Produtor, a colheita do milho safrinha, que é a principal safra do cereal no Brasil, está em um momento decisivo. Segundo a Conab, a safra 2024/25 deve responder por 79% de toda a produção nacional, com uma estimativa de 99,8 milhões de toneladas.
Para transformar esse potencial em resultado, a atenção aos detalhes é fundamental. A umidade dos grãos na colheita é um ponto-chave: o ideal é que esteja entre 18% e 22% para a colheita de grãos, e entre 60% e 65% se o destino for a produção de silagem.
Além disso, colheitadeiras bem reguladas, um bom planejamento de logística e agilidade nas decisões são cruciais para reduzir as perdas tanto no campo quanto durante a armazenagem.
No cenário de mercado, os preços sentiram a pressão do avanço da colheita, com a cotação média girando em torno de R$ 68,96 por saca. Os contratos futuros na bolsa mostram variações entre R$ 64 e R$ 69. A boa notícia é que a expectativa aponta para uma leve recuperação nos valores no segundo semestre, impulsionada pela demanda da indústria e pelas exportações.
Vamos entender melhor como navegar por este cenário e garantir o melhor resultado para sua safrinha?
Cenário do Milho Safrinha 2025: Clima e Mercado em Foco
O mercado de milho acompanha de perto o desenvolvimento das lavouras da safrinha, principalmente os efeitos do clima no ciclo das plantas.
Nesta safra, uma parte importante da área foi semeada fora da janela ideal, o que exige um acompanhamento cuidadoso até a colheita. O atraso no plantio da soja em diversas regiões acabou empurrando o calendário do milho segunda safra, fazendo com que muitos produtores plantassem fora do período recomendado pelo ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático): uma ferramenta do governo que indica as melhores épocas e regiões para plantar cada cultura, minimizando riscos climáticos.
No Mato Grosso, o principal estado produtor de safrinha, aproximadamente 41% da área foi semeada fora da janela ideal, de acordo com a Conab. Essa situação aumenta o risco de perdas, especialmente se ocorrer uma redução das chuvas ou uma queda brusca de temperatura na fase final do ciclo.
Agora, toda a atenção está voltada para o comportamento do clima nos próximos dias. Ele será o fator decisivo para definir a produtividade final das lavouras e, consequentemente, os preços do milho nos mercados interno e externo.
O Clima e os Riscos para o Milho Safrinha 2025
As preocupações com a produtividade do milho safrinha em 2025 surgiram logo no início, quando a semeadura foi impactada por atrasos no plantio da soja em estados como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná.
Como resultado, uma parte significativa do milho foi plantada fora do período recomendado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático.
Plantar a segunda safra de milho mais tarde aumenta a exposição a riscos climáticos, como a falta de água (déficit hídrico) e quedas de temperatura durante a fase reprodutiva da planta. Essas condições podem prejudicar o enchimento dos grãos, o que diminui diretamente o rendimento final das lavouras.
A Conab informa que algumas áreas tiveram atrasos de até duas semanas na semeadura. Isso torna a regularidade das chuvas nas próximas semanas um fator crítico para garantir uma boa produtividade e evitar perdas maiores.
Por outro lado, nas regiões onde o milho está se desenvolvendo dentro da janela ideal e com chuvas adequadas, as lavouras apresentam um excelente potencial produtivo.
Mercado do Milho Safrinha 2025: Projeções Atuais
O mês de junho de 2025 está sendo marcado por uma pressão de baixa nos preços do milho. Isso se deve a três fatores principais: o avanço da colheita da safrinha, o bom desenvolvimento das lavouras na maioria das regiões e a expectativa de uma produção total elevada.
- Produção Estimada: A Conab (2025) projeta que a segunda safra de milho deve atingir cerca de 99,8 milhões de toneladas, um aumento de 10,8% em comparação com a safra anterior.
- Preços no Mercado Físico: O indicador ESALQ/B3 (Campinas – SP) fechou a primeira semana de junho em R$ 68,96 por saca de 60 kg. Dependendo da praça, os preços variam entre R$ 57 e R$ 69 (CEPEA, 2025).
- Contratos Futuros: Na bolsa (B3), os contratos futuros estão relativamente estáveis, negociados a R$ 64,57 para julho e R$ 68,86 para novembro, mostrando um equilíbrio entre oferta, demanda e as incertezas do clima (B3, 2025).
Apesar da boa oferta, existe preocupação com a produtividade em áreas que plantaram fora da janela ideal, como em partes do Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Nessas localidades, a falta de água afetou a floração e o enchimento dos grãos, o que pode reduzir o rendimento.
Um fator que ajuda a sustentar os preços é a forte demanda por milho para a produção de etanol, que continua aquecida. A expectativa para o segundo semestre é de uma possível recuperação nos valores, especialmente se as perdas produtivas nas áreas de plantio tardio se confirmarem ou se o ritmo das exportações aumentar.
Como Fazer o Planejamento da Colheita de Milho Safrinha?
Um bom planejamento começa muito antes da colheitadeira entrar no campo. É essencial definir o destino da produção: será para venda de grãos ou para a produção de silagem? Essa decisão influencia todo o processo.
Atrasos na safra de verão podem afetar diretamente a segunda safra de milho, impactando o rendimento e a janela ideal de colheita. Por isso, é fundamental:
- Acompanhar o ciclo da cultura: Monitore o desenvolvimento das plantas para identificar o ponto ideal de colheita.
- Observar as condições climáticas: Fique atento às previsões de chuva e temperatura para programar a operação.
- Garantir a disponibilidade de recursos: Verifique se as máquinas estão revisadas e se a mão de obra está disponível para colher no momento certo.
Esses passos são necessários para garantir uma colheita com máxima qualidade e eficiência.
Quando Começa a Colheita do Milho Safrinha?
A colheita do milho safrinha geralmente acontece entre junho e agosto. Essa janela pode variar bastante dependendo da região e, principalmente, da data em que o plantio foi realizado.
- Plantio na Janela Ideal: Lavouras semeadas no período correto têm uma colheita mais segura e previsível.
- Plantio Tardio: Áreas semeadas fora do período recomendado podem ter a colheita adiada para setembro, aumentando a exposição a riscos climáticos.
O ciclo do milho safrinha dura de 100 a 130 dias, variando conforme o híbrido utilizado e as condições do clima. Quando o milho é plantado tarde, fora da janela do ZARC, o ciclo reprodutivo pode ser encurtado devido à queda de temperatura e à falta de água, o que afeta negativamente a formação e o peso dos grãos.
Qual o Momento Certo para a Colheita do Milho Safrinha?
Definir o ponto de colheita depende diretamente do objetivo da sua produção:
Para Produção de Grãos
O momento ideal é quando o milho atinge a maturidade fisiológica, conhecida como estágio de desenvolvimento R6. Esperar muito tempo depois disso pode aumentar a infestação de plantas daninhas no final do ciclo, dificultando a operação da colheitadeira.
A umidade ideal para armazenamento seguro é de 13%. Portanto, o ideal é colher com uma umidade próxima a esse valor. Se você possui secadores na fazenda, a janela de colheita se torna mais flexível, permitindo iniciar os trabalhos com os grãos ainda mais úmidos.
Para Produção de Silagem
Se o objetivo é a produção de silagem, a colheita deve ser feita quando a planta inteira apresentar um teor de matéria seca entre 30% e 35%.
- Abaixo de 30%: O excesso de umidade pode causar a perda de nutrientes importantes por escorrimento (chorume) e levar a uma fermentação indesejada (butírica), que estraga a silagem.
- Acima de 35%: A compactação do material no silo fica prejudicada, aumentando o risco de perdas por má conservação e desenvolvimento de fungos.
A forma mais segura de acertar o ponto é monitorar a matéria seca com amostragens regulares, garantindo uma silagem de alta qualidade para o rebanho.
Glossário
Conab: Sigla para Companhia Nacional de Abastecimento. É o órgão do governo brasileiro responsável por gerar e divulgar dados oficiais sobre a produção agrícola, como estimativas de safra, área plantada e preços.
Déficit hídrico: Condição em que a quantidade de água disponível no solo é insuficiente para atender às necessidades da planta. É um dos principais riscos climáticos para o milho safrinha, podendo prejudicar o enchimento dos grãos.
Janela ideal de plantio: Período do ano com as condições de clima (chuva, luz e temperatura) mais favoráveis para o plantio de uma cultura, visando o máximo potencial produtivo. Plantar fora dessa janela aumenta a exposição da lavoura a riscos como seca ou geada.
Maturidade fisiológica (R6): Estágio final de desenvolvimento do grão, quando ele atinge seu máximo acúmulo de matéria seca e peso. Visualmente, é identificado pela formação de uma “camada preta” na base do grão, indicando que está pronto para a colheita.
Matéria seca: Refere-se a todo o conteúdo de um alimento ou planta após a remoção completa da água. Na produção de silagem, o teor de matéria seca ideal (entre 30% e 35%) é crucial para garantir uma boa fermentação e o valor nutritivo do alimento.
Safrinha: Também conhecida como “segunda safra”, refere-se à cultura plantada logo após a colheita da safra principal de verão (geralmente soja). Apesar do nome, a safrinha de milho é hoje a principal safra do cereal no Brasil.
Silagem: Alimento conservado para o gado, produzido a partir da fermentação da planta inteira (colmo, folhas e espiga) em um ambiente sem oxigênio (silo). É uma forma de armazenar forragem com alto valor nutritivo.
ZARC: Sigla para Zoneamento Agrícola de Risco Climático. É uma ferramenta oficial que indica, para cada município, as melhores épocas de plantio para cada cultura, com o objetivo de minimizar os riscos de perdas por eventos climáticos adversos.
Como a tecnologia pode garantir o sucesso da sua safrinha
Navegar pelos riscos climáticos de um plantio tardio e, ao mesmo tempo, lidar com a volatilidade dos preços do milho exige um controle preciso. Para transformar incerteza em lucro, é fundamental saber exatamente quanto custou para produzir cada saca. Um software de gestão agrícola como o Aegro centraliza as informações da fazenda, permitindo que você acompanhe em tempo real o custo de produção da sua lavoura. Ao registrar cada atividade no campo, você tem a clareza necessária para tomar decisões de venda mais seguras e aproveitar as melhores oportunidades do mercado.
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Perguntas Frequentes
Qual é a umidade ideal para a colheita do milho safrinha e por quê?
A umidade ideal depende do destino da produção. Para a colheita de grãos, o ponto ideal é entre 18% e 22%, pois minimiza perdas mecânicas, embora o armazenamento seguro exija 13%. Já para a produção de silagem, a colheita deve ocorrer quando a planta inteira atinge de 30% a 35% de matéria seca, garantindo a fermentação correta e o alto valor nutritivo.
Por que plantar o milho safrinha fora da ‘janela ideal’ é tão arriscado?
Plantar fora da janela ideal, indicada pelo ZARC, expõe a lavoura a maiores riscos climáticos. A cultura pode sofrer com a falta de chuvas (déficit hídrico) ou com a queda de temperaturas na fase crucial de enchimento dos grãos. Isso impacta diretamente o desenvolvimento das espigas, resultando em menor peso dos grãos e, consequentemente, em uma produtividade final mais baixa.
O preço do milho tende sempre a cair durante o período de colheita da safrinha?
Geralmente, há uma pressão de baixa nos preços durante a colheita devido ao aumento da oferta do produto no mercado. No entanto, essa não é uma regra absoluta. Fatores como a demanda da indústria de etanol, o volume das exportações e a confirmação de perdas de produtividade em algumas regiões podem sustentar ou até elevar as cotações, como aponta a expectativa de recuperação para o segundo semestre.
Como a ferramenta ZARC ajuda o produtor de milho a reduzir riscos?
O ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) é um guia essencial que indica as melhores épocas de plantio para cada cultura em cada município, com base em dados climáticos. Seguir as recomendações do ZARC ajuda o produtor a minimizar as chances de perdas por eventos como seca ou geada, aumentando a segurança da produção. Além disso, estar em conformidade com o ZARC é muitas vezes um requisito para acessar o seguro agrícola e o crédito rural.
Quais são os principais fatores que causam perdas durante a colheita do milho, além do clima?
Além dos fatores climáticos, as perdas na colheita podem ser causadas pela má regulagem das colheitadeiras, como velocidade inadequada e altura incorreta da plataforma de corte. Um planejamento logístico deficiente, que resulta em atrasos para transportar e secar os grãos, também contribui para a deterioração da qualidade e a perda de volume. A presença de plantas daninhas no final do ciclo pode dificultar a operação e aumentar as perdas.
Plantei minha safrinha com atraso. O que posso fazer para tentar minimizar as perdas?
Se o plantio foi tardio, o foco deve ser em minimizar qualquer estresse adicional à lavoura. Intensifique o monitoramento de pragas e doenças e garanta uma nutrição adequada, pois plantas sob risco climático são mais vulneráveis. Além disso, planeje a colheita com extrema atenção à regulagem de máquinas e logística para não ter perdas adicionais e utilize um software de gestão para controlar os custos e definir a melhor estratégia de venda para o seu cenário de produtividade.
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