Sabia que suas máquinas, equipamentos e implementos agrícolas podem ser responsáveis por até 40% dos custos de produção da sua lavoura?
Para reduzir esses gastos e aumentar a rentabilidade da fazenda, você precisa de dados precisos sobre o custo de cada uma dessas ferramentas. Com esses números em mãos, fica mais fácil tomar decisões importantes: vale a pena terceirizar uma operação? Já está na hora de investir em um novo trator?
A seguir, vamos mostrar o passo a passo para calcular o custo operacional do seu maquinário. E ainda vamos apresentar uma ferramenta gratuita para automatizar essa conta e facilitar seu dia a dia. Confira!
Custo Operacional de Máquinas Agrícolas: Por Que Você Deve Controlar?
Gerenciar bem o maquinário agrícola pode ser a diferença entre o lucro e o prejuízo no final da safra. Em um cenário de aumento nos custos de produção e preços de venda instáveis, ter um controle preciso do custo operacional das máquinas se torna ainda mais essencial.
O sistema mecanizado agrícola — que é o conjunto de todos os seus equipamentos, máquinas e implementos usados para plantar, cuidar e colher — pode representar de 20% a 40% dos custos totais, dependendo da cultura. Por isso, um bom gerenciamento é estratégico para reduzir os custos e aumentar a margem de lucro.
Além do alto valor de compra, as máquinas têm custos fixos (aqueles que existem mesmo com a máquina parada) que pesam no orçamento, principalmente porque seu uso é sazonal — ou seja, intenso em algumas épocas e nulo em outras.
É por isso que, muitas vezes, terceirizar as operações ou contratar uma empresa de serviços pode ser uma opção mais vantajosa do que manter uma máquina própria que é pouco utilizada.
Para medir esses custos, usamos o custo horário, calculado para cada parte do conjunto (por exemplo, um trator mais um implemento).
Para quem presta serviços, ter um controle detalhado do custo horário é ainda mais crucial. É esse valor, combinado com a eficiência da operação, que vai dizer se o negócio está dando lucro ou prejuízo.
Mas como saber exatamente quanto seu trator gasta por hora? Vamos explicar o passo a passo.
Como Calcular o Custo por Hora de uma Operação Agrícola
O cálculo do custo de uma operação agrícola é dividido em duas partes principais: os custos fixos e os custos variáveis.
O modelo de cálculo pode mudar um pouco dependendo da realidade de cada propriedade. Para ter um número preciso, é importante considerar:
- Se já existe um controle de dados das máquinas e implementos ao longo do ano;
- O gasto de combustível de cada trator em diferentes operações;
- Os registros de manutenção;
- A frequência (em horas) da troca de filtros e óleos.
Quanto mais informações você tiver, mais precisa será sua estimativa de custo operacional.
A fórmula geral para o custo total (CT) é a soma dos custos fixos (CF) com os custos variáveis (CV):
Custo Total (CT) = Custos Fixos (CF) + Custos Variáveis (CV)
Vamos detalhar cada um desses componentes a seguir.
Custos Fixos (CF)
Os custos fixos são aqueles que você paga independentemente de a máquina ser usada ou não.
Pense assim: a partir do momento em que você comprou a máquina, ela já começou a gerar despesas, mesmo que esteja parada no galpão. A única forma de diluir esse custo é usar o equipamento o máximo de horas possível por ano, reduzindo o tempo ocioso.
Os custos fixos incluem:
- Depreciação (D)
- Juros (J)
- Alojamento e Seguros (AS)
- Mão de Obra (MO)
A fórmula para o custo fixo é: CF = D + J + AS + MO
Depreciação (D)
A depreciação (D) é a perda de valor da máquina com o tempo. É como se você estivesse guardando um dinheiro para, no futuro, comprar uma máquina nova para substituí-la quando a atual ficar velha ou desgastada.
Essa desvalorização acontece de duas formas:
- Por obsolescência: quando a máquina fica parada e se torna ultrapassada.
- Por desgaste: quando a máquina é muito utilizada.
A diferença é que, no segundo caso, a máquina gerou receita pelo serviço prestado enquanto se desgastava.
O valor exato da depreciação só é conhecido quando a máquina é vendida. Por isso, usamos uma estimativa com o método da linha reta, que é o mais simples. A fórmula é a seguinte:
D = (Vi – Vs) / (Vu x Hua)
Onde:
- D (R$/h): Depreciação, o valor que a máquina perde por hora de trabalho.
- Vi (R$): Valor inicial, ou seja, o preço que você pagou pela máquina (nova ou usada).
- Vs (R$): Valor de sucata ou revenda. É uma estimativa de quanto a máquina valerá no final de sua vida útil (pode variar de 10% a 60% do valor inicial).
- Vu (anos): Vida útil em anos, ou seja, por quantos anos você espera usar a máquina.
- Hua (horas/ano): Número de horas que a máquina trabalha por ano.
A vida útil de uma máquina depende muito do tipo de equipamento e da qualidade da manutenção. Se você não tiver um histórico, pode usar os valores da tabela abaixo como referência:
Vida útil das máquinas e implementos agrícolas
(Fonte: Pacheco, 2000)
Juros (J)
Antigamente, o cálculo de juros considerava o que o dinheiro renderia na poupança. Hoje, com a rentabilidade de investimentos de baixo risco sendo menor, o mais relevante é considerar os juros do financiamento, já que muitas máquinas e implementos são adquiridos a prazo.
Dessa forma, é importante incluir os juros anuais desse capital na conta do custo horário, usando a fórmula:
J = (Vi x Tj) / Hua
Onde:
- J (R$/h): Juros por hora.
- Vi (R$): Valor de aquisição da máquina.
- Tj (%): Taxa de juros anual do financiamento (por exemplo,
8,5%
ou4%
ao ano). - Hua (horas/ano): Tempo de uso por ano.
Abrigo (A) e Seguro (S)
Guardar a máquina em um galpão (abrigo) quando não está em uso aumenta sua vida útil, pois a protege do tempo e facilita a realização de reparos.
No Brasil, não é tão comum fazer o seguro de máquinas agrícolas. No entanto, mesmo sem contratar uma seguradora, o risco de acidentes e perdas existe, e esse custo é assumido pelo proprietário.
Para calcular esses custos, usamos uma porcentagem sobre o valor inicial da máquina:
A = (Vi x Ta) / Hua
Onde:
- A (R$/h): Custo do abrigo por hora.
- Vi (R$): Valor de aquisição da máquina.
- Ta (%): Taxa de abrigo. Geralmente, fica entre
1%
e2%
, dependendo da qualidade da construção.
Para o seguro, a fórmula é a mesma, trocando apenas a taxa:
S = (Vi x Ts) / Hua
Onde:
- S (R$/h): Custo do seguro por hora.
- Ts (%): Taxa de seguro. Varia de
0,5%
a2%
, dependendo da região e da máquina.
Mão de obra (MO)
Os salários, benefícios e encargos sociais do operador da máquina devem ser incluídos no cálculo do custo operacional. Para isso, considere a média salarial da sua região.
Você também pode usar as seguintes fórmulas como base:
- Salário mensal = 1,5 x salário mínimo + 20% de encargos sociais
- MO (R$/h) = (salário mensal x 13) / horas de trabalho por ano
Dica prática: Para calcular as horas de trabalho por ano, você pode usar a seguinte conta: 47 semanas x 5 dias por semana x 8 horas por dia = 1.880 horas de trabalho por ano.
Custos Variáveis (CV)
Os custos variáveis (CV) são aqueles que só existem quando a máquina está trabalhando. Quanto mais você usa, maior é esse custo. Eles são formados por:
- Combustíveis (C)
- Lubrificantes (L)
- Reparos e Manutenção (RM)
A fórmula para o custo variável é: CV = C + L + RM
Combustíveis (C)
O combustível é usado principalmente em tratores, pulverizadores autopropelidos e colheitadeiras.
É difícil avaliar com precisão o consumo de combustível, pois ele muda muito dependendo das condições de trabalho, como: profundidade da operação, tipo e umidade do solo, inclinação do terreno, regulagem dos implementos, condições de lastragem e estado dos pneus.
Mesmo assim, podemos estimar o custo por hora com a fórmula:
C = cons. horário x custo/litro
Onde:
- C (R$/h): Custo com combustível por hora.
- Consumo horário (mL/CV.h⁻¹): É a quantidade de combustível que o motor consome. Varia de
90 a 120 mL/CV.h⁻¹
para tratores, dependendo do esforço. Motores de colhedoras costumam consumir um pouco mais, entre120 a 140 mL/CV.h⁻¹
. - Custo/litro (R$/L): O preço do diesel na sua região.
Lubrificantes (L)
Depois do combustível, é preciso calcular o custo dos lubrificantes. Esse controle é fundamental para maximizar a vida útil dos componentes da máquina, como motor, transmissão e sistema hidráulico.
Com a tecnologia avançada das máquinas atuais, a variedade de lubrificantes é grande. Uma forma prática de estimar esse custo é usar uma referência de mercado: estudos mostram que os gastos com lubrificantes são aproximadamente 15% do custo dos combustíveis.
Por exemplo, se o seu custo com diesel for de R$ 45,00/hora
, o custo com lubrificantes será R$ 6,75/hora
(15% de 45).
Reparos e Manutenção (RM)
As despesas com manutenção devem incluir tanto a preventiva quanto a corretiva.
- Manutenção preventiva: Inclui os gastos com trocas regulares, como filtros de ar, filtros de óleo, lubrificantes, filtros de combustível e correias.
- Manutenção corretiva: É mais difícil de estimar, pois depende de fatores como a habilidade do operador, as condições do terreno e imprevistos.
É importante considerar esses custos antes mesmo de comprar uma máquina. A tabela abaixo ajuda a estimar os gastos com reparos e manutenção ao longo da vida útil do equipamento:
Parâmetros para cálculo de custos com reparos e manutenção de máquinas agrícolas (Fonte: retirado de Pacheco, 2000)
Conclusão
Como vimos, os custos com o sistema mecanizado são uma fatia grande do custo de produção da sua lavoura. Com máquinas cada vez mais modernas e potentes, o capital investido é alto, e o impacto do gerenciamento na rentabilidade do negócio é ainda maior.
Portanto, é fundamental ter uma análise crítica dos custos envolvidos. Fazer esse cálculo não é apenas um exercício de anotação. É uma ferramenta estratégica que te ajuda a decidir com mais segurança: comprar ou alugar um equipamento? O preço do serviço terceirizado na sua região está justo?
Tudo isso te dará informações valiosas para tomar a melhor decisão, seja na hora de selecionar novas máquinas ou de comparar seus custos com os preços praticados no mercado.
Esperamos que este guia e a calculadora gratuita ajudem você a tornar sua empresa rural ainda mais lucrativa!
Referências:
PACHECO, E. P.. Seleção e custo operacional de máquinas agrícolas. Rio Branco: Embrapa Acre, 2000. 21p. (Embrapa Acre. Documentos, 58).
Artigo elaborado por nossos profissionais:
João Franceschette
Engenheiro-agrônomo em formação e parte do time de Relacionamento com o Cliente da Aegro.
Jerônimo Branco Lopes
Engenheiro-agrônomo em formação e parte do time de Relacionamento com o Cliente da Aegro.
Glossário
Custo Horário: Valor total (soma dos custos fixos e variáveis) para operar uma máquina ou implemento por uma hora. É a principal métrica usada para avaliar a eficiência e comparar os custos de diferentes operações ou equipamentos.
Custo Operacional: A soma de todos os gastos necessários para manter e operar o maquinário agrícola. Engloba desde despesas que existem com a máquina parada (custos fixos) até aquelas geradas pelo uso (custos variáveis).
Custos Fixos (CF): Despesas que ocorrem independentemente de a máquina estar em uso ou não. Incluem a depreciação, juros de financiamento, seguro, abrigo e o salário do operador.
Custos Variáveis (CV): Gastos que só existem quando a máquina está trabalhando e que aumentam conforme as horas de uso. Os principais exemplos são combustível, lubrificantes, reparos e manutenção.
Depreciação (D): A perda de valor de uma máquina ao longo do tempo, seja pelo desgaste natural do uso ou por se tornar tecnologicamente ultrapassada. Este custo representa o valor que precisa ser “guardado” para a futura substituição do equipamento.
Lastragem: Processo de adicionar peso a um trator, seja com água nos pneus ou contrapesos metálicos, para melhorar a aderência ao solo e aumentar a capacidade de tração. Uma lastragem inadequada afeta diretamente o consumo de combustível.
Sazonal (uso): Refere-se ao uso de máquinas e equipamentos em períodos específicos do ano, como durante o plantio e a colheita. Como o maquinário fica parado em outras épocas, os custos fixos são diluídos em menos horas de trabalho, tornando seu controle ainda mais importante.
Vida Útil (Vu): O tempo estimado, em anos ou horas, que uma máquina agrícola pode operar de forma eficiente antes de precisar ser trocada. É um fator essencial para calcular corretamente a depreciação.
Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios
Calcular o custo operacional de cada máquina, como vimos no passo a passo, é fundamental, mas pode ser um trabalho complexo e demorado. Coletar e organizar manualmente todos os dados de abastecimentos, manutenções e horas trabalhadas aumenta o risco de erros que impactam a análise final. Um software de gestão agrícola como o Aegro resolve esse desafio ao automatizar o processo. Nele, você registra todas as despesas do maquinário, desde o combustível até os reparos, e o sistema calcula o custo por hora de cada equipamento automaticamente. Isso não só economiza um tempo precioso, mas também gera um histórico detalhado que facilita o planejamento da manutenção preventiva, garantindo que suas máquinas estejam sempre prontas para o trabalho.
Quer deixar as planilhas de lado e ter o controle dos custos do seu maquinário na palma da mão?
Experimente o Aegro gratuitamente e descubra como tomar decisões mais inteligentes para a sua fazenda.
Perguntas Frequentes
Qual é a principal diferença prática entre custos fixos e variáveis de uma máquina agrícola?
A principal diferença é que os custos fixos, como depreciação e seguro, existem mesmo que a máquina esteja parada no galpão. Já os custos variáveis, como combustível e manutenção, só surgem quando a máquina está em operação. O segredo para a lucratividade é usar a máquina o máximo possível para diluir os custos fixos por mais horas de trabalho.
Como posso usar o custo por hora para decidir se devo comprar uma máquina ou terceirizar um serviço?
Calcule o custo por hora da máquina que você pretende comprar, considerando sua estimativa de horas de uso anual. Compare esse valor com o preço cobrado por prestadores de serviço na sua região. Se o custo do serviço terceirizado for menor, ou se o uso da máquina for muito baixo para justificar o investimento, a terceirização provavelmente será a opção mais vantajosa.
Por que a depreciação é considerada um custo se eu não estou gastando dinheiro com ela todo mês?
A depreciação é a perda de valor do seu equipamento ao longo do tempo. Embora não seja um desembolso imediato, calculá-la é como criar uma reserva financeira. Esse valor representa o dinheiro que você precisa guardar para conseguir substituir a máquina no futuro, garantindo a sustentabilidade e a modernização da sua operação a longo prazo.
O cálculo do custo operacional muda muito se eu comprar uma máquina usada?
O método de cálculo é o mesmo, mas os valores de entrada mudam significativamente. O valor inicial (Vi) será o preço de compra da máquina usada, e a vida útil restante (Vu) será menor. Isso geralmente resulta em um custo de depreciação diferente, além de custos de reparo e manutenção (RM) potencialmente mais altos, que devem ser ajustados na sua análise.
Qual o erro mais comum ao calcular o custo do maquinário agrícola?
Um dos erros mais comuns é subestimar ou ignorar os custos fixos, focando apenas no combustível e na manutenção. Negligenciar a depreciação, os juros do financiamento ou o custo do abrigo leva a um valor por hora irreal, mascarando o verdadeiro custo da operação e resultando em decisões financeiras equivocadas, como cobrar um preço baixo demais por um serviço.
Este cálculo detalhado de custo operacional também é importante para pequenas propriedades?
Sim, com certeza. Para pequenas propriedades, onde a margem de lucro pode ser mais apertada, entender cada custo é ainda mais crucial. Esse cálculo ajuda a identificar se um equipamento específico está sendo subutilizado, se vale a pena alugar em vez de possuir, e a otimizar o uso de cada recurso para maximizar a rentabilidade da fazenda, independentemente do seu tamanho.
Artigos Relevantes
- Custos de produção agrícola: Entenda e esteja no comando de sua fazenda: Este artigo é o complemento estratégico perfeito, pois posiciona o cálculo do custo operacional de máquinas dentro do panorama financeiro completo da fazenda. Ele ensina o leitor a integrar o custo por hora (calculado no artigo principal) no modelo de Custo Operacional Efetivo (COE) e Custo Total (CT), transformando um dado tático em uma ferramenta para análise de rentabilidade global.
- Máquina agrícola: Veja se vale investir para o seu agronegócio: Enquanto o artigo principal foca em ‘como calcular’, este artigo responde ‘por que calcular’, aplicando o custo operacional diretamente à decisão de investimento. Ele detalha os fatores a considerar antes da compra, como ROI e características da propriedade, tornando o cálculo de custos uma peça central na decisão de comprar, terceirizar ou financiar um novo equipamento.
- Depreciação de máquinas: todos os cálculos de forma prática (+ planilha grátis): Este artigo funciona como um ‘zoom’ técnico em um dos custos fixos mais importantes e complexos apresentados no guia principal: a depreciação. Ele aprofunda o tema ao diferenciar a depreciação fiscal da gerencial e ao fornecer tabelas oficiais (Conab), agregando um valor prático imenso e garantindo que o leitor possa realizar um cálculo de custo muito mais preciso e realista.
- Guia completo de manutenção de máquinas agrícolas + planilha grátis: Este conteúdo aborda diretamente o objetivo de ‘reduzir gastos’ do artigo principal, oferecendo um guia estratégico para gerenciar o custo variável de Reparos e Manutenção (RM). Ele eleva o conceito de um simples custo para um processo gerenciável (manutenção preditiva, preventiva e corretiva), capacitando o leitor a otimizar ativamente um dos principais componentes dos custos variáveis.
- Como gerenciar seu maquinário agrícola: Este artigo adiciona uma camada de otimização operacional que não é coberta pelos outros, com dicas práticas que impactam diretamente os custos variáveis. Ele oferece conhecimento único sobre como o abastecimento correto evita a contaminação do diesel e como o lastreamento adequado otimiza o consumo de combustível, fornecendo ao leitor ações diárias para aumentar a eficiência e reduzir os gastos.