Preço dos Fertilizantes em 2019: O Que Esperar e Como se Preparar

Redação Aegro
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Preço dos Fertilizantes em 2019: O Que Esperar e Como se Preparar

O uso de fertilizantes é um dos pilares para alcançar o máximo potencial produtivo da sua lavoura. No entanto, garantir a compra desse insumo no momento certo e com o melhor preço é um desafio que impacta diretamente a lucratividade da fazenda. Para tomar a melhor decisão, é fundamental entender as variações do mercado e os fatores que podem pressionar os custos.

Para a safra de 2019, além das oscilações que já esperamos todo ano, fatores internos e externos estão mexendo com os preços. Neste artigo, vamos analisar as tendências e as expectativas do mercado para que você possa planejar suas compras de forma mais estratégica.

Analisando o Passado: Como os Preços se Comportaram na Safra 2018/19

O Brasil fechou a safra de 2018 com uma produção recorde de 242,1 milhões de toneladas de grãos. Mesmo com esse resultado positivo, muitos produtores enfrentaram dificuldades no início do ano para fazer a troca de insumos, como os fertilizantes, pela saca de soja.

O problema foi uma combinação de dois fatores: os preços dos fertilizantes subiram em 2018, enquanto a valorização da soja aconteceu de forma lenta no final da primeira safra.

É importante lembrar que a alta no preço dos fertilizantes em 2018 foi impactada por um cenário nacional conturbado, que incluiu:

  • Paralisações no setor de transporte rodoviário (greve dos caminhoneiros);
  • Valorização do dólar frente ao real;
  • Aumento nas cotações internacionais das principais matérias-primas.

gráfico de linha intitulado ‘Preço Tonelada de Uréia’, que ilustra a variação do preço deste fertilizante e Preço da tonelada de uréia nos últimos 5 anos. (Fonte: World Bank)

Essa dificuldade na relação de troca fez com que o consumo de fertilizantes diminuísse. Como veremos a seguir, essa queda na demanda acabou afetando a produção nacional, criando um novo cenário de desafios para 2019.

Cenário para 2019: Fatores Internos que Pressionam os Preços

Tradicionalmente, ao final de uma safra e início de outra, o mercado de fertilizantes entra em um período de baixo consumo, o que normalmente ajuda a regular os preços para baixo. Contudo, como o gráfico abaixo demonstra, os últimos anos não seguiram essa lógica esperada.

gráfico de linhas intitulado ‘Preços dos Fertilizantes’, que ilustra a variação dos preços de três importan Variação sazonal nos preços dos fertilizantes. (Fonte: World Bank)

Como resultado, o consumo e a produção de fertilizantes no Brasil caíram cerca de 10% em 2018 e 2019, quando comparados aos anos anteriores. A queda nas entregas ao consumidor final foi ainda mais drástica no início de 2019, chegando a 40% a menos em relação aos anos anteriores.

Essa situação impactou fortemente a indústria nacional de fertilizantes. A Petrobras, por exemplo, anunciou um plano de paralisação gradual de suas unidades em Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE), com possibilidade de venda. Outras empresas do setor também encerraram atividades em unidades localizadas no Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste.

uma grande refinaria ou planta petroquímica sob um céu azul intenso. A fotografia, capturada de um ângulo baix Fábrica de fertilizantes da Petrobras em Laranjeiras está em situação de ‘hibernação’. (Foto: Senado)

Esse problema não é novo. O mercado interno brasileiro já vinha sofrendo com a queda na produção de fertilizantes nitrogenados desde 2015, com uma redução de 30% entre 2015 e 2017. No mesmo período, a produção de fosfatados diminuiu 3%.

O resumo desse cenário é claro: com a oferta de fertilizantes produzidos no Brasil diminuindo e a demanda aumentando com o início da safra 2019, a tendência natural é que os preços subam.

Fatores Externos: Como o Mercado Global Influencia os Preços no Brasil

Os preços dos fertilizantes no mercado internacional são fortemente influenciados pelo preço do petróleo, que é uma das principais fontes de energia usadas na produção. Essa relação é especialmente forte nos fertilizantes nitrogenados, que demandam grandes quantidades de energia em sua fabricação.

Este gráfico de área e linha ilustra a correlação direta entre os preços do petróleo bruto e da ureia no período de janeiro d Relação entre os preços do petróleo bruto e a uréia em dólares. (Fonte: World Bank)

Outro fator importante é a dinâmica do mercado global. Com a chegada de um inverno rigoroso no hemisfério norte, os grandes produtores agrícolas de lá reduziram o consumo, o que provocou uma queda momentânea nos preços internacionais.

No entanto, essa baixa não durou. Os preços já voltaram a subir tanto no mercado internacional quanto no interno. Para o produtor brasileiro, a situação é mais complexa devido à desvalorização do real frente ao dólar. Mesmo que o preço do fertilizante caia em dólar, a alta da moeda americana pode anular esse benefício ou até encarecer o produto em reais.

gráfico de linhas duplas intitulado ‘Preço Uréia Dólar x Real’, que compara a evolução do preço do fertiliz Variação no preço dos fertilizantes no último ano em reais e em dólares. (Fonte: World Bank)

A recente alta nos preços internacionais dos fertilizantes em 2019 pode ser explicada por dois movimentos principais: a retomada gradual das compras pelo mercado interno da China e os primeiros sinais de aumento da demanda por parte dos produtores nos Estados Unidos.

gráfico de linhas intitulado ‘Preços Fertilizantes 2019’, que ilustra a variação mensal dos preços de três Variação nos preços dos fertilizantes no último ano. (Fonte: World Bank)

Analisando o gráfico acima, podemos notar um ponto importante: embora os fertilizantes fosfatados tenham apresentado queda de preço, os nitrogenados e potássicos voltaram a subir após uma breve queda em fevereiro.

Conclusão: Como se Planejar Diante Deste Cenário

Os fertilizantes nitrogenados são os mais utilizados na agricultura brasileira, e a tendência de alta nos seus preços é um ponto de atenção para a safra 2019. Como a produtividade da lavoura depende muito desse insumo, a alta de custos pode reduzir a margem de lucro.

Diante da combinação de menor produção nacional e aumento da demanda global, a tendência é que os preços continuem subindo com a aproximação da safra. Portanto, planejar e, se possível, antecipar a compra de fertilizantes é a estratégia mais eficaz para garantir melhores preços e proteger a rentabilidade da sua propriedade.


Glossário

  • Cotações Internacionais: Preços de produtos e matérias-primas definidos no mercado global, geralmente negociados em dólar. A variação dessas cotações, como as do petróleo e dos minerais para fertilizantes, impacta diretamente o custo dos insumos no Brasil.

  • Fertilizantes Fosfatados: Insumos agrícolas ricos em Fósforo (P), um macronutriente essencial para o desenvolvimento das raízes e o armazenamento de energia das plantas. A produção deste tipo de fertilizante depende da extração de rochas fosfáticas.

  • Fertilizantes Nitrogenados: Fertilizantes que fornecem Nitrogênio (N), o nutriente mais exigido pela maioria das culturas para o crescimento de folhas e caules. A Ureia é o exemplo mais comum e sua produção consome grande quantidade de energia, geralmente do gás natural.

  • Fertilizantes Potássicos: Fertilizantes à base de Potássio (K), nutriente vital para a saúde geral da planta, atuando na resistência a doenças, regulação de água e qualidade dos frutos. Sua principal matéria-prima é o Cloreto de Potássio (KCl).

  • Insumo: Qualquer produto ou recurso utilizado no processo de produção agrícola. Exemplos incluem sementes, defensivos, combustíveis e, como destacado no artigo, os fertilizantes.

  • Relação de Troca: Indicador econômico que mede quantas sacas de um produto agrícola (ex: soja) o produtor precisa vender para comprar uma unidade de um insumo (ex: tonelada de fertilizante). Quando essa relação piora, o poder de compra do agricultor diminui.

  • Ureia: O fertilizante nitrogenado sólido mais utilizado no mundo, conhecido por sua alta concentração de Nitrogênio (46%). Seu preço, como mostrado nos gráficos do artigo, tem forte correlação com o preço do petróleo devido ao alto custo energético de sua produção.

Como a tecnologia pode te ajudar a planejar melhor as compras

Lidar com a volatilidade dos preços dos fertilizantes e decidir o melhor momento para a compra é um dos maiores desafios para a gestão da fazenda. Como o artigo mostra, fatores internos e externos tornam esse cenário complexo, e um erro no planejamento pode comprometer a margem de lucro da safra.

Para navegar nesse ambiente de incertezas, a tecnologia é uma grande aliada. Um software de gestão agrícola, como o Aegro, permite centralizar o controle de custos e o gerenciamento de insumos em um só lugar.

Ao registrar todas as despesas e acompanhar o estoque em tempo real, o produtor obtém uma visão clara do seu custo de produção e pode tomar decisões de compra mais estratégicas, aproveitando as melhores oportunidades do mercado. Transforme a gestão de insumos da sua fazenda e proteja sua lucratividade.

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Perguntas Frequentes

Qual é a melhor época para comprar fertilizantes e garantir um bom preço?

Geralmente, o período da entressafra apresenta preços mais baixos devido à menor demanda. No entanto, como o artigo aponta, fatores como a variação do dólar e a oferta global podem quebrar essa lógica. A estratégia mais segura é monitorar o mercado e planejar a compra com antecedência, antes do pico de demanda que precede o plantio da safra principal.

Por que o preço do petróleo impacta tanto o custo dos fertilizantes nitrogenados?

A produção de fertilizantes nitrogenados, como a ureia, é um processo industrial que consome grandes quantidades de energia, utilizando o gás natural (um derivado do petróleo) como principal matéria-prima. Portanto, quando o preço do petróleo sobe no mercado internacional, o custo de produção desses fertilizantes aumenta diretamente, refletindo no valor final para o agricultor.

Como a variação do dólar afeta o preço dos fertilizantes no Brasil?

O Brasil importa uma parcela significativa dos fertilizantes e das matérias-primas necessárias para sua produção. Essas negociações no mercado global são feitas em dólar. Assim, mesmo que o preço do insumo permaneça estável no exterior, uma alta do dólar frente ao real encarece automaticamente o produto para o produtor brasileiro.

O que exatamente significa a ‘relação de troca’ para a minha fazenda?

A ‘relação de troca’ é um indicador que mostra quantas sacas da sua produção (como soja ou milho) são necessárias para comprar uma unidade de insumo (como uma tonelada de fertilizante). Quando essa relação piora, significa que você precisa vender uma quantidade maior da sua colheita para adquirir o mesmo insumo, o que comprime sua margem de lucro.

Com a redução da produção nacional, o Brasil ficará mais dependente de fertilizantes importados?

Sim. A paralisação ou hibernação de fábricas nacionais, como as unidades da Petrobras mencionadas no artigo, aumenta a dependência do agronegócio brasileiro em relação ao mercado externo para suprir a demanda. Isso torna o custo dos insumos no país ainda mais suscetível às oscilações dos preços internacionais e à variação cambial.

Antecipar a compra de fertilizantes é sempre vantajoso? Quais são os riscos?

Embora a antecipação seja uma estratégia eficaz para se proteger de altas sazonais, ela envolve riscos. O principal é uma possível queda inesperada nos preços após a sua compra. Além disso, é preciso considerar os custos de armazenamento do produto e a imobilização de capital que poderia ser utilizado em outras áreas da gestão da fazenda.

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