Colheita de Trigo: Guia Completo para Evitar Perdas e Maximizar a Produtividade

Redator parceiro Aegro.
Colheita de Trigo: Guia Completo para Evitar Perdas e Maximizar a Produtividade

Para garantir o sucesso na lavoura de trigo, o planejamento cuidadoso e o uso de equipamentos corretos são essenciais, especialmente na colheita. Esta etapa final define a qualidade e o rendimento dos grãos, impactando diretamente o seu lucro.

Neste guia completo, vamos detalhar as etapas cruciais da colheita de trigo. Você aprenderá a identificar e solucionar os principais problemas, desde os desafios climáticos até a regulagem precisa da colheitadeira, para reduzir perdas e maximizar sua produtividade. Aproveite a leitura!

Sincronização de Plantio e Colheita do Trigo

A colheita de sucesso começa muito antes da colheitadeira entrar no campo: ela inicia no planejamento do plantio.

No Brasil, as épocas de semeadura são recomendadas com base nas características de cada região. Essas datas são detalhadas para as principais áreas produtoras, tanto para o trigo de sequeiro quanto para o irrigado, e podem variar de março a setembro.

Além da data de plantio, o ciclo da cultivar também é decisivo para definir a data da colheita.

Ciclo da cultivar: significa o tempo total, em dias, desde o plantio até a colheita da variedade de trigo escolhida.

O ciclo do trigo pode variar de 100 a 170 dias, dependendo da região e da cultivar (se é de ciclo curto, médio ou longo). Geralmente, a colheita acontece no inverno nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, e durante a primavera na região Sul.

O primeiro grande desafio da colheita é, portanto, o planejamento. É preciso sincronizar o ciclo do trigo com as culturas plantadas anteriormente e também com a preparação da área para o próximo plantio.

infográfico que funciona como um calendário agrícola para as principais regiões do Brasil: Norte, Centro-Oe Datas de plantio e colheita de trigo no Brasil (Fonte: adaptado de Conab)

Principais Problemas na Colheita do Trigo

Mesmo com um bom planejamento, diversos problemas podem surgir durante a colheita. Vamos analisar os dois tipos principais de desafios que você pode enfrentar.

Problemas Climáticos

As condições do tempo podem afetar diretamente a sua lavoura e complicar a operação de colheita. Como o clima não pode ser controlado, o segredo é acompanhar de perto as previsões e se preparar.

A melhor defesa contra esses problemas é o monitoramento constante das previsões do tempo. Ferramentas como o Aegro, que integra dados da Climatempo, fornecem previsões horárias e históricos de chuva, ajudando a tomar decisões mais seguras.

Geadas

Na região Sul do Brasil, a ocorrência de geadas em agosto e setembro é um risco real. Elas podem comprometer a floração e a formação dos grãos, o que reduz a produtividade, encurta o ciclo da cultura e força uma antecipação da colheita.

Chuvas

As chuvas de primavera durante a colheita no Sul são outro ponto de atenção.

  • Chuvas leves: Mesmo as de curta duração podem não causar danos físicos, mas aumentam a umidade da palhada e dos grãos, dificultando o trabalho da colheitadeira.
  • Chuvas fortes: Tempestades com granizo ou vendavais podem causar a derrubada de plantas e o acamamento. Se esses eventos ocorrerem perto da colheita, as perdas de produção são certas.

Umidade e Calor

A combinação de alta umidade (geralmente após uma chuva) com o aumento da temperatura pode causar a germinação das sementes na própria espiga. Esse fenômeno provoca a quebra da dormência da semente ainda na planta, o que reduz drasticamente a qualidade do trigo para panificação.

Problemas Técnicos

Os principais problemas técnicos na colheita do trigo estão ligados à regulagem da colheitadeira. Uma máquina mal ajustada pode causar quebra de grãos, perdas na plataforma de corte ou falhas na separação da palha.

O modelo mais comum de colheitadeira para trigo utiliza o sistema de trilha. As regulagens mais importantes que você deve verificar são:

  • Velocidade da máquina: O ideal é trabalhar entre 5 km/h e 8 km/h.
  • Altura de corte da plataforma: Deve ser ajustada para capturar o máximo de espigas sem levar excesso de palha.
  • Rotação do molinete e do cilindro: Ajustes incorretos aqui podem quebrar grãos ou deixar espigas para trás.
  • Abertura do côncavo: A distância entre o cilindro e o côncavo deve ser precisa para debulhar os grãos sem danificá-los.

Essas recomendações mudam conforme a umidade do grão e a altura das plantas. O ideal é começar a colheita com a umidade dos grãos entre 16% e 18%, finalizando a operação quando atingirem cerca de 13% a 14%. Um ajuste correto desses parâmetros reduz significativamente os danos mecânicos nos grãos.

uma tabela técnica utilizada para a regulagem de colheitadeiras, especificamente do sistema de trilha. A tabel Indicativo geral para parâmetros de colheitadeira de trigo

Cuidados Pós-Colheita

Após a colheita, os cuidados continuam com a secagem e o armazenamento para preservar a qualidade.

A umidade ideal para armazenar o trigo com segurança é de 13%. Se os grãos foram colhidos mais úmidos, eles precisam passar por um processo de secagem, que pode ser natural ou forçada (com secadores). A temperatura de secagem não deve passar de 40 a 60 graus Celsius para não danificar o grão.

Para evitar perdas durante o armazenamento, siga estas práticas:

  • Manejo integrado de pragas de armazém.
  • Tratamento preventivo ou curativo dos grãos, caso identifique alguma infestação.
  • Monitoramento constante da temperatura e umidade da massa de grãos.
  • Análises para detectar fungos tóxicos e micotoxinas.
  • Verificação de resíduos de produtos químicos ou outros contaminantes.

A Importância do Trigo no Brasil

O trigo é uma das culturas mais importantes para a alimentação mundial, representando até 30% das calorias consumidas diariamente em muitas dietas. Os maiores produtores globais são a União Europeia, China, Índia e Rússia.

No Brasil, o consumo de trigo vem crescendo, o que tem estimulado a produção nacional. Nos últimos 10 anos, a produção brasileira praticamente dobrou.

A principal área produtora de trigo no país continua sendo a região Sul, com destaque para os estados do Rio Grande do Sul e Paraná. No entanto, a cultura está se expandindo para o Sudeste e Centro-Oeste, especialmente em áreas de clima mais ameno em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.

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Conclusão

A produtividade da sua lavoura de trigo depende de muitos fatores, mas a colheita, por ser a etapa final, tem um peso enorme no resultado. Entender e corrigir os principais problemas que podem ocorrer nesta fase é fundamental para proteger seu investimento e garantir um bom retorno.

Devido às diferenças climáticas e de solo em cada parte do Brasil, é sempre recomendado que você recorra a um profissional. Ele poderá fazer recomendações específicas para sua microrregião e condições de cultivo, ajudando a ajustar as estratégias para a sua realidade.


Glossário

  • Acamamento: Fenômeno em que as plantas de trigo se dobram ou deitam sobre o solo, geralmente causado por ventos fortes ou chuvas intensas. Dificulta a colheita mecânica e pode resultar em perdas de grãos e qualidade.

  • Ciclo da cultivar: Período total, medido em dias, entre o plantio e a maturação fisiológica (ponto de colheita) de uma variedade específica de planta. No trigo, varia de 100 a 170 dias, classificando as cultivares como de ciclo curto, médio ou longo.

  • Côncavo: Peça-chave do sistema de trilha de uma colheitadeira. É uma superfície metálica curvada e perfurada contra a qual o cilindro giratório debulha os grãos, separando-os da espiga e da palha.

  • Dormência da semente: Estado fisiológico natural que impede a semente de germinar, mesmo em condições favoráveis. A quebra da dormência antes da colheita, por excesso de umidade e calor, causa a germinação do grão na espiga, comprometendo a qualidade do trigo.

  • Micotoxinas: Substâncias tóxicas produzidas por fungos que podem se desenvolver nos grãos durante o armazenamento inadequado. São prejudiciais à saúde humana e animal e desvalorizam a produção.

  • Sistema de trilha: Mecanismo principal da colheitadeira responsável por separar os grãos da palha. É composto por um cilindro giratório e um côncavo fixo, que juntos realizam a debulha por meio de atrito e impacto.

  • Trigo de sequeiro: Refere-se ao cultivo de trigo que depende exclusivamente das chuvas para suprimento de água, sem o uso de sistemas de irrigação artificial. É o método de produção predominante em muitas regiões do Brasil.

Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios

Gerenciar a sincronia entre o plantio e a colheita, ao mesmo tempo em que se lida com a regulagem de máquinas e as incertezas do clima, é um dos maiores desafios da safra de trigo. Um software de gestão agrícola como o Aegro ajuda a centralizar todas as operações, desde o planejamento do plantio até o controle do maquinário. Com ele, é possível registrar as atividades, acompanhar o desenvolvimento da lavoura e manter um histórico de manutenções, garantindo que as colheitadeiras estejam prontas para operar no momento certo e com a máxima eficiência, reduzindo perdas.

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Perguntas Frequentes

Qual é a umidade ideal do grão para começar a colheita de trigo?

O ideal é iniciar a colheita quando os grãos de trigo atingem umidade entre 16% e 18%. Colher nessa faixa facilita o trabalho mecânico da colheitadeira e reduz danos aos grãos. A operação deve ser finalizada preferencialmente quando a umidade chegar entre 13% e 14%, valor próximo ao ideal para o armazenamento seguro.

Como a chuva pode prejudicar a colheita do trigo mesmo sem causar o acamamento das plantas?

Mesmo chuvas leves podem ser prejudiciais ao aumentarem a umidade da palhada e dos grãos, o que força a colheitadeira e aumenta o consumo de combustível. Mais grave ainda, a combinação de alta umidade com calor pode causar a germinação dos grãos na própria espiga, um problema que compromete severamente a qualidade do trigo para panificação.

Além da velocidade, quais são as regulagens mais críticas na colheitadeira de trigo?

As regulagens mais importantes incluem a altura da plataforma de corte para capturar o máximo de espigas sem excesso de palha, a rotação do molinete e do cilindro para evitar quebra de grãos, e a abertura do côncavo. A distância entre o cilindro e o côncavo é fundamental para uma debulha eficiente sem danificar os grãos, e deve ser ajustada conforme a umidade da lavoura.

O que é o ciclo da cultivar de trigo e por que ele é tão importante para o planejamento?

O ciclo da cultivar é o tempo total, em dias, do plantio até a colheita, que no trigo pode variar de 100 a 170 dias. Conhecer o ciclo da variedade escolhida é crucial para sincronizar a semeadura com a janela de colheita ideal da região, evitando períodos de alto risco climático (como geadas ou chuvas intensas) e planejando a cultura sucessora.

Qual a umidade correta para o armazenamento seguro do trigo e o que fazer se os grãos foram colhidos mais úmidos?

A umidade ideal para armazenar trigo com segurança é de 13%. Se os grãos foram colhidos com umidade superior a esse valor, eles precisam passar por um processo de secagem, seja natural ou forçada com secadores. Armazenar grãos úmidos aumenta o risco de proliferação de fungos, produção de micotoxinas e ataque de pragas, comprometendo toda a produção.

Como as geadas afetam a colheita do trigo?

As geadas, especialmente quando ocorrem na fase de floração ou enchimento dos grãos, podem comprometer a formação dos grãos, resultando em menor produtividade e peso. Em muitos casos, uma geada forte pode forçar a antecipação da colheita para mitigar perdas, mesmo que os grãos ainda não estejam no ponto ideal de maturação.

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