O solo é a base de tudo na agricultura. Ele não apenas sustenta as plantas, mas também define diretamente a qualidade e a produtividade de cada safra. Quando a saúde do solo é deixada de lado, ele pode se transformar em um ambiente ideal para o desenvolvimento de doenças de solo, que representam uma séria ameaça à sua produção.
Essas doenças atacam as partes mais importantes das plantas — raízes, caules e até os frutos —, comprometendo tanto a quantidade quanto a qualidade do que você colhe. A grande maioria delas é causada por agentes patogênicos: organismos como fungos, bactérias, nematoides e vírus que conseguem sobreviver e se multiplicar na terra.
Eles atacam as plantas diretamente, prejudicando seu desenvolvimento e, em casos mais graves, levando-as à morte. A presença desses organismos no solo é um dos principais fatores que diminuem a longevidade das lavouras e ameaçam a saúde de todo o ecossistema agrícola.
O que são doenças de solo?
As doenças de solo são causadas por agentes patogênicos — como fungos, bactérias, nematoides e vírus — que sobrevivem e se multiplicam no ambiente do solo. Isso cria condições desfavoráveis para o desenvolvimento saudável das plantas.
Esses organismos podem permanecer inativos (adormecidos) no solo por longos períodos, apenas esperando as condições ideais de umidade e temperatura para se ativarem e atacarem as culturas.
Na maioria das vezes, eles agem diretamente nas raízes e, em alguns casos, nas partes aéreas das plantas. Esse ataque interfere na absorção de água e nutrientes, enfraquece o sistema radicular e limita o crescimento geral da lavoura. Os sintomas mais comuns são lesões, podridões, murcha e, em situações severas, a morte das plantas, o que compromete a produtividade e a viabilidade econômica do seu negócio.
Um dos maiores desafios é que esses patógenos se adaptam facilmente às condições do ambiente. Eles podem ser espalhados pela água da chuva ou irrigação, pelo vento, por restos de culturas anteriores, por ferramentas agrícolas contaminadas ou pelo simples trânsito de máquinas e implementos entre os talhões.
Isso torna o manejo das doenças de solo uma tarefa complexa. Entre os exemplos mais conhecidos estão:
- Fungos como Fusarium spp. e Rhizoctonia solani, que causam o tombamento de plântulas (morte de plantas jovens) e a podridão de raízes.
- Nematoides como Meloidogyne spp., que formam galhas nas raízes (inchaços que atrapalham a absorção de nutrientes).
Saiba mais!
- Fungos de solo: Principais causas e como evitá-los
- Saúde do solo: por que é tão importante cuidar disso?
- Biofungicidas: quando vale a pena usar?
Quais as principais doenças do solo?
As principais doenças do solo podem variar dependendo da cultura e do patógeno presente na área. Algumas, como a antracnose, são muito comuns na lavoura de soja, mas também afetam outras plantações.
A seguir, listamos 7 doenças de solo que você deve conhecer para proteger sua lavoura. Veja quais são elas e como realizar o manejo correto.
1. Tamanduá-da-Soja (Sternechus subsignatus)
- Sintomas: A praga corta a base das hastes da soja, causando a murcha das plantas. O resultado é um porte reduzido e um menor número de vagens.
- Principais culturas afetadas: Soja e outras leguminosas.
- Impactos: Pode causar a perda total da planta afetada e reduzir a produtividade geral devido à queda de vagens.
- Manejo:
- Rotação de culturas para quebrar o ciclo da praga.
- Controle químico com inseticidas direcionados à fase adulta do inseto.
- Destruição dos restos culturais para eliminar os locais onde a praga se abriga.
Confira mais informações no conteúdo 12 principais pragas da soja que podem acabar com sua lavoura.
2. Broca-do-Café (Hypothenemus hampei)
- Sintomas: A praga perfura os frutos do café. A alimentação da larva deixa os grãos ocos ou com grande perda de qualidade.
- Impactos: Redução drástica da qualidade dos grãos. Em infestações severas, as perdas na produtividade podem chegar a 30%.
- Manejo:
- Monitoramento constante com armadilhas de captura.
- Uso de inseticidas específicos nos momentos de maior vulnerabilidade da praga.
- Controle biológico com fungos entomopatogênicos, como a Beauveria bassiana.
Para mais informações sobre o patógeno, siga a leitura: Broca-do-café: Alternativas de controle.
3. Antracnose (Colletotrichum spp.)
- Sintomas: Aparecimento de lesões escuras em vagens, folhas, hastes e sementes. Em estágios avançados, causa apodrecimento e queda de folhas.
- Principais culturas afetadas: Soja, feijão, milho, tomate e algodão.
- Impactos: Perda de produtividade pelo apodrecimento de vagens e frutos, além da redução na qualidade das sementes.
- Manejo:
- Uso de sementes sadias e certificadas.
- Tratamento de sementes com fungicidas.
- Rotação de culturas e manejo adequado dos restos culturais.
Saiba mais informações sobre a Antracnose e detalhes de como realizar o controle para diferentes culturas.
4. Tombamento (Fusarium spp., Rhizoctonia solani, Phytophthora spp.)
- Sintomas: Morte de plântulas (plantas jovens) logo após a emergência. Surgem lesões marrons ou negras no coleto (base do caule) e reboleiras com falhas no estande.
- Principais culturas afetadas: Soja, feijão, milho, algodão e hortaliças.
- Impactos: Perda de plantas na fase inicial, o que dificulta atingir o estande (população de plantas) ideal.
- Manejo:
- Tratamento de sementes com fungicidas específicos.
- Uso de variedades resistentes.
- Adequação do espaçamento e boa drenagem do solo para evitar excesso de umidade.
Saiba todas as informações sobre tombamento da soja e como fazer o melhor manejo na sua lavoura.
5. Nematoides (Meloidogyne spp., Pratylenchus spp., Heterodera glycines)
- Sintomas: As raízes apresentam galhas (inchaços) ou lesões necróticas (escuras). As plantas ficam murchas, amareladas (clorose), com menor porte e surgem reboleiras com falhas.
- Principais culturas afetadas: Soja, milho, feijão, algodão, cana-de-açúcar e hortaliças.
- Impactos: Redução na capacidade da planta de absorver água e nutrientes, causando uma queda significativa na produtividade.
- Manejo:
- Uso de cultivares resistentes ou tolerantes.
- Rotação de culturas com plantas que não são hospedeiras dos nematoides.
- Controle biológico com agentes como Bacillus spp. ou Pasteuria spp.
- Uso de nematicidas em casos de infestação severa.
6. Lagarta-Elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
- Sintomas: A lagarta ataca o coleto (base do caule), causando murcha e morte das plantas. É comum observar plântulas mortas em reboleiras.
- Principais culturas afetadas: Milho, soja, sorgo, algodão e feijão.
- Impactos: Perda de plantas na fase inicial, comprometendo a formação do estande da lavoura.
- Manejo:
- Tratamento de sementes com inseticidas.
- Manejo da palhada para reduzir a população inicial da praga.
- Monitoramento e controle químico em áreas de alta infestação.
7. Coró-da-Soja (Phyllophaga spp.)
- Sintomas: A larva corta as raízes, causando a morte das plantas em reboleiras. A planta murcha por não conseguir absorver água e nutrientes.
- Principais culturas afetadas: Soja, milho, pastagens e trigo.
- Impactos: Redução do estande e da produtividade. As plantas ficam enfraquecidas e mais suscetíveis a outros estresses, como a falta de água.
- Manejo:
- Rotação de culturas com espécies menos suscetíveis.
- Tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos.
- Manejo integrado, incluindo controle biológico com nematoides entomopatogênicos.
Como evitar doenças de solo?
A melhor maneira de evitar doenças de solo é adotar um conjunto de práticas agronômicas que protejam as plantas e promovam a saúde do solo. Essas medidas ajudam a reduzir a presença e a atividade dos patógenos, garantindo uma lavoura mais resiliente e produtiva. Confira as principais:
1. Pratique a rotação de culturas
Alternar as culturas plantadas no mesmo talhão é uma das técnicas mais eficazes para reduzir a pressão de patógenos. Ao introduzir plantas que não são hospedeiras, como a crotalária antes da soja ou milho, você interrompe o ciclo de vida de fungos, nematoides e outras pragas. Além disso, a rotação de culturas diversifica o sistema de cultivo e promove um maior equilíbrio biológico no solo.
2. Mantenha o solo sempre coberto
As plantas de cobertura, como crotalária, braquiária e milheto, são fundamentais no manejo de doenças. Elas criam uma barreira física que dificulta a proliferação de pragas e patógenos. Também melhoram a estrutura do solo, ajudam a reter umidade e nutrientes, reduzem a erosão e evitam o surgimento de plantas daninhas que podem servir como hospedeiras de doenças.
3. Faça a higienização de equipamentos
A movimentação de máquinas e implementos agrícolas entre talhões pode espalhar patógenos. Por isso, a limpeza e a desinfecção regular dos equipamentos é essencial. A remoção cuidadosa de resíduos de solo e vegetais e o uso de desinfetantes específicos ajudam a evitar a contaminação entre diferentes áreas da fazenda.
4. Realize uma adubação equilibrada
Plantas bem nutridas são mais fortes e menos vulneráveis a doenças. Fornecer os macro e micronutrientes nas quantidades certas cria um ambiente favorável para as culturas e desfavorável para os patógenos. A aplicação de matéria orgânica e compostos também melhora a atividade dos microrganismos benéficos do solo, que ajudam a inibir a ação dos organismos prejudiciais.
5. Faça a análise periódica do solo
Realizar análises de solo com frequência permite que você identifique a presença de patógenos e avalie as condições gerais da área. Com base nos resultados, é possível tomar medidas corretivas, como o ajuste do pH (calagem) ou a aplicação de produtos biológicos que melhoram a saúde do solo.
6. Utilize produtos biológicos
O uso de bioinsumos é uma ferramenta poderosa no manejo de doenças. Microrganismos benéficos, como fungos do gênero Trichoderma spp. e bactérias como Bacillus spp., podem ser aplicados para combater diretamente os patógenos ou para melhorar o equilíbrio biológico do solo, fortalecendo as defesas naturais das plantas.
Doenças do solo: Um desafio constante que exige manejo inteligente
As doenças de solo são um desafio constante, que exige atenção contínua e um planejamento cuidadoso. Conhecer os patógenos, entender as características do seu solo e adotar as medidas de manejo corretas são passos fundamentais para garantir a saúde das culturas e a sustentabilidade da sua produção.
Ao aplicar soluções integradas como rotação de culturas, uso de sementes sadias e controle biológico, você consegue minimizar os impactos dessas doenças e proteger sua lavoura safra após safra.
O monitoramento regular da lavoura também é um grande aliado. No Software Aegro, você pode ter esse cuidado usando imagens de satélite por NDVI, além de centralizar seu manejo integrado de pragas e registrar cada evolução diretamente no sistema, facilitando a tomada de decisões.
Glossário
Agentes patogênicos: Organismos microscópicos, como fungos, bactérias, nematoides e vírus, que vivem no solo e causam doenças nas plantas. Eles podem permanecer inativos por longos períodos e atacar as culturas quando as condições de umidade e temperatura são favoráveis.
Coleto: Ponto de transição entre a raiz e o caule de uma planta, localizado ao nível do solo. É uma área sensível e frequentemente atacada por pragas e doenças, como a lagarta-elasmo e os fungos que causam o tombamento.
Controle biológico: Método de manejo que utiliza organismos vivos benéficos (predadores, parasitas ou microrganismos) para suprimir a população de pragas e patógenos. Por exemplo, a aplicação do fungo Trichoderma no solo para combater outros fungos maléficos.
Estande (de plantas): Termo técnico que se refere à população de plantas ou ao número de plantas por unidade de área em uma lavoura. Um “estande com falhas” significa que muitas plantas morreram, comprometendo o potencial produtivo.
Galhas: Inchaços ou tumores que se formam nas raízes das plantas, geralmente causados pelo ataque de nematoides do gênero Meloidogyne. Essas estruturas prejudicam a capacidade da planta de absorver água e nutrientes.
Nematoides: Vermes microscópicos que vivem no solo e se alimentam das raízes das plantas. Muitas espécies são patogênicas e causam sérios danos às culturas, resultando em plantas amareladas, murchas e com baixo desenvolvimento.
Rotação de culturas: Prática agrícola que consiste em alternar o plantio de diferentes espécies vegetais em uma mesma área ao longo do tempo. Essa técnica ajuda a quebrar o ciclo de vida de pragas e doenças específicas de uma cultura, além de melhorar a saúde do solo.
Sistema radicular: Conjunto de todas as raízes de uma planta, responsável pela sua sustentação e pela absorção de água e nutrientes do solo. Doenças de solo atacam diretamente este sistema, enfraquecendo toda a planta.
Tombamento (Damping-off): Doença causada por fungos de solo que ataca plântulas (plantas jovens) logo após a germinação. Causa o apodrecimento da base do caule (coleto), levando à morte da planta e criando falhas no estande da lavoura.
Como a tecnologia pode ser sua aliada no controle de doenças de solo
Lidar com as doenças de solo exige um manejo integrado e constante, que vai desde a rotação de culturas e higienização de máquinas até o monitoramento de pragas e a aplicação de produtos no momento certo. Organizar todas essas atividades e garantir que nada seja esquecido pode ser um grande desafio, especialmente quando se gerencia tudo em planilhas ou cadernos.
É aqui que um software de gestão agrícola como o Aegro faz a diferença. Ele centraliza o planejamento e o registro de todas as operações, permitindo acompanhar o histórico de cada talhão e planejar as ações de manejo com mais precisão. Ao registrar as aplicações de defensivos ou os resultados de um monitoramento, você cria uma base de dados valiosa para tomar decisões mais seguras e proteger o potencial produtivo da sua lavoura.
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Perguntas Frequentes
Quais são os primeiros sinais visíveis de que minha lavoura pode estar sofrendo com doenças de solo?
Os primeiros sinais geralmente aparecem em manchas ou “reboleiras”, onde as plantas se mostram menos desenvolvidas, amareladas (clorose) ou murchas, mesmo com umidade adequada. Outros indicativos são falhas na germinação (estande irregular) e o tombamento de plântulas, que é a morte de plantas jovens logo após emergirem do solo.
Por que a rotação de culturas é uma estratégia tão eficaz no controle de patógenos de solo?
A rotação de culturas é eficaz porque quebra o ciclo de vida dos patógenos. Muitos fungos, bactérias e nematoides são específicos de uma família de plantas. Ao introduzir uma cultura não hospedeira, você elimina a fonte de alimento desses organismos, reduzindo sua população no solo para a safra seguinte.
O artigo menciona doenças e pragas. Qual a principal diferença entre elas no contexto do solo?
As doenças de solo, como a antracnose e o tombamento, são causadas por microrganismos patogênicos (fungos, bactérias, nematoides). Já as pragas de solo, como a lagarta-elasmo e o coró, são insetos em suas fases de larva ou adulta que vivem no solo e atacam fisicamente as raízes e o coleto das plantas. Ambas comprometem a saúde da lavoura, mas os agentes causadores e os métodos de controle são distintos.
É possível erradicar completamente um patógeno de uma área de solo contaminada?
Erradicar completamente um patógeno do solo é extremamente difícil e, na maioria dos casos, inviável técnica e economicamente. O objetivo do manejo integrado não é a erradicação, mas sim a redução da população do patógeno a níveis que não causem danos econômicos significativos, mantendo o equilíbrio do ecossistema agrícola.
Como a adubação da lavoura pode influenciar na ocorrência de doenças de solo?
Uma adubação desequilibrada pode tornar as plantas mais vulneráveis. O excesso de nitrogênio, por exemplo, pode resultar em tecidos vegetais mais tenros e suscetíveis a ataques. Por outro lado, uma nutrição balanceada, com macro e micronutrientes em níveis adequados, fortalece as defesas naturais das plantas, tornando-as mais resistentes a doenças.
Com que frequência devo realizar a limpeza de máquinas e implementos para evitar a disseminação de doenças?
O ideal é realizar a limpeza sempre que for mover os equipamentos de um talhão para outro, especialmente se houver suspeita de contaminação em uma das áreas. Essa prática de biossegurança é crucial, pois torrões de terra e restos vegetais aderidos às máquinas são um dos principais meios de transporte de fungos, nematoides e sementes de plantas daninhas entre diferentes locais da fazenda.
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