Defensivos genéricos ou de marca? Essa é uma dúvida comum e estratégica que passa pela cabeça de muitos produtores rurais na hora de planejar os custos da safra.
Quando você compara um produto de marca famosa com um genérico de custo mais baixo, a primeira opção pode parecer a mais segura. Mas qual é a real diferença entre eles no campo? Se um defensivo de marca custa três vezes mais, ele realmente entrega três vezes mais resultado?
Com a variação nos preços das commodities e o aumento constante dos custos de produção, a pergunta fundamental é: “Pagar mais caro por um insumo vai, de fato, agregar valor à minha operação?”
Vamos analisar os fatos para ajudar você a tomar a melhor decisão para o seu negócio.
O Cenário dos Defensivos: Entendendo a Quebra de Patentes
Um dos fatos mais importantes na indústria agroquímica é que, desde 2013, a grande maioria das patentes de defensivos expirou. Uma patente significa o direito exclusivo de uma empresa fabricar e vender uma molécula por um tempo determinado. Quando essa patente acaba, outras empresas podem produzir a mesma molécula.
Isso mudou completamente o mercado. Hoje, a realidade é a seguinte:
- Mais de 77% dos defensivos perderam suas patentes. Isso significa que, para a maioria dos produtos que você usa, já existem versões genéricas idênticas ou muito similares, geralmente vendidas por um preço mais competitivo.
Vamos detalhar como esse universo se divide:
Produtos Totalmente Comoditizados (cerca de 28%): São defensivos cujas patentes expiraram há muitos anos. Suas versões de marca originais muitas vezes nem existem mais no mercado. Produtos como a Atrazina ou o 2,4-D se encaixam aqui e devem ter preços muito competitivos, não importa onde você compre.
Produtos em Transição para Pós-Patente (cerca de 9.75%): Nesta categoria, a patente expirou mais recentemente. Ainda existem muitos produtos de marca no mercado e poucas versões genéricas. Por isso, o preço médio de moléculas como o Acetochlor tende a ser mais alto. É comum que a empresa original lance novas misturas patenteadas que contêm a molécula antiga para manter sua vantagem.
Produtos Já Genéricos (cerca de 40%): Aqui estão os defensivos que já possuem pelo menos uma versão genérica consolidada no mercado. É nesta categoria que você encontra ativos extremamente populares, como o Glifosato e o Dicamba. A economia aqui é significativa. Trocar um Glifosato de marca por um genérico (que às vezes pode ser até mais concentrado) permite uma redução de custos direta, sem perda de eficiência no controle. Na prática, isso muda o jogo para quem busca uma agricultura mais rentável e sustentável.
A tendência de quebra de patentes continua. A previsão era que, até 2020, quase 89% dos defensivos já estariam disponíveis em formato genérico. Essa previsão se confirmou, e hoje os produtores têm um leque muito maior de opções para economizar.
O Que Avaliar Além do Preço?
Ao comprar defensivos, o preço é importante, mas não é o único fator. Produtores experientes devem considerar outros pontos técnicos para garantir o sucesso da aplicação:
- Concentração do Ingrediente Ativo: A quantidade de molécula ativa por litro ou quilo do produto.
- Eficácia Comprovada: Resultados de campo e laudos técnicos que atestem o desempenho.
- Capacidade de Aplicação: Facilidade de mistura em calda, compatibilidade com outros produtos e estabilidade.
- Suporte Técnico: Disponibilidade de agrônomos e especialistas da empresa para tirar dúvidas.
Com isso em mente, vamos responder às perguntas mais comuns sobre defensivos genéricos.
Perguntas e Respostas Diretas sobre Defensivos Genéricos
O que é um defensivo agrícola genérico ou pós-patente?
É um produto fabricado e vendido por uma empresa diferente da criadora original da molécula, mas que contém exatamente o mesmo ingrediente ativo. O termo “pós-patente” apenas indica que a patente original daquela molécula já expirou, permitindo que outras empresas a produzam. Milhares de agricultores no mundo todo utilizam esses produtos com segurança e eficácia.
Os defensivos genéricos funcionam tão bem quanto os de marca?
Sim. Embora a formulação total possa ter pequenas diferenças (nos ingredientes inertes), o desempenho no campo tende a ser muito semelhante. Para receber o registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), um defensivo pós-patente deve comprovar ter a mesma qualidade técnica que a versão de referência (a de marca). Curiosamente, muitas vezes os produtos genéricos e de marca são fabricados nas mesmas plantas industriais.
Fabricantes de genéricos usam aditivos de baixa qualidade para baratear o produto?
Não. Todos os fabricantes, sejam de produtos de marca ou genéricos, devem seguir os mesmos padrões rigorosos estabelecidos pelo MAPA e pela Anvisa. Isso vale tanto para o ingrediente ativo quanto para os ingredientes inertes e aditivos. Se um fabricante de genérico altera a fórmula, essa alteração precisa ser aprovada pelos órgãos reguladores. O preço mais baixo dos genéricos não vem da qualidade inferior, mas sim da competição de mercado – com mais empresas fabricando, o preço naturalmente cai.
Os produtos genéricos são 100% idênticos aos de marca?
Não, nem sempre. Eles contêm o mesmo ingrediente ativo, mas a concentração ou os componentes inertes podem variar. Por isso, é fundamental ler o rótulo com atenção para entender as diferenças.
Para entender melhor: O caso do Glifosato Ao comparar diferentes formulações de Glifosato, o valor de equivalente ácido (EA) é mais importante que a concentração em g/L do sal. O EA indica a quantidade real do ativo que atuará na planta. Compreender essas taxas de conversão é a chave para usar genéricos com a mesma eficiência, ajustando a dose corretamente.
Produtos de marca são mais caros porque têm algo “especial” na fórmula?
Na maioria das vezes, não. Existem produtos de marca que contêm apenas moléculas que já perderam a patente. Alguns fabricantes simplesmente misturam ingredientes ativos genéricos em proporções diferentes e registram como um novo produto, com um forte trabalho de marketing. Embora a formulação possa ser otimizada, a base da eficiência continua sendo as moléculas, que já são de domínio público.
Resumindo: Pontos-Chave para sua Decisão
Para facilitar sua escolha, aqui estão os conceitos básicos:
- Custo: Defensivos genéricos quase sempre custam menos que seus equivalentes de marca.
- Qualidade: Produtos genéricos são submetidos aos mesmos padrões de controle do MAPA e da Anvisa que os produtos de referência.
- Desempenho: Quando aplicados em doses equivalentes de ingrediente ativo, os genéricos têm desempenho comparável aos de marca. A informação de concentração está sempre no rótulo.
- Serviço: Com produtos de marca, parte do preço que você paga é pelo suporte técnico e pelo serviço agregado do fabricante.
- Competição: A existência de genéricos é boa para o produtor, pois aumenta as opções e força a queda dos preços de todo o mercado de insumos.
No fim das contas, escolher entre genéricos e produtos de marca está diretamente ligado ao retorno sobre o seu investimento (ROI). Pergunte-se: você precisa do suporte técnico e do pacote de serviços de uma grande marca, ou seu foco principal é reduzir os custos de produção mantendo a eficiência?
Se você busca estratégias para reduzir os custos em até 30% sem abrir mão da qualidade das aplicações, os defensivos genéricos são uma solução comprovada. A regra número um é sempre a mesma: leia os rótulos. Conheça a composição dos produtos para pagar pelos ingredientes ativos que funcionam, e não apenas pelo logo na embalagem.
Referências:
1.) Siekman, Darrel & Lowell, Sandell. “Comparing Generics vs Name Brand Pesticides”. University of Nebraska: Cropwatch Extension. 10/27/2008. Disponível aqui: http://cropwatch.unl.edu/archive/-/asset_publisher/VHeSpfv0Agju/content/888243
2.) Agribusiness Global. “Crop Protection in an Increasingly Post-Patent World”. Disponível aqui: http://www.agribusinessglobal.com/agrichemicals/crop-protection-in-an-increasingly-post-patent-world/
Texto original adaptado de artigo publicado no LinkedIn por Ed Siatti, Diretor de Vendas da AEGRO.
Glossário
Comoditizados (Produtos): Refere-se a defensivos cujas patentes expiraram há muito tempo, tornando-se produtos padronizados com pouca diferenciação entre marcas. Nesses casos, como o da Atrazina, o principal fator de competição é o preço.
Defensivo Pós-Patente: Termo técnico para um defensivo genérico. É um produto que contém o mesmo ingrediente ativo que a versão original de marca, mas fabricado por outra empresa após o fim do período de exclusividade da patente.
Equivalente Ácido (EA): Medida que indica a quantidade real do ingrediente ativo que terá efeito sobre a planta-alvo. Ao comparar diferentes formulações de um herbicida como o Glifosato, o EA é um indicador mais preciso de eficácia do que a concentração total do produto.
Glifosato: Herbicida sistêmico e não seletivo amplamente utilizado para o controle de plantas daninhas. É o exemplo mais comum de um ingrediente ativo que se tornou uma commodity agrícola, com inúmeras versões genéricas (pós-patente) disponíveis.
Ingrediente Ativo: A principal substância química em um defensivo agrícola, responsável por sua ação de controle sobre pragas, doenças ou plantas daninhas. Produtos de marca e genéricos devem conter o mesmo ingrediente ativo para serem considerados equivalentes.
MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento): Órgão do governo brasileiro que regulamenta e fiscaliza o setor agrícola, incluindo o registro de defensivos. Para ser comercializado, um produto genérico deve comprovar ao MAPA que possui a mesma qualidade técnica que o produto de referência.
Patente: Direito de exclusividade concedido a uma empresa para fabricar e vender uma molécula (ingrediente ativo) por um período determinado. Quando a patente expira, o mercado se abre para a produção de versões genéricas por outras empresas, aumentando a competição.
Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios
A escolha entre defensivos genéricos e de marca é uma decisão estratégica para otimizar os custos de produção. No entanto, para garantir que a economia na compra não se transforme em prejuízo na colheita, é fundamental acompanhar o desempenho de cada insumo no campo. Registrar detalhadamente os custos e os resultados de cada aplicação é o que transforma uma aposta em uma decisão baseada em dados concretos.
É aqui que um software de gestão agrícola como o Aegro faz toda a diferença. Com ele, você pode registrar todas as suas compras de insumos, controlar o estoque e alocar os custos por talhão de forma automática. Ao final da safra, o sistema gera relatórios precisos que cruzam os custos de produção com a produtividade, mostrando claramente qual estratégia de manejo trouxe o melhor retorno sobre o investimento (ROI). Assim, você não só reduz despesas, mas também valida suas escolhas com segurança.
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Perguntas Frequentes
Qual a diferença real entre um defensivo ‘genérico’ e um ‘pós-patente’?
Na prática, os termos são usados como sinônimos. ‘Pós-patente’ é o termo técnico que indica que a patente da molécula original expirou, permitindo que outras empresas produzam o defensivo. O ‘genérico’ é o produto resultante, que contém o mesmo ingrediente ativo que a versão de marca, mas fabricado por outra empresa e geralmente com um custo menor devido à concorrência.
Como posso garantir que estou aplicando a dose correta de um defensivo genérico?
A chave é ler atentamente o rótulo e a bula. Compare a concentração do ingrediente ativo (g/L ou g/kg) com o produto de referência. Para herbicidas como o Glifosato, verifique o valor de ’equivalente ácido (EA)’, que indica a quantidade real do ativo que age na planta. Ajustando a dose com base nessas informações, você garante a mesma eficiência da aplicação.
Existe algum risco de perda de eficácia ao usar um defensivo genérico no lugar de um de marca?
Não, desde que a aplicação seja feita na dose correta de ingrediente ativo. Para obter o registro do MAPA, o defensivo genérico precisa comprovar em testes que possui a mesma qualidade técnica e bioequivalência que o produto de marca. A eficácia no campo, portanto, é comparável e o principal risco está em um eventual erro de cálculo da dose, e não na qualidade do produto.
Se o ingrediente ativo é o mesmo, por que os defensivos de marca ainda são mais caros?
O preço mais alto dos produtos de marca geralmente reflete os custos de pesquisa e desenvolvimento da molécula original, além de maiores investimentos em marketing, embalagem e serviços agregados, como suporte técnico especializado no campo. O valor do genérico é mais baixo principalmente devido à competição de mercado, e não por ter qualidade inferior.
Todos os defensivos genéricos vendidos no Brasil são seguros e regulamentados?
Sim. Todo defensivo agrícola, seja de marca ou genérico, só pode ser comercializado no Brasil após passar por um rigoroso processo de avaliação e registro no MAPA, na Anvisa e no Ibama. Isso garante que o produto atende a todos os critérios de segurança para o aplicador, para o consumidor e para o meio ambiente, seguindo os mesmos padrões do produto de referência.
Os aditivos e ingredientes inertes dos genéricos são de qualidade inferior?
Não. Embora a formulação exata dos aditivos possa variar entre produtos, os fabricantes de genéricos também devem seguir padrões de qualidade rigorosos estabelecidos pelos órgãos reguladores. Esses componentes, que ajudam na estabilidade da calda e na absorção pela planta, precisam ser aprovados e são escolhidos para garantir a eficácia e a segurança da aplicação, assim como nos produtos de marca.
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