Adubação Nitrogenada: Aumente a Produtividade em Milho, Arroz, Feijão e Trigo

Redatora parceira Aegro.
Adubação Nitrogenada: Aumente a Produtividade em Milho, Arroz, Feijão e Trigo

O nitrogênio é um dos nutrientes que as plantas mais precisam para crescer fortes e saudáveis.

Com a busca por produtividades cada vez maiores, toda estratégia de manejo que ajude a explorar o potencial máximo das lavouras é bem-vinda. A adubação nitrogenada é uma das mais importantes.

A seguir, vamos explicar a importância dessa adubação e as melhores estratégias para ter sucesso em diferentes culturas.

A Importância da Adubação Nitrogenada nas Culturas

Para uma planta se desenvolver por completo, ela precisa ter acesso a todos os nutrientes considerados essenciais.

Entre eles, o nitrogênio (N) é um dos mais importantes. Ele é um macronutriente: significa que a planta precisa dele em grandes quantidades.

Essa necessidade alta acontece porque o nitrogênio é fundamental para a produção de proteínas e outros compostos que formam a estrutura da planta.

A falta de nitrogênio no solo pode causar uma queda grande na produção, pois:

  • Limita o crescimento da planta;
  • Reduz a expansão e a divisão das células;
  • Compromete a área das folhas;
  • Diminui a taxa de fotossíntese.

Por isso, os fertilizantes nitrogenados são essenciais para fornecer a quantidade certa desse nutriente e garantir altas produtividades.

A Demanda de Nitrogênio em Diferentes Lavouras

Com o uso contínuo do solo para a agricultura, é fundamental fazer a reposição dos nutrientes, e o nitrogênio está no topo da lista.

Vamos ver como funciona a adubação nitrogenada para as culturas de milho, arroz, feijão e trigo.

Adubação Nitrogenada do Milho

O milho é uma gramínea, e sua capacidade de absorver nitrogênio varia muito. Isso depende do tamanho das raízes, do clima e, principalmente, do seu estágio fenológico: significa a fase de desenvolvimento da planta (se está crescendo, florescendo, etc.).

O manejo do nitrogênio para a produção de grãos de milho deve levar em conta vários aspectos:

De modo geral, o milho começa a puxar mais nitrogênio no início do seu crescimento. O pico de absorção acontece no começo da fase reprodutiva, e depois diminui.

A dosagem correta de N depende de muitos fatores, como a fertilidade do solo, a cultivar utilizada, a expectativa de produção e as condições do clima.

uma tabela técnica detalhando a extração e exportação de nutrientes pela cultura do milho, correlacionando-as (Fonte: Pionner Sementes)

Aplicação na Semeadura e em Cobertura

A adubação nitrogenada para milho é recomendada tanto na semeadura como em cobertura.

No plantio, a recomendação é usar até 30 kg/ha de nitrogênio. Doses maiores que isso podem ser tóxicas para as plântulas por causa do excesso de nitrato.

Para a adubação de cobertura, o momento ideal é quando a planta mais precisa do nutriente. A aplicação pode ser feita assim:

  • Dose Única: Se a dose total for menor, aplique tudo de uma vez quando as plantas estiverem nos estágios V3 e V4 (três a quatro folhas totalmente expandidas).
  • Aplicação Parcelada: Se sua meta de produtividade é alta e você precisa aplicar uma dose maior de N, o ideal é dividir a aplicação. Isso reduz perdas e aumenta a eficiência do fertilizante. A segunda dose da cobertura deve ser aplicada por volta dos estágios V7 e V8 (sete a oito folhas expandidas), fase em que a planta ainda está absorvendo muito nitrogênio.

Adubação Nitrogenada do Arroz

A adubação com nitrogênio no arroz exige cuidado. A falta de N afeta o desenvolvimento da planta e reduz diretamente a produtividade.

Por outro lado, o excesso de N também é um problema. Ele pode causar acamamento: quando as plantas deitam por fraqueza do colmo. Além disso, pode levar à esterilidade das espiguetas: significa que os grãos não se formam corretamente, e ainda facilita o surgimento de doenças.

tabela técnica detalhada sobre a quantidade de nutrientes acumulados por uma cultura agrícola, provave (Fonte: Unifértil)

Segundo o Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), a recomendação é a seguinte:

  • No Plantio: Aplicar de 10 kg/ha a 20 kg/ha de N.
  • Em Cobertura: O restante da dose deve ser parcelado. Aplique (dois terços) quando a planta tiver de três a quatro folhas e o (um terço) final quando tiver de oito a nove folhas expandidas.

infográfico técnico que ilustra as fases de desenvolvimento da cultura do arroz e os momentos ideais para a apl (Fonte: Unifértil)

Adubação Nitrogenada do Feijão

O feijão é uma cultura que exige bastante nutriente. Seu ciclo é curto e seu sistema de raízes é pequeno e superficial, então ele precisa de nutrientes disponíveis rapidamente.

uma tabela comparativa de dados sobre a extração e exportação de nutrientes por diferentes cultivares agrícola (Fonte: NPCT)

O feijão absorve nitrogênio durante quase todo o seu ciclo. No entanto, o período de maior necessidade vai dos 35 aos 50 dias após a emergência (DAE), que coincide com o florescimento. Nessa fase, a planta pode absorver de 2 kg a 2,5 kg de N por hectare por dia.

O feijão faz uma associação com bactérias que fixam nitrogênio do ar (associação simbiótica). Porém, a quantidade de N fixado só se torna significativa após os 35 DAE. Como a planta precisa de nitrogênio antes disso, a adubação inicial é fundamental.

Depois de analisar o solo, a cultivar, o clima e a expectativa de produção, a recomendação geral de aplicação é:

  1. No Plantio: Aplique (um terço) da dose total no sulco.
  2. Em Cobertura: Aplique os (dois terços) restantes até 20 dias após a emergência.

Atenção para solos arenosos: nesses casos, é melhor dividir a dose de cobertura em duas aplicações. A primeira até os 20 DAE e a segunda por volta dos 35 DAE.

Adubação Nitrogenada do Trigo

No trigo, o pico de absorção de nitrogênio ocorre em um período crítico: entre o alongamento do caule e o espigamento. O ponto máximo de absorção é na antese: significa a fase de florescimento da cultura.

gráfico de linhas com dois eixos Y, intitulado ‘Marcha de absorção de nitrogênio na cultura do trigo’. O ei (Fonte: IPNI)

A dose de adubo a ser aplicada no trigo varia bastante, geralmente entre 60 kg/ha e 120 kg/ha de N. Essa variação depende de fatores como o teor de matéria orgânica do solo, a cultura anterior, o clima e a produtividade esperada.

Normalmente, se aplica de 15 kg a 20 kg/ha de N na semeadura para dar um bom arranque inicial às plantas.

O restante deve ser aplicado durante os estádios de perfilhamento e alongação do colmo, que são as fases em que a planta define o número de espigas e o tamanho delas.

Aplicar nitrogênio nesse momento é decisivo, pois é quando o trigo está definindo seus componentes de rendimento, como o número de espiguetas por espiga e o número de afilhos (novos brotos).

Inoculação da Soja Substitui a Adubação Nitrogenada?

Segundo a Embrapa, a adubação nitrogenada na soja é desnecessária, tanto no plantio quanto em qualquer outra fase.

Uma inoculação bem-feita com as bactérias certas é suficiente para suprir toda a necessidade de nitrogênio da soja.

As bactérias do gênero Bradyrhizobium, usadas nos inoculantes, capturam o nitrogênio do ar e o transformam em uma forma que a planta consegue absorver. Você pode ver o resultado dessa parceria pela formação de nódulos nas raízes da soja.

Ainda segundo a Embrapa, o inoculante pode fornecer mais de 300 quilos de nitrogênio por hectare (kg de N/ha) para a soja, com um custo até 95% menor do que o fertilizante nitrogenado.

Existe Inoculante para Outras Culturas?

Sim. O MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) já autoriza o uso de inoculantes com a bactéria Azospirillum brasiliense para as culturas do milho e do trigo (gramíneas).

É importante entender que essas bactérias fixam menos nitrogênio do que as usadas na soja (Bradyrhizobium). Por isso, sozinhas, elas não conseguem fornecer todo o N que o milho ou o trigo precisam para alcançar altas produtividades.

Portanto, para milho e trigo, a inoculação é uma excelente estratégia para reduzir os custos com adubos nitrogenados, mas ela não substitui completamente a necessidade de aplicar fertilizantes.

planilha para adubação de milho

Conclusão

Fica claro que o nitrogênio é uma peça-chave para alcançar alta produtividade em diversas culturas, pois ele é essencial para o desenvolvimento das plantas.

O planejamento da adubação nitrogenada deve ser feito com cuidado, considerando as características de cada lavoura para garantir a máxima eficiência do investimento.

Vimos também que a inoculação com bactérias fixadoras de nitrogênio é uma estratégia inteligente. Na soja, ela pode substituir totalmente o adubo. Em culturas como milho e trigo, ajuda a reduzir os custos e a complementar a adubação, aumentando a rentabilidade do seu negócio.


Glossário

  • Acamamento: Fenômeno em que as plantas, especialmente gramíneas como arroz e trigo, se dobram ou deitam sobre o solo devido à fraqueza do colmo. O excesso de nitrogênio pode causar acamamento, dificultando a colheita e reduzindo a produtividade.

  • Adubação de Cobertura: Aplicação de fertilizantes sobre o solo após a emergência das plantas, em estágios específicos de seu desenvolvimento. Essa prática visa fornecer nutrientes em momentos de alta demanda da cultura, complementando a adubação feita no plantio.

  • Antese: A fase de florescimento pleno em gramíneas como o trigo, quando as flores se abrem para a polinização. Este é um período de alta demanda nutricional, crucial para a formação dos grãos.

  • Estágio Fenológico: Etapa específica do ciclo de desenvolvimento de uma planta, como o crescimento vegetativo ou o florescimento. No milho, os estágios vegetativos são indicados pela letra “V” seguida do número de folhas (ex: V4 significa que a planta tem quatro folhas totalmente expandidas).

  • Inoculação: Técnica de introduzir microrganismos benéficos (inoculantes) nas sementes ou no solo para auxiliar no desenvolvimento da planta. Na soja, a inoculação com bactérias específicas permite que a cultura fixe o nitrogênio do ar, substituindo a necessidade de fertilizantes nitrogenados.

  • kg/ha (Quilos por Hectare): Unidade de medida padrão no agronegócio que indica a quantidade de um produto (como fertilizante ou sementes) aplicada por hectare. Um hectare (ha) corresponde a 10.000 metros quadrados, uma área similar a um campo de futebol oficial.

  • Macronutriente: Elemento químico que as plantas necessitam em grandes quantidades para seu crescimento e desenvolvimento. O Nitrogênio (N), o Fósforo (P) e o Potássio (K) são os principais macronutrientes.

  • Perfilhamento: Processo em que gramíneas, como o trigo, emitem novos brotos (perfilhos) a partir da base do caule principal. Essa fase é fundamental para definir o potencial produtivo da lavoura, pois cada perfilho pode gerar uma espiga.

Como a gestão digital otimiza a adubação nitrogenada

O planejamento da adubação nitrogenada é essencial, mas controlar os altos custos dos fertilizantes e acertar o timing das aplicações para cada cultura são desafios constantes. Garantir que o investimento se transforme em produtividade exige um controle preciso.

Um software de gestão agrícola como o Aegro simplifica esse processo. Nele, você pode planejar todas as atividades da safra, agendando as aplicações de cobertura nos estágios fenológicos corretos e registrando o uso de insumos para evitar desperdícios. Ao mesmo tempo, o sistema centraliza o acompanhamento dos custos de produção, permitindo que você saiba exatamente o custo por hectare e tome decisões mais seguras para maximizar o retorno econômico.

Quer transformar o planejamento da sua lavoura e ter total controle sobre os custos?

Experimente o Aegro gratuitamente e veja como é fácil aumentar a rentabilidade da sua fazenda.

Perguntas Frequentes

Por que não é recomendado aplicar toda a dose de nitrogênio de uma só vez no plantio?

Aplicar todo o nitrogênio de uma vez pode ser tóxico para as plântulas e levar a grandes perdas de nutrientes por lixiviação ou volatilização. O parcelamento da aplicação em cobertura garante que o nitrogênio esteja disponível nos momentos de maior demanda da cultura, como no florescimento do milho, aumentando a eficiência do fertilizante e o potencial produtivo da lavoura.

Qual a principal diferença no manejo de nitrogênio da soja em comparação com o milho e o trigo?

A principal diferença é biológica. A soja, sendo uma leguminosa, associa-se a bactérias que fixam o nitrogênio do ar, suprindo 100% de sua necessidade através da inoculação. Já o milho e o trigo, por serem gramíneas, se beneficiam da inoculação para complementar, mas não conseguem fixar todo o nitrogênio necessário, exigindo adubação para atingir altas produtividades.

O excesso de adubação nitrogenada pode prejudicar a lavoura? Quais são os riscos?

Sim, o excesso é tão prejudicial quanto a falta. Pode causar o ‘acamamento’ (quando as plantas deitam), aumentar a suscetibilidade a doenças fúngicas, atrasar a maturação dos grãos e elevar os custos de produção. Além disso, o nitrogênio não aproveitado pela planta pode contaminar lençóis freáticos, gerando um impacto ambiental negativo.

Como a cultura anterior plantada em um talhão influencia a adubação nitrogenada?

A cultura anterior impacta diretamente a necessidade de nitrogênio. Se a cultura anterior foi uma leguminosa como a soja, ela pode deixar nitrogênio residual no solo, permitindo uma redução na dose de fertilizante para a cultura seguinte (ex: milho). Por outro lado, uma gramínea de alta extração, como o milho, pode esgotar mais o solo, exigindo uma reposição maior.

A inoculação para milho e trigo elimina a necessidade de usar fertilizantes nitrogenados?

Não, para milho e trigo a inoculação não substitui, mas complementa a adubação. Bactérias como Azospirillum brasiliense ajudam a fixar parte do nitrogênio que a planta precisa, o que permite reduzir a quantidade total de fertilizante. É uma estratégia para diminuir custos e otimizar o uso de insumos, mas a adubação ainda é essencial para o máximo rendimento.

Quais são os sinais visuais mais comuns da deficiência de nitrogênio nas plantas?

O sinal mais clássico de deficiência de nitrogênio é o amarelecimento (clorose) das folhas mais velhas, na parte inferior da planta. Em culturas como o milho, esse amarelecimento tipicamente aparece em formato de ‘V’, começando na ponta da folha e avançando pelo meio. Plantas deficientes também apresentam crescimento reduzido e um aspecto geral menos vigoroso.

Artigos Relevantes

  • Inoculação: entenda seus benefícios e como fazer: Este artigo complementa perfeitamente o conteúdo principal, que introduz a inoculação como uma estratégia crucial. Ele serve como um guia prático essencial, detalhando o ‘como fazer’, os tipos de inoculantes e os erros a serem evitados, transformando o conceito teórico em um plano de ação para o produtor.
  • Como e por que usar Azospirillum no milho: O artigo principal menciona o uso de Azospirillum em milho e trigo, e este candidato aprofunda o tema de forma indispensável. Ele explica os mecanismos de ação da bactéria que vão além da fixação de N, como a produção de hormônios que estimulam raízes, e apresenta dados concretos de produtividade, validando a tecnologia.
  • Veja como e quando é feita a adubação de cobertura: O texto principal recomenda repetidamente a aplicação de nitrogênio ’em cobertura’. Este artigo fornece o alicerce conceitual para essa prática, explicando por que ela é fundamental para nutrientes móveis como o N, contrastando-a com a adubação de base e solidificando a compreensão do leitor sobre as recomendações dadas.
  • Adubo para milho: recomendações para aumentar a produtividade da lavoura: Este artigo eleva a discussão sobre o milho a um nível profissional, introduzindo o conceito vital de ‘Rendimento Máximo Econômico’, que não é abordado no texto principal. Ele aprofunda a dinâmica dos nutrientes (N, P, K) para a cultura, adicionando uma camada de análise econômica e técnica que é crucial para a tomada de decisão na fazenda.
  • Como evitar perdas na adubação nitrogenada no cafeeiro: Apesar de o exemplo ser o café, este artigo é conceitualmente perfeito, pois detalha os mecanismos de perda de nitrogênio (ex: volatilização), que é a principal razão para o parcelamento recomendado no artigo-base. Ele também introduz tecnologias avançadas como a ureia revestida, oferecendo soluções de alta eficiência diretamente aplicáveis às culturas de grãos.