Guia Completo: Como Identificar e Controlar o Capim-Rabo-de-Burro na Lavoura

Redator parceiro Aegro.
Guia Completo: Como Identificar e Controlar o Capim-Rabo-de-Burro na Lavoura

A presença de plantas daninhas na lavoura é um fator que reduz diretamente a produtividade das culturas. Elas competem por recursos essenciais como água, luz e nutrientes, além de servirem como abrigo para doenças e pragas.

O capim-rabo-de-burro é uma dessas daninhas problemáticas, conhecida por diversos nomes regionais. Independentemente de como você o chama, uma coisa é certa: se não for manejado corretamente, ele causa sérios prejuízos à sua produção. Além disso, essa planta pode hospedar pragas importantes, como a cochonilha, aumentando a pressão de infestação na sua área.

Quer entender como eliminar o capim-rabo-de-burro de forma eficaz? Continue a leitura deste artigo e confira um guia prático sobre identificação e as melhores estratégias de controle.

Capim-Rabo-de-Burro: Principais Características para Identificação

O capim-rabo-de-burro é popularmente chamado de várias formas, como capim-vassoura, capim-de-bezerra ou capim-peba. O nome científico mais comum associado a ele é Andropogon bicornis.

Sua principal característica visual é uma estrutura que lembra plumas ou uma vassoura. Mesmo depois de secar, a planta mantém sua haste reta e a aparência de pluma, mudando para uma coloração de marrom palha.

Trata-se de uma planta extremamente rústica e com alta capacidade de adaptação. Essas características facilitam sua sobrevivência e disseminação por toda a lavoura, tornando-a uma concorrente difícil de erradicar.

Normalmente, as duas espécies mais comuns de capim-rabo-de-burro aparecem juntas nas lavouras. Em áreas sem manejo, como beiras de estradas e açudes, a espécie predominante costuma ser a Andropogon bicornis.

Esta daninha possui porte alto e ereto, podendo atingir até dois metros de altura, o que causa um sombreamento significativo sobre as culturas comerciais.

primeiro plano um tufo de capim-rabo-de-burro (Andropogon bicornis), uma gramínea comum em pastagens brasPlanta daninha capim-rabo-de-burro em detalhe.

(Fonte: Wikipedia)

A planta se propaga de duas maneiras principais: por sementes, que são facilmente espalhadas pelo vento e por máquinas, e por rizomas.

Para entender melhor: Rizoma é um tipo de caule que cresce debaixo da terra, na horizontal. Ele permite que a planta se espalhe e forme novas touceiras, tornando o controle manual mais difícil.

Essa dupla capacidade de reprodução, somada ao fato de que ela pode se reproduzir durante o ano todo, torna seu controle um grande desafio.

Como o Capim-Rabo-de-Burro se Espalha na Lavoura

O capim-rabo-de-burro pode causar uma grande interferência na sua lavoura se não for manejado desde o início. A planta produz um número elevado de sementes que se dispersam com extrema facilidade. Além disso, ela se reproduz por touceiras, formando densas colônias que sufocam a cultura principal.

Assim como outras plantas daninhas, ela compete diretamente por água, luz e nutrientes. Devido à sua grande massa foliar e porte alto, ela projeta uma sombra intensa sobre a cultura, prejudicando a fotossíntese e o desenvolvimento das plantas.

Por ocorrer em todas as regiões e épocas do ano, é uma ameaça para praticamente todas as culturas. É fundamental monitorar a área constantemente e não permitir que essa planta se estabeleça.

uma ampla lavoura verdejante sob um céu azul claro com poucas nuvens, em um dia ensolarado. Em primeiro plano,A presença de capim-rabo-de-burro em lavouras como a de soja pode reduzir drasticamente a produtividade.

(Fonte: Up.Herb)

Quando uma área já está altamente infestada, a causa geralmente está ligada a um manejo inadequado do solo ou da área como um todo. Se a detecção for tardia, os danos serão ainda maiores, pois o poder de infestação da planta é muito grande.

A colheita é um momento crítico para a disseminação. As sementes podem ser facilmente transportadas pela colheitadeira para áreas limpas. Portanto, a limpeza do maquinário é uma prática preventiva essencial.

Áreas periféricas da lavoura, como barrancos, carreadores e beiras de estradas, também merecem atenção redobrada. Frequentemente, a infestação de capim-rabo-de-burro começa nesses locais e avança para dentro dos talhões.

Danos Causados pelo Capim-Rabo-de-Burro

Além da competição por recursos, esta planta serve como hospedeira de doenças e pragas, com destaque para os percevejos. Manter o capim-rabo-de-burro na área significa oferecer um “abrigo” para que essas pragas sobrevivam entre uma safra e outra.

As principais espécies de percevejos que se abrigam nesta daninha são:

Monitorar essas plantas daninhas durante o MIP (Manejo Integrado de Pragas) é uma estratégia inteligente. Ao controlar o capim, você também reduz a pressão inicial de pragas no início do desenvolvimento da sua cultura.

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Como Controlar o Capim-Rabo-de-Burro

Independentemente do tamanho da sua lavoura, é preciso eliminar as plantas daninhas para evitar prejuízos. O manejo do capim-rabo-de-burro pode ser feito de forma preventiva, manual ou química.

Controle Preventivo

A primeira e mais barata forma de controle é a prevenção, que se enquadra no controle não químico. Ele consiste na limpeza e monitoramento constante das áreas ao redor da sua lavoura.

Fique de olho em:

  • As divisas da propriedade;
  • Barrancos e taludes;
  • Bordas de matas e reservas;
  • Beiras de estradas e carreadores.

Se você encontrar a planta daninha em qualquer uma dessas áreas, o ideal é arrancá-la antes que produza sementes e se espalhe.

Controle Manual

Ao detectar focos de capim-rabo-de-burro dentro da lavoura, inicie a eliminação imediatamente.

As plantas devem ser arrancadas com a touceira e a raiz inteiras para evitar a rebrota. Se a infestação já estiver muito alta, o trabalho manual se torna inviável. Nesse cenário, uma aração profunda do solo pode ser considerada para expor e destruir as touceiras e rizomas.

Evite deixar a lavoura em pousio (sem cultivo). Mantenha o solo sempre coberto com alguma cultura comercial ou planta de cobertura. A cobertura dificulta a germinação e o desenvolvimento da daninha. Lembre-se que o custo para controlar uma infestação no futuro pode ser muito maior do que o custo para implantar uma cultura de cobertura.

Controle Químico

O controle químico é uma ferramenta importante, mas seu sucesso depende do momento e da forma de aplicação.

Quando a invasora está pequena, nos estágios iniciais, os herbicidas sistêmicos e de contato apresentam um bom controle. O mesmo efeito não acontece quando a daninha já está grande e estabelecida.

Para o controle químico do capim-rabo-de-burro, existem indicações de uso de glifosato em doses mais altas, a partir de 1,8 kg de ingrediente ativo por hectare. Mesmo com essa dosagem, o controle será de aproximadamente 80%, e apenas nos estádios iniciais de desenvolvimento. Em plantas adultas, mesmo com essa dose, a eficiência é muito baixa.

A Melhor Época para Aplicação

O segredo do controle químico está no timing. Muitos produtores aplicam o glifosato na primavera, durante a pré-safra da cultura de verão. No entanto, esse pode não ser o momento mais eficaz.

Nesse período, as plantas estão perenizadas, ou seja, em um estado de dormência ou baixa atividade metabólica devido ao inverno. Isso reduz a absorção e a eficácia do herbicida.

A janela ideal para aplicar herbicidas é após a colheita da cultura de verão. Nesse momento, a planta daninha está mais vulnerável e em pleno desenvolvimento.

Siga este passo a passo para um manejo pós-colheita eficaz:

  1. Espere a planta rebrotar após o corte realizado pela colheitadeira.
  2. Faça a pulverização antes das primeiras geadas (se estiver em regiões com esse risco).
  3. Associe glifosato com herbicidas graminicidas específicos para potencializar o controle.
  4. Se a infestação for severa, considere uma aplicação sequencial com Paraquate após alguns dias para eliminar as plantas restantes.
  5. Sempre utilize a dose superior indicada na bula de cada herbicida para garantir a máxima eficiência contra essa daninha resistente.

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Conclusão

O capim-rabo-de-burro é uma planta daninha agressiva que ocorre durante todo o ano, exigindo atenção constante do produtor.

O controle preventivo e o arranque manual são formas muito eficientes de manejar infestações iniciais. Para o controle químico, a estratégia mais eficaz é a aplicação de glifosato associado a um graminicida no período pós-colheita, quando a planta está mais suscetível.

Lembre-se de sempre usar a dose máxima recomendada do herbicida e, se necessário, realizar uma aplicação sequencial com outro princípio ativo para garantir a limpeza da área.

Com essas informações, você pode aprimorar o planejamento da sua safra e adotar as melhores técnicas para manter o capim-rabo-de-burro longe da sua lavoura.


Glossário

  • Graminicidas: Herbicidas específicos para o controle de plantas da família das gramíneas (capins). São frequentemente utilizados em associação com outros produtos para um manejo mais eficaz de plantas daninhas como o capim-rabo-de-burro.

  • Herbicidas sistêmicos e de contato: Dois tipos de herbicidas com modos de ação diferentes. O herbicida de contato mata apenas as partes da planta que toca, enquanto o sistêmico é absorvido e translocado pela seiva, matando a planta inteira, incluindo raízes e rizomas.

  • Ingrediente Ativo (i.a.): A substância química presente em um agrotóxico que é efetivamente responsável pelo controle da praga, doença ou planta daninha. A recomendação de dose, como “1,8 kg de i.a. por hectare”, refere-se à quantidade pura dessa substância a ser aplicada.

  • MIP (Manejo Integrado de Pragas): Uma estratégia de controle que combina diferentes táticas (culturais, biológicas e químicas) de forma racional e sustentável. O objetivo é manter as pragas abaixo do nível de dano econômico, em vez de simplesmente erradicá-las.

  • Perenizadas: Termo que descreve o estado de dormência ou baixa atividade metabólica de plantas durante períodos desfavoráveis, como o inverno. Neste estado, a planta absorve menos produtos, o que reduz a eficácia de herbicidas sistêmicos.

  • Plantas daninhas: Plantas que crescem espontaneamente em locais indesejados, como lavouras, e competem diretamente com a cultura principal por recursos essenciais como água, luz e nutrientes, prejudicando a produtividade.

  • Pousio: Prática agrícola que consiste em deixar uma área de terra sem cultivo por um ou mais períodos. Embora possa ser usada para recuperação do solo, pode também favorecer a infestação de plantas daninhas resistentes se não for bem manejada.

  • Rizoma: Um tipo de caule que cresce horizontalmente debaixo da terra, capaz de armazenar nutrientes e gerar novas raízes e brotos. Essa estrutura permite que a planta se espalhe e forme touceiras, tornando o controle manual e químico mais desafiador.

Como a tecnologia simplifica o controle de plantas daninhas

O controle eficaz do capim-rabo-de-burro, como vimos, depende de um planejamento cuidadoso e da aplicação no momento certo. Registrar cada operação, desde o monitoramento até a pulverização, é fundamental não só para garantir a eficácia da estratégia, mas também para entender o custo real de cada manejo.

Gerenciar essas informações em planilhas ou cadernos, no entanto, pode ser um desafio. É aqui que a tecnologia se torna uma aliada poderosa. Um software de gestão agrícola como o Aegro permite registrar todas as atividades de manejo diretamente pelo celular, no campo.

Com isso, você pode agendar as aplicações de herbicidas na janela ideal, controlar o estoque de insumos e, principalmente, analisar o custo por talhão, garantindo que suas decisões sejam mais seguras e lucrativas. ## Leve sua gestão para o próximo nível

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Perguntas Frequentes

Por que o capim-rabo-de-burro é considerado tão difícil de controlar?

Sua dificuldade de controle se deve a duas características principais: a capacidade de se reproduzir tanto por sementes, que são facilmente dispersadas pelo vento e maquinário, quanto por rizomas (caules subterrâneos) que formam novas touceiras. Além disso, por ser uma planta rústica que se reproduz durante o ano todo, sua erradicação exige um manejo constante e estratégico.

Qual é a melhor época para realizar o controle químico do capim-rabo-de-burro?

A janela mais eficaz para a aplicação de herbicidas é no período pós-colheita da cultura de verão. Nesse momento, a planta daninha está em pleno desenvolvimento e mais vulnerável à absorção do produto, ao contrário da pré-safra (primavera), quando ela pode estar em estado de dormência (perenizada), o que reduz a eficácia do controle.

Além de competir por água e nutrientes, que outros danos o capim-rabo-de-burro causa à lavoura?

Esta planta daninha serve como hospedeira para pragas importantes, funcionando como um ‘abrigo’ entre as safras. Ela é especialmente conhecida por abrigar diversas espécies de percevejos, como o percevejo-marrom e o barriga-verde, aumentando a pressão de infestação dessas pragas no início do desenvolvimento da cultura principal.

Uma única aplicação de glifosato é suficiente para eliminar o capim-rabo-de-burro?

Não, geralmente uma única aplicação não é suficiente, especialmente em plantas adultas. O artigo indica que mesmo doses altas de glifosato (1,8 kg i.a./ha) em plantas jovens atingem um controle de aproximadamente 80%. A recomendação mais eficaz é associar o glifosato a herbicidas graminicidas e, em casos severos, realizar uma aplicação sequencial.

Como posso prevenir que o capim-rabo-de-burro se espalhe para áreas limpas da minha propriedade?

A prevenção é fundamental e envolve duas práticas essenciais. A primeira é a limpeza rigorosa de máquinas e implementos, principalmente colheitadeiras, para evitar o transporte de sementes para outros talhões. A segunda é o monitoramento e controle constante das áreas periféricas da lavoura, como beiras de estradas, barrancos e carreadores, que são focos iniciais de infestação.

O controle manual do capim-rabo-de-burro é uma estratégia viável?

Sim, o controle manual é muito eficaz, mas apenas para infestações iniciais ou focos isolados. Nesses casos, é crucial arrancar a planta com a touceira e a raiz inteiras para impedir a rebrota. Para áreas com alta infestação, o trabalho manual se torna inviável, sendo necessário recorrer a métodos como o controle químico ou a aração profunda do solo.

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