Brachiaria: O Guia Completo para Pasto, Palhada e Aumento de Produtividade

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutorando em Produção Vegetal pela (ESALQ/USP). Especialista em Manejo e Produção de Culturas no Brasil.
Brachiaria: O Guia Completo para Pasto, Palhada e Aumento de Produtividade

Muitos produtores conhecem a brachiaria apenas como alimento para o gado. No entanto, o papel dessa gramínea vai muito além de ser uma simples forragem. Ela é uma ferramenta poderosa para melhorar a saúde do solo e aumentar a produtividade de outras culturas, como a soja e o milho.

Para aproveitar todo o seu potencial, é preciso saber responder a algumas perguntas importantes: Qual a melhor época para semear? Quais espécies são mais indicadas para formar palhada ou alimentar o rebanho?

Neste guia completo, vamos responder a essas e outras dúvidas para que você possa usar a brachiaria da forma mais estratégica na sua fazenda.

O que é uma Brachiaria?

A Brachiaria é um gênero de capim tropical, muito utilizado tanto em pastagens para o gado quanto na agricultura como uma cultura de cobertura, ou seja, uma forma de proteger e melhorar a qualidade do solo.

As espécies mais conhecidas, como a Brachiaria brizantha, a Brachiaria decumbens e a Brachiaria ruziziensis, são valorizadas por sua alta resistência, ótima produtividade e grande capacidade de adaptação a diferentes climas e tipos de solo.

Além disso, essas gramíneas trazem outros benefícios fundamentais:

  • Fixação de carbono: ajudam a retirar carbono da atmosfera e armazená-lo no solo.
  • Aumento da matéria orgânica: a decomposição de suas raízes e palha enriquece o solo, melhorando a fertilidade e a estrutura.
  • Recuperação de áreas degradadas: são excelentes para revitalizar solos pobres ou compactados.
  • Sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP): são a base para sistemas que combinam agricultura e criação de gado na mesma área, controlando a erosão e aumentando a produtividade geral.

Qual a importância da Brachiaria para o agronegócio?

Introduzidas no Brasil entre as décadas de 1950 e 1960, as espécies de Brachiaria se tornaram as principais plantas forrageiras do país. Sua alta capacidade de se desenvolver em solos ácidos foi um diferencial.

A chegada do braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu) em 1965 foi um marco, pois permitiu intensificar a criação de gado de corte em larga escala.

Originárias das savanas do continente africano, as espécies de Brachiaria se adaptaram perfeitamente ao nosso clima tropical e ao Cerrado.

Essa adaptação impulsionou a pecuária de corte no Brasil, aumentando a capacidade de suporte das pastagens. A taxa de lotação — uma medida de quantos animais uma área suporta — saltou de 0,3 UA/ha para 1,5 UA/ha.

Para entender melhor: UA/ha (Unidade Animal por Hectare) é uma medida padrão que representa um bovino de 450 kg. Aumentar a taxa de lotação significa que a mesma área de pasto consegue alimentar mais animais.

Esse salto de produtividade ajudou o Brasil a se tornar o maior produtor de carne bovina do mundo, com a Brachiaria ocupando cerca de 80% das áreas de pastagens do país.

Quais são os tipos de Brachiaria?

Embora existam mais de 80 espécies no gênero, quatro delas se destacam pela maior importância econômica no Brasil, cobrindo a maior parte dos 80% das pastagens cultivadas:

  1. Brachiaria brizantha: É, de longe, a mais utilizada, correspondendo a 50% das pastagens brasileiras. Seus três cultivares mais consolidados são:

    • Cv. Marandu (o famoso Braquiarão);
    • Cv. Piatã (lançado pela Embrapa em 2007);
    • Cv. Xaraés (lançado pela Embrapa em 2003).
  2. Brachiaria decumbens: Destaque para o cultivar Basilisk, a famosa braquiarinha. Importada da Austrália nos anos 60, dominou o cenário nacional até a chegada do Marandu. Geralmente, atinge até 70 cm de altura.

  3. Brachiaria humidicola: Seus principais cultivares são o cv. Lianero, o cv. Comum e o cv. Tupi.

  4. Brachiaria ruziziensis: O cultivar de maior destaque é o cv. Kennedy. Atualmente, um híbrido chamado cv. Mulato 2 (cruzamento entre B. decumbens e B. ruziziensis) também é muito utilizado.

Como identificar uma Brachiaria?

A Brachiaria é usada principalmente em áreas de pastagem e em sistemas de integração lavoura-pecuária, devido à sua grande capacidade de adaptação.

Para identificar essas plantas no campo, você precisa observar algumas de suas características principais:

  • Hábito de Crescimento: A Brachiaria geralmente cresce formando touceiras, que podem ser mais eretas ou semi-eretas, dependendo do cultivar. Algumas espécies, como a Brachiaria decumbens, têm um crescimento mais deitado, chamado de prostrado.
  • Folhas: As folhas são estreitas e finas. As bordas podem ser serrilhadas ou lisas. A Brachiaria brizantha, por exemplo, tem folhas mais largas e de um verde bem vivo.
  • Crescimento Vegetativo: Algumas espécies, como a Brachiaria decumbens, produzem estolões. Estolões: são ramificações que crescem na horizontal, sobre o solo, ajudando a fechar e cobrir a área mais rapidamente.
  • Tamanho: A altura varia bastante com a espécie, mas a maioria fica entre 50 cm e 1,5 metros.
  • Inflorescência: As flores são pequenas e se agrupam em uma estrutura chamada panícula, que parece um cacho com várias ramificações. A cor das flores varia de esbranquiçada a amarelada.
  • Sementes: As sementes são pequenas, geralmente de cor marrom ou preta, com formato e tamanho específicos para cada cultivar.

uma visão em close-up e de ângulo baixo do solo de uma lavoura de soja em fase final de maturação. Ao fundo, oEstabelecimento da forrageira após a sobressemeadura, ainda em consórcio com a soja

(Fonte: Embrapa)

Importância da Brachiaria para o plantio direto

No nosso clima tropical, a brachiaria é fundamental para quem adota o sistema de plantio direto (SPD).

Embora existam outras opções para produzir palha, ela se destaca por ser uma planta rústica e com alta produção de biomassa. Além disso, sua relação Carbono/Nitrogênio (C/N) é ideal, o que significa que a palha dura mais tempo sobre o solo, protegendo-o por um período maior.

A gramínea pode ser incluída no sistema de produção de duas maneiras:

  1. Semeada em monocultivo: plantada sozinha, após a colheita da primeira safra.
  2. Consorciada na segunda safra: plantada junto com o milho ou sorgo, por exemplo.

Em ambos os casos, a semeadura da brachiaria deve ser feita durante o período da segunda safra (safrinha). Isso ocorre porque, por ser uma planta de clima quente, ela não cresce bem em temperaturas baixas.

O consórcio é a técnica mais avançada, mas gera debates. Vamos detalhá-la a seguir.

Consórcio com brachiaria

O consórcio de forrageiras com culturas de grãos começou a ganhar força com o Sistema Barreirão, desenvolvido pela Embrapa.

Originalmente, o sistema consistia no cultivo de arroz de sequeiro junto com a forrageira. O objetivo principal era reduzir os custos de renovação da pastagem. Nessa técnica, o solo era preparado de forma convencional, com aração e gradagem, sem o uso do plantio direto. A ideia era corrigir o perfil do solo e reformar a pastagem, sem planos de rotacionar a área com agricultura.

Anos depois, a Embrapa evoluiu para o Sistema Santa Fé. Este novo sistema incorporou os princípios do plantio direto ao consórcio e passou a defender a rotação entre pastagem e agricultura na mesma área.

A partir daí, o uso de culturas como milho e sorgo em consórcio com brachiaria cresceu muito. Diversos experimentos mostraram que era possível manter a produtividade dos grãos mesmo com a presença da forrageira.

Integração Lavoura-Pecuária (ILP)

O uso da integração entre lavoura e pecuária tem se tornado cada vez mais comum no Brasil.

Com a ILP, os pecuaristas conseguem reduzir os custos para renovar suas pastagens. Já os agricultores ganham a chance de diversificar a produção e até obter a renda de uma terceira safra!

Um ciclo típico de ILP pode funcionar assim:

  1. Safra de verão: plantio de soja.
  2. Safrinha: plantio de milho ou sorgo consorciado com brachiaria.
  3. Pós-colheita da safrinha: o gado entra na área para pastar sobre a brachiaria até o momento de plantar a próxima safra de verão.

Nesse sistema, o uso de capins mais rústicos e produtivos, como o Marandu ou o Piatã, costuma ser a melhor escolha.

Essa fase com o gado ficou conhecida como “safrinha de boi”. No entanto, ela não é obrigatória. O produtor pode simplesmente rotacionar as áreas da fazenda, alternando anos de agricultura com anos de pastagem.

Outra forma de incluir a forrageira no sistema é com a sobressemeadura da brachiaria na soja. Sobressemeadura: significa semear a forrageira por cima da lavoura de soja, quando ela está na fase de enchimento de grãos até o início da maturação (estádios R5 a R7).

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Características das brachiarias e manejo dos sistemas

Cada cultivar de brachiaria tem características específicas que definem seu melhor uso e o manejo correto.

A escolha ideal depende de fatores como resistência a pragas, capacidade de adaptação ao clima e ao solo da sua região, além da produtividade esperada e da tolerância ao pastejo. Confira os detalhes das principais espécies:

1. Brachiaria brizantha

A Brachiaria brizantha é uma planta forrageira perene (vive por vários anos), com crescimento ereto ou semi-ereto e originária da África.

Ela possui uma alta capacidade de adaptação, desenvolvendo-se bem em altitudes de 80 a 2.000 metros e com chuvas anuais entre 500 e 2.500 mm. Além disso, tolera solos com pH entre 4 e 8.

Introduzida no Brasil em 1967, a cultivar Marandu (braquiarão) se destacou rapidamente pela alta produtividade, resistência à cigarrinha-das-pastagens e boa digestibilidade para o gado.

Depois dela, novas cultivares como Xaraés (2003) e Piatã (2007) foram lançadas, ampliando as opções para os pecuaristas.

Cultivares Principais de B. brizantha
MaranduXaraésPiatã
Altura de 1 a 1,5 mCrescimento ereto, altura de 1,5 mPorte médio (0,8 a 1 m)
Boa adaptação ao clima tropicalAlta produtividade e prolonga o pastejo na secaProdução de 17 a 20 t de matéria seca/ha
Alta produção (até 20 t de matéria seca/ha)Capacidade de suporte 20% maior que o MaranduBoa resistência às cigarrinhas
Resistente à cigarrinha e não causa fotossensibilidadeSuscetível à mela das sementes e cigarrinhasTolerância moderada a solos mal drenados
Manejo com altura de 20 cm (pastejo contínuo) ou 25 cm (entrada) / 15-18 cm (saída) (pastejo rotacionado)Manejo com altura de 25 cm (contínuo) ou 30 cm (entrada) / 15-20 cm (saída) (rotacionado)Manejo com altura de entrada de 35 cm (rotacionado)

As cultivares de Brachiaria brizantha são ótimas para integração lavoura-pecuária. Quando consorciadas com milho, recomenda-se uma densidade menor, de 6 a 12 plantas por metro quadrado, para evitar competição e perda de produtividade dos grãos.

Para a dessecação antes do plantio da próxima safra, essas plantas podem ter resistência moderada ao glifosato. A recomendação geral é a aplicação de 3 a 4 litros do produto por hectare.

2. Brachiaria decumbens

A Brachiaria decumbens cv. Basilisk (braquiarinha) foi uma das gramíneas mais cultivadas no Brasil, especialmente durante sua expansão entre 1968 e 1974.

Sua principal vantagem é a adaptação a solos ácidos e de baixa fertilidade, o que facilita seu estabelecimento e a competição com plantas nativas.

Possui crescimento prostrado (deitado), com altura entre 50 e 100 cm, e alta emissão de estolões, cobrindo bem o solo. É resistente a curtos períodos de seca (precisa de no mínimo 800 mm de chuva por ano), mas não tolera solos encharcados.

Sua produção de matéria seca fica entre 8 e 10 toneladas por hectare ao ano, sendo 80% desse volume concentrado no período chuvoso. Um ponto de atenção é que suas sementes podem ficar dormentes no solo por até 12 meses, dificultando sua eliminação.

Brachiaria e Cobertura do Solo

A Brachiaria decumbens é muito eficiente para cobrir o solo, seja em consórcio com milho/sorgo ou semeada sobre a lavoura de soja.

Contudo, sua difícil erradicação e a dormência prolongada das sementes tornam o controle um desafio para a safra seguinte. Para formação de palhada, outras espécies, como a ruziziensis, podem ser mais indicadas por serem mais fáceis de manejar.

Embora seu valor nutricional seja parecido com o de outras brachiárias, a decumbens tem menor produtividade e responde menos à adubação quando comparada à B. brizantha.

Além disso, ela é suscetível às cigarrinhas-das-pastagens, o que pode comprometer sua durabilidade em sistemas de longo prazo.

3. Brachiaria humidicola

Para terrenos mal drenados ou sujeitos a alagamentos, a principal indicação são as cultivares da B. humidicola. Elas apresentam crescimento estolonífero (se espalham por estolões) e se adaptam bem a solos de baixa fertilidade.

No entanto, é importante notar que apenas o cultivar “Comum” apresenta boa tolerância às cigarrinhas-das-pastagens. Em geral, o estabelecimento de todas as cultivares de humidicola é mais lento, pois seus estolões demoram mais para enraizar.

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4. Brachiaria ruziziensis

A B. ruziziensis é a espécie mais utilizada para formar palhada no sistema deplantio direto. Suas grandes vantagens são o rápido estabelecimento no campo e a facilidade de dessecação e controle com herbicidas.

Por outro lado, ela possui pontos fracos que limitam sua escolha:

  • Baixa adaptação a solos ácidos e de baixa fertilidade.
  • Alta suscetibilidade às cigarrinhas-das-pastagens.
  • Baixa capacidade de competir com plantas invasoras.

Semeadura da brachiaria

No consórcio com milho ou sorgo, a semeadura da forrageira pode ser feita de duas formas principais, cada uma com um objetivo.

  1. Semeadura tardia: Realizada junto com a adubação de cobertura do milho (estádios V3-V5). Essa prática diminui a competição inicial com a cultura principal, resultando em menor produção de forragem, mas garantindo a produtividade do milho.

  2. Semeadura junto com o plantio do milho: Pode ser feita a lanço, na entrelinha ou na mesma linha do milho (porém em maior profundidade). Esse método aumenta a produção de forragem e é a melhor escolha quando o objetivo é usar o pasto para a recria e engorda de gado de corte.

Para reduzir a competição quando as duas espécies são semeadas juntas, pode-se usar graminicidas em **subdosagem, combinados com atraz


Glossário

  • Cultura de Cobertura: Plantas, como a brachiaria, cultivadas para proteger e melhorar o solo entre os ciclos das culturas principais. Elas ajudam a controlar a erosão, aumentar a matéria orgânica e suprimir plantas daninhas, em vez de serem colhidas para venda.

  • Dessecação: Aplicação de herbicidas para secar rapidamente uma cultura de cobertura, como a brachiaria, antes do plantio da safra seguinte. Este processo transforma a planta em palhada, facilitando o plantio direto.

  • Estolões: Ramos que crescem horizontalmente sobre a superfície do solo, capazes de criar novas raízes e plantas. Espécies de brachiaria com estolões, como a decumbens, formam uma cobertura de solo mais densa e rápida.

  • ILP (Integração Lavoura-Pecuária): Sistema de produção que combina atividades agrícolas (soja, milho) e pecuárias (gado) na mesma área, de forma sucessiva ou consorciada. A brachiaria é fundamental neste sistema, servindo como pastagem após a colheita dos grãos.

  • Matéria Seca: O peso total de uma planta após a remoção completa da água. É a medida usada para quantificar a produtividade de forrageiras, indicando a quantidade real de biomassa (nutrientes e fibra) disponível por hectare (t/ha).

  • Palhada: Camada de material vegetal seco (restos de cultura ou de plantas de cobertura) deixada sobre a superfície do solo. A brachiaria é excelente para formar palhada, que protege o solo do sol e da chuva e enriquece-o com matéria orgânica.

  • Plantio Direto (SPD): Sistema de cultivo realizado diretamente sobre a palhada da cultura anterior, sem a necessidade de arar ou gradear o solo. A brachiaria é essencial para fornecer a cobertura vegetal (palha) necessária para o sucesso desse sistema.

  • Sobressemeadura: Técnica de semear uma cultura (como a brachiaria) sobre outra já estabelecida e em fase final de desenvolvimento (como a soja). Permite que a forrageira comece a crescer antes da colheita da cultura principal, otimizando o tempo.

  • Taxa de Lotação: Medida que indica a quantidade de animais que uma determinada área de pastagem pode sustentar por um período. É geralmente expressa em Unidades Animais por Hectare (UA/ha), onde uma UA equivale a um bovino de 450 kg.

Veja como superar os desafios de gestão com a brachiaria

Implementar sistemas complexos como a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) ou o consórcio com milho é uma estratégia poderosa, mas gerenciar os custos e o planejamento de cada etapa é um desafio constante. Um software de gestão agrícola como o Aegro centraliza o controle financeiro e operacional, permitindo um acompanhamento preciso dos custos de formação da pastagem e da rentabilidade da sua “safrinha de boi”.

Além do controle financeiro, o planejamento de atividades se torna mais simples. Registrar o monitoramento de pragas, como as cigarrinhas-das-pastagens, e agendar as aplicações necessárias ajuda a otimizar o uso de defensivos e a proteger tanto a lavoura quanto a pastagem, garantindo que o sistema produtivo funcione sem imprevistos.

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Perguntas Frequentes

Qual a melhor espécie de Brachiaria para formar palhada no plantio direto e qual a melhor para pastagem?

Para formar palhada, a Brachiaria ruziziensis é a mais indicada por seu rápido estabelecimento e facilidade de dessecação com herbicidas. Já para pastagem, especialmente em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), a Brachiaria brizantha (cultivares Marandu e Piatã) é superior devido à sua alta produtividade, porte ereto e maior resistência a pragas como a cigarrinha-das-pastagens.

Como a Brachiaria pode competir com o milho no consórcio e como evitar a perda de produtividade?

A Brachiaria pode competir com o milho por recursos essenciais como água, luz e nutrientes, o que pode reduzir a produtividade da lavoura. Para evitar isso, pode-se realizar a semeadura tardia da forrageira, junto com a adubação de cobertura do milho (estádios V3-V5), ou utilizar subdosagens de herbicidas graminicidas para controlar o crescimento inicial da Brachiaria sem eliminá-la.

O que significa o termo ‘safrinha de boi’ no contexto da Integração Lavoura-Pecuária (ILP)?

A ‘safrinha de boi’ é o período de pastejo que ocorre após a colheita da safrinha de grãos (milho ou sorgo). Nesse sistema, o gado é introduzido na área para se alimentar da Brachiaria que foi consorciada com a lavoura, gerando uma terceira fonte de renda na mesma área (carne ou leite) antes do plantio da próxima safra de verão.

Qual a diferença prática entre o consórcio da Brachiaria com milho e a sobressemeadura na soja?

No consórcio, a Brachiaria é semeada junto ou logo após o plantio do milho, crescendo simultaneamente com a cultura principal. Já a sobressemeadura é a técnica de semear a Brachiaria por cima da lavoura de soja quando esta já está em fase final (enchimento de grãos), permitindo que a forrageira se estabeleça antes da colheita da soja, otimizando a janela de cultivo.

Por que a Brachiaria decumbens é considerada de manejo difícil para a formação de palhada?

O manejo da B. decumbens é desafiador por duas razões principais: seu crescimento prostrado (deitado) dificulta a dessecação uniforme e o corte mecânico. Além disso, suas sementes possuem uma dormência prolongada no solo (até 12 meses), o que pode causar o surgimento de plantas indesejadas na safra seguinte, tornando sua erradicação mais complexa.

É preciso adubar a Brachiaria quando usada como cultura de cobertura?

Embora a Brachiaria seja rústica e se adapte a solos de baixa fertilidade, uma adubação de manutenção, especialmente com nitrogênio, pode potencializar significativamente sua produção de biomassa. Isso resulta em uma palhada mais volumosa e de melhor qualidade para o sistema de plantio direto, além de acelerar a ciclagem de nutrientes no solo.

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