Todo produtor rural sabe que controlar os gastos é uma parte essencial do negócio. Mas, na correria do dia a dia, como fazer isso de forma eficiente? A resposta é mais simples do que parece.
Muitos ainda gerenciam as finanças no caderninho, enquanto outros já usam planilhas ou softwares específicos. Não importa a ferramenta que você escolhe, o fundamental é começar a registrar e controlar cada valor que entra e sai da sua propriedade.
Com esse controle em mãos, você ganha o poder de avaliar o que realmente vale a pena fazer, identificar oportunidades para reduzir despesas e, o mais importante, produzir mais com menos.
Vamos mostrar aqui como iniciar uma administração de custos que realmente funciona e que vai fazer a diferença no seu resultado final.
Entendendo os Tipos de Custo na Sua Fazenda
Toda empresa, seja ela uma loja na cidade ou uma fazenda no campo, precisa de uma boa gestão financeira para prosperar. No agronegócio, podemos organizar os custos em 5 categorias principais, que ajudam a clarear o cenário financeiro da sua operação.
- Custos Variáveis;
- Custos Fixos;
- Custos Financeiros;
- Custos Pessoais;
- Custos de Capital.
Sua propriedade pode ser grande ou pequena, mas a agricultura sempre envolve inúmeras atividades e despesas. Saber em qual categoria cada custo de produção se encaixa é o primeiro passo para uma gestão organizada.
Entender esses cinco tipos de custo está diretamente ligado à rentabilidade do seu negócio. Ao dominar esses conceitos, você toma decisões mais inteligentes e alcança uma maior eficiência financeira.
Vamos detalhar cada um deles a seguir.
Administração de Custos Variáveis: O que Muda com a Produção
Os custos variáveis são todas as despesas que mudam de acordo com o nível da sua produção. Ou seja, quanto mais você planta ou cria, maiores serão esses custos. Eles estão diretamente ligados ao volume que você planeja produzir em uma safra ou período.
Já os custos fixos, que veremos mais adiante, não se alteram mesmo que a produção aumente ou diminua.
(Fonte: PUC Goiás)
Vamos usar um exemplo prático: em uma produção de soja, quanto mais hectares você decide cultivar, maior será a quantidade de sementes que precisará comprar. Consequentemente, o seu gasto com esse insumo vai aumentar.
Outros exemplos comuns de custos variáveis na fazenda incluem:
- Sementes;
- Pulverização (produtos e serviço);
- Colheita (combustível, mão de obra terceirizada);
- Fertilizantes;
- Herbicidas;
- Fungicidas;
- Inseticidas;
- Irrigação (energia elétrica ou diesel);
- Custo da água (quando aplicável);
- Frete para transporte da produção.
Na Prática: Por que Dominar os Custos Variáveis Aumenta seu Lucro?
Com os números dos custos variáveis em mãos, a tarefa de fazer uma boa gestão de custos e um planejamento estratégico se torna muito mais fácil.
Conhecer esses valores é fundamental para calcular o capital de giro necessário para a próxima safra.
Por exemplo, imagine que para produzir soja o custo variável seja de R$ 2.000/ha e, para o milho, de R$ 1.500/ha. Isso significa que o plantio de soja custa R$ 500 a mais por hectare. Se você decidir plantar 200 hectares a mais de soja, precisará de um capital de giro adicional de R$ 500/ha x 200 ha = R$ 100.000.
Claro, essa decisão também deve considerar o preço esperado de venda de cada cultura no seu planejamento.
Isso nos leva ao cálculo da margem de lucro, que permite visualizar com clareza qual decisão trará os resultados mais rentáveis. Por isso, é indispensável registrar todos os custos da sua produção, analisando-os por talhão e por categoria para ter uma gestão agrícola mais precisa.
Custos Variáveis e a Margem de Lucro
A Margem Bruta é um indicador poderoso que mostra o lucro gerado pela sua atividade antes de descontar os custos fixos. A fórmula é simples:
Margem Bruta = (Rendimento x Preço de Venda) – Custos Variáveis
Vamos a um exemplo para a cultura da soja:
- Rendimento da fazenda:
50 sc/ha - Preço da saca:
R$ 45,00 - Custos variáveis:
R$ 1.500/ha
Cálculo da Margem Bruta da Soja:
(50 sc/ha x R$ 45,00/sc) – R$ 1.500/ha = R$ 2.250 – R$ 1.500 = R$ 750/ha
Esse resultado de R$ 750/ha é o valor que sobra para cobrir os custos fixos da fazenda e gerar o lucro final. A margem bruta ajuda a identificar onde focar a gestão para reduzir custos e alcançar resultados melhores.
Lembre-se que essa análise de entradas e saídas de dinheiro é o fluxo de caixa da sua empresa rural. Se você não se atentar a ele, a pressão sobre as finanças pode surgir e levar a dificuldades.
Preparamos uma planilha para controle dos custos da propriedade agrícola e você poderá baixá-la gratuitamente neste link.
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Administração de Custos Fixos: Os Gastos que Não Mudam com a Safra
Os custos fixos são aquelas despesas que não mudam de valor, mesmo que você aumente ou diminua a área plantada. Eles estão relacionados à estrutura da fazenda como um todo e independem do seu nível de atividade.
Pense neles como as contas que chegam todo mês, produzindo 100 ou 1.000 hectares.
Exemplos de custos fixos de uma empresa rural ou não
(Fonte: Sebrae)
Normalmente, é difícil alterar os custos fixos em um curto prazo. Contudo, com um bom planejamento, é possível negociar valores e conseguir reduções em contratos de maior duração.
Quando você conhece o total dos seus custos fixos, pode calcular a margem bruta total mínima que a fazenda precisa gerar apenas para “empatar”, ou seja, para cobrir todas as despesas.
Uma ótima prática de gestão é comparar seus custos de produção com os de fazendas vizinhas e até mesmo com as médias nacionais, como os dados calculados pela Conab. Isso ajuda a entender se sua operação está sendo eficiente e a ter uma administração rural realmente efetiva.
Como Reduzir os Custos Fixos da Fazenda
Embora pareça difícil, reduzir os custos fixos não é impossível. A maioria dos produtores conhece bem os custos com insumos, mas nem sempre revisa os custos fixos para identificar possíveis economias.
Aqui estão os principais pontos para revisar:
- Seguro agrícola: A cobertura do seu seguro é adequada para a sua realidade? O que ele realmente cobre?
- Reparos e manutenção: É possível otimizar a manutenção preventiva para evitar gastos maiores com consertos emergenciais?
- Depreciação: Você usa um cálculo genérico ou tem valores reais de depreciação dos seus maquinários e benfeitorias?
- Comunicações: Existem planos de telefone e internet mais baratos e eficientes para a sua necessidade?
Além disso, uma forma inteligente de reduzir o peso dos custos fixos é aumentar a escala de produção. Comprar, compartilhar ou arrendar mais terras pode ajudar a diluir esses custos.
Embora o custo total do negócio aumente, despesas como contabilidade, viagens e treinamentos geralmente não crescem na mesma proporção. Dessa forma, a fazenda diminui o custo geral por hectare, se beneficiando da chamada “economia de escala”.
Economia de escala: significa que, ao produzir mais, o custo médio por unidade (por hectare ou por saca) tende a diminuir.
(Fonte: Economicamente falando)
Mas atenção: tudo deve ser registrado no papel, em uma planilha ou em um software agrícola. Só assim você terá certeza de que está realmente economizando, e não apenas aumentando a produção sem controlar os custos.
Você pode ver mais sobre contabilidade rural aqui.
Administração de Custos Financeiros: Entendendo Juros e Financiamentos
A maioria dos agricultores não possui caixa suficiente para comprar mais terras ou bancar todo o custo inicial da safra. Por isso, é muito comum buscar financiamento para a atividade agrícola.
O Censo Agro 2017mostra que 784 mil estabelecimentos agropecuários obtiveram financiamento.
Os custos financeiros incluem o pagamento de juros sobre empréstimos, financiamento de equipamentos e outras operações de crédito. Esses custos, muitas vezes esquecidos, precisam ser somados aos custos totais da fazenda, pois impactam diretamente a sua lucratividade.
Custos Pessoais e de Capital: Separando Contas e Planejando o Futuro
Administração de Custos Pessoais
Em negócios familiares, é comum que as despesas pessoais se misturem com as da fazenda. Os custos pessoais estão ligados ao estilo de vida dos envolvidos e, embora tenham pouco impacto direto na produtividade, precisam ser contabilizados.
Separar as contas pessoais das contas da empresa é crucial. Isso ajuda a ter uma visão clara de quanto dinheiro é necessário para as despesas da família e quanto pode ser usado para quitar dívidas ou reinvestir no negócio.
Administração de Custos de Capital
Os custos de capital são, na verdade, investimentos que melhoram o potencial produtivo da fazenda a longo prazo. As despesas de capital típicas incluem a compra de terrenos, maquinário novo, construção de um galpão, entre outros.
Nem toda despesa de capital resulta em um aumento imediato da produtividade, mas é fundamental preparar orçamentos detalhados para esses investimentos, com base em projeções realistas de resultados (como aumento de vendas ou redução de perdas).
Simplificando a Administração de Custos
Atualmente, existem softwares agrícolas que auxiliam os produtores na administração de custos, tornando todo o processo mais simples e visual.
Com o Aegro, por exemplo, você monta um orçamento para o seu cultivo e estabelece metas de produção. Isso te ajuda a definir um preço ideal de venda para evitar prejuízos no final da safra.
Você também pode usar o sistema para fazer o seu fluxo de caixa, registrando as despesas e receitas da propriedade rural de forma prática, pelo computador ou celular.
Além disso, o seu controle financeiro fica completamente integrado ao estoque e ao patrimônio da fazenda, o que facilita a divisão de custos por diferentes categorias.
A qualquer momento, você pode analisar um comparativo entre os custos planejados e os realizados. Assim, fica mais simples entender onde seus gastos estão maiores que o previsto e tomar decisões melhores no futuro.
Também é possível gerar indicadores e relatórios pelo sistema, com informações sobre a produtividade das suas áreas e a rentabilidade de cada talhão.
Dessa maneira, você tem todos os seus dados organizados e consegue enxergar a trajetória completa do seu dinheiro, desde a compra das sementes até a comercialização do grão.
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Conclusão
Com o tempo, todos os custos tendem a aumentar, e a produtividade agrícola precisa acompanhar esse ritmo para garantir a saúde financeira do negócio.
Muitos custos, especialmente os variáveis, estão diretamente ligados à produção e devem ser analisados com cuidado. Fazer cortes sem critério pode acabar sacrificando a receita bruta e o resultado final.
A administração detalhada dos custos é essencial para o sucesso de qualquer operação agrícola. Ao entender e controlar cada categoria de despesa, você identifica oportunidades de melhoria, aumenta a eficiência e garante a sustentabilidade da sua fazenda para as próximas gerações. Chegou a hora de começar a sua
Glossário
Capital de Giro: Recurso financeiro necessário para cobrir os custos do dia a dia da fazenda (como sementes, combustível e salários) até a entrada da receita da colheita. É o “fôlego” financeiro que mantém a operação funcionando entre as safras.
Custos Fixos: Despesas que não se alteram com o volume de produção. Incluem gastos como arrendamento da terra, salários de funcionários permanentes e seguros, que precisam ser pagos independentemente de se plantar 100 ou 1.000 hectares.
Custos Variáveis: Despesas que mudam proporcionalmente ao nível de produção. Quanto mais se planta, maiores são esses custos, que incluem insumos como sementes, fertilizantes e defensivos.
Depreciação: Perda de valor de um bem (como um trator ou um galpão) ao longo do tempo devido ao uso, desgaste e obsolescência. É um custo contábil que reflete o envelhecimento dos ativos da fazenda.
Economia de Escala: Princípio no qual o custo médio por unidade produzida (por exemplo, custo por saca de soja) diminui à medida que a produção total aumenta. Isso ocorre porque os custos fixos são distribuídos por uma produção maior.
Fluxo de Caixa: Registro de todas as entradas e saídas de dinheiro da propriedade rural. Acompanhá-lo é essencial para garantir que a fazenda tenha recursos para pagar suas contas em dia.
Margem Bruta: Indicador que mostra o lucro gerado por uma atividade antes de descontar os custos fixos. É calculada subtraindo os custos variáveis da receita total da venda da produção.
sc/ha (Saca por Hectare): Unidade de medida de produtividade agrícola no Brasil. Indica quantas sacas (geralmente de 60 kg para soja e milho) foram colhidas em um hectare (10.000 m²) de terra.
Talhão: Subdivisão de uma área da fazenda, usada para um manejo mais preciso e localizado. Permite analisar os custos e a produtividade de cada parte da propriedade separadamente.
Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios
Administrar os diversos custos da fazenda, desde os insumos da safra até a manutenção do maquinário, é uma tarefa complexa que exige precisão. Fazer esse controle em planilhas ou cadernos aumenta o risco de erros e consome um tempo valioso. Um software de gestão agrícola como o Aegro resolve esse problema ao centralizar todas as informações financeiras e operacionais em um só lugar. Isso permite um acompanhamento de custos em tempo real, facilitando a análise de rentabilidade por talhão e a tomada de decisões mais seguras para reduzir despesas.
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Perguntas Frequentes
Qual é a principal diferença entre custos fixos e custos variáveis na agricultura?
Custos variáveis mudam conforme o volume da sua produção, como sementes e fertilizantes, ou seja, quanto mais você planta, maiores eles são. Já os custos fixos, como arrendamento e salários de funcionários permanentes, permanecem os mesmos independentemente do tamanho da área cultivada. Entender essa distinção é o primeiro passo para um planejamento de safra eficiente.
Por que é tão importante separar os custos pessoais dos custos da fazenda?
Misturar as finanças impede uma visão clara da real lucratividade do negócio. A separação permite saber exatamente quanto a fazenda gera de lucro, qual o valor necessário para o sustento da família e quanto pode ser reinvestido na propriedade, garantindo uma gestão financeira saudável e evitando endividamento desnecessário.
O que é “economia de escala” e como ela pode ajudar a reduzir o impacto dos custos fixos?
Economia de escala ocorre quando o custo médio por unidade produzida (por saca, por exemplo) diminui à medida que a produção total aumenta. Isso acontece porque os custos fixos, como a depreciação de um trator ou o salário de um gestor, são diluídos por uma colheita maior, tornando a operação mais eficiente e rentável por hectare.
A compra de um novo trator é considerada um custo fixo?
Não, a compra de um trator novo é classificada como um Custo de Capital, pois é um investimento a longo prazo que melhora o potencial produtivo da fazenda. O que entra como custo fixo relacionado a ele é a depreciação anual, que representa a perda de valor do maquinário ao longo do tempo devido ao uso e desgaste.
Como o cálculo da Margem Bruta pode me ajudar a tomar decisões mais rentáveis?
A Margem Bruta (Receita Total – Custos Variáveis) mostra o lucro que sua lavoura gera antes de pagar os custos fixos. Ao comparar a margem de diferentes culturas, como soja e milho, você pode identificar qual delas é mais rentável para plantar em determinada área, otimizando o uso da terra e o planejamento financeiro da safra.
Gerencio minhas finanças em planilhas. Qual a vantagem de usar um software agrícola?
Um software de gestão agrícola, como o Aegro, automatiza os cálculos, reduz o risco de erros humanos e integra todas as informações (financeiro, estoque, maquinário) em um só lugar. Isso oferece relatórios precisos em tempo real, facilitando a análise de rentabilidade por talhão e a tomada de decisões mais rápidas e seguras do que em planilhas isoladas.
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