Saber o que esperar do clima é um dos fatores mais importantes para garantir bons resultados na sua lavoura. Com o início da safra 2019/2020, surgem as dúvidas: como o clima vai se comportar? O fenômeno El Niño continuará a impactar a produção agrícola? E como podemos usar a tecnologia disponível para acompanhar as tendências climáticas com mais segurança?
Neste artigo, vamos analisar as previsões do clima para 2019 e o que você, produtor, pode esperar para a próxima safra, ajudando no seu planejamento.
Entendendo os Fenômenos Climáticos: El Niño e La Niña
Antes de olharmos para as previsões, é fundamental entender os dois fenômenos que mais influenciam o clima no Brasil. Eles são amplamente conhecidos por agricultores e pesquisadores.
- El Niño: significa o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Essa mudança na temperatura do oceano altera a circulação dos ventos na atmosfera.
- La Niña: é o fenômeno oposto, caracterizado pelo resfriamento anormal das mesmas águas do Pacífico.
O El Niño é o que tem atuado mais recentemente e seus efeitos são bem definidos:
- Impacto Global: Causa enchentes em algumas partes do mundo e secas severas em outras.
- Temperaturas no Brasil: Geralmente, eleva as temperaturas médias em todas as regiões brasileiras, especialmente no Sudeste (SP, MG, ES, RJ) e Centro-Oeste (MT, MS, GO).
- Regime de Chuvas: As chuvas tendem a se intensificar na Região Sul, enquanto diminuem de volume nas regiões Norte e Nordeste. Isso acontece porque as frentes frias encontram dificuldade para avançar pelo interior do país.
Para entender melhor, assista a este vídeo que explica o El Niño em detalhes:
Previsão para 2020: Teremos El Niño ou La Niña?
O Centro Americano de Meteorologia e Oceanografia (NOAA) divulgou um boletim em 13 de junho de 2019 com uma previsão importante. O relatório indicava uma chance de 66% de ocorrência de um El Niño de intensidade fraca durante o inverno brasileiro.
No entanto, ainda existe incerteza sobre a duração desse fenômeno. Não está claro se sua influência se estenderá até o final de 2019 e o início de 2020, período crucial para a safra de verão.
Clima na Safra Verão 2019/2020: O Que Esperar no Plantio
O fenômeno do El Niño já vem atuando no Brasil desde a primavera de 2018, e seus efeitos, principalmente no regime hídrico (a distribuição de chuvas), ainda serão sentidos.
Para o inverno de 2019, a tendência é de chuvas acima do volume normal para grande parte da região Centro-Sul, com destaque para São Paulo, Mato Grosso do Sul e o norte do Paraná.
Nos estados da Região Sul, o grande volume de chuvas é um ponto de atenção e preocupação.
Chuvas na região sul tendem a ser mais recorrentes devido ao fenômeno El Niño (Fonte: Gazeta do Povo)
Este cenário indica que o início do ano-safra 2019/2020 pode não ser o mais favorável para o setor de grãos. O clima poderá sofrer com os resquícios do El Niño da safra passada, resultando em secas em algumas áreas e excesso de chuva em outras.
Fique Atento ao Plantio da Soja
O plantio da soja tem datas específicas para começar, após o fim do vazio sanitário:
- Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina: Liberação a partir da segunda quinzena de setembro. Contudo, as chuvas previstas para o início do mês podem não ser suficientes para garantir a umidade ideal.
- Tocantins, Bahia e Goiás: A semeadura só poderá ser realizada a partir de outubro.
Clima em 2019 continua influenciado pelo fenômeno El Niño (Fonte: Climatempo)
Mapas da Climatempo mostram a previsão de chuvas para o Centro-Oeste. Porém, a meteorologista Graziella Gonçalves alerta que essas chuvas devem ocorrer de maneira mal distribuída, o que exige planejamento do produtor.
Como o Clima e o Mercado Impactam o Agronegócio
Além do clima, o cenário econômico também influencia a rentabilidade da safra.
- Mercado Internacional: O dólar valorizado encarece os fertilizantes importados, aumentando os custos de produção.
- Preços das Commodities: A queda nos preços está prejudicando a relação de troca para os produtores, conforme aponta um relatório do Rabobank.
- Safra nos Estados Unidos: As chuvas intensas e mais de 200 tornados atrasaram significativamente a semeadura nos EUA. Apenas 58% da área de milho (média histórica de 90%) e 29% da área de soja (média de 66%) foram semeados.
Esse atraso nos EUA é tão severo que analistas consideram a possibilidade de agricultores norte-americanos não semearem a safra 2019/2020, optando por acionar o seguro rural. Essa situação pode abrir uma janela de oportunidade, aumentando a demanda pelos produtos brasileiros no mercado externo.
Raio-X da Safra 2018/2019: Resultados e Impactos do Clima
Para planejar o futuro, é útil olhar para os resultados da safra anterior. Segundo dados da Secretaria de Agricultura de São Paulo, a safra de grãos 2018/2019 totalizou 9,4 milhões de toneladas.
Veja o desempenho por cultura:
- Culturas Anuais: A produção geral caiu 3,5%, mesmo com um aumento de 1,9% na área plantada. Isso resultou em uma queda de 5,3% na produtividade.
- Culturas Perenes e Semiperenes: A produção diminuiu 1,8%, com uma pequena redução de 0,2% na área, levando a uma queda de 1,4% na produtividade.
- Soja: A área plantada cresceu 11,9%, mas a produção (3,2 milhões de toneladas) foi 3,8% menor que na safra anterior, devido a condições climáticas desfavoráveis.
- Milho 1ª Safra: A área plantada foi reduzida em 6,6% (para 394,1 mil ha), com uma produção 10,2% menor que em 2018.
- Milho Safrinha: A área em produção (435 mil ha) diminuiu 12,2% em relação à safra 2017/2018. No entanto, a produtividade do milho safra e safrinha aumentou 16% e 32,1%, respectivamente, compensando perdas do ano anterior.
A produtividade do milho se recuperou em 2019, apesar da redução de área (Fonte: Governo Federal)
- Café: A produção foi de 4,8 milhões de sacas, uma queda de 17,7% em relação a 2018. Este resultado reflete um ciclo de bienalidade negativa, com baixa produção.
- Cana-de-açúcar: A combinação de períodos de seca, canaviais envelhecidos e preços baixos resultou em menor produtividade (-2,5%) e menor volume total produzido.
Como Preparar sua Lavoura para a Próxima Safra
Com base nas previsões, o planejamento é a chave. Cada região enfrentará um desafio diferente.
Atenção Redobrada para a Região Sul: Excesso de Chuva
Produtores do Rio Grande do Sul e Santa Catarina devem ter cuidado extra no momento da semeadura.
- Manejo de Áreas Baixas: Áreas com tendência a acúmulo de água ou alagamento exigem manejo cuidadoso.
- Planejamento da Colheita: Um bom planejamento é essencial para garantir a produtividade nessas condições.
- Manutenção do Maquinário: As chuvas excessivas podem encurtar a janela de semeadura. Realize a manutenção preventiva das máquinas e tenha peças de reposição em estoque para não perder tempo.
Com janelas de plantio mais curtas, o maquinário precisa estar pronto para operar (Fonte: Jornal do Comércio)
Desafios no Nordeste, Mato Grosso e Goiás: Tempo Seco
Enquanto o Sul pode sofrer com o excesso de água, produtores do Nordeste, Mato Grosso e Goiás devem se preparar para o tempo seco, que pode afetar a produtividade.
Produtores da Região Norte também devem ficar atentos às baixas precipitações (chuvas) causadas pelo El Niño. As projeções indicam chuvas abaixo da média, embora o calor e a umidade locais ainda devam gerar algumas chuvas frequentes.
Previsão para o Inverno 2019
O início do inverno de 2019 foi marcado por temperaturas acima da média em quase todo o Brasil. Ondas de calor podem aparecer mais cedo que em 2018, especialmente na primeira quinzena de setembro. Apenas algumas áreas do Mato Grosso do Sul, noroeste do Paraná e oeste de São Paulo devem ter temperaturas mais baixas que a média.
Fique atento ao clima da sua região e planeje o manejo com antecedência, tanto para as culturas de inverno quanto para a safra principal de verão.
O planejamento de toda a safra pode ser feito com segurança e facilidade pelo Aegro
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Ferramentas para Acompanhar a Previsão do Tempo
Hoje, existem diversos aplicativos e sites gratuitos que permitem acompanhar o clima da sua região com precisão. Confira algumas opções confiáveis:
Além dos aplicativos, muitas empresas oferecem estações meteorológicas que podem ser instaladas diretamente na sua propriedade, enviando dados em tempo real para o seu celular. Isso permite um planejamento ainda mais preciso das operações de campo.
Conclusão
Conhecer as tendências do clima é uma etapa fundamental para o sucesso produtivo de qualquer lavoura. As previsões para a safra 2019/2020 indicam desafios distintos para cada região do Brasil, seja pelo excesso de chuvas no Sul ou pela seca em outras áreas.
Felizmente, a tecnologia está ao nosso lado. Use aplicativos e ferramentas de previsão para monitorar o clima da sua região e ajustar seu planejamento.
Para não ficar para trás, esteja sempre aberto a soluções que ajudem a conduzir suas atividades agrícolas com mais informação e segurança. Um bom planejamento, baseado em dados climáticos, faz toda a diferença no resultado final da colheita.
Glossário
Ano-safra: Período de 12 meses que compreende o ciclo completo de uma cultura agrícola, desde o preparo do solo e plantio até a colheita. No Brasil, o ano-safra para grãos geralmente se inicia em julho de um ano e termina em junho do ano seguinte.
Bienalidade: Fenômeno em que plantas, como o cafeeiro, alternam um ano de alta produção com um ano de baixa produção. É um ciclo natural de recuperação da planta após o desgaste de uma grande safra.
Commodities: Produtos de origem agrícola ou mineral produzidos em larga escala e comercializados globalmente, com preços definidos pelo mercado internacional. Soja, milho e café são exemplos de commodities agrícolas.
El Niño: Fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial. No Brasil, tende a causar excesso de chuva na Região Sul e secas nas regiões Norte e Nordeste.
La Niña: Fenômeno climático oposto ao El Niño, caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Seus efeitos no Brasil costumam ser secas no Sul e chuvas abundantes no Norte e Nordeste.
NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration): Agência do governo dos Estados Unidos responsável por monitorar e prever fenômenos oceânicos e atmosféricos. Suas previsões são referência mundial para o agronegócio.
Regime hídrico: Refere-se à distribuição e ao volume das chuvas ao longo de um determinado período em uma região. Um regime hídrico irregular, com chuvas mal distribuídas, pode comprometer o desenvolvimento da lavoura.
Relação de troca: Indicador econômico que mede o poder de compra do produtor. É a quantidade de um produto agrícola (ex: sacas de soja) necessária para comprar um insumo ou bem de produção (ex: um trator ou uma tonelada de fertilizante).
Vazio sanitário: Período determinado por lei em que é proibido manter plantas vivas de uma cultura específica (como a soja) no campo. A medida visa quebrar o ciclo de pragas e doenças, como a ferrugem asiática, para a safra seguinte.
Supere a incerteza do clima com um planejamento inteligente
Lidar com a imprevisibilidade do clima, seja o excesso de chuva no Sul ou a seca em outras regiões, exige um planejamento de safra dinâmico e preciso. Diante de janelas de plantio mais curtas e custos de produção em alta, a organização se torna a chave para a rentabilidade. Ferramentas de gestão agrícola como o Aegro ajudam a centralizar o planejamento das atividades, desde a manutenção preventiva do maquinário até o momento ideal para cada operação no campo.
Com um sistema que permite ajustar o cronograma em tempo real, você otimiza o uso de máquinas e equipes e garante que os insumos sejam aplicados no momento certo, evitando desperdícios e protegendo sua produtividade.
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Perguntas Frequentes
Qual é a principal diferença prática entre os fenômenos El Niño e La Niña para o agricultor brasileiro?
De forma resumida, o El Niño é causado pelo aquecimento das águas do Pacífico e tende a provocar mais chuvas na Região Sul do Brasil, enquanto causa secas nas regiões Norte e Nordeste. Já o La Niña é o fenômeno oposto, resultante do resfriamento das mesmas águas, e geralmente traz estiagem para o Sul e chuvas mais abundantes para o Norte e Nordeste.
O que significa um ‘El Niño de intensidade fraca’ para o planejamento da safra?
Um El Niño de intensidade fraca indica que seus efeitos característicos, como a alteração no regime de chuvas, ocorrerão de forma mais branda. Mesmo assim, o produtor deve se manter alerta, pois ainda podem ocorrer irregularidades climáticas, como chuvas mal distribuídas ou períodos de seca, exigindo um planejamento cuidadoso e monitoramento constante.
Para a Região Sul, quais são as principais medidas preventivas contra o excesso de chuvas previsto?
Produtores da Região Sul devem focar no manejo de áreas baixas, que são propensas a alagamentos, e planejar a colheita com antecedência. Além disso, é crucial realizar a manutenção preventiva do maquinário para aproveitar as janelas de semeadura, que podem ser mais curtas devido às chuvas constantes.
Como o atraso na safra dos EUA pode beneficiar o agronegócio no Brasil?
O atraso severo na semeadura nos Estados Unidos pode reduzir a oferta global de grãos como milho e soja. Essa quebra na safra americana tende a aumentar a demanda pelos produtos brasileiros no mercado internacional, o que pode resultar em melhores preços e uma janela de oportunidade para os agricultores do Brasil.
Por que o planejamento da manutenção de máquinas é tão importante em anos de instabilidade climática?
A instabilidade climática, seja por excesso de chuva ou seca, muitas vezes encurta a janela ideal para o plantio. Se uma máquina quebrar nesse período crítico, o produtor pode perder o momento certo para a semeadura, comprometendo o potencial produtivo da lavoura. Manter o maquinário pronto garante agilidade para operar assim que as condições permitirem.
Além dos aplicativos, que outra tecnologia ajuda a monitorar o clima diretamente na fazenda?
Uma tecnologia muito eficaz são as estações meteorológicas próprias, que podem ser instaladas diretamente na propriedade. Elas coletam dados precisos e em tempo real sobre chuva, temperatura, umidade e vento, enviando as informações para o celular do produtor. Isso permite um planejamento de operações ainda mais localizado e assertivo.
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