos importantes.
Triazóis: Um dos principais grupos químicos de fungicidas, conhecidos por sua capacidade de se mover dentro da planta (sistêmicos) e por sua ação tanto curativa quanto preventiva. São a base para o controle de muitas doenças no trigo, como ferrugens e manchas foliares.
Veja como o Aegro pode otimizar o manejo e os custos
Gerenciar o custo com defensivos e, ao mesmo tempo, manter um histórico detalhado de aplicações e monitoramentos para decidir o momento certo de agir é um grande desafio. Um software de gestão agrícola como o Aegro centraliza essas informações, permitindo registrar cada vistoria no campo e planejar as pulverizações de forma mais estratégica, com base em dados reais da sua lavoura.
Além do controle agronômico, a ferramenta organiza os custos de produção, mostrando exatamente o quanto está sendo investido em fungicidas e outros insumos. Com relatórios visuais, fica mais fácil analisar o retorno sobre o investimento de cada aplicação e tomar decisões que protegem tanto a lavoura quanto a rentabilidade do negócio.
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Perguntas Frequentes
Qual a principal diferença entre a aplicação preventiva e a curativa de fungicidas no trigo?
A aplicação preventiva é realizada antes do surgimento dos sintomas da doença, com base em condições climáticas favoráveis à infecção, visando proteger a planta. Já a aplicação curativa ocorre quando a doença já está instalada na lavoura, buscando controlar a infecção. A abordagem preventiva é geralmente mais eficaz e econômica, pois evita perdas iniciais de produtividade.
Por que é tão importante não aplicar fungicidas do grupo das estrobilurinas de forma isolada?
Aplicar estrobilurinas sozinhas acelera o processo de seleção de fungos resistentes, fazendo com que o produto perca a eficácia rapidamente. A combinação com fungicidas de outros grupos, como os triazóis, cria múltiplos mecanismos de ação, dificultando o desenvolvimento de resistência e garantindo um controle mais duradouro e eficiente.
O uso de cultivares de trigo resistentes a doenças elimina a necessidade de aplicar fungicidas?
Não elimina, mas reduz a dependência. Cultivares resistentes são uma ferramenta fundamental do manejo integrado, oferecendo uma maior tolerância às doenças. No entanto, sob condições de alta pressão do patógeno e clima muito favorável, a aplicação de fungicidas pode ser necessária para complementar a proteção e garantir o potencial produtivo da lavoura.
O que é fitotoxicidade e como posso evitá-la ao usar fungicidas no trigo?
Fitotoxicidade é o dano químico causado à planta pelo defensivo, manifestando-se como queimaduras nas folhas ou atraso no desenvolvimento. Para evitá-la, é crucial seguir rigorosamente a dosagem recomendada na bula do produto, evitar aplicações nas horas mais quentes do dia e não misturar produtos incompatíveis no tanque de pulverização.
Além do monitoramento da lavoura, qual outra prática de manejo integrado é crucial para o controle de doenças no trigo?
A rotação de culturas é uma prática essencial. Alternar o plantio de trigo com culturas não hospedeiras, como a soja ou o milho, ajuda a quebrar o ciclo de vida dos patógenos presentes no solo e nos restos culturais. Isso diminui a quantidade de inóculo inicial na safra seguinte, reduzindo a pressão de doenças e a necessidade de pulverizações.
Quais as condições climáticas ideais para garantir uma aplicação de fungicida eficaz e segura?
As condições ideais para a pulverização são: umidade relativa do ar acima de 55%, temperatura abaixo de 30°C e ventos com velocidade entre 3 e 10 km/h. Essas condições minimizam a evaporação das gotas e o risco de deriva, garantindo que o produto atinja o alvo corretamente e tenha máxima eficácia.
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