Defensivos para Pragas do Milho: Quando e Como Aplicar

Redação Aegro
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Defensivos para Pragas do Milho: Quando e Como Aplicar

A cultura do milho enfrenta o ataque de diversas pragas e, por isso, o uso de defensivos agrícolas é uma ferramenta essencial na sua caixa de ferramentas. As lagartas, por exemplo, podem causar perdas de até 50% na produtividade se não forem controladas a tempo.

Mas você sabe qual é a melhor maneira de utilizar os inseticidas na sua lavoura? E qual o momento ideal para a aplicação para garantir o máximo de eficácia e o melhor custo-benefício?

Essas perguntas são fundamentais para dominar o processo de aplicação de defensivos para as pragas do milho. A seguir, vamos detalhar o melhor manejo, o uso da tecnologia e a época correta de aplicação para proteger seu investimento e sua colheita.

Principais Pragas do Milho: Conheça Seus Inimigos

Na cultura do milho, diversas pragas e doenças podem prejudicar a produtividade. O uso de defensivos agrícolas serve para controlar insetos, ácaros, fungos, nematoides e plantas daninhas.

Neste artigo, nosso foco será no controle de insetos-praga com o uso de inseticidas. Os principais insetos que podem causar danos significativos à sua lavoura são:

  1. Corós (família Melolonthidae)
  2. Larva-arame (Conoderus scalaris)
  3. Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)
  4. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
  5. Larva-alfinete (Diabrotica speciosa)
  6. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
  7. Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea)
  8. Broca-da-cana (Diatraea saccharalis)
  9. Percevejos (Dalbulus sp. e Dichelops spp.)

É importante lembrar que essas pragas não atacam todas ao mesmo tempo. Algumas causam mais problemas no início do desenvolvimento da planta, outras na fase vegetativa e outras durante a fase reprodutiva.

infográfico informativo intitulado ‘Calendário Pragas de Milho’. Ele apresenta um gráfico de barras horizontais

Saber a época de ataque de cada praga é o primeiro passo para garantir um controle efetivo, permitindo que você aplique o produto certo, na hora certa.

Quando Aplicar os Inseticidas? A Mudança do Calendário para o Monitoramento

No passado, era comum que produtores aplicassem inseticidas seguindo um calendário fixo, com datas pré-determinadas para as pulverizações. No entanto, essa prática não é recomendada, pois pode gerar custos desnecessários, resistência de pragas e impactos ambientais.

Hoje, a abordagem mais moderna e eficiente é o Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Em outras palavras: O MIP não elimina o controle químico, mas o integra a outras táticas (como controle biológico e práticas culturais). O objetivo é usar os defensivos de forma racional e precisa, apenas quando for realmente necessário.

No MIP, o controle químico é uma ferramenta utilizada com base no nível de dano da praga. A aplicação do inseticida só deve ocorrer quando a população da praga atingir o Nível de Controle (NC). Isso significa que a aplicação é feita no momento exato em que a população da praga justifica o custo da intervenção, evitando perdas econômicas.

Abaixo, veja a tabela com os níveis de controle para algumas das principais pragas.

uma tabela informativa sobre pragas agrícolas, organizada em três colunas: ‘PRAGA’, ‘NOME CIENTÍFICO’ e ‘NÍVEL

Para determinar o nível de controle, o monitoramento constante da lavoura é indispensável. Você pode aprender as principais formas de fazer isso neste artigo: Por que você deve fazer monitoramento de pragas e como iniciá-lo?.

Após o monitoramento, você terá os dados necessários para tomar a decisão correta, seja para o controle químico ou para o controle biológico, garantindo a eficácia de qualquer produto utilizado.

Aplicação em Lavouras com Tecnologia Bt: Cuidados Específicos

O uso da tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis) é uma ferramenta poderosa para o controle de lagartas. No entanto, ela exige alguns cuidados e, em certas situações, pode ser necessário complementar com a aplicação de defensivos.

É fundamental que você saiba como fazer o manejo da resistência de pragas. Combinando essa prática com o monitoramento e as outras táticas do MIP, suas chances de sucesso aumentam consideravelmente.

Se, mesmo com todos os cuidados, o controle químico for necessário em uma área Bt, fique atento. O nível de dano que justifica a aplicação pode ser diferente do controle convencional.

Lembre-se também que a tecnologia Bt não controla percevejos. Portanto, o nível de controle para esses insetos deve ser o mesmo utilizado em áreas de milho convencional.

slide com recomendações técnicas do IRAC-BR (Comitê Internacional de Ação à Resistência de Inseticidas Nível de controle para lagartas em milho – em áreas de refúgio e Bt (Fonte: Pioneer Sementes)

As Condições Ideais para Aplicação de Defensivos

Você seguiu todos os passos: observou sua lavoura, realizou o monitoramento e concluiu que precisa aplicar um inseticida para controlar a praga que está causando problemas na sua plantação.

Mas qual é a melhor forma de aplicar? Alguns fatores são cruciais para o sucesso da operação.

1. Estágio de Desenvolvimento da Planta

Como as pragas atacam em fases diferentes, o estágio fenológico (a fase de desenvolvimento da planta) deve ser considerado. O melhor momento para a aplicação é durante a chamada janela de aplicação: o período ideal para controlar uma geração específica da praga, antes que ela cause danos severos ou se torne mais difícil de atingir.

2. Rotação de Grupos Químicos dos Inseticidas

Inseticidas possuem diferentes modos de ação, que é a forma como eles matam a praga. Para evitar que as pragas desenvolvam resistência e a tecnologia do produto se perca, é fundamental rotacionar o modo de ação dos inseticidas.

Para entender melhor: Não utilize o mesmo produto ou produtos com o mesmo modo de ação repetidamente. Intercale com inseticidas que funcionam de maneira diferente. Evite misturas prontas com o mesmo modo de ação em aplicações seguidas.

Dê preferência a defensivos seletivos, que são menos prejudiciais aos inimigos naturais (insetos benéficos que ajudam no controle biológico). Para orientação, consulte sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

Confira abaixo as recomendações de manejo para milho não-Bt, milho Bt e áreas de refúgio.

Este infográfico técnico detalha o calendário de manejo de pragas para a cultura do milho não-Bt. A imagem é estruturada como

Este infográfico detalha um plano de manejo de pragas para a cultura do milho Bt, focando em lagartas e percevejos. A imagem

Este infográfico técnico detalha o manejo de pragas em áreas de refúgio para a cultura do milho Bt. A imagem é estruturada co

uma legenda informativa com um fundo verde claro, projetada para decodificar símbolos relacionados ao uso de i (Fonte: IRAC – Brasil (Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas – Brasil)

3. Condições Climáticas

Outro fator decisivo é o clima no momento da aplicação. As condições certas garantem que o produto chegue ao alvo e não seja desperdiçado. Fique atento a estes parâmetros:

  • Temperatura ideal: entre 20°C e 30°C.
  • Umidade relativa do ar: entre 60% e 90%.
  • Velocidade do vento: não deve ultrapassar 10 km/h para evitar a deriva (desvio do produto para áreas não desejadas).

Tecnologia de Aplicação: A Chave para a Eficácia

Por último, mas não menos importante, a tecnologia de aplicação é fundamental. A deposição correta do produto sobre a planta garante não só o controle efetivo da praga, mas também evita o desperdício de produto e dinheiro.

Por isso, verifique sempre seu equipamento:

  • As pontas de pulverização são as ideais para o produto e o alvo?
  • O tamanho e a densidade das gotas estão corretos e uniformes?

Na cultura do milho, muitas pragas, como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e a broca-da-cana (Diatraea saccharalis), passam grande parte de seu ciclo de vida protegidas dentro da planta. Para essas pragas, uma tecnologia de aplicação bem ajustada faz toda a diferença para que o produto atinja o alvo e seja eficaz.

Conclusão

A cultura do milho possui diversas pragas que, se não forem bem manejadas, podem causar sérios prejuízos. O controle com inseticidas é uma das ferramentas mais importantes dentro do Manejo Integrado de Pragas.

Neste artigo, vimos que o monitoramento é a base para decidir a real necessidade de controle, tanto em cultivos convencionais quanto em áreas com milho-Bt e refúgio.

Além disso, para um controle realmente efetivo, é crucial saber quando aplicar (com base nos níveis de controle), como aplicar (considerando clima e tecnologia) e quais produtos utilizar (rotacionando modos de ação). Seguindo essas práticas, você protege sua lavoura de forma mais inteligente e rentável.


Glossário

  • Área de refúgio: Porção da lavoura de milho plantada com sementes convencionais (não-Bt), próxima à área com tecnologia Bt. Serve para manter uma população de pragas suscetíveis aos inseticidas, retardando o desenvolvimento de resistência na lavoura principal.

  • Deriva: É o desvio do defensivo agrícola para fora da área de aplicação desejada, causado principalmente pelo vento. A deriva resulta em desperdício de produto e pode contaminar áreas vizinhas.

  • Estágio fenológico: Refere-se às diferentes fases de desenvolvimento de uma planta, como germinação, crescimento vegetativo (V1, V2, etc.) e reprodutivo (floração, enchimento de grãos). Identificar o estágio correto é crucial para aplicar o manejo certo na hora certa.

  • Manejo Integrado de Pragas (MIP): Estratégia que combina diferentes métodos de controle (biológico, cultural, químico) de forma racional. A aplicação de defensivos químicos só ocorre quando a praga atinge um nível que causa dano econômico, com base em monitoramento constante.

  • Modo de ação: É a maneira específica como um inseticida afeta e mata a praga (ex: ataca o sistema nervoso, o sistema digestivo, etc.). Rotacionar produtos com diferentes modos de ação é fundamental para evitar que as pragas se tornem resistentes.

  • Nível de Controle (NC): Densidade populacional da praga na lavoura que indica o momento exato de realizar a aplicação de defensivos. A intervenção neste ponto evita que os prejuízos causados pela praga superem o custo do controle.

  • Tecnologia Bt: Refere-se a plantas de milho geneticamente modificadas que contêm um gene da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt). Esse gene faz com que a planta produza uma proteína que é tóxica para certas lagartas, funcionando como um inseticida biológico na própria planta.

Veja como a tecnologia pode simplificar o manejo de pragas

Realizar o monitoramento constante e registrar os dados de cada talhão, como recomendado no Manejo Integrado de Pragas (MIP), pode ser um desafio complexo. Ferramentas de gestão agrícola, como o Aegro, resolvem isso ao permitir que você anote as informações do monitoramento diretamente no campo, pelo celular. Isso cria um histórico detalhado que ajuda a decidir o momento exato da pulverização com base no Nível de Controle, garantindo que cada aplicação seja justificada e eficaz.

Além de otimizar o controle agronômico, essa precisão se reflete diretamente no financeiro. Ao registrar cada aplicação no sistema, você sabe exatamente quanto está gastando com defensivos em cada área, controlando o estoque de insumos e o custo total da produção. Essa visão integrada transforma o manejo de pragas em uma decisão não apenas técnica, mas também mais rentável.

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Perguntas Frequentes

O que é o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e por que ele é mais eficiente que a aplicação por calendário?

O MIP é uma estratégia moderna que utiliza o monitoramento constante da lavoura para decidir o momento certo de aplicar um defensivo. Ao invés de seguir um calendário fixo, a aplicação só ocorre quando a praga atinge o Nível de Controle, ou seja, quando o dano econômico justifica o custo da intervenção. Isso reduz custos, evita o desenvolvimento de resistência das pragas e diminui o impacto ambiental.

Ainda preciso aplicar inseticidas em uma lavoura de milho com tecnologia Bt?

Sim, em algumas situações pode ser necessário. Embora a tecnologia Bt seja eficaz contra as principais lagartas, ela não controla todas as pragas, como os percevejos. Além disso, em casos de alta infestação, o controle da planta pode não ser suficiente. Por isso, o monitoramento contínuo é indispensável mesmo em áreas com milho Bt para determinar a necessidade de uma aplicação complementar.

Qual a real importância da área de refúgio no cultivo de milho Bt?

A área de refúgio, plantada com milho não-Bt, é fundamental para preservar a eficácia da tecnologia. Ela permite a sobrevivência de insetos suscetíveis à proteína Bt, que se acasalam com os poucos insetos resistentes da área principal. Isso retarda o desenvolvimento de uma população de pragas totalmente resistente, garantindo que a tecnologia Bt continue protegendo a lavoura por mais tempo.

O que acontece se eu aplicar defensivos agrícolas fora das condições climáticas ideais?

Aplicar defensivos em condições adversas, como ventos fortes, temperaturas altas ou baixa umidade do ar, compromete seriamente a eficácia do controle. O vento pode causar a deriva, desperdiçando produto e contaminando áreas vizinhas, enquanto o calor excessivo pode evaporar as gotas antes que cheguem ao alvo. O resultado é um controle ineficiente da praga e prejuízo financeiro.

Como funciona na prática a rotação de modo de ação dos inseticidas?

Na prática, rotacionar o modo de ação significa alternar o uso de inseticidas com mecanismos diferentes para matar a praga. Em vez de usar o mesmo produto ou produtos do mesmo grupo químico repetidamente, você deve intercalar com defensivos que atuam de formas distintas (ex: um que afeta o sistema nervoso e outro o sistema digestivo). Essa prática é essencial para evitar que as pragas desenvolvam resistência.

Por que a tecnologia de aplicação é tão crucial para o controle de pragas como a lagarta-do-cartucho?

Pragas como a lagarta-do-cartucho e a broca-da-cana passam boa parte de seu ciclo de vida protegidas dentro da planta. Uma tecnologia de aplicação bem ajustada, com as pontas de pulverização e o tamanho de gota corretos, garante que o inseticida penetre nessas áreas de difícil acesso. Sem a deposição correta do produto no alvo, o controle será ineficaz, mesmo utilizando o defensivo mais potente.

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