Cultivares de Soja: Como Garantir 50% do Potencial da Lavoura

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutorando em Produção Vegetal pela (ESALQ/USP). Especialista em Manejo e Produção de Culturas no Brasil.
Cultivares de Soja: Como Garantir 50% do Potencial da Lavoura

A escolha da cultivar de soja é uma das decisões mais importantes da safra, sendo responsável por até 50% do resultado final da sua produtividade.

Acertar nessa escolha é o primeiro passo para garantir o sucesso da produção de grãos. No Brasil, essa decisão se torna ainda mais crítica.

Nosso país tem uma imensa variação de norte a sul, o que cria diferentes padrões de chuva, umidade, radiação solar e temperatura.

Regiões tão diferentes exigem cultivares específicas para cada realidade. Mas você sabe por que isso acontece e como fazer a escolha certa para a sua fazenda?

Neste artigo, vamos detalhar tudo o que você precisa saber para selecionar a melhor cultivar de soja, otimizar o potencial genético e alcançar as maiores produtividades.

O que são cultivares de soja?

Uma cultivar é uma variedade específica de uma planta cultivada, como a soja, que foi desenvolvida por meio de melhoramento genético. Cada cultivar possui um genótipo (conjunto de genes) e um fenótipo (aparência física da planta) únicos, selecionados para atender a objetivos específicos.

Esse processo de melhoramento genético busca criar plantas com características desejáveis, que se adaptem melhor a certas condições e desafios da lavoura.

Alguns exemplos de características buscadas nas cultivares de soja são:

  • Resistência a insetos-praga, como lagartas e percevejos.
  • Resistência a doenças, como a ferrugem asiática.
  • Resistência a nematoides, que atacam as raízes.
  • Compatibilidade com tecnologias, como a soja RR (resistente ao glifosato) ou a tecnologia Intacta.
  • Tolerância a períodos de seca (déficit hídrico).
  • Tolerância a geadas ou outras condições climáticas adversas.

uma ampla lavoura de soja, dividida nitidamente em duas seções por uma estreita faixa de terra. A plantação à Numa mesma lavoura, é possível ver a diferença entre duas cultivaes de soja, que podem variar no formato das folhas, na arquitetura da planta e no grupo de maturação. (Foto: Agrobranco)

A cultivar ideal pode fazer toda a diferença, não apenas na produtividade, mas também na rentabilidade da sua operação. Vamos entender melhor como isso funciona.

Como as cultivares de soja influenciam na produtividade?

Todo produtor rural tem um objetivo principal: alcançar altas produtividades para gerar bons lucros.

O mercado de sementes é extremamente competitivo, o que impulsiona uma busca constante por novas tecnologias e manejos mais eficientes. O foco é sempre aumentar a produção e, ao mesmo tempo, reduzir os custos.

Para atingir esse objetivo, é fundamental conhecer a fundo as características de cada cultivar, incluindo:

  • Características agronômicas: como porte da planta, arquitetura foliar e sistema radicular.
  • Capacidade produtiva: o teto de produtividade que ela pode alcançar em condições ideais.
  • Comportamento nos ambientes: como ela reage às variações de clima, tipo de solo e ao fotoperíodo (a quantidade de horas de luz que a planta recebe por dia).

Muitos fatores podem interferir na produtividade da cultura da soja. No entanto, o ponto central de todo o manejo é a planta e sua capacidade de usar os recursos disponíveis para expressar seu máximo potencial genético.

Na prática, isso significa que a escolha deve ser estratégica. Se sua região sofre com estiagens frequentes, você precisa de cultivares mais tolerantes à seca. Se a infestação de lagartas é um problema recorrente, uma cultivar com tecnologia Bt (resistente a insetos) pode ser a melhor opção. A lógica se aplica a todos os desafios da sua área.

Para entender a dimensão dessa importância, basta olhar para a história da soja no Brasil.

O caso das cultivares de soja no Brasil

No final da década de 1970, o desenvolvimento de cultivares com Período Juvenil Longo revolucionou a agricultura brasileira. Essa característica, obtida através de melhoramento genético, foi fundamental para a expansão da soja para as regiões de baixa latitude, como o Cerrado.

Antes disso, o cultivo de soja nessas áreas era inviável. O fotoperíodo mais curto (dias com menos horas de luz no verão) fazia com que as plantas florescessem muito cedo. Esse florescimento precoce encurtava o período vegetativo, resultando em plantas de baixo porte e, consequentemente, em uma produtividade de soja muito baixa.

Com o Período Juvenil Longo, a planta de soja consegue se desenvolver por mais tempo antes de florescer, mesmo sob dias mais curtos. Isso permitiu que a cultura atingisse um porte adequado para produzir mais grãos, viabilizando o cultivo em todo o território nacional, desde o Sul até as regiões mais ao norte.

infográfico detalhado do calendário agrícola para o cultivo de soja no Brasil, segmentado pelas cinco princ Épocas de plantio e colheita da soja por todo o Brasil. (Fonte: Mapa em Monsoy)

Grupos de maturação: uma evolução dos ciclos tradicionais

Por muito tempo, os produtores se acostumaram a classificar as cultivares por seu ciclo: superprecoce, precoce, semiprecoce, médio e tardio.

No entanto, essa classificação se tornou ultrapassada. Ela generaliza demais as características da planta e pode gerar confusão na hora de identificar o ciclo da cultura real a campo.

Uma nova nomenclatura, mais precisa, vem ganhando força: os grupos de maturação (GM).

Os grupos de maturação oferecem um refinamento na caracterização da cultivar, proporcionando uma precisão muito maior sobre quando a planta atingirá sua maturidade plena. Com essa informação, você sabe com mais certeza quanto tempo uma cultivar levará para estar pronta para a colheita em sua região específica.

Isso torna as comparações entre diferentes materiais genéticos mais justas e fáceis de serem feitas.

mapa do Brasil dividido por regiões geográficas, cada uma identificada por uma cor distinta conforme a lege Distribuição dos grupos de maturação de cultivares de soja no Brasil, de acordo com a latitude. (Fonte: Fundação Meridional, adaptado de Allprandini)

Como os grupos de maturação para soja são determinados?

Os grupos de maturação (GM) são classificados por uma numeração que varia de 0 a 10, de acordo com a latitude para a qual a cultivar é mais adaptada. Quanto mais próximo dos pólos, menor o número. Quanto mais próximo da linha do Equador (norte do Brasil), maior o número.

A numeração funciona assim:

  • Abaixo de 6.0: Cultivares superprecoces.
  • Entre 6.0 e 6.5: Cultivares precoces.
  • Próximo de 7.0: Cultivares de ciclo normal (médio).
  • Até 10.0: Cultivares tardias.

Essa numeração leva em conta a sensibilidade da soja ao fotoperíodo. A adaptabilidade de uma cultivar muda conforme ela é plantada mais ao sul ou mais ao norte, pois a duração do dia varia com a latitude.

Agora, vamos ver como usar essa informação para escolher as cultivares de soja na prática.

Como escolher cultivares de soja por grupo de maturação

A regra é simples: uma cultivar do grupo 6.0 é mais precoce que uma do grupo 7.0. Da mesma forma, uma cultivar 9.2 é mais tardia que uma 8.0.

Em regiões mais próximas da linha do Equador, como no Norte e Nordeste do Brasil, os dias de verão são mais curtos. Isso faz com que a soja floresça mais cedo, o que pode reduzir o ciclo vegetativo e a altura das plantas, especialmente em cultivares com hábito de crescimento determinado (que param de crescer após o início do florescimento).

Para contornar esse problema, nessas regiões são recomendadas cultivares com período juvenil mais longo ou com hábito de crescimento indeterminado (que continuam a crescer mesmo depois de florescer). Geralmente, são utilizadas cultivares dos Grupos de Maturação 8.0 a 10.0.

Resumindo:

  • Quanto mais ao norte do Brasil, maior o valor do grupo de maturação a ser utilizado.
  • Na região Centro-Sul (do RS a SP), predominam cultivares dos grupos 5.0 a 7.0.
  • Na região dos Cerrados, predominam cultivares dos grupos 7.0 a 8.5.

mapa do Brasil com um infográfico sobreposto, destacando dados agrícolas por região. Uma grande área centra

Uma mesma cultivar se comporta igual em diferentes regiões?

A resposta é não. O ciclo de uma mesma cultivar pode variar bastante dependendo de onde ela é plantada.

Vamos a um exemplo prático no Paraná: Uma mesma cultivar precoce pode ter um ciclo de 117 a 123 dias no oeste do estado, menos de 115 dias no norte e mais de 125 dias no centro-sul. Isso representa uma variação de 10 a 12 dias para a mesma planta.

Isso acontece por causa do fotoperíodo. No verão, os dias são mais longos no Sul do Brasil (alta latitude) e mais curtos perto do Equador (baixa latitude). Como a soja floresce mais rápido com menos horas de luz, o ciclo de uma cultivar tende a ser mais curto em latitudes e altitudes mais baixas.

Uma dica prática: cada alteração de 0.1 (um décimo) no grupo de maturação representa, aproximadamente, uma variação de dois dias no ciclo da cultura.

Agora que você entende os grupos de maturação, vamos usar uma ferramenta oficial para refinar ainda mais a sua escolha.

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Use o ZARC para escolher suas cultivares de soja

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é um estudo desenvolvido pelo governo para ajudar o produtor a minimizar os riscos causados pelo clima.

Essa ferramenta identifica a melhor época de plantio para cada município, considerando os diferentes tipos de solo, os ciclos das cultivares e o histórico climático da região.

Você pode consultar o ZARC gratuitamente. Siga os passos:

  1. Acesse o site oficial do ZARC.
  2. Selecione o estado onde sua propriedade está localizada.

uma captura de tela de uma página web informativa sobre o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). O tít

  1. Depois, escolha a cultura “Soja” e baixe o arquivo (portaria).
  2. Nesse documento, você encontrará as cultivares mais adaptadas para a sua região, os períodos de plantio mais seguros e os níveis de risco (20%, 30% ou 40%) para cada janela de semeadura.

Por exemplo, para o município de Acorizal (MT), com um solo tipo 2 (textura média, segundo classificação da Embrapa):

uma tabela técnica intitulada ‘PERÍODOS DE SEMEADURA’, que organiza o ano calendário em 36 períodos decendiais recorte de uma tabela técnica de zoneamento agrícola, detalhando os ‘Períodos de Semeaduras para Cultivares recorte de uma tabela técnica intitulada ‘PERÍODOS DE SEMEADURAS PARA CULTIVARES DO GRUPO II’. Esta tabela recorte de uma tabela técnica de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). O título indica que se trat

Analisando as tabelas, um produtor com solo tipo 2 que escolher cultivares do Grupo I (definidas na portaria) deve realizar o plantio entre 11 de outubro e 31 de dezembro para ter o menor risco climático (20%).

Dentro do mesmo arquivo do ZARC, você também encontra a lista de cultivares registradas para cada grupo (I, II e III). Recomendo fortemente que você consulte o site do MAPA e utilize essas informações no seu planejamento.

Principais tipos de cultivares de soja plantadas no Brasil

Cultivares de soja da Embrapa

A Embrapa Soja oferece um portfólio completo de cultivares adaptadas a todas as regiões do Brasil. A instituição desenvolve desde sementes convencionais até materiais com tecnologias Intacta e RR. Você pode conferir o portfólio completo AQUI.

Cultivares de soja da Brasmax

A Brasmax é reconhecida pelo forte trabalho de melhoramento genético. A empresa possui um variado portfólio de cultivares de soja focadas nas regiões Sul e Cerrado do país.

uma montagem organizada com doze rótulos de produtos da marca Brasmax, especializada em sementes para o agrone O portfólio completo está disponível AQUI.

Cultivares de soja RR

Atualmente, cerca de 96% das cultivares de soja comercializadas no Brasil possuem a tecnologia RR (Roundup Ready), que confere resistência ao herbicida glifosato.

As novas gerações de cultivares RR combinam essa tecnologia com ciclos mais precoces, alto potencial produtivo e uma arquitetura de planta que facilita o manejo, tornando-as uma opção altamente competitiva.

Saiba mais sobre transgênicos no artigo: “Como a tecnologia está ajudando a evoluir o agronegócio brasileiro”.

Cultivares de soja convencional

Livre das taxas de tecnologia (royalties) dos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), a soja convencional está recuperando seu espaço no mercado.

Essas cultivares também apresentam produtividade competitiva e, em muitos casos, recebem uma bonificação no preço de venda. Cultivares como a BRS 284 da Embrapa, por exemplo, frequentemente vencem concursos de produtividade, competindo em igualdade com as transgênicas e mostrando seu grande potencial.

Banner de chamada para download da ferramenta: calculadora de custos por saca

Cuidados finais para acertar na escolha da cultivar de soja

Com tantas opções disponíveis, a escolha da cultivar ideal deve sempre considerar as particularidades da sua área. Lembre-se: não existe uma cultivar perfeita que atenda a todas as situações.

Essa é uma decisão estratégica que deve ser tomada por você junto com o responsável técnico da propriedade.

Para isso, é preciso avaliar um conjunto de informações:

  • Dados de pesquisa e da assistência técnica.
  • Recomendações das empresas produtoras de sementes.
  • Experiências de outros produtores na sua região.
  • O comportamento das cultivares na sua própria fazenda em safras passadas.

Pesquise as cultivares indicadas, compare preços e monte um orçamento completo da operação. Isso deve incluir o custo das sementes, do inoculante, do tratamento de sementes e da operação com as máquinas agrícolas.

Não se esqueça de incluir no orçamento os gastos com inseticidas e herbicidas, já que a tecnologia da cultivar impacta diretamente o manejo de pragas e plantas daninhas.

Inclua todas essas informações no seu planejamento agrícola para ter certeza de qual opção trará o melhor custo-benefício.

uma tela do software de gestão agrícola Aegro, especificamente a funcionalidade de ‘Orçamento’. A interface ap Com o Aegro, você organiza seu orçamento de forma clara, visual e automatizada. Fale com um de nossos consultores aqui.

Conclusão

Existe uma enorme variedade de cultivares de soja disponíveis no mercado. Para simplificar a escolha, ferramentas como os grupos de maturação e o ZARC são essenciais, pois fornecem uma base técnica para selecionar o material mais adequado às condições da sua propriedade.

Lembre-se que essa decisão é parte de um bom planejamento agrícola. É preciso orçar todos os custos envolvidos e considerar as características únicas da sua fazenda.

Converse com seu agrônomo(a), utilize as dicas deste artigo e prepare-se para uma excelente safra. Boa semeadura


Glossário

  • Cultivar: Uma variedade específica de uma planta, como a soja, desenvolvida por melhoramento genético para possuir características desejáveis. Pense nela como uma “raça” específica de soja, criada para se adaptar a um certo clima ou resistir a uma praga.

  • Fenótipo: As características físicas observáveis de uma planta, como sua altura, cor das folhas ou formato dos grãos. É o resultado da interação do genótipo da planta com o ambiente.

  • Fotoperíodo: Refere-se à duração do período de luz (número de horas de sol) que uma planta recebe por dia. Na soja, o fotoperíodo é um gatilho fundamental que influencia o início do florescimento e, consequentemente, a duração do seu ciclo.

  • Genótipo: O conjunto completo de genes de uma planta, ou seja, sua “receita” genética. O genótipo determina o potencial máximo de produtividade e as características que a planta pode expressar.

  • Grupos de Maturação (GM): Sistema de classificação que indica o tempo que uma cultivar de soja leva para atingir a maturidade em uma determinada latitude. Utiliza uma escala numérica (ex: 6.0 a 8.5) que é mais precisa do que os termos antigos como “ciclo precoce” ou “tardio”.

  • Hábito de crescimento determinado/indeterminado: Descreve como a planta cresce. A de crescimento determinado para de crescer em altura quando começa a florescer, enquanto a de crescimento indeterminado continua a desenvolver folhas e caules mesmo após o início do florescimento.

  • Período Juvenil Longo: Característica genética que permite à soja atrasar seu florescimento, mesmo em condições de dias mais curtos. Essa tecnologia foi crucial para viabilizar o plantio de soja em regiões de baixa latitude, como o Cerrado brasileiro.

  • Soja RR (Roundup Ready): Sigla para uma tecnologia de soja transgênica que confere resistência ao herbicida glifosato. Isso permite ao agricultor aplicar o produto para controlar plantas daninhas na lavoura sem afetar a cultura da soja.

  • ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático): Ferramenta do governo brasileiro que indica as melhores épocas para o plantio de cada cultura por município, com base no histórico climático, tipo de solo e ciclo das cultivares. Seu objetivo é minimizar os riscos de perdas por problemas climáticos.

Como a tecnologia facilita essa decisão estratégica

A escolha da cultivar de soja ideal envolve cruzar muitas informações: dados do ZARC, recomendações técnicas, histórico da fazenda e, claro, os custos de cada tecnologia. Manter o controle de tudo isso para tomar a decisão mais lucrativa é um desafio constante. Ferramentas de gestão agrícola, como o Aegro, centralizam esses dados, permitindo que você analise o desempenho de diferentes materiais em safras passadas e planeje suas atividades com mais segurança.

Além do planejamento agronômico, a decisão impacta diretamente o orçamento da safra. O sistema ajuda a criar orçamentos detalhados, simulando o custo-benefício de cada cultivar ao incluir gastos com sementes, royalties, defensivos e operações. Assim, você escolhe não apenas a planta mais produtiva, mas a que garante a maior rentabilidade para o seu negócio.

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Perguntas Frequentes

Qual a principal diferença entre classificar a soja por ‘ciclo’ e por ‘grupo de maturação (GM)’?

A classificação por ‘ciclo’ (precoce, médio, tardio) é uma generalização. Já os ‘grupos de maturação (GM)’ são um sistema numérico preciso que considera a latitude e a sensibilidade da cultivar ao fotoperíodo. O GM permite comparar diferentes materiais genéticos de forma mais justa e prever com maior exatidão quando a planta estará pronta para a colheita em sua região específica.

Por que a mesma cultivar de soja se comporta de maneira diferente em cada região do Brasil?

O comportamento varia principalmente devido ao fotoperíodo, ou seja, a quantidade de horas de luz por dia. Regiões mais ao sul têm dias de verão mais longos, permitindo um ciclo vegetativo maior. Em contrapartida, no norte do país, os dias são mais curtos, o que acelera o florescimento e encurta o ciclo da mesma cultivar, impactando seu porte e potencial produtivo.

Como o ZARC me ajuda na prática a escolher a melhor época de plantio?

O ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) é uma ferramenta oficial que analisa o histórico climático, o tipo de solo e os grupos de maturação das cultivares para cada município. Na prática, ele fornece as janelas de semeadura com menor risco (20%, 30% ou 40%) de perdas por eventos climáticos, como estiagem ou excesso de chuva, garantindo um plantio mais seguro.

Ainda vale a pena plantar cultivares de soja convencional em vez de transgênicas como a RR?

Sim, a soja convencional pode ser muito vantajosa. Seus principais benefícios são a isenção do pagamento de royalties (taxas de tecnologia), o que reduz o custo de produção, e a possibilidade de receber bonificações no preço de venda. Além disso, muitas cultivares convencionais modernas possuem um alto teto produtivo, competindo diretamente com as transgênicas.

O que é o ‘Período Juvenil Longo’ e por que ele foi tão importante para a soja no Brasil?

O ‘Período Juvenil Longo’ é uma característica genética que permite à soja atrasar seu florescimento mesmo em condições de dias curtos. Essa tecnologia foi crucial para a expansão da cultura para regiões de baixa latitude, como o Cerrado, pois antes as plantas floresciam muito cedo, não cresciam o suficiente e tinham baixa produtividade. Com essa característica, a soja pôde se desenvolver adequadamente em todo o território nacional.

Além do grupo de maturação, quais outros fatores são cruciais na escolha da cultivar de soja ideal?

Além do GM, é fundamental avaliar a resistência da cultivar às principais doenças e pragas da sua região, como ferrugem asiática, nematoides e percevejos. Também considere a arquitetura da planta (porte e enfolhamento), o histórico de desempenho da cultivar na sua fazenda ou em propriedades vizinhas, e a compatibilidade com as tecnologias de manejo que você pretende utilizar.

Artigos Relevantes

  • Entenda como interpretar as informações do Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático): Este artigo é o complemento mais direto e essencial. Enquanto o artigo principal recomenda o uso do ZARC, este funciona como um manual de instruções detalhado, explicando as variáveis (solo, ciclo, decêndios) e, crucialmente, conectando o cumprimento do ZARC ao acesso a crédito e seguro rural, um valor prático imenso que o texto principal não aborda.
  • Soja precoce: entenda mais sobre e escolha sua cultivar: O artigo principal introduz os Grupos de Maturação (GM) como a forma correta de classificar os ciclos. Este artigo aprofunda o tema, focando na aplicação estratégica dos GMs mais baixos (soja precoce), explicando seus benefícios (janela para safrinha) e os cuidados de manejo necessários. Ele transforma o conceito teórico de GM em uma tática de produção rentável.
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  • Tudo sobre as novas cultivares de soja com resistência ao nematoide do cisto: O artigo principal lista a ‘resistência a nematoides’ como um critério de seleção. Este artigo aprofunda drasticamente esse ponto, usando o nematoide do cisto como um estudo de caso. Ele ensina o leitor sobre a complexidade das ‘raças’ e a importância do manejo integrado para evitar a quebra de resistência, agregando uma camada de conhecimento técnico indispensável à escolha da cultivar.
  • Cultura da soja no Brasil: Guia Completo do Plantio à Industrialização: Após o leitor entender a fundo como escolher a cultivar, este artigo oferece o panorama completo, mostrando onde essa decisão se encaixa em todo o ciclo produtivo. Ele detalha as principais doenças e o manejo fitossanitário, dando contexto prático ao porquê de características como ‘resistência à ferrugem asiática’ serem tão vitais na escolha do material genético.