Os insumos agrícolas, como sementes, fertilizantes e defensivos, são uma parte fundamental do orçamento de qualquer safra. Eles representam cerca de 50% do custo de produção total da soja, o que torna suas cotações um ponto de atenção para o produtor.
Nos últimos anos, a alta nos preços desses insumos afetou diretamente a rentabilidade da lavoura. O primeiro semestre de 2019, em particular, bateu recordes de preços, sinalizando um cenário de custos produtivos elevados para a safra 2019/20.
Vamos analisar a seguir os principais fatores que influenciaram o custo de produção da soja para a safra 2019/20 e entender o impacto em diferentes regiões do Brasil.
O Impacto dos Fertilizantes no Custo de Produção de Soja 2019/20
Entre os anos de 2017 e 2019, os preços dos fertilizantes registraram uma alta de quase 40%, de acordo com dados do Cepea.
No entanto, a alta nos preços dos fertilizantes observada no primeiro semestre de 2019 foi a maior desde 2010. Esse aumento se tornou um dos grandes vilões para o custo de produção da soja na safra 2019/20.
Evolução dos preços dos principais fertilizantes utilizados na cultura da soja, contra a evolução do dólar nos primeiros semestres dos últimos nove anos. (Fonte: Cepea e CNA, 2019)
Como aproximadamente 70% de todo o adubo foi adquirido no primeiro semestre do ano, o impacto no custo produtivo final da safra foi significativo.
Segundo estimativas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), os fertilizantes podem representar até 30% dos custos totais de produção de soja em algumas propriedades. Essa porcentagem pode variar e ser ainda maior, dependendo da localização da fazenda e da tecnologia empregada no cultivo.
O Impacto dos Defensivos no Custo de Produção 2019/20
Junto com os fertilizantes, os defensivos agrícolas também pesaram de forma considerável no bolso do produtor no início de 2019. A alta nos preços de herbicidas e fungicidas em relação à safra anterior fez com que os defensivos representassem cerca de 20% dos custos de produção da soja para o ciclo 2019/20.
De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o aumento de preços no Mato Grosso foi de:
- Herbicidas: alta de aproximadamente 20%
- Fungicidas: alta de 10%
- Inseticidas: queda de 4%
Análise do Custo de Produção de Soja no Paraná
No estado do Paraná, dados da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento) e do Deral (Departamento de Economia Rural) indicam que o custo de produção total da soja foi de aproximadamente R$ 3.500 por hectare.
Considerando uma produtividade média de 60 sacas por hectare, esse valor equivale a um custo de R$ 59 por saca produzida. Nesse cenário, os gastos com insumos representaram cerca de 40% do total.
Se analisarmos apenas os custos variáveis (que incluem insumos e operações, os mais afetados pela alta dos preços), o valor fica em R$ 2.100 por hectare. Nesse cálculo, a participação dos insumos sobe para mais de 60% dos custos.
(Fonte: Seab/Deral)
As estimativas da Conab para a região foram ainda mais pessimistas, projetando um custo total que poderia chegar a R$ 4.000 por hectare.
Análise do Custo de Produção de Soja 2019/20 no Mato Grosso
No Mato Grosso, o custo variável para a implantação de um hectare de soja atingiu a faixa de R$ 3.100, representando os valores mais elevados registrados nos últimos anos para o estado.
(Fonte: Canal Rural)
Seguindo essa tendência, o custo de produção total da soja 2019/20 chegou perto de R$ 4.000 por hectare, segundo o boletim de novembro do Imea. Esse montante representa um custo de R$ 65 para cada saca de soja produzida, deixando clara a forte contribuição dos fertilizantes e defensivos para o aumento das despesas.
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Conclusão
Os fertilizantes e defensivos representam a maior fatia dos custos de produção, e suas cotações são diretamente influenciadas pela variação do dólar.
Com a forte alta da moeda norte-americana no primeiro semestre de 2019, os preços desses insumos dispararam. Consequentemente, o custo de produção da soja brasileira também subiu, atingindo o patamar mais alto dos últimos anos em importantes estados produtores como Paraná e Mato Grosso.
Para enfrentar cenários como este, invista em um bom planejamento e faça a melhor gestão da sua empresa rural. Essas práticas são essenciais para alcançar rentabilidade e lucratividade, tanto nesta quanto nas próximas safras de soja.
Glossário
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento): Órgão do governo brasileiro responsável por gerir políticas de abastecimento e garantir o suprimento de produtos agropecuários. Realiza levantamentos de safra e custos de produção que servem como referência para o setor.
Custos de produção: A soma de todos os gastos necessários para produzir uma safra, incluindo despesas com insumos, mão de obra, maquinário e terra. É o indicador fundamental para calcular a rentabilidade da atividade agrícola.
Custos variáveis: Parte dos custos de produção que muda conforme a quantidade produzida, como gastos com sementes, fertilizantes e defensivos. Diferem dos custos fixos (ex: arrendamento), que não se alteram com o nível de produção.
Defensivos agrícolas: Produtos químicos ou biológicos, como herbicidas e fungicidas, usados para proteger as lavouras contra pragas, doenças e plantas daninhas. Representam uma fatia importante dos custos de produção.
Hectare (ha): Unidade de medida de área agrária que equivale a 10.000 metros quadrados. Para referência, um campo de futebol oficial tem aproximadamente 0,7 hectare.
IMEA (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária): Instituição que gera e divulga dados e análises sobre o agronegócio no estado do Mato Grosso. Suas informações orientam as decisões de produtores e agentes do mercado.
Insumos agrícolas: Todos os materiais e produtos utilizados no processo de produção agrícola. Incluem sementes, fertilizantes, defensivos e corretivos de solo, sendo os principais componentes do custo da lavoura.
Produtividade: Medida de eficiência que relaciona a quantidade produzida (em sacas ou toneladas) por uma determinada área (geralmente por hectare). Por exemplo, uma produtividade de “60 sacas por hectare”.
Como enfrentar a alta nos custos de produção com mais controle
A alta nos preços de insumos, como fertilizantes e defensivos, torna o controle financeiro da safra um desafio ainda maior. Embora as planilhas ajudem a organizar os números, elas não oferecem a agilidade necessária para lidar com a volatilidade do mercado. Ferramentas de gestão agrícola como o Aegro automatizam esse processo, permitindo que você registre cada despesa e acompanhe o custo de produção por hectare em tempo real.
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Perguntas Frequentes
Por que a variação do dólar impacta tanto o custo de produção da soja no Brasil?
O Brasil é um grande importador de insumos agrícolas, especialmente fertilizantes e os princípios ativos de muitos defensivos. Como a negociação desses produtos no mercado internacional é feita em dólar, qualquer alta na cotação da moeda americana encarece diretamente o custo de aquisição para o produtor rural brasileiro, elevando os custos de produção.
Quais foram os principais insumos responsáveis pela alta no custo da soja na safra 2019/20?
Os grandes vilões da safra 2019/20 foram os fertilizantes e os defensivos agrícolas. Os fertilizantes registraram a maior alta de preços desde 2010, chegando a representar até 30% do custo total. Da mesma forma, herbicidas e fungicidas também tiveram aumentos expressivos, contribuindo com cerca de 20% das despesas da lavoura.
Além dos fertilizantes e defensivos, o que mais compõe o custo de produção de uma lavoura de soja?
Embora fertilizantes e defensivos sejam os maiores componentes, o custo de produção também inclui outras despesas significativas. Entre elas estão as sementes, operações com maquinário (plantio, pulverização, colheita), mão de obra, arrendamento da terra, seguros, impostos e custos administrativos da propriedade.
O custo para produzir soja é o mesmo em estados como Paraná e Mato Grosso?
Não, o custo de produção varia consideravelmente entre as regiões. Fatores como logística e frete para o escoamento da produção e recebimento de insumos, preço da terra (arrendamento), produtividade média local e nível de tecnologia adotado influenciam diretamente os valores. Por isso, os custos por hectare no Mato Grosso costumam ser diferentes dos custos no Paraná, como mostrado no artigo.
Qual a diferença entre custo variável e custo total de produção?
O custo variável inclui todas as despesas que mudam de acordo com a área plantada e a produção, como sementes, fertilizantes e defensivos. Já o custo total é a soma do custo variável com os custos fixos, que são despesas que não mudam independentemente da produção, como o arrendamento da terra, salários de funcionários fixos e a depreciação de máquinas.
Como um produtor pode se planejar para reduzir o impacto da alta dos insumos?
Um bom planejamento é fundamental. Estratégias como a compra antecipada de insumos em momentos de baixa do dólar, a negociação de contratos de barter (troca de grãos por insumos), a busca por fornecedores alternativos e a adoção de tecnologias de agricultura de precisão para otimizar o uso de fertilizantes e defensivos são práticas eficazes para proteger a rentabilidade da safra.
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