Certas doenças podem devastar uma lavoura de arroz, comprometendo toda a produção.
Na cultura do arroz, a brusone, por exemplo, ataca as plantas, reduzindo seu crescimento e a qualidade dos grãos.
Outras ameaças como a mancha parda e a escaldadura também são agressivas e geram perdas expressivas.
Conhecer a fundo as doenças da sua cultura e saber como realizar o manejo adequado é essencial para garantir a produtividade.
Por isso, preparamos este guia com as 6 principais doenças do arroz, detalhando os cuidados necessários para um controle eficaz. Confira a seguir!
1. Brusone: A Principal Doença da Cultura do Arroz
A brusone é, sem dúvida, a principal doença do arroz, causada pelo fungo Magnaporthe oryzae. Em condições favoráveis, seu potencial de dano é devastador, podendo chegar a 100% de perda na produção. O fungo afeta o desenvolvimento geral da lavoura, causando redução na altura da planta, no número de perfilhos e na qualidade final dos grãos.
A doença pode atacar as plantas de arroz desde o início do desenvolvimento até a fase de floração.
Como Identificar a Brusone?
Os sintomas típicos aparecem em diferentes partes da planta:
- Nas folhas: Começam como pequenos pontos de cor castanha, que evoluem para manchas elípticas (formato oval). Essas manchas crescem no sentido da nervura, apresentando um centro cinza e bordas marrons. Às vezes, um halo amarelado pode aparecer ao redor, o que diminui a área de fotossíntese da planta.
- Nos colmos (caules): É comum observar manchas elípticas com as mesmas características: centro cinza e bordas marrons.
- Nos grãos: Os grãos que se formam em plantas infectadas ficam chochos (vazios). Nas sementes, podem surgir manchas de cor marrom.
Sintomas de brusone na folha (A), na panícula (B) e na aurícula (C)
(Fonte: Eduardo Hickel em Researchgate)
É crucial saber que o patógeno (Patógeno: o microrganismo, como um fungo, que causa a doença) pode ser transmitido dentro da semente, infectando as novas plantas (plântulas) desde o início.
Condições Favoráveis para a Brusone
O fungo se desenvolve melhor nas seguintes condições:
- Temperatura: Entre
20°C
e25°C
. - Umidade: Presença de água livre na folha (orvalho ou chuva).
- Sobrevivência: O fungo sobrevive em restos culturais da safra anterior e em sementes já infectadas.
Medidas de Manejo para a Brusone
- Variedades: Utilize cultivares resistentes ou moderadamente resistentes à doença.
- Nutrição: Faça uma adubação equilibrada, especialmente com nitrogênio.
- Plantio: Adote o espaçamento e a densidade de plantas recomendados para sua variedade.
- Controle Químico: Realize o tratamento de sementes com fungicidas e, se necessário, aplique pulverizações na parte aérea das plantas.
Para mais detalhes, confira nosso artigo completo: “Principais sintomas da brusone no arroz e como controlá-la na lavoura”.
2. Mancha Parda
Causada pelo fungo Bipolaris oryzae, a mancha parda pode levar a uma redução de até 30% na produtividade. Seus principais danos incluem a redução da germinação (por infectar as sementes), a morte de plântulas e a destruição da área foliar, que prejudica a fotossíntese.
Como Identificar a Mancha Parda?
Os sintomas são mais visíveis nas folhas e nos grãos.
- Nas folhas: Observe manchas ovais de cor marrom-avermelhada com um centro acinzentado. Este é o sinal clássico da doença.
- Nos grãos: Os sintomas são manchas de coloração marrom. Em ataques severos, os grãos ficam chochos e perdem peso.
(Fonte: Agrolink)
Condições Favoráveis para a Mancha Parda
A doença é comum em todas as regiões produtoras de arroz, principalmente em climas tropicais.
- Temperatura: Entre
20°C
e30°C
com presença de água livre na folha. - Sobrevivência: O fungo sobrevive em restos culturais, sementes infectadas e plantas hospedeiras alternativas.
- Fatores de Estresse:
- Arroz Irrigado: O excesso ou a falta de nitrogênio deixam as plantas mais vulneráveis.
- Arroz de Sequeiro: Em solos pobres, o estresse hídrico (estresse hídrico: falta de água para a planta) e a baixa fertilidade aumentam a suscetibilidade.
Um ponto importante é que a planta se torna mais suscetível à mancha parda à medida que envelhece.
Manejo da Mancha Parda
- Resistência Genética: Não existem variedades com alta resistência, mas há opções com resistência moderada.
- Sementes: Utilize sementes sadias e sempre realize o tratamento com fungicidas.
- Manejo do Solo e Água: Garanta uma adubação adequada e um bom manejo da irrigação.
- Práticas Culturais: A rotação de culturas ajuda a quebrar o ciclo do fungo no solo.
- Controle Químico: A aplicação de fungicidas deve ser avaliada com base no custo-benefício, sendo mais indicada nas fases finais do ciclo, quando a planta está mais vulnerável.
3. Escaldadura
Causada pelo fungo Monographella albescens, a escaldadura é uma doença importante em cultivos de sequeiro, especialmente com chuvas contínuas e longos períodos de orvalho.
Como Identificar a Escaldadura?
Os sintomas aparecem principalmente nas folhas. Começam como manchas de cor verde-clara nas margens, com bordas mal definidas e aspecto de encharcamento. Com o tempo, essas manchas evoluem para faixas que variam de marrom-claro a marrom-escuro.
O patógeno sobrevive em sementes infectadas e restos culturais, sendo favorecido por temperaturas entre 20°C
e 30°C
.
Manejo da Escaldadura
- Densidade de Plantio: Evite o plantio muito adensado e use o espaçamento recomendado, pois alta densidade favorece a doença.
- Adubação: Mantenha a nutrição equilibrada. O excesso de nitrogênio torna as plantas mais suscetíveis à escaldadura.
4. Queima e Mancha das Bainhas
A queima das bainhas é causada pelo fungo Rhizoctonia solani e está presente em todas as regiões produtoras, sendo mais comum no cultivo de arroz irrigado.
Como Identificar a Queima das Bainhas?
Os sintomas são lesões ovais de cor branca a acinzentada, com bordas marrons bem definidas, localizadas nas bainhas e nos colmos. Em ataques severos, a doença pode causar o acamamento das plantas e os sintomas podem se espalhar para as folhas.
(Fonte: Agrolink)
É importante não confundir com a mancha da bainha, causada por outro fungo, Rhizoctonia oryzae. A mancha da bainha também apresenta lesões na bainha, mas, diferente da queima, as lesões são isoladas e não se espalham para as folhas.
Manejo da Queima e Mancha das Bainhas
- Utilize variedades resistentes.
- Ajuste a adubação e a densidade de plantio.
- Pratique a rotação de culturas para reduzir a presença do fungo no solo.
5. Podridão da Bainha
Causada pelo fungo Sarocladium oryzae, a podridão da bainha tem potencial para causar perdas tanto na produtividade quanto na qualidade dos grãos.
Como Identificar a Podridão da Bainha?
Os sintomas são lesões alongadas e irregulares, com centro cinza e margens marrons. Eles aparecem primeiro na última bainha abaixo da folha bandeira, na época em que a panícula está para sair (emissão).
As panículas que conseguem emergir de plantas infectadas ficam com coloração marrom e estéreis (sem grãos). Em casos graves, a panícula nem chega a se formar.
Manejo da Podridão da Bainha
- A principal recomendação é o uso de variedades com resistência moderada à doença.
6. Ponta Branca
A ponta branca é causada pelo nematoide Aphelenchoides besseyi. (Nematoide: um verme microscópico que vive no solo ou na planta e pode causar doenças). A doença está disseminada em todos os estados produtores de arroz no Brasil, sendo mais relevante em cultivos irrigados.
Como Identificar a Ponta Branca?
O sintoma mais característico é a ponta (ápice) da folha, que fica com uma coloração esbranquiçada (clorose). Com o tempo, essa área branca morre e fica necrosada. Esses sinais aparecem quando a planta já está na fase adulta.
(Fonte: Agronômica)
A doença também pode prejudicar o desenvolvimento das panículas e dos grãos. Os nematoides se localizam nas regiões de crescimento da parte aérea da planta, por isso são chamados de “nematoides das folhas”. A principal forma de disseminação é através de sementes contaminadas.
Manejo da Ponta Branca
- Use sementes sadias e de boa procedência.
- Opte por variedades com resistência à doença.
O Segredo do Controle: Manejo Integrado de Doenças
Para controlar as doenças no arrozal de forma eficiente e sustentável, a melhor abordagem é o manejo integrado. Isso significa combinar diferentes táticas de controle, em vez de depender de uma única solução.
As medidas que apresentamos para cada doença — como o uso de variedades resistentes, controle químico, rotação de culturas, sementes sadias e adubação equilibrada — são os pilares de um bom manejo integrado. Ao combinar essas ações, você cria um sistema robusto de defesa para sua lavoura!
Para te auxiliar com o manejo, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para obter as melhores recomendações para a sua realidade.
Conclusão
As doenças do arroz representam um risco real, com potencial para causar prejuízos enormes, chegando a perdas de até 100% da lavoura.
A chave para proteger sua safra está em identificar os primeiros sinais da doença e agir rapidamente com as medidas de controle corretas.
Neste artigo, você viu as características das principais doenças da rizicultura, as condições que favorecem seu desenvolvimento e as práticas de manejo mais eficazes.
Agora, monitore sua lavoura de perto, aplique o manejo integrado e não deixe que essas doenças afetem a produtividade da sua safra de arroz
Glossário
Brusone: Principal doença fúngica da cultura do arroz, causada pelo fungo Magnaporthe oryzae. Em condições favoráveis, pode causar a perda total da produção, afetando folhas, colmos e grãos.
Chochos (grãos): Termo utilizado para descrever grãos que não se desenvolveram completamente, ficando vazios ou enrugados. É um sintoma comum em plantas de arroz atacadas por doenças como a brusone e a mancha parda.
Estresse hídrico: Condição em que a planta sofre com a falta de água disponível no solo. Esse estresse enfraquece a planta, tornando-a mais suscetível ao ataque de certas doenças, como a mancha parda no arroz de sequeiro.
Folha bandeira: Refere-se à última folha que se desenvolve na planta de arroz, localizada logo abaixo da panícula. Ela é fundamental para a fotossíntese e o enchimento dos grãos, sendo um local chave para o surgimento de sintomas de doenças como a podridão da bainha.
Manejo Integrado de Doenças (MID): Estratégia de controle que combina diferentes táticas (uso de variedades resistentes, rotação de culturas, controle químico, etc.) para gerenciar as doenças de forma eficiente e sustentável, em vez de depender de uma única solução.
Nematoide: Verme microscópico que pode viver no solo ou dentro das plantas, atuando como um patógeno. O nematoide Aphelenchoides besseyi, por exemplo, causa a doença conhecida como ponta branca no arroz.
Panícula: A parte da planta de arroz que corresponde à inflorescência, onde as flores se formam e, após a fecundação, dão origem aos grãos. Doenças que afetam a panícula comprometem diretamente a produção.
Patógeno: Qualquer microrganismo, como um fungo, bactéria ou vírus, capaz de causar uma doença em uma planta. No artigo, os fungos Magnaporthe oryzae e Bipolaris oryzae são exemplos de patógenos do arroz.
Rotação de culturas: Prática agrícola que consiste em alternar diferentes espécies de plantas em uma mesma área ao longo do tempo. Ajuda a quebrar o ciclo de vida de patógenos que sobrevivem no solo e melhora a saúde geral do solo.
Como a tecnologia otimiza o manejo de doenças
O Manejo Integrado de Doenças (MID) é, sem dúvida, a estratégia mais eficaz, mas sua execução pode ser complexa. Coordenar monitoramentos, escolher o momento certo para aplicar defensivos e, ao mesmo tempo, controlar os custos de cada operação exige um registro detalhado e muita organização.
Para simplificar esse processo, ferramentas de gestão agrícola como o Aegro são essenciais. Com um software especializado, é possível registrar todas as atividades de manejo no campo, desde o monitoramento de pragas e doenças até a aplicação de fungicidas. Isso não só cria um histórico completo da lavoura, mas também permite um acompanhamento preciso dos custos de produção, ajudando a tomar decisões mais seguras e a garantir a rentabilidade da safra.
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Perguntas Frequentes
Qual a principal diferença entre a Brusone e a Mancha Parda, já que ambas causam manchas nas folhas do arroz?
Embora ambas causem manchas, os sintomas são distintos e o potencial de dano varia muito. A Brusone apresenta manchas elípticas com centro cinza e bordas marrons, podendo causar perdas de até 100% da produção. Já a Mancha Parda causa manchas ovais de cor marrom-avermelhada, e seu impacto na produtividade geralmente é limitado a 30%.
Como a adubação com nitrogênio pode aumentar ou diminuir o risco de doenças no arrozal?
O manejo do nitrogênio é crucial. O excesso de nitrogênio torna os tecidos da planta mais tenros, favorecendo a infecção por fungos como os da Brusone e Escaldadura. Por outro lado, a deficiência de nutrientes pode estressar a planta, aumentando sua vulnerabilidade à Mancha Parda. Portanto, uma adubação equilibrada, conforme a análise de solo, é fundamental para a saúde da lavoura.
Além do controle químico, quais são as medidas preventivas mais importantes para o manejo de doenças no arroz?
As medidas preventivas são a base do Manejo Integrado de Doenças. As práticas mais eficazes incluem o uso de sementes sadias e certificadas, a escolha de variedades geneticamente resistentes às principais doenças da região, a rotação de culturas para quebrar o ciclo dos patógenos no solo e o ajuste da densidade de plantio para evitar um microclima úmido que favoreça os fungos.
O que é o Manejo Integrado de Doenças (MID) e por que ele é a melhor estratégia?
O Manejo Integrado de Doenças (MID) é uma abordagem que combina diversas táticas de controle, como o uso de variedades resistentes, práticas culturais adequadas e o controle químico racional. Ele é considerado a melhor estratégia por ser mais sustentável e eficiente a longo prazo, pois reduz a dependência de fungicidas, minimiza o risco de resistência dos patógenos e protege a rentabilidade da safra.
É possível identificar a olho nu se as sementes de arroz estão contaminadas com doenças como a Ponta Branca?
Não, é praticamente impossível identificar a presença de nematoides ou fungos nas sementes a olho nu. A única forma segura de garantir a sanidade é adquirir sementes certificadas de fornecedores confiáveis. Além disso, o tratamento de sementes com fungicidas e nematicidas é uma prática essencial para proteger a lavoura desde o início.
Qual a diferença entre a Queima das Bainhas e a Mancha da Bainha no arroz?
Embora ambas afetem a bainha da planta, a principal diferença está na agressividade e disseminação. A Queima das Bainhas (Rhizoctonia solani) é mais severa, com lesões que se unem e podem se espalhar para as folhas, causando o acamamento. Já a Mancha da Bainha (Rhizoctonia oryzae) causa lesões mais isoladas que, geralmente, não se espalham para as folhas.
Artigos Relevantes
- Principais sintomas da brusone no arroz e como controlá-la na lavoura: Este artigo complementa perfeitamente o artigo principal ao aprofundar na Brusone, a doença mais devastadora citada no guia. Ele oferece um detalhamento do ciclo do patógeno e estratégias de manejo integrado específicas para ela, agregando um nível de detalhe técnico que o conteúdo geral não comporta e respondendo à necessidade do leitor de focar na principal ameaça.
- Recomendações de adubação para o arroz: como fazer em diferentes sistemas de cultivo: Conecta-se diretamente às recomendações do artigo principal, que mencionam a adubação nitrogenada equilibrada como crucial para o manejo de múltiplas doenças. Este artigo entrega o ‘como fazer’, detalhando as recomendações de N, P e K para diferentes sistemas de cultivo, transformando um conselho geral em um plano de ação prático e fundamentado.
- Tudo o que você precisa saber sobre plantação de arroz: Oferece o contexto agronômico essencial que precede o manejo de doenças, servindo como uma base de conhecimento. Enquanto o artigo principal foca no problema (doenças), este explica os sistemas de cultivo (irrigado vs. sequeiro) e preparo de solo, cujas escolhas impactam diretamente a incidência de patógenos específicos.
- Colheita de arroz: estratégias para otimizá-la e ganhar rentabilidade: Completa o ciclo produtivo, abordando a etapa final após a lavoura ter sido protegida das doenças. O artigo principal ensina a preservar o potencial produtivo; este guia sobre a colheita ensina como realizar essa produtividade de forma eficiente, minimizando perdas e garantindo que o esforço no manejo fitossanitário se traduza em rentabilidade.
- Melhorando a produtividade da lavoura de arroz: Fornece a justificativa econômica e estratégica para as práticas de manejo de doenças. O artigo principal alerta sobre as perdas; este artigo argumenta que o investimento em tecnologias para alta produtividade (como o controle eficaz de doenças) é mais rentável do que o simples corte de custos, conectando a sanidade da lavoura à sustentabilidade financeira do negócio.