O fósforo é um dos macronutrientes mais importantes para o desenvolvimento da lavoura de milho. Embora a cultura do milho não exija esse nutriente em grandes quantidades, a sua falta compromete diretamente a qualidade do produto final e o rendimento de grãos.
Justamente por isso, é fundamental que você saiba identificar os sinais de que suas plantas precisam de fósforo e como realizar uma boa adubação fosfatada para corrigir o problema.
Neste artigo, vamos detalhar como uma adubação de milho bem-feita garante mais produtividade e o que fazer em casos de carência de fósforo. Boa leitura!
Quais São os Sinais de Deficiência de Fósforo no Milho?
O principal sintoma de deficiência de fósforo no milho é a cor roxa ou avermelhada nas folhas, especialmente quando as plantas ainda são jovens. Além disso, os colmos ficam finos, frágeis e improdutivos, e as espigas que se desenvolvem são pequenas e retorcidas.
Para entender por que isso acontece, é importante saber qual o papel do fósforo no milho. Ele é essencial para vários processos:
- Formação de um sistema radicular forte e profundo.
- Maturação das plantas.
- Formação das espigas e enchimento dos grãos.
- Processos metabólicos vitais, como a respiração e a fotossíntese.
Um bom nível de fósforo também ajuda a dar mais rigidez ao caule da planta. Isso reduz os casos de acamamento (tombamento) e aumenta a resistência ao ataque de pragas no milho. Portanto, a carência de fósforo afeta todo o crescimento da planta, causando uma queda direta na produtividade.
Na lavoura de milho, os sintomas de falta de fósforo costumam aparecer logo no início do ciclo, quando as plantas ainda são jovens. Os sinais aparecem primeiro nas folhas mais velhas, pois o fósforo é um nutriente móvel, ou seja, a planta o desloca das folhas mais velhas para as mais novas.
Com isso, as folhas mais velhas adquirem uma coloração verde-escura e depois arroxeada. As plantas deficientes em fósforo também apresentam folhas mal formadas e de tamanho reduzido. Essa redução da área foliar interfere diretamente no rendimento final de grãos.
Sintoma de deficiência de fósforo na folha do milho
(Fonte: Plantwise Plus)
Em resumo, uma lavoura com deficiência de fósforo apresenta:
- Atraso no crescimento e plantas com porte reduzido.
- Atraso na maturidade da lavoura.
- Colmos finos e frágeis.
- Plantas que, em casos graves, podem não apresentar espiga.
- Espigas pequenas, retorcidas e com grãos pouco desenvolvidos.
- Sistema radicular mais superficial, já que a falta de fósforo prejudica o desenvolvimento das raízes.
Plantas de milho com sintomas de deficiência de fósforo
(Fonte: Universidade de Minnesota)
Por Que o Fósforo Fica “Preso” no Solo?
A maioria dos solos brasileiros possui, naturalmente, um baixo teor de fósforo disponível para as plantas. A deficiência nutricional do milho está diretamente ligada ao pH ácido do solo e à presença de minerais, como o ferro e o alumínio, que “prendem” o fósforo e não o deixam ser absorvido.
Diante disso, a correção da acidez do solo é o primeiro passo para favorecer o desenvolvimento das raízes, a absorção de nutrientes e o crescimento do milho. A calagem é a prática que neutraliza o alumínio tóxico do solo e, ao mesmo tempo, fornece cálcio e magnésio para as plantas.
Além disso, a calagem também aumenta a disponibilidade e a absorção de fósforo e de outros nutrientes. Ou seja, ela não só melhora o solo, como também aumenta a eficiência dos adubos fosfatados que você aplica, ajudando a economizar.
Outro fator que influencia na disponibilidade de fósforo é o teor de matéria orgânica. Um solo rico em matéria orgânica fornece fósforo para as plantas de forma gradual e também reduz a adsorção (a “fixação”) desse elemento pelos minerais.
Adubação Fosfatada: Quando e Como Fazer?
Geralmente, o fósforo é fornecido de uma só vez, na adubação de semeadura do milho, pois a maior demanda por esse nutriente ocorre na fase vegetativa. Nesse estágio, o fósforo é fundamental para a formação e o crescimento do sistema radicular das plantas.
A adubação fosfatada pode ser feita de duas formas principais: em área total a lanço ou localizada no sulco de plantio. A escolha do melhor método depende de vários fatores e deve considerar a realidade de cada lavoura.
Adubação a Lanço (Área Total)
Nesse método, o fertilizante é distribuído de maneira uniforme sobre toda a superfície da área.
- Vantagem: Garante maior eficiência e agilidade no momento da semeadura, um fator muito importante quando se trabalha com janelas de plantio apertadas.
- Desvantagens: Favorece também as plantas daninhas no milho, pela distribuição ampla do fertilizante. Além disso, limita a distribuição vertical do fósforo no perfil do solo, devido à baixa mobilidade desse nutriente.
Adubação Localizada (Sulco de Plantio)
Aqui, o fertilizante é depositado abaixo e um pouco ao lado da semente da cultura.
- Vantagem: Coloca o nutriente exatamente onde as raízes do milho vão se desenvolver, diminuindo a competição pelo fósforo com as espécies invasoras.
- Desvantagem: A operação de plantio pode se tornar um pouco mais lenta em comparação com a aplicação a lanço.
Qual a Dose Certa de Fósforo para o Milho?
De modo geral, para a cultura do milho, recomenda-se aplicar entre 100 kg
e 120 kg
de fósforo (na forma de P₂O₅) por hectare. No entanto, é importante lembrar que a quantidade exata depende do tipo de solo da sua fazenda e da produtividade esperada para a sua lavoura.
Mesmo o milho não exigindo tanto fósforo quanto outros macronutrientes, como nitrogênio e potássio, é comum a recomendação de altas doses de adubos fosfatados. Isso acontece porque uma fração do fósforo aplicado é fixada pelas argilas do solo e não fica disponível para as plantas, o que reduz a eficiência da adubação.
Por isso, a quantidade de adubo fosfatado a ser aplicada é determinada pelas características do solo e pela produtividade esperada. A única forma de definir a dose correta é através da análise físico-química do solo. Somente com o resultado dela em mãos é possível definir a quantidade adequada de nutrientes.
Com o laudo da análise de solo, você pode usar as tabelas de recomendação abaixo para determinar a classe de disponibilidade de fósforo na sua área, que varia em função do teor de argila. Depois, basta cruzar essa informação com o rendimento esperado para encontrar a dose recomendada.
Identificação das classes de disponibilidade de fósforo e recomendação de adubação para milho destinado à produção de grãos com base nos resultados das análises de solo e na produtividade esperada
(Fonte: Embrapa)
Conclusão
A deficiência de fósforo no milho é um fator de grande atenção, mas que pode ser manejado corretamente. O fornecimento desse nutriente via adubação é indispensável, principalmente se considerarmos a baixa fertilidade natural da maioria dos solos brasileiros.
Lembre-se que os sintomas da deficiência de fósforo são mais visíveis em plantas jovens e aparecem primeiro nas folhas mais velhas. Atraso no crescimento, colmos finos e a coloração arroxeada são sinais claros de que algo está errado.
A calagem e a adubação fosfatada, feitas com base na análise de solo, são as ferramentas mais importantes para manter a produtividade da sua lavoura a longo prazo. Em caso de dúvidas sobre a adubação com esse nutriente, não deixe de consultar um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) de sua confiança.
Glossário
Acamamento: Tombamento das plantas, como o milho, causado por colmos (caules) fracos ou condições climáticas adversas. A deficiência de fósforo pode aumentar esse risco ao enfraquecer a estrutura da planta.
Adsorção: Fenômeno pelo qual o fósforo fica “preso” ou fixado em partículas do solo, como argila e minerais de ferro e alumínio, tornando-se indisponível para ser absorvido pelas raízes das plantas.
Adubação a lanço: Método de aplicação de fertilizantes que consiste em distribuí-los de forma uniforme sobre toda a superfície do solo. É uma operação rápida, mas pode beneficiar também as plantas daninhas.
Adubação localizada: Técnica de aplicar o fertilizante no sulco de plantio, próximo ou abaixo das sementes. Concentra o nutriente onde as raízes do milho irão se desenvolver, aumentando a eficiência do seu uso.
Análise físico-química do solo: Exame laboratorial de uma amostra de terra que determina suas características, como o nível de pH, teor de argila e a quantidade de nutrientes disponíveis. É fundamental para recomendar a dose correta de fertilizantes.
Calagem: Prática agrícola de aplicar calcário no solo para corrigir sua acidez (elevar o pH). Este processo melhora a disponibilidade de fósforo e outros nutrientes para as plantas.
P₂O₅ (Pentóxido de Fósforo): É a forma como a concentração de fósforo é expressa nos fertilizantes e nas recomendações de adubação. Funciona como uma unidade de medida padrão para o nutriente.
pH do solo: Escala que mede o nível de acidez ou alcalinidade do solo. Solos com pH ácido (baixo) tendem a reter o fósforo, dificultando sua absorção pelas culturas.
Sistema radicular: Conjunto de raízes de uma planta, responsável pela sustentação e absorção de água e nutrientes. O fósforo é essencial para o desenvolvimento de um sistema radicular forte e profundo no milho.
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Aplicar a dose correta de fósforo é uma decisão que impacta tanto a produtividade quanto o financeiro da fazenda. Lidar com os custos dos fertilizantes e garantir que o investimento traga retorno é um desafio constante. Um software de gestão agrícola como o Aegro centraliza essas informações, permitindo que você planeje a adubação com base na análise de solo e, ao mesmo tempo, controle os custos com insumos por talhão. Registrar cada aplicação garante um histórico preciso, facilitando a análise do retorno sobre o investimento e a tomada de decisões mais seguras para as próximas safras.
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Perguntas Frequentes
Qual é o principal sintoma visual da falta de fósforo no milho?
O principal sintoma visual é a coloração roxa ou avermelhada que surge nas folhas, especialmente nas mais velhas e quando as plantas ainda são jovens. Essa descoloração é um sinal claro de que processos metabólicos vitais, como a fotossíntese, estão sendo comprometidos pela carência do nutriente.
Por que o fósforo fica ‘preso’ no solo e não chega até a planta?
O fósforo fica ‘preso’ ou fixado no solo principalmente devido à acidez (pH baixo) e à alta concentração de alumínio e ferro. Esses elementos se ligam quimicamente ao fósforo, tornando-o indisponível para ser absorvido pelas raízes do milho, mesmo que ele esteja presente no solo.
Qual o melhor momento para realizar a adubação fosfatada no milho?
A adubação fosfatada deve ser feita preferencialmente no momento da semeadura. A maior demanda por fósforo ocorre no início do ciclo, durante a fase vegetativa, pois ele é essencial para a formação e o crescimento de um sistema radicular forte e profundo, que dará suporte a toda a planta.
É possível corrigir a deficiência de fósforo se os sintomas já apareceram na lavoura?
Uma vez que os sintomas visuais aparecem, parte do potencial produtivo da planta já foi perdido, especialmente no início do ciclo. A correção é difícil e pouco eficiente após a fase inicial, pois o fósforo é pouco móvel no solo. Por isso, a prevenção através da adubação correta na semeadura é a estratégia mais eficaz.
Como a calagem ajuda a melhorar a absorção de fósforo pelo milho?
A calagem corrige a acidez do solo, elevando o pH e neutralizando o alumínio tóxico. Isso reduz a ‘fixação’ do fósforo pelos minerais do solo, deixando-o mais livre e disponível para ser absorvido pelas raízes. Assim, a calagem aumenta a eficiência da adubação fosfatada, otimizando o seu investimento em fertilizantes.
Como posso definir a dose exata de fósforo para a minha lavoura?
A única maneira precisa de definir a dose correta de fósforo é através de uma análise físico-química do solo. O laudo da análise informará o nível de disponibilidade do nutriente e o teor de argila, dados essenciais para consultar as tabelas de recomendação e calcular a quantidade exata de fertilizante necessária para atingir sua meta de produtividade.
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