O fósforo (P) é um dos nutrientes mais críticos para a agricultura em solos tropicais, como os do Brasil. A falta dele é frequentemente o principal fator que limita a produtividade das lavouras.
Isso acontece por dois motivos principais: nossos solos naturalmente possuem pouco fósforo e, quando o aplicamos, a eficiência de aproveitamento pelas plantas é muito baixa. Na prática, estima-se que a lavoura aproveita apenas de 15% a 25% de todo o fósforo aplicado.
O resultado é um grande desafio para o produtor. Como garantir que a cultura receba o nutriente de que precisa sem desperdiçar dinheiro com adubação ineficiente? A resposta está em uma prática de manejo chamada fosfatagem.
Neste artigo, vamos explicar em detalhes a dinâmica do fósforo no solo e mostrar como aplicar esse conhecimento para otimizar o manejo desse nutriente na sua fazenda.
Tudo o que você precisa saber sobre cálculo de calagem (+calcário líquido)
Confira o que você vai aprender:
(Fonte: Sousa et al. (2016) em Embrapa)
Por que a Fosfatagem é Essencial para os Solos Brasileiros?
Os solos tropicais são considerados geologicamente antigos, o que significa que passaram por um processo intenso de intemperismo.
Em outras palavras: O intemperismo é o processo natural de desgaste e transformação das rochas que dá origem ao solo. Em regiões tropicais, com altas temperaturas e muitas chuvas, esse processo é muito acelerado.
Devido a esse intemperismo intenso, os solos no Brasil geralmente apresentam baixa fertilidade natural e são ricos em óxidos de ferro e alumínio.
Aqui está o problema: esses óxidos de ferro e alumínio se ligam fortemente ao fósforo que aplicamos via fertilizantes. Essa ligação forma compostos que a planta simplesmente não consegue absorver.
Na prática, a adubação se torna ineficiente e você perde dinheiro em vez de aumentar a produtividade.
A fosfatagem é a prática que corrige essa situação. Com os cálculos corretos, que você aprenderá a fazer neste guia, é possível aplicar a dose ideal para neutralizar a fixação e garantir que o fósforo fique disponível para as plantas.
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Afinal, o que é Fosfatagem?
Fosfatagem é a técnica de correção dos níveis de fósforo do solo. Ela é feita com a aplicação de fertilizantes minerais, que podem ser incorporados ou não ao perfil do solo.
O principal objetivo dessa prática é elevar a disponibilidade de fósforo no solo até atingir níveis considerados adequados para o bom desenvolvimento das culturas.
No Cerrado, por exemplo, os níveis de fósforo são interpretados da seguinte forma:
Interpretação da análise de fósforo no Cerrado pelos métodos da resina trocadora de íons e Mehlich-1 para culturas anuais em geral, com base em amostras de solo coletadas na camada de 0 cm a 20 cm
(Fonte: Sousa et al. (2004) em Embrapa)
Para a cultura de arroz, a tabela de referência para os níveis de fósforo é diferente:
(Fonte: Sousa et al. em Campos & Negócios)
Agora que você entendeu a importância da fosfatagem, vamos para a parte prática: como calcular a dose correta.
Como fazer calagem e gessagem nas culturas de soja, milho e pastagem
Como Fazer o Cálculo da Fosfatagem
Para começar o cálculo, precisamos de um ponto de partida. Em média, para aumentar em 1 mg/dm³ o teor de Fósforo (P) no solo, é necessário aplicar 10 kg/ha de P₂O₅.
Considerando as particularidades dos diferentes solos do Brasil, existem alguns métodos e recomendações de cálculo para a fosfatagem. Vamos conhecer os principais.
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1. Recomendação de Fosfatagem por Vitti e Mazza
Os autores Vitti e Mazza desenvolveram uma recomendação específica para casos em que a análise de solo para fósforo foi feita pelo método da resina.
Eles recomendam a fosfatagem quando o solo apresenta uma destas duas condições:
- CTC menor que 60 mmolc/dm³ (ou 6 cmolc/dm³)
- Teor de argila menor que 30% E P (resina) menor ou igual a 15 mg/dm³
Se o seu solo se encaixa em um desses critérios, a dose indicada é de 5 kg de P₂O₅ para cada 1% de argila.
Exemplo prático: Imagine uma análise de solo com os seguintes resultados:
- CTC =
4 cmolc/dm³
- Argila =
45%
- P (resina) =
20 mg/dm³
Neste caso, a fosfatagem é necessária. Embora o nível de P (20 mg/dm³) seja superior a 15, a CTC (4 cmolc/dm³) é menor que 6.
O cálculo da dose seria:
- Dose = 45 (% de argila) x 5 (kg de P₂O₅) = 225 kg de P₂O₅ por hectare.
2. Recomendação de Fosfatagem por Souza e Lobato
Para análises de solo realizadas pelo método Mehlich-1, a recomendação de Souza e Lobato utiliza uma tabela que cruza o teor de argila do solo com a dose de P₂O₅ necessária:
(Fonte: Souza e Lobato em Vitti et al. 2014)
3. Cálculo por Sousa et al. 2006 (Específico para o Cerrado)
Os pesquisadores da Embrapa Sousa et al. criaram um método mais preciso para a região do Cerrado, focado em culturas anuais como soja e milho.
Este método se baseia na Capacidade Tampão de Fósforo do solo (CTP).
Para entender melhor: A CTP representa a dose de P₂O₅ (em kg/ha) necessária para elevar em 1 mg/dm³ o teor de fósforo na camada de 0 a 20 cm do solo. Esse valor muda conforme a textura (teor de argila) do solo.
A tabela abaixo mostra os valores de CTP e o nível de fósforo desejado para atingir 80% do potencial produtivo da cultura:
(Fonte: Sousa et al. (2006) em Embrapa)
Com sua análise de solo em mãos e os valores da tabela, basta usar a seguinte fórmula:
Dose de P (kg/ha de P₂O₅) = (Teor desejado de P - Teor atual de P) x CTP
Exemplo prático: Considere um solo com as seguintes características:
- Teor de argila:
57%
- Análise por resina:
8 mg/dm³
de P - Análise por Mehlich-1:
4 mg/dm³
de P (corrigido, o original dizia 5, mas usa 4 no cálculo)
Vamos aplicar a fórmula para cada método de análise:
Cálculo com Análise por Resina
- Consulte a tabela: Para 57% de argila, o teor desejado é
15 mg/dm³
e a CTP é16
. - Aplique a fórmula: Dose = (15 - 8) x 16 = 112 kg/ha de P₂O₅
Cálculo com Análise por Mehlich-1
- Consulte a tabela: Para 57% de argila, o teor desejado é
7 mg/dm³
e a CTP é37
. - Aplique a fórmula: Dose = (7 - 4) x 37 = 111 kg/ha de P₂O₅
Este método baseado na CTP é considerado mais exato do que o uso de tabelas genéricas.
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4. Cálculo por Sousa et al. 2016 (Fórmulas para o Cerrado)
Como alternativa, os mesmos autores propuseram equações diretas para o cálculo da fosfatagem em culturas anuais no Cerrado.
Atenção: Estas fórmulas são válidas apenas para solos com teor de argila de até 70%.
(Fonte: Sousa et al. 2016 em Embrapa)
Como Calcular o Custo da Fosfatagem
Para saber o custo real da operação, você precisa calcular o preço do quilo do nutriente (P₂O₅), não apenas o preço da tonelada do fertilizante. Lembre-se de incluir o frete até a fazenda no custo total do produto.
A fórmula é simples:
Custo do P₂O₅ (R$/kg) = Custo da tonelada do produto na fazenda / Teor de P₂O₅ na tonelada (em kg)
Para encontrar o teor de P₂O₅, verifique a especificação do fertilizante. Aqui estão os valores para os mais comuns:
- Supertriplo (ST): 1 tonelada contém
420 kg de P₂O₅
. - Supersimples (SS): 1 tonelada contém
180 kg de P₂O₅
.
Exemplo prático de comparação: Vamos supor os seguintes preços, já com frete:
- Preço do Supertriplo na fazenda =
R$ 1.340,00
por tonelada - Preço do Supersimples na fazenda =
R$ 1.150,00
por tonelada
Agora, vamos calcular o custo do nutriente:
- Custo P₂O₅ (Supertriplo): 1340 / 420 = R$ 3,19 por kg de P₂O₅
- Custo P₂O₅ (Supersimples): 1150 / 180 = R$ 6,38 por kg de P₂O₅ (corrigido, o original tinha um erro de cálculo)
Neste exemplo, mesmo que o preço por tonelada do Supersimples pareça mais barato, o custo do nutriente (P₂O₅) no Supertriplo é quase metade do preço. A escolha mais econômica é o Supertriplo.
Para ter o custo total da fosfatagem, você ainda precisa somar as despesas com maquinário e operadores. É fundamental registrar esses custos por hectare para avaliar a rentabilidade da prática.
Utilizar planilhas funciona, mas um software agrícola pode facilitar e automatizar esse controle financeiro.
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Entendendo as Formas do Fósforo no Solo
Para manejar bem o fósforo, é importante saber como ele se comporta no solo. Ele pode estar presente de várias formas:
Fósforo Fixado
Esta é a forma mais problemática. É o fósforo que está fortemente ligado a outros elementos, principalmente ferro e alumínio, tornando-se indisponível para as plantas. Para manejar a fixação, podemos:
- Aplicar mais fósforo do que o solo consegue fixar, para que “sobre” nutriente para as plantas.
- Aplicar o fósforo localizado, como no sulco de semeadura, para reduzir o contato com o solo.
- Fazer a adubação em momentos críticos para a cultura, permitindo que a planta absorva o nutriente antes que ele seja fixado.
Fósforo Imobilizado
É o fósforo presente na matéria orgânica, que também não está disponível para as plantas. No entanto, à medida que a matéria orgânica se decompõe (mineralização), esse fósforo pode se tornar disponível.
Fósforo Adsorvido
Nesta forma, o fósforo está ligado às partículas do solo (coloides), mas de forma mais fraca. Ele pode ser liberado para as plantas por meio de trocas com as raízes.
Fósforo Assimilável
É o fósforo que está dissolvido na água do solo (solução do solo). Esta é a forma que as plantas absorvem facilmente.
Fósforo Disponível
É a soma do fósforo adsorvido com o fósforo assimilável. É essa fração que realmente importa para a nutrição da lavoura.
A Importância do Fósforo para a Planta
O fósforo é fundamental para a vida da planta. Ele atua diretamente no armazenamento e fornecimento de energia (ATP), sendo essencial para processos como fotossíntese e respiração.
Além disso, este nutriente:
- Estimula o crescimento geral da planta, principalmente das raízes.
- Em leguminosas como a soja, incentiva a nodulação e a eficiência da fixação biológica de nitrogênio.
Dentro da planta, ao contrário do solo, o fósforo é muito móvel. Por isso, quando há deficiência, a planta move o fósforo dos tecidos mais velhos para os mais novos. O sintoma visual aparece primeiro nas folhas mais velhas, que podem apresentar coloração arroxeada.
(Fonte: Adaptado de Monteiro, Carmello e Dechen)
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Como e Quando Fazer a Aplicação da Fosfatagem
O fósforo é pouco móvel no solo. Por isso, a sua incorporação no perfil do solo tende a ser mais eficiente para a produtividade. Essa baixa mobilidade ocorre porque o fósforo é facilmente fixado, e essa fixação aumenta com o tempo de contato entre o nutriente e as partículas do solo.
Para maximizar a eficiência, a aplicação de fósforo deve ser feita logo antes do plantio da safra, idealmente após a calagem e gessagem. Dessa forma, as plantas têm a chance de absorver o nutriente antes que ele seja fortemente fixado.
Existem diferentes modos de aplicação:
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Fosfatagem com Aplicação em Faixas
A lógica aqui é simples: quanto maior o contato do fósforo com o solo, maior a fixação. A aplicação em faixas concentra o fertilizante apenas na linha de plantio, diminuindo o contato e a fixação. Em áreas de plantio direto, é recomendado alternar a aplicação em faixas com a aplicação em área total para garantir um bom fornecimento de fósforo nos estádios iniciais da planta.
Fosfatagem com Aplicação em Sulco
Esta é uma prática muito comum e eficiente. Aplicar o fósforo no sulco de semeadura garante que a planta tenha acesso ao nutriente logo no início do seu desenvolvimento, o que favorece o arranque e a produção final. A dose de correção (fosfatagem) pode ser parcelada e adicionada à adubação de base no sulco ao longo de vários cultivos.
(Fonte: Agrimaisonline)
Fosfatagem com Aplicação em Área Total
A aplicação a lanço em área total é amplamente utilizada, pois permite que altas doses sejam aplicadas sem risco de danificar as sementes ou plântulas. Ao corrigir uma área maior, estimula-se o crescimento de raízes em um volume maior de solo, o que dá à planta acesso a um reservatório maior de água e outros nutrientes.
A escolha do método depende da situação do seu solo e do seu sistema de produção. Solos com altíssimo poder de fixação podem se beneficiar mais da aplicação em faixas ou no sulco.
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Como Lidar com os Custos da Fosfatagem
Sabemos que nem sempre há capital disponível para realizar a correção de fósforo em uma única aplicação, especialmente porque os fertilizantes fosfatados são caros e as doses necessárias podem ser altas.
Uma estratégia viável é parcelar a dose de correção. Em vez de aplicar tudo de uma vez, você pode adicionar uma parte da dose de fosfatagem à adubação de base (no sulco de semeadura) a cada cultivo.
Dessa forma, após alguns anos, você terá aplicado a dose total recomendada para a correção. No entanto, para que a prática seja efetiva, não parcele a aplicação em mais de 5 cultivos.
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Fatores que Impactam a Disponibilidade de Fósforo no Solo
Vários fatores influenciam a quantidade de fósforo que sua lavoura consegue aproveitar. Conhecê-los ajuda a tomar melhores decisões de manejo:
- Quantidade e tipo de argila: Solos mais argilosos tendem a fixar mais fósforo. Argilas do tipo caulinita e a presença de óxidos de ferro e alumínio são as que mais “prendem” o nutriente.
- Aeração: Um solo bem aerado (não compactado) favorece a decomposição da matéria orgânica (que libera fósforo) e o crescimento das raízes.
- Umidade: A água ajuda a dissolver o fósforo, tornando-o mais disponível. No entanto, o excesso de água (encharcamento) reduz a aeração e prejudica a absorção do nutriente.
- Níveis de fosfato no solo: Solos que receberam adubação fosfatada por muitos anos podem ter um estoque de fósforo que se torna disponível gradualmente. A análise de solo é fundamental para monitorar esses níveis.
- Outros nutrientes: A presença de cálcio (após a calagem) em solos ácidos aumenta a disponibilidade de fósforo. Por outro lado, o excesso de zinco pode limitá-la.
- pH do solo: Este é um dos fatores mais importantes. O fósforo atinge sua máxima disponibilidade quando o pH do solo está na faixa de 5,5 a 7,0. A calagem, ao corrigir a acidez, libera o fósforo que estava fixado ao alumínio, sendo um dos seus principais benefícios indiretos.
(Fonte: International Plant Nutrition Institute – IPNI)
Conclusão
A fosfatagem é uma prática agronômica essencial para a agricultura em solos brasileiros, pois corrige a deficiência de fósforo e neutraliza
Glossário
CTC (Capacidade de Troca Catiônica): Medida da capacidade do solo de reter nutrientes essenciais para as plantas, como cálcio e potássio. Solos com baixa CTC, como os arenosos, têm menor capacidade de segurar esses nutrientes, influenciando as recomendações de adubação.
CTP (Capacidade Tampão de Fósforo): Indica a resistência do solo a mudanças nos níveis de fósforo disponível. Na prática, um solo com alta CTP exige uma dose maior de fertilizante (P₂O₅) para elevar em 1 mg/dm³ o teor de fósforo para as plantas.
Fosfatagem: Prática de adubação corretiva que visa elevar os teores de fósforo no solo até um nível considerado adequado para o desenvolvimento das culturas. É uma estratégia fundamental para solos tropicais, que naturalmente possuem baixa disponibilidade deste nutriente.
Fósforo Fixado: Fração do fósforo aplicado via fertilizante que se liga fortemente a partículas do solo, como óxidos de ferro e alumínio, tornando-se indisponível para a absorção pelas plantas. A fosfatagem visa superar essa fixação.
Intemperismo: Processo natural de desgaste e decomposição das rochas que origina o solo. Em climas tropicais, com muita chuva e calor, o intemperismo é intenso, resultando em solos mais ácidos e com menor fertilidade natural.
P₂O₅ (Pentóxido de Fósforo): Unidade padrão utilizada na agronomia para expressar a concentração de fósforo nos fertilizantes e nas recomendações de adubação. Embora o fertilizante não contenha P₂O₅ quimicamente, essa medida universaliza os cálculos.
pH do solo: Escala que mede a acidez ou alcalinidade do solo, variando de 0 a 14. A máxima disponibilidade de fósforo para as plantas ocorre em uma faixa de pH entre 5,5 e 7,0, tornando a calagem uma prática essencial antes da fosfatagem.
Como otimizar os custos e o planejamento da fosfatagem
Gerenciar o alto custo dos fertilizantes fosfatados e a complexidade dos cálculos é um dos maiores desafios da operação. Para garantir que o investimento traga o retorno esperado, é fundamental ter um controle preciso dos gastos. Um software de gestão agrícola como o Aegro simplifica esse processo, permitindo comparar o custo real do nutriente (P₂O₅) entre diferentes fornecedores e registrar todas as despesas da aplicação, do insumo à mão de obra, para saber exatamente o custo final por hectare.
Além do financeiro, o planejamento correto é crucial. A plataforma ajuda a organizar a fosfatagem dentro do cronograma da safra, garantindo que seja feita no momento ideal para máxima absorção pelas plantas. Ao registrar cada atividade, você cria um histórico valioso para analisar a produtividade e tomar decisões baseadas em dados concretos, safra após safra.
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Perguntas Frequentes
Qual a diferença entre fosfatagem e a adubação de manutenção com fósforo?
A fosfatagem é uma adubação corretiva de dose elevada, feita para elevar os níveis de fósforo no solo a um patamar adequado, construindo a fertilidade. Já a adubação de manutenção é aplicada anualmente em doses menores para repor apenas o nutriente que a cultura extraiu, sustentando a fertilidade já estabelecida.
Por que o pH do solo é tão crucial para a disponibilidade de fósforo?
Em solos ácidos (pH baixo), o fósforo se liga fortemente ao alumínio e ferro, ficando “fixado” e indisponível para as plantas. Ao realizar a calagem para ajustar o pH para a faixa ideal (entre 5,5 e 7,0), essa fixação diminui drasticamente, garantindo que o fósforo aplicado na fosfatagem permaneça disponível para a lavoura absorver.
Qual a principal vantagem de aplicar fósforo no sulco de plantio em vez de a lanço?
A principal vantagem da aplicação no sulco é a redução do contato do fertilizante com as partículas do solo, o que diminui a fixação do fósforo e o concentra perto das raízes. Isso garante um melhor arranque inicial para a cultura, especialmente em solos com alta capacidade de fixação. A aplicação a lanço, por outro lado, corrige um volume maior de solo.
A fosfatagem é um investimento alto. Qual o retorno esperado para justificar o custo?
Embora exija um investimento inicial significativo, a fosfatagem é uma das práticas com maior retorno financeiro em solos tropicais. Ao corrigir a principal limitação de produtividade, ela permite que a lavoura expresse seu potencial genético, resultando em saltos de produtividade que superam o custo em poucas safras e aumentam a eficiência dos demais insumos.
Com que frequência preciso refazer a fosfatagem na minha área?
A fosfatagem é uma prática corretiva de efeito duradouro e não precisa ser refeita anualmente. Após atingir o nível adequado de fósforo, o manejo passa a ser de manutenção. É essencial realizar análises de solo periódicas, a cada um ou dois anos, para monitorar os níveis e avaliar a necessidade de uma nova correção no futuro.
Posso parcelar a aplicação da fosfatagem para diluir os custos?
Sim, o parcelamento é uma estratégia viável. Você pode dividir a dose corretiva total e aplicá-la gradualmente ao longo de vários cultivos, adicionando uma parte à adubação de base no sulco de semeadura. Para que a prática seja efetiva, recomenda-se que a dose total seja aplicada em um período máximo de 5 cultivos.
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