Você certamente já ouviu falar em ESG. Essa sigla está cada vez mais presente nas conversas sobre o futuro do agronegócio, e por um bom motivo. Longe de ser apenas uma tendência, o ESG representa uma nova forma de produzir, que equilibra produtividade com responsabilidade.
Estamos falando de um conjunto de práticas que você pode adotar na sua fazenda para cuidar do meio ambiente, valorizar as pessoas e melhorar a gestão do seu negócio. O resultado? Além de contribuir para um futuro mais sustentável, essas ações podem aumentar sua competitividade, abrir portas para novos mercados e, claro, melhorar a lucratividade da sua operação.
Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que significa ESG no contexto do campo, detalhar cada um de seus pilares e mostrar os impactos positivos que sua implementação pode trazer para o seu negócio.
Vamos lá!
Entendendo o ESG: Os Três Pilares na Prática
A sigla ESG vem do inglês e significa Environmental (Ambiental), Social e Governance (Governança). Ela foi usada pela primeira vez em 2004, em uma conferência da ONU, para definir um conjunto de boas práticas para as empresas.
Na prática, o ESG é um guia para que as empresas, incluindo as fazendas, diminuam os impactos negativos de suas operações no meio ambiente e na sociedade. Além disso, incentiva uma administração mais responsável, ética e transparente em todas as decisões.
Mas como isso se aplica no dia a dia do agronegócio? Para facilitar, vamos ver exemplos práticos de cada um dos três pilares.
Pilares do ESG no Agronegócio: Do Campo à Gestão
1. Pilar Ambiental (E)
No agronegócio, o pilar ambiental se concentra em adotar estratégias e tecnologias que reduzam o impacto da produção na natureza. O foco é produzir mais e melhor, usando os recursos de forma inteligente.
Alguns exemplos práticos incluem:
- Uso racional de recursos naturais, como a água e o solo.
- Manejo adequado do solo para evitar erosão e manter sua fertilidade.
- Controle rigoroso no uso de agroquímicos, aplicando apenas o necessário.
- Adoção de sistemas de irrigação inteligente que economizam água.
- Preferência por máquinas e equipamentos elétricos para reduzir emissões.
- Combate ao desmatamento e recuperação de áreas degradadas.
- Gestão correta de resíduos, como embalagens de defensivos e outros materiais.
- Redução da emissão de gases de efeito estufa, como o metano da pecuária.
Vale destacar que a tecnologia da agricultura 4.0 tornou muitas dessas práticas mais fáceis e acessíveis.
2. Pilar Social (S)
O pilar social trata das pessoas: seus funcionários, suas famílias e a comunidade ao redor da fazenda. O objetivo é garantir que a atividade agrícola contribua para o desenvolvimento e o bem-estar de todos.
Para isso, o produtor rural pode:
- Promover a segurança e a saúde dos trabalhadores, oferecendo EPIs e condições seguras.
- Respeitar rigorosamente as leis trabalhistas, garantindo todos os direitos.
- Valorizar e contratar mão de obra local, fortalecendo a economia da região.
- Oferecer capacitação para os moradores da comunidade, gerando novas oportunidades.
- Fornecer treinamentos adequados para o manejo correto de máquinas e equipamentos agrícolas.
3. Pilar de Governança (G)
Governança: significa a forma como a fazenda é administrada, com transparência, ética e organização.
Este pilar se refere à maneira como a sua fazenda ou empresa agrícola é gerenciada. Trata-se de ter processos claros, tomar decisões de forma ética e ser transparente com todos os envolvidos. Isso inclui:
- Transparência na gestão financeira e operacional do negócio.
- Cumprimento de todas as leis e regulamentações do setor.
- Postura ética em todas as negociações com fornecedores e clientes.
- Gestão responsável dos recursos financeiros, evitando desperdícios e endividamento.
- Combate a qualquer tipo de corrupção ou prática ilegal.
- Estabelecimento de protocolos claros de segurança da informação e dos processos.
A Importância do ESG no Agronegócio Brasileiro
O agronegócio é um motor da economia brasileira, responsável por pelo menos 27% do nosso PIB e essencial para garantir a segurança alimentar no Brasil e no mundo. Ele gera milhões de empregos e impulsiona o desenvolvimento do país.
Por outro lado, quando as práticas ESG são ignoradas, a atividade agrícola pode causar problemas sérios. A degradação do solo, o uso excessivo de água, a contaminação de rios, a alta emissão de gases de efeito estufa e as más condições de trabalho são exemplos de como a falta desse cuidado pode ser prejudicial.
Mas o ESG vai muito além de evitar problemas. Adotar essas práticas traz vantagens diretas para o seu negócio, que vão desde o acesso a crédito até um lucro maior no final da safra.
As Vantagens Práticas de Implementar o ESG na Sua Fazenda
Acesso Facilitado a Crédito Rural
O primeiro e mais claro benefício é o acesso a melhores condições de crédito. Bancos e instituições financeiras estão dando preferência e oferecendo vantagens para produtores que adotam boas práticas de sustentabilidade.
Um ótimo exemplo é o Plano Safra 2023/2024, que prevê a redução nas taxas de juros para produtores que comprovam a adoção de práticas sustentáveis, como:
- Produção orgânica ou agroecológica.
- Uso de bioinsumos.
- Tratamento de dejetos na suinocultura.
- Uso de pó de rocha e calcário.
- Geração de energia renovável na avicultura.
- Rebanho bovino rastreado.
- Certificação de sustentabilidade.
Atração de Mais Investimentos
Não são apenas os bancos que estão de olho no ESG. Investidores do mundo todo estão direcionando seu dinheiro para empresas que demonstram responsabilidade ambiental e social. Eles entendem que essas empresas gerenciam melhor seus riscos e tendem a ter resultados mais sólidos a longo prazo.
Para se ter uma ideia, a agência Bloomberg estima que os recursos investidos em empresas com selo ESG, que eram de 38 trilhões de dólares em 2020, devem saltar para 53 trilhões de dólares até 2025. Isso significa que mais capital estará disponível para o agronegócio que se adaptar.
Aumento do Lucro por Safra
Adotar práticas de gestão sustentável e eficiente leva diretamente a melhorias na produtividade, redução de desperdícios e otimização do uso de insumos e recursos. Mas os benefícios financeiros não param por aí.
Uma pesquisa do Institute of Business Value (IBV) mostrou que 54% dos consumidores no mundo estão dispostos a pagar mais caro por produtos que causam baixo impacto ambiental.
Isso significa que, ao seguir as boas práticas ESG, você pode agregar valor ao seu produto, cobrar mais por ele e ainda assim ver um impacto positivo nas suas finanças. Além disso, o interesse crescente dos consumidores e a maior competitividade do seu negócio abrem portas para novas oportunidades, incluindo mercados externos, como o europeu, que são historicamente mais exigentes com a sustentabilidade.
ESG no Agronegócio: Por Onde Começar?
Implementar o ESG na sua fazenda está diretamente ligado à digitalização. A tecnologia é a principal ferramenta para colocar em prática os pilares de governança, controle ambiental e gestão social.
O uso de softwares de gestão, como o Aegro, e de inteligência artificial permite coletar e analisar um grande volume de dados da sua operação. Isso gera insights valiosos que ajudam a tomar decisões mais inteligentes e a melhorar a eficiência de todo o processo.
Outra ferramenta poderosa é a tecnologia blockchain, que permite rastrear toda a cadeia de produção. Blockchain: significa uma tecnologia que cria um registro digital seguro e transparente de tudo que acontece com o produto, do plantio à venda. Isso torna o acesso a informações sobre a origem do alimento mais confiável para consumidores, investidores e parceiros.
A digitalização também é fundamental para adotar práticas sustentáveis, pois possibilita:
- O monitoramento detalhado de cada talhão da lavoura.
- O uso de drones para acompanhar o desenvolvimento da safra e identificar problemas.
- A aplicação mais precisa de insumos agrícolas, evitando desperdício.
- A gestão eficiente da água usada na irrigação.
- A comunicação rápida e organizada entre fornecedores, indústria e clientes.
Essas práticas ajudam a reduzir o uso excessivo de fertilizantes, defensivos e água, o que diminui os impactos ambientais e aumenta a eficiência produtiva da fazenda. Portanto, investir em digitalização é um passo essencial para implementar o ESG.
Outro passo importante é buscar selos e certificações que comprovem o compromisso do seu negócio com as boas práticas.
Selos e Certificações ESG para o Agronegócio
Existem diversas certificações que funcionam como um “carimbo de qualidade”, atestando para o mercado que sua empresa leva o ESG a sério. Elas são uma garantia para consumidores e parceiros de que seu negócio está realmente comprometido.
Alguns dos principais exemplos são:
- Certificação Orgânica: Atesta que os produtos foram cultivados segundo práticas sustentáveis, sem o uso de agrotóxicos químicos ou fertilizantes sintéticos.
- Selo Fair Trade (Comércio Justo): Garante que a empresa paga preços justos aos produtores, respeita os direitos trabalhistas, promove a igualdade de gênero e investe no desenvolvimento das comunidades locais.
- Certificação Rainforest Alliance: Indica que a produção foi feita de acordo com práticas que protegem a biodiversidade, conservam os recursos naturais e garantem a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.
Conclusão
A implementação do ESG no agronegócio deixou de ser uma opção e se tornou uma necessidade estratégica. Ela traz benefícios claros e diretos para o produtor rural, como acesso a crédito com juros mais baixos, abertura de novos mercados e aumento do lucro por safra.
Para aproveitar essas vantagens, o caminho passa por investir em digitalização e em estratégias de gestão que promovam a sustentabilidade e a responsabilidade social em todas as etapas da produção.
Ao fazer isso, você não só melhora os resultados da sua fazenda, mas também contribui para a preservação do meio ambiente, o desenvolvimento das comunidades rurais e o fortalecimento de todo o setor agrícola brasileiro.
Glossário
Agricultura 4.0: Refere-se à utilização de tecnologias digitais avançadas, como sensores, drones e softwares de gestão, para otimizar a produção agrícola. Seu objetivo é aumentar a eficiência e a sustentabilidade no campo, conectando máquinas e dados em tempo real.
Bioinsumos: Produtos de origem biológica (microrganismos, extratos de plantas) usados para controle de pragas, doenças ou para melhorar a fertilidade do solo. São uma alternativa sustentável aos agroquímicos sintéticos, como fertilizantes e pesticidas.
Blockchain: Tecnologia de registro digital que cria um histórico de transações seguro, transparente e que não pode ser alterado. No agronegócio, é usada para rastrear a cadeia produtiva, garantindo a origem e a qualidade do alimento do campo até o consumidor.
ESG (Environmental, Social and Governance): Sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança. É um conjunto de critérios que avalia o desempenho de uma empresa em relação à sustentabilidade, responsabilidade social e transparência administrativa.
Governança: Um dos três pilares do ESG, focado na forma como a fazenda ou empresa agrícola é administrada. Envolve práticas de gestão transparente, ética nos negócios, cumprimento de leis e combate à corrupção.
Insumos Agrícolas: Conjunto de todos os produtos utilizados no ciclo de produção, como sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas e corretivos de solo. A gestão eficiente e o uso racional desses insumos são fundamentais para a sustentabilidade ambiental.
Plano Safra: Principal programa do governo federal brasileiro para o financiamento da agropecuária. A cada ano, define as taxas de juros e condições de crédito, oferecendo benefícios para produtores que adotam práticas sustentáveis alinhadas ao ESG.
Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios
Implementar as práticas ESG parece complexo, mas a tecnologia pode simplificar o processo. Dois dos maiores desafios mencionados são manter a transparência na gestão financeira (Governança) e comprovar o uso racional de recursos (Ambiental). Controlar esses dados em planilhas ou cadernos dificulta a comprovação e a tomada de decisão.
Um software de gestão agrícola como o Aegro centraliza todas essas informações em um único lugar. Ele ajuda a registrar cada centavo gasto em insumos e a acompanhar as aplicações em cada talhão, gerando relatórios que demonstram uma operação responsável. Com isso, fica mais fácil não só atender às exigências de certificações e linhas de crédito, mas também identificar oportunidades para reduzir custos e aumentar a eficiência da safra.
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Perguntas Frequentes
Implementar práticas ESG na minha fazenda não é apenas um custo extra? Como isso realmente aumenta o lucro?
Inicialmente pode haver um investimento, mas o ESG aumenta o lucro de várias formas. Ele otimiza o uso de insumos como água e fertilizantes, reduzindo desperdícios e custos. Além disso, produtos com selo de sustentabilidade podem ser vendidos por um preço maior, como aponta a pesquisa que mostra que 54% dos consumidores pagam mais por eles, e abrem portas para mercados internacionais mais exigentes.
Sou um pequeno produtor. Como posso começar a aplicar o ESG sem um grande investimento em tecnologia?
Você pode começar com práticas de baixo custo e alto impacto. No pilar Ambiental, foque no manejo correto do solo e na gestão de resíduos. No Social, garanta o cumprimento das leis trabalhistas e a segurança da equipe. Na Governança, organize suas finanças com planilhas. A tecnologia pode ser adotada gradualmente, começando por soluções mais acessíveis.
Qual a principal diferença entre ESG e o conceito de sustentabilidade que já conhecemos no campo?
Sustentabilidade é o conceito amplo de produzir sem esgotar os recursos para as futuras gerações. O ESG é uma estrutura mais específica e mensurável que organiza a sustentabilidade em três pilares (Ambiental, Social e Governança). Ele serve como um guia prático para que bancos, investidores e consumidores avaliem o desempenho real de um negócio nesses quesitos.
Além do acesso a crédito, como as práticas de Governança (o pilar ‘G’) melhoram a gestão diária da fazenda?
A Governança melhora a gestão ao trazer mais transparência e organização para as finanças e operações. Isso ajuda a tomar decisões baseadas em dados concretos, evitar desperdícios, cumprir todas as regulamentações e ter processos mais claros. A longo prazo, uma boa governança reduz riscos operacionais e facilita a sucessão familiar do negócio.
Como um software de gestão como o Aegro ajuda a comprovar minhas práticas ESG para bancos e certificadoras?
Um software de gestão centraliza todas as informações da sua operação. Ele permite registrar e gerar relatórios detalhados sobre o uso de insumos e água em cada talhão (comprovando o pilar Ambiental) e manter um controle financeiro transparente (atendendo ao pilar de Governança). Essa documentação organizada é essencial para comprovar suas práticas e obter certificações ou crédito com juros reduzidos.
O artigo menciona várias certificações. Qual delas é a mais indicada para o meu negócio?
A certificação ideal depende do seu tipo de produção e mercado-alvo. A Certificação Orgânica é para quem produz sem agroquímicos sintéticos. O Selo Fair Trade foca em relações de trabalho justas e desenvolvimento comunitário, sendo ideal para cooperativas. Já a Rainforest Alliance é voltada para a proteção da biodiversidade e recursos naturais, comum em culturas como café e cacau.
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